Espiritismo e Cinema: Projeto com Cine Debate usa curta-metragem “Agora já foi” nas escolas para temas sensíveis e salvar vidas entre os jovens do Amapá

O Centro Espírita Frei Evangelista (CEFE) realizará, no dia 24 de setembro, das 16h30 às 18h, o Cine debate com o curta metragem “Agora Já Foi!”. O filme foi produzido Federação Espírita do Amapá (FEAP) e faz parte do projeto “Semeamar” e objetiva alertar os jovens para as consequências psicológicas, médicas e espirituais do aborto e do suicídio e com isso salvar vidas.

O Estado do Amapá tem o maior índice de aborto proporcionalmente no Brasil, entre os jovens. Detém quatro vezes a mais casos de suicídio, do que a média nacional. Esses tristes índices levaram a FEAP criar o projeto “Semeamar”.

O filme recebeu duas premiações, das quatro oferecidas no V Festival de Cinema Transcendental de Brasília, ocorrido dia 23 de maio de 2015. O curta foi agraciado com o prêmio de melhor direção e de melhor filme. Atualmente está inscrito em mais nove festivais de cinema nacional e três internacionais.

“Agora já foi” é um curta-metragem espírita produzido em linguagem jovem que trata do suicídio e do aborto. Ana, uma adolescente, vivencia uma gravidez inesperada junto com seu namorado Eduardo. A trama se desenrola entre o conflito de interromper a vida através do aborto, ou a permissão em receber o filho. Chegando a intencionar o suicídio, como forma de “resolver” a conflitiva.

O roteiro e direção é da jovem amapaense Manuela Oliveira, preparação de elenco de Thomé Azevedo, direção de produção Ana Vidigal e produção executiva de Felipe Menezes.

Foi apresentado à sociedade amapaense, em avant première no Cine Imperator, dia 06 de junho do ano de 2015 e 320 pessoas compareceram doando um quilo de alimento não perecível.

O filme também é exibido nas escolas de ensino médio para em seguida ser feito o cine-debate onde as consequências do aborto e suicídio são discutidas com os jovens alunos.

Em Macapá o projeto já foi apresentado em mais de vinte escolas e também já foi apresentado nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Pará, São Paulo, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Goiás e DF. No exterior Projeto foi apresentado em Portugal, Canadá, Angola, Austrália e Inglaterra.

Assessoria de comunicação

Égua, não! – Resenha de Igor Hanon sobre o filme “Nope” – @igorhanon

Por Igor Hanon

Nível 0 – O autor

Jordan Peele deixou de ser apenas um dos grandes comediantes estadunidenses em 2017 e virou um selo de qualidade do cinema mundial com a estreia de Corra! (Get out – 2017). Dotado desse novo status, progressivamente vários projetos foram viabilizados (Us, Lovecraft Country, Além da Imaginação, a Lenda de Candyman e etc), e nesse mesmo ritmo os orçamentos se tornavam bem menos modestos. É válido mencionar que a fama do cineasta não trouxe apenas coisas boas, uma vez que as expectativas de seus fãs são talvez o verdadeiro monstro metafórico de sua biografia. Isto posto, falemos de Nope (2022), vendido como um terror alienígena do já citado diretor. O filme segue várias das convenções do subgênero, e conta a história de um casal de irmãos, os Haywood, criadores de cavalos que perderam o pai num acidente bizarro há 6 meses e desde então vivem em intensa dificuldade financeira (como vários outros filmes pós crise de 2008), além de terem os últimos resquícios de paz do seu rancho retirados por uma série de eventos sinistros que sugerem abduções alienígenas e aparições de ovnis… Sendo que todo esse mistério pode de alguma forma estar relacionado a morte de seu pai. Mistério é a palavra chave que define essa história, portanto, a melhor experiência possível é aquela que ainda não foi contaminada por informações prévias. [Spoilers a partir daqui.

Nível 1 – Filme de gênero

Somado ao tema de abdução alienígena, o filme emula a estética de um faroeste clássico, porém em um contexto contemporâneo, graças aos seus planos abertos que valorizam muito bem o seu cenário: um rancho isolado e cheio de cavalos situado na Califórnia nos tempos atuais. Contudo, a medida que a narrativa avança ela acaba se desdobrando em um filme de monstro, o que pode soar estranho, porém tematicamente faz todo sentido, por ser mais uma maneira de abordar o “Nós Vs Eles” presente em todos os gêneros supracitados, além de dar um frescor para a ideia central da trama. Numa camada mais superficial temos vários paralelos e referências a eventos futuros da trama como: o disco voador claramente se assemelha a um chapéu de caubói, as câmeras panavision que aparecem nos flashbacks do estúdio são idênticas as cabeças dos alienígenas do rancho Júpiter, a loja de eletrônicos tem um disco voador cravado em sua fachada, a moeda que se apresenta na primeira cena como símbolo do azar e acaba retornando ao final como signo de sorte/oportunidade, o capacete reflexivo do repórter investigativo se assemelha às bolas reflexivas utilizadas em sets de filmagem como a que assusta o cavalo no início do longa e não podemos esquecer da casa de arquitetura vitoriana que parece saída de uma pintura de Edward Hopper.

Nível 2 – Show business

Existe uma máxima amplamente difundida que diz “todo filme é sobre cinema”, porém aqui temos um exemplo que eleva isso à última potência. Os protagonistas são descendentes do primeiro jóquei que protagonizou o primeiro filme gravado e ambos trabalham com cinema: o irmão segue os passos do falecido pai e treina animais para serem usados em produções enquanto a irmã atua, dança, canta e até pilota motocicletas (risos). Ademais, o filme inteiro se passa na Califórnia e o clímax da trama reside num plano desafiador e elaborado de registrar em vídeo/foto o monstro/disco voador que se esconde por detrás das nuvens e tem a habilidade de desativar temporariamente todos os aparelhos eletrônicos no momento de seus ataques. Somado a isso, somos capazes de traçar alguns paralelos entre os membros do elenco principal e pessoas que trabalham produzindo filmes: OJ seria um dublê, Angel seria um técnico da produção, Holst seria um diretor e Emerald seria uma assistente de produção que num momento de dificuldade rouba os holofotes com suas habilidades e energia se tornando a protagonista. No mesmo mote, temos também uma enxurrada de referências a clássicos do cinema/literatura: a manobra de Kaneda em Akira (1988), o clima de contatos imediatos misturado a Tubarão (1975), ET (1982) e temáticas de Jurassic Park (1993); o banho de sangue que a casa recebe poderia ser uma alusão a cena do corredor de O Iluminado (1980) ou a formatura de Carrie – a estranha (1976), a criatura que parece ter saído diretamente das páginas de H.P. Lovecraft, as cenas com tornado que lembram O Mágico de Oz (1939) bem como a protagonista que se chama Emerald. Porém, ao sair do cinema uma das minhas maiores preocupações foi: o que diabos aquela cena do chimpanzé surtando em um set de filmagem tem a ver com o resto do filme? Seria apenas uma grande exposição do passado do personagem Jupe? Creio que não. Penso que ali reside o cerne do filme: a espetacularização da violência, a ilusão de controle do ser humano sobre a natureza, sobre o imprevisível… Lembrando que o filme mostra através de Jupe, um ex ator infantil claramente traumatizado por trabalhar com um animal selvagem estressado, um ciclo vicioso de abuso, uma vez que ele se tornou um adulto ganancioso que explora outros animais selvagens estressados até que o (in) esperado acontece (novamente).

Nível 3 – Indo além: raça e fé

Seguindo com essa mesma temática, porém alterando o signo que a suscita basta retornar ao início, onde mesmo antes de vermos a primeira cena temos uma citação bíblica retirada de Naum 3,6: Eu mesmo lançarei sobre ti imundícias, te tratarei com total ignomínia; e farei de ti um espetáculo, um exemplo para todos. Outros momentos que desencadeiam interpretações bíblicas são a “chuva” de sangue que cai sobre a casa da família Haywood de maneira semelhante a uma praga do Egito, o aspecto ritualístico do show no rancho Júpiter e o fato do animal se esconder nos céus. Inclusive é importante destacar que em momento algum a origem do mesmo é pormenorizada, portanto não se sabe se sua origem é mágica/mitológica, orgânica terrestre ou extraterrestre. Ademais, temos um momento onde o protagonista OJ (um aceno a OJ Simpson provavelmente?) questiona se existe palavra para descrever um milagre ruim. Bom, o velho testamento é cheio de “milagres ruins”, a ira de Deus era um recurso narrativo frequente em várias passagens. Tendo isso em mente, Nope parece por completo um grande milagre ruim, do sapato misterioso que fica em pé, passando pelo comportamento anormal de vários animais durante o filme (gafanhoto, Sortudo e o Jaqueta Jeans). Por fim: filme de Jordan Peele sem subtexto racial é golpe! E é evidente que ao contar a história dos descendentes do esquecido primeiro ator negro, ele busca falar sobre a invisibilidade do negro na indústria cinematográfica. Ambos são os únicos negros no set, junto com o Sortudo (risos). Porém, fica subentendido que o próprio monstro personifica o racismo na trama, uma vez que alguns tentam usá-lo para lucrar, ele se esconde em plena luz do dia sob uma forma alternativa, é quase impossível de ser filmado/denunciado e quando acuado se radicaliza, muda de forma e se torna mais ameaçador. Nope é um aula de cinema e merece ser visto na telona.

Assista aqui o trailer do filme: 

*Igor Hanon é médico, cinéfilo, fã de cultura de humor ácida e brother deste editor.

“The Sinner” – Resenha de Marcelo Guido.

Por Marcelo Guido

Impressões positivas sobre uma série que te convida a investigar a razão do crime, não o culpado.

A série policial investigativa é produzida desde 2017, e está com quatro temporadas disponíveis na Netflix, nela o espectador é convidado a encarar o dia-dia do detetive investigador Harry Ambrose, papel que caiu como uma luva para o veterano Bill Pulman.

Os crimes são realmente brutais e aparentemente cometidos sem razão alguma por pessoas comuns, ou seja, a trama não corre para saber quem é o assassino e sim o por quê.

Dramas intrigantes da vida particular de Ambrose, são um destaque a parte em cada temporada da trama, sendo que o importante é a técnica desenvolvida para solucionar as questões.

“The Sinner”, consegue prender o espectador por misturar vários elementos como psicologia, filosofia, abandono , crise de meia idade além de claro um crime hediondo.

Não tenha medo de se aventurar em “maratonar” a série, como uma verdadeira antologia ela é carregada em laços bem amarrados que não deixam nem um capitulo sem o sentido necessário, é assistir o primeiro e querer ir até o fim.

O nome foi escolhido para homenagear o romance da autora alemã Petra Hammesfahr, que serviu de base para a primeira temporada, que de tão bem sucedida deu aval para a continuidade.

São 32 capítulos, 4 casos marcantes e muita adrenalina envolvida, sem dúvida um dos maiores dramas policiais disponíveis.

Vai valer muito a pena conferir.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Pela primeira vez, pessoas em situação de rua ganham dia de cinema em Macapá

Semas levou grupo com 30 usuários do Centro-Pop ao cinema I Foto: Alexandra Gomes/PMM

Um grupo com cerca de 30 pessoas, entre homens e mulheres, que vive em situação de rua participou de uma sessão especial de cinema na quarta-feira (24). Emocionados, muitos experimentaram a sensação de assistir a um filme na telona pela primeira vez. A programação foi promovida pela Prefeitura de Macapá.

O dia de lazer organizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) fez parte da semana comemorativa ao Dia Nacional da Luta da Pessoa em Situação de Rua, celebrado em 20 de agosto.

José Luís Paes, de 57 anos, aguardava ansioso para o filme começar. Essa foi a primeira vez que ele entrou em um cinema. A oportunidade de um momento como esse, foi fundamental para motivá-lo a continuar em busca de uma vida melhor.

“Sempre busquei emprego, mas devido a outros problemas pessoais, minha situação se agravou na pandemia e fiquei sem teto e sem trabalho. Essa atenção do Centro-Pop está sendo muito boa pra gente que vive nessas condições. Esses momentos são importantes, pois os filmes fazem a gente recordar boas lembranças e repensar a nossa vida e não desistir”, conta, emocionado.

José Luís Paes, de 57 anos, entrou em um cinema pela primeira vez I Foto: Alexandra Gomes/PMM

O filme escolhido foi a produção hollywoodiana “Top Gun: Ases Indomáveis”, que traz o astro Tom Cruise como Pete “Maverick” Mitchell, um piloto à moda antiga da Marinha que coleciona condecorações, medalhas de combate e grande reconhecimento pela quantidade de aviões inimigos abatidos nos últimos 30 anos.

Esta é a primeira vez que os usuários do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro-Pop) ganham uma programação com ida ao cinema. O objetivo é possibilitar a essas pessoas um momento de descontração, lazer e reinserção no convívio social.

“É a primeira vez que os nossos usuários estão tendo a oportunidade de poder ir ao cinema. É gratificante ver a alegria de cada uma dessas pessoas, dentro do que nos cabe seguiremos em busca de políticas públicas para esse público”, destaca o secretário municipal de Assistência Social, Gracinildo Nunes.

O dia de cinema foi uma iniciativa da Semas, em parceria com o Cine Movieland e o apoio do vereador Dudu Barbosa.

O Centro-Pop promove periodicamente dias especiais para os usuários, além de dar refeições gratuitas de segunda a sábado. São feitos cerca de 30 a 40 atendimentos diários, que passam desde a recepção, acolhimento, alimentação, serviço social e psicológico.

Grupo assistiu a produção hollywoodiana “Top Gun” com o astro Tom Cruise I Foto: Alexandra Gomes/PMM

De acordo com a diretora do Departamento de Proteção Especial da Semas, Iraci Almeida, nesta sexta-feira (26), eles vão ter mais um dia especial. “Nossos usuários irão fazer um passeio no balneário da Fazendinha e na ocasião, haverá um momento esportivo com jogos de futebol e vôlei”, detalhou a diretora.

Centro Pop

O Centro Pop tem a finalidade de assegurar atendimento e atividades direcionadas para o desenvolvimento de sociabilidade e no fortalecimento de vínculos interpessoais e/ou familiares que oportunizem a construção de novos projetos de vida.

O espaço está localizado na Rua Cândido Mendes, nº 430, Centro, ao lado do Super Fácil, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h e aos sábados, das 9h às 12h.

Alexandra Gomes
Secretaria Municipal de Assistência Social

Resenha do filme “BRIGHTBURN – O Filho das Trevas” – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Uma nave espacial cai no Kansas nos Estados Unidos, um casal a encontra e dentro dela esta uma criança. Sem poder ter filhos, tal casal se coloca em dúvidas e resolvem criar a criança como seu próprio filho.

Bom, quem ainda não conhece a premissa citada acima ou ainda não nasceu ou é demais desligado deste mundo. Sem dúvidas 99% das pessoas com idade superior a 6 anos já viram isso em algum lugar.

Em “Brightburn – O Filho das Trevas” de 2019 e disponível na Netflix a história se repete mas no ano de 2006, até o jovem atingir uma certa idade e seus poderes começarem a ser revelados, mas a pergunta melhor que o filme faz e se o garoto fosse mau por natureza ?

Sim se no lugar de um herói, estivéssemos a mercê de um ser com poderes descomunais mais que sua tendência maléfica fosse natural, como seria o comportamento da humanidade.

Acostumados que somos heróis, o filme trás esse contraponto, “o filho das trevas” nos conta história de um vilão, não que o mesmo tenha problemas com sua criação, sua natureza parte para as trevas.

Sendo um marco na cultura popular tal origem sempre trouxe o pensamento de se desse errado, o que se vê é uma batalha sobre natureza e criação o que temos no dia- dia normal, quem nunca disse “mas não era pra ele ser assim” se referindo a alguém  .Atenção para as partes finais, algo interessante é dito e podem assistir sem medo.

Filme realmente muito bom.

Animação “Solitude”: curta amapaense é vencedor de Festival Internacional de Cinema

Com direção de Tami Martins e Aron Miranda, a animação “Solitude”, o primeiro curta-metragem de animação produzido no Amapá, foi o grande vencedor do Festival Internacional de Cinema Educa Claquete Ação (ECA) que aconteceu entre os dias 5 a 12 de agosto.

Solitude conta a história de Sol, que se recupera do término de mais um relacionamento abusivo, enquanto sua Sombra foge para o deserto do Atacama por não aguentar ver seu sofrimento. Enquanto Sol, enfim, começa a retomar seus espaços e sonhos próprios, sua Sombra busca independência. Ambas travam jornadas em busca de amor próprio e autoconfiança para redescobrir em solitude o caminho de volta uma para a outra.

O segundo lugar ficou com o documentário “O Escultor de Pássaros (The Bird Carver)”. Com direção de Felipe Santos Rosa, o curta mostra a história de Eloir, 55 anos, artesão que faz réplicas em madeira das aves do Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS) e empreende uma luta pela preservação do Parque. Confira: https://cinebrac.com.br/browse/producao/679

Com direção de Thiago Briglia, a ficção “Rabiola” ganhou o terceiro lugar e pode ser vista no link: https://cinebrac.com.br/browse/producao/671

O documentário “O cinema está servido” (direção de Leila Xavier e Stefano Motta) recebeu menção honrosa. Confira: https://cinebrac.com.br/browse/producao/674
Premiação

O filme vencedor do Festival ganha um prêmio de dez mil reais, o segundo lugar cinco mil reais e o terceiro três mil reais, além do Troféu do Festival que é uma réplica da antiga escultura de bronze iorubá, muito prestigiada pelos museus no mundo.

O Festival Internacional de Cinema Educa Claquete Ação (ECA) é uma realização da Objetiva Produções Cinematográficas com apoio da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal, por meio da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo e patrocínio do Banco Votorantim.

Fonte: Diário do Amapá

Curta amapaense é finalista do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro

A produção amapaense Solitude está entre os cinco finalistas na categoria curta-metragem da 21ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. É a primeira vez que uma obra amapaense chega à final da premiação mais importante do cinema nacional.

O curta, dirigido e roteirizado pela ilustradora Tami Martins, foi produzido com aportes do 1º Edital de Produção Audiovisual do Amapá, lançado em 2017 com investimentos de R$3 milhões nas produções locais. Os recursos são do Governo do Estado e da Agência Nacional de Cinema (Ancine).

Solitude já recebeu outros destaques, como o Prêmio Redentor de Melhor Curta no Festival do Rio 2021, maior festival de Cinema da América Latina. Participou de eventos como o Festival Internacional Fic Silente, no México; Apex International Short Film Award, no Arizona; Icona Festival 2021, na Grécia; Okotoks Film Festival, no Canadá; OFF Short Film Fest na Itália; entre outros.

Para Tami Martins, o orgulho é ainda maior por ser uma mulher negra e chegar tão longe através do audiovisual.

“Muitas pessoas elogiam o Solitude, inclusive internacionalmente. Em toda exibição presencial que participamos, vemos pessoas se emocionando, muitas mulheres falam sobre a profunda identificação com a narrativa do filme. Então é imenso para nós termos o Solitude como finalista do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro em 2022, uma animação produzida no Amapá, com protagonismo feminino”, ressalta a diretora, orgulhosa pela conquista.

Ela acredita, ainda, que o reconhecimento vai encorajar outros produtores do audiovisual no Amapá – especialmente as mulheres. Ela reforça que o cinema é uma forma de mostrar as histórias do estado nortista para o mundo.

“A importância dessa jornada é muito política para nós! Tivemos oportunidade de falar sobre o Amapá, estado tão importante neste país, porém tão invisibilizado. Mostramos que estamos cheios de histórias”, realçou Tami.

Solitude

Na Amazônia, Sol se recupera do término de mais um relacionamento abusivo, enquanto sua Sombra foge para o deserto do Atacama por não aguentar ver seu sofrimento. Enquanto Sol, enfim, começa a retomar seus espaços e sonhos próprios, sua Sombra busca independência. Ambas travam jornadas em busca de amor próprio e autoconfiança para redescobrir em solitude o caminho de volta uma para a outra.

Assista ao trailer aqui.

Grande Prêmio do Cinema Brasileiro

Em sua 21ª edição, a premiação é a maior do audiovisual nacional, promovida pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais. Ao todo, 32 obras serão premiadas, entre categorias como: longa-metragem, curtas e séries brasileiras escolhidas pelo júri.

Saiba mais em: www.academiabrasileiradecinema.com.br

Utopia: mais um destaque amapaense no audiovisual

O filme Utopia, da cineasta amapaense Rayane Penha, esteve entre os 26 finalistas de curta-metragem documentário desta 21ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. O audiovisual já foi premiado como melhor filme no Festival Olhar do Norte, e um dos finalistas do New York International Women Festival. A produção também contou com o aporte do Governo do Amapá.

Ascom do Governo do Amapá

“Don’t You Forget About Me” (“Não se Esqueça de Mim”) – A Geração John Hughes (Por @RicardoMacapa)

Salve, pessoal !! Estou por aqui para compartilhar umas experiências que tive um tempo atrás com relação à música e cinema…

Às vezes o saudosismo me bate forte… E no final de 2014 fui surpreendido por um documentário que estava passando na HBO, “Don’t You Forget About Me” é o título desse documentário… Que retrata a vida e obra de John Huges, o qual não conhecia até ver aquele bendito documentário (vergonha…rsrs!).

Sinto-me envergonhado, pois não sabia que se tratava de uma pessoa que foi muito importante na minha adolescência… John Hughes foi criador, diretor, produtor e roteirista de inúmeros filmes que marcaram aquela fase de minha vida (e de muitos que vivenciaram os anos 80)… Filmes como “Gatinhas e Gatões”, “Mulher Nota Mil”, “A Garota de Rosa Shocking”, “Clube dos Cinco” (“The Breakfast Club”) e “Curtindo A Vida Adoidado” (“Ferris Bueller’s Day Off”), este último, meu preferido… Hughes se tornou referência do gênero teen movies dos anos 80.

A internet é algo incrível… Tantas coisas que vi, escutei e vivenciei antes dela, e só agora é que estou descobrindo do quê e de quem se tratava… Esse é o caso de John Hughes… Não sou cinéfilo, mas gosto demais de assistir filmes, e conheço alguns caras do cinema, os mais famosos pelo menos… George Lucas, Spielberg, Tarantino (porém, quem não os conhece, né??? rsrs !!!)… Mas John Hughes não… eu deveria tê-lo conhecido antes de sua morte em 2009… É algo que vou demorar pra me perdoar…

O referido documentário foi lançado no mesmo ano da morte de Hughes, e foi idealizado por um grupo de fãs desse gênio, que conhecia como poucos a alma e os corações dos adolescentes da década de 1980…

Em 2010, um filme fez grandes referências a Hughes: “A Mentira” (“Easy A”), protagonizado por Emma Stone (ruivinha muito linda)… Muito bom esse filme, recomendo! Ele não passou nos cinemas tupiniquins, e foi direto pras locadoras aqui no Brasil em 2012 ou 2013, não lembro bem…. Mas recomendo os dois, tanto o filme quanto o documentário…

A Mentira (“Easy A”):

Don’t You Forget About Me (Documentário):

O Documentário explica muita coisa que aconteceu na vida de Hughes… Uma delas foi o sumiço repentino dele de Hollywood, ficando recluso em sua cidade natal até sua morte… Muitos dizem que foi devido a muitas crítica negativas sobre os filmes dele feitas por alguns ‘críticos’ de cinema norte-americanos (uns babacas)… Algumas pessoas tem dificuldades de lidar com isso… Principalmente pessoas mais sensíveis…

Outra curiosidade que vi também no documentário: Hughes escolhia pessoalmente as músicas para compor a trilha sonora de seus filmes… Assim ele escolheu “Don’t You Forget About Me” do Simple Minds para fazer parte da trilha de “Clube dos Cinco” (“The Breakfast Club”), e que acabou virando o título do documentário em sua homenagem… E convenhamos, o cara tinha um bom gosto musical…

Simple Minds – Don’t You (Forget About Me):

 

Mas continuando meu praguejamento: como posso não ter conhecido o criador, produtor e roteirista de “Curtindo A Vida Adoidado” ??!!!… Parafraseando Mestre Yoda: falha minha imperdoável essa é… Como já disse, esse é meu filme preferido do universo Hughes, e acredito que seja o favorito de muitos também… Quem não viu alguma vez esse filme na Sessão da Tarde? A Globo cansou de passar, acho que só não passou mais do que “A Lagoa Azul”… rsrs :p !!!

“Curtindo A Vida Adoidado”, pra mim, foi um marco no estilo de fazer esse tipo filme… Quando Ferris Bueller (Matthew Broderick) vira pra câmera e começa a falar com você, é de espantar!!! rsrs! E fora a trilha sonora que é maravilhosa (escolha de Hughes, é claro)… Duas cenas são marcantes neste filme, com relação a trilha sonora. Para maioria a número 1: Na Parada da cidade – com “Twist And Shout” (Beatles); e para mim a número 2: Cena do Museu – com “Please, Please, Please (Let Me Get What I Want)” (The Smiths), mas com performance de The Dream Academy… Num instrumental que é de arrepiar!! Essa cena do museu marcante pra mim…

“Twist And Shout”:

“Please, Please, Please (Let Me Get What I Want)”:

Bom, é isso galera… Quem sabe começo a me perdoar, pois agora já sei quem foi John Hughes, e o quanto ele foi importante em minha vida, e na vida de muitos, acredito eu… Um abraço e Valew!!

* Ricardo Ribeiro, amigo apaixonado por Cinema e Rock’n’roll.

Nostalgia, cinema e viagem no tempo – Crônica de Elton Tavares (do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Sou um nostálgico assumido, como todos que me lêem bem o sabem. Também adoro o tema viagem no tempo e tudo que ela pode proporcionar, como, por exemplo, mudar o passado e buscar no futuro o aprendizado da paz com a evolução dos homens. Algumas teorias sugerem viagens no tempo através de realidades paralelas. Claro que a possibilidade disso é zero (será?).

O conceito já foi abordado diversas vezes como ficção-científica na Literatura e Cinema. A linha mais famosa é do autor de obras sobre o tema, o escritor H. G. Wells. Como já escrevi antes, todos sonham com o poder de viajar no tempo.

Os curiosos querem saber o futuro e os nostálgicos, como eu, voltar ao passado. Quem sabe corrigir rupturas de grandes amizades, não investir em falsos amores, evitar mortes de pessoas que amamos e avisar sobre todo tipo de catástrofes, entre outras coisas.

Certa vez, tive um pesadelo com jeito de lembrança: eu era um guerreiro da idade média e fui ferido mortalmente em uma batalha. Quem sabe, seguindo a linha do espiritismo, isso não rolou mesmo? Falando em doideiras que não consigo explicar com o passado, que nunca teve um Déjà vu? (pronuncia-se Déjà vi, é um termo da língua francesa, que significa “já visto”).

Uma reação psicológica que faz com que o cérebro nos informe que já vivemos aquilo ou estivemos naquele lugar, sem jamais ter ido e presenciado tal fato. É muita onda!

Sobre a viagem no tempo, sempre digo que a música é o principal veículo para o passado, mas já imaginaram se rolasse umas idas e vindas para o futuro e passado, de fato, como no cinema? Seria uma doideira sem fim, uma sucessão de correções de erros cometidos lá atrás, a história aconteceria em círculos.

Nos filmes “O Homem do Futuro”, Zero (personagem de Wagner Moura), vai atrás da amada em uma máquina do tempo construída por ele mesmo; Em “ Click”, o longa conta a história de Michael Newman (Adam Sandler), que através de um controle remoto, adianta-se e regressa-se no tempo de sua própria vida; em “ O Feitiço do Tempo”, Phil Connors (Bill Murray) simplesmente dorme e acorda na manhã do mesmo dia, numa maluquice sem fim. Já no drama romântico “Em algum lugar do passado”, Richard Collier (Christopher Reeve), por meio da auto hipnose, se transfere para determinado espaço no tempo em busca de sua amada Elise (Jane Seymour). Ainda, Evan Treborn (Ashton Kutcher), em “Efeito Borboleta”, lia trechos de seu diário para voltar no tempo até a época em que o texto foi escrito. E, claro, Marty McFly (Michael J. Fox), retorna ao passado e viaja ao futuro a bordo do carro Delorean, transformado em máquina do tempo pelo Dr. Emmett “Doc” Brown (Christopher Lloyd)

Outros tantos também se desenvolvem em cima do tema. A Viagem no Tempo inspirou filmes como: A quadrilogia O Exterminador do futuro; Bill & Ted -Bogus Journey; A Máquina do Tempo; Os Doze Macacos (Twelve Monkeys); “Voyagers – Os Viajantes do Tempo”; “Donnie Darko”; Dejavu; Stargate”; Meia-Noite em Paris; Planeta dos Macacos; A Ressaca, e o seriado Lost.

Agora chega de devanear, pois se a máquina do tempo existisse, já tínhamos nos visitado a nós mesmos. Muito mais bacana do que ficarmos apegados ao passado e com medo do futuro é vivermos o agora da melhor forma possível. Dar uma nova chance a nós mesmos e tentar abrir portas que se fecharam há muito, sempre na luta pela felicidade própria e de quem amamos.

Afinal, a vida é agora!

Elton Tavares

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em novembro de 2021.

O Escafandro e a Borboleta (resenha porreta do Lúcio sobre o filme)

 

Por Lúcio Costa Leite

Alguns filmes são experiências tão pessoais quanto desconcertantes, são diálogos e cenas que parecem, diametralmente, feitos e escritos como se propositalmente quisessem nos atingir. Esse é o caso do filme “O Escafandro e a Borboleta”, produção francesa dirigida por Julian Schnabel, que na época de seu lançamento, recebeu várias premiações.

O filme narra a história real de um editor da revista Elle, Jean-Dominique Bauby, após um derrame cerebral cuja conseqüência principal foi a perda de todos os movimentos do corpo, exceto o do olho esquerdo.

O excepcional é que mesmo dentro das limitações físicas imprimidas pelo incidente, o protagonista da história conseguiu ditar um livro usando apenas o movimento do olho.

O filme tinha tudo para ser um drama-doença sobre alguém acometido por um AVC (Acidente Vascular Cerebral), mas a centra-se nas dificuldades de comunicação do protagonista, fazendo do filme um legítimo ensaio sobre a linguagem, o expressar-se.

O drama é angustiante, mas assinala um aprendizado para a reflexão das paralisias que nos assombram mediante as dificuldades O trecho abaixo é a transcrição de um dos monólogos do filme:

Hoje, sinto que minha vida é uma série de frustrações. Mulheres que não fui capaz de amar. Oportunidades que não soube avaliar. Momentos de felicidade que deixei escapar. Uma corrida cujo resultado eu conhecia de antemão, mas falhei em escolher o vencedor.Tenho sido cego e surdo ou os duros golpes me fizeram descobrir minha verdadeira natureza”.

Meu comentário: Este filme, muito bem descrito pelo meu amigo Lúcio, é uma lição de vida. Com um roteiro firme e sacadas incríveis do protagonista. O longa me fez pensar em quem nos ama de verdade, pois quando Jean-Dominique Bauby estava enfermo, quem se importou com ele foi sua ex esposa e não sua namorada (pivô de sua separação). O filme é lindo, eu recomendo.

Elton Tavares

Assista ao trailer do filme: 

31 anos sem Gonzaguinha

Gonzaguinha – Foto encontrada no site Cultura Brasileira

Hoje (29) é aniversário da morte (estranho estes termos juntos) do cantor e compositor Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o “Gonzaguinha”, que morreu em um acidente automobilístico em 29 de abril de 1991, aos 45 anos, em Renascença (PR). Eu tinha 15 anos e lembro bem da notícia de sua morte.

São 31 anos sem o artista carioca, filho do lendário cantor e compositor Luiz Gonzaga (não biológico, mas registrado), o “Rei do Baião”, e Odaléia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil. É como dizia o próprio Gonzaguinha: “Venho de Odaléia uma profissional daquelas que furam cartão e de vez em quando sobem no palco; ela cruzou com meu pai e de repente eu vim”.

A mãe morreu de tuberculose aos 22 anos de idade, quando Gonzaguinha tinha somente dois anos, e o pai, por conta dos shows Brasil afora, o deixou com o padrinho Henrique Xavier – o baiano do violão das calçadas de Copacabana, do pires na zona do mangue no morro de São Carlos – e sua esposa, a madrinha Dina. “Foram eles que me criaram e por isso eu toco violão”. (Gonzaguinha)

Do pai, recebia o nome de certidão, dinheiro para pagar os estudos e algumas visitas esporádicas. Imerso no dia-a-dia atribulado da população, Gonzaguinha ia aprendendo a dureza de uma vida marginal, a injustiça diária vivida por uma parcela da sociedade que não tinha acesso a nada.

Gonzaguinha foi um dos melhores compositores de sua geração. Ele iniciou a carreira na década de 1960, no Rio, convivendo com artistas como Ivan Lins e Aldir Blanc. Com ambos fundou o Movimento Artístico Universitário (MAU). Em 1970, começou a participar de festivais.

O seu primeiro LP foi lançado em 1973. No mesmo ano, Gonzaguinha participou do programa Flávio Cavalcanti apresentando a música Comportamento Geral num dos concursos promovidos pelo programa. Na canção, ele alfinetava a atitude complacente e medrosa daqueles que abaixam a cabeça para tudo e para todos: “Você deve lutar pela xepa da feira / e dizer que está recompensado”. O júri do programa destruiu sua música e cobriu Luiz Gonzaga Jr. de ameaças. Um dos jurados o chamou de terrorista; outro sugeriu sua deportação.

Apesar de toda a perseguição, Gonzaguinha nunca deixou de divulgar seu trabalho: quer seja em discos, onde driblava os censores com canções alegóricas, quer seja em shows onde, além de cantar as músicas que não podiam ser tocadas nas rádios, Gonzaguinha não se continha e exprimia suas opiniões e sua preocupação com os rumos que a nação tomava.

Visceral e talentosíssimo, compôs músicas lindas e doídas, de tão fieis aos amores, dissabores e dores que sentiu. Seus maiores sucessos foram: “Grito de Alerta”, “Explode Coração ou Espere por mim, morena”, “Comportamento Geral (censurada)”, ‘Começaria Tudo Outra Vez”, “Lindo Lago do Amor”, “Redescobrir” (na voz de Elis Regina), “É” e “O Que É, O Que É”, “Recado”, “Eterno Aprendiz”, entre outras.

Em 2017 Gonzaguinha foi tema do carnaval da Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, com o enredo “É! O Moleque desceu o São Carlos, pegou um sonho e partiu com a Estácio!”.

Gonzaguinha casou três vezes e teve quatro filhos. Ele gravou 19 discos e vendeu milhões de cópias. Foi um gênio da MPB e símbolo da indignação com o sistema. Parte de sua história foi retratada no filme “Gonzaga – de pai para filho”.

O cara foi um símbolo de rebeldia e talento. Este post é uma pequena homenagem ao gênio da poesia. Valeu, Gonzaguinha!

Gonzaguinha e Gonzagão 1979 – Foto: Amicucci Gallo

Elton Tavares, com informações dos sites Memória da Ditadura, Musicaria Brasil e Mais Cultura Brasileira!

Filmes produzidos por amapaenses concorrem em duas categorias do ‘oscar’ do cinema brasileiro

Por Laura Machado e Willian Amanajás, g1 AP e Rede Amazônica

Jornadas autobiográficas e mudanças ao longo da vida. É sobre isso que tratam duas produções amapaenses que concorrem na 21ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, realizado pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais. O documentário “Utopia” e o curta-metragem animado “Solitude” disputam em duas categorias do prêmio que é considerado o “Oscar brasileiro”.

As duas obras estão concorrendo para votação dos membros da academia ainda em primeiro turno. Após essa etapa, serão escolhidos 5 selecionados de cada categoria para concorrer à final.

Sonhos preciosos

“Utopia” é um dos indicados na categoria curta-documentário do prêmio do cinema brasileiro. A obra dirigida por Rayane Penha, é um grande feito para o cinema amapaense, além de resgatar memórias da própria diretora, que é filha de garimpeiro.

O filme é traduzido em fotos, vídeos e cartas que o pai escrevia para a filha, documentando as experiências e dificuldades de quem vive no garimpo. O cenário da produção é o próprio garimpo do Vila Nova, localizado no município de Porto Grande, distante a 103 quilômetros de Macapá.

“É muito desafiador! Não esperava estar em um espaço como esse, em que normalmente a gente não se enxerga. Já notamos uma diferença, principalmente por ver mais pessoas negras nesses espaços. Mas é complicado ver que eu sou uma mulher negra, do Amapá, em um local que não costuma ter pessoas como eu”, afirmou Rayane Penha.

Com o foco no olhar humanitário para quem vai em busca do sonho de mudar de vida nos garimpos, o filme se tornou uma homenagem ao pai de Rayane Penha, que faleceu em um acidente durante o trabalho.

A cineasta morou até os 10 anos de idade no garimpo onde o documentário foi desenvolvido e deu vida às memórias através do audiovisual.

A produção, que já participou de mais de 30 festivais e amostras, foi custeada pelo 1º Edital de Produção Audiovisual do Amapá em 2017, e ganhou repercussão nacional pela qualidade e sensibilidade com que foi criada.

Autoconhecimento nas telas

A obra “Solitude”, dirigida e roteirizada pela artista Tami Martins, foi o primeiro filme de animação feito no Amapá com recursos da Agência Nacional do Cinema (Ancine).

A produção, que também recebeu financiamento do 1º Edital de Produção Audiovisual, concorre à categoria ‘curta-metragem de animação’ no mesmo prêmio.

A história mostra a busca da protagonista “Sol” pelo autoconhecimento e a mudança pessoal após o término conturbado de um relacionamento amoroso.

Nos 15 minutos da animação em 2D são retratados lugares conhecidos dos macapaenses: como o Igarapé das Mulheres, no bairro Perpétuo Socorro, que também já inspirou outras obras, como a canção de Osmar Júnior, que leva o mesmo nome no trecho que fica na orla de Macapá.

“Assim como o Solitude, o Utopia é mais uma produção resultado do 1° Edital do Audiovisual do Amapá de 2017 […]. Dois filmes amapaenses, dirigidos por mulheres negras, sendo indicados pela 1ª vez a esse prêmio, mostra a potência do audiovisual do Amapá. Para mim é uma grande honra estar representando nosso estado ao lado da imensa Rayane Penha, que além de inspiração constante para mim, é também uma grande amiga”, contou Tami Martins.
Em 2021, a animação ganhou o troféu Redentor de melhor curta-metragem na 23ª edição do Festival do Rio, o maior da América Latina.

Fonte: G1 Amapá.

“Pureza” e o horror do trabalho escravo

Nesta sexta-feira (22) será o lançamento social (pré-estreia para convidados) do longa-metragem brasileiro Pureza, a primeira obra das telonas nacionais a abordar a temática da escravidão. O diretor Renato Barbieri, os produtores Marcus Ligocki Jr., Francisco Alan Lima, Alberto Silva Neto, o elenco e os abolicionistas contemporâneos ligados ao filme, tais como o Juiz do Trabalho do TRT8 Jonatas Andrade, presidente da Associação dos Magistrados Trabalhistas do Pará e defensor dos direitos humanos, estão em Belém. No dia 5 de maio será a estreia no circuito nacional de cinema.

“Pureza”, gravado em 2019 na região sul do Pará e inspirado em fatos reais, conta a história de Pureza Lopes Loyola, cuja luta inspirou a criação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, a primeira ação na História do Brasil destinada a combater o trabalho escravo em todo o território nacional. Determinada a encontrar seu filho caçula, Abel, desaparecido após partir em busca de emprego na Amazônia, a pobre mulher, mãe de cinco filhos, não hesitou em sair de Bacabal (MA) só com uma muda de roupa na bagagem e enfrentar a escravidão moderna, seus efeitos desumanos sobre os indivíduos e o terrível poder de vida e morte dos donos de escravos.

Dona Pureza testemunhou o recrutamento por “gatos”, ia de fazenda em fazenda trabalhar como cozinheira e assim ouviu relatos de horror dos trabalhadores reduzidos a escravos com documentos subtraídos, dívidas contraídas para não morrer de fome e que nunca podiam ser quitadas. Quem tentava fugir era morto e enterrado na mata, em cova rasa e sem nome.

O ano era 1993. No interior do Maranhão, Dona Pureza trabalhava fabricando tijolos ao lado de seu filho Abel, até que ele decidiu tentar a sorte nos garimpos do Pará. Após meses sem receber notícias do filho, ela iniciou uma jornada incansável para descobrir o seu paradeiro. Pureza percorre cidades, se embrenha em fazendas e descobre um cruel sistema de aliciamento e cárcere de trabalhadores rurais. Ela testemunha o tratamento brutal dispensado aos trabalhadores. Com muita coragem, consegue denunciar os fatos às autoridades federais. Sem credibilidade, e lutando contra um sistema forte e perverso, enfrentou muitos perigos para registrar provas e pressionar o governo até encontrar Abel, em 1995.

Dira Paes, no papel da protagonista, estrela o filme, escolhida por seu trabalho social e humanitário. Desde 2015, ela é uma das principais mobilizadoras do Criança Esperança e uma das dirigentes do Movimento Humanos Direitos. Como atriz, são 32 anos de carreira e 43 filmes realizados, entre curtas e longas. Em 2017, ela ganhou o Troféu Oscarito pelo conjunto da obra no Festival de Gramado. Recentemente, estreou como diretora com o filme “Pasárgada”, do qual também é roteirista e protagonista.

O filme já coleciona 28 prêmios em 18 países (Brasil, França, EUA, Guadalupe, Itália, Rússia, China, Alemanha, Panamá, Bolívia, Marrocos, Cuba, Reino Unido, México, Argentina, Colômbia, Líbano e Portugal): no Rencontres Du Cinéma Sud-américain/Marseille (França), arrebatou Melhor Filme Júri Popular e Menção Honrosa do Júri. No Canal de Panamá International Film Festival ganhou como Melhor Filme; no FEMI Festival (International Film Festival of Guadalupe) (Caribe), Melhor Filme; no Big Muddy Film Festival (EUA), Melhor Filme. Também no Infinito Film Festival de Miami/Nova York, Melhor Atriz e Melhor Fotografia; no Seattle Latino Film Festival (EUA), Melhor Atriz. No Salento International Film Festival (Itália), Melhor Atriz; no Workers Unite Film Festival (EUA), Menção Honrosa. No Washington DC International Film Festival (EUA), Menção Honrosa na Competição Justice Matters. No Festival de Cinema de Vitória, Melhor Filme Júri Popular e Melhor Atriz. No Florianópolis Audiovisual Mercosul, Melhor Filme Júri Popular. No Festival do Rio Première Brasil – Competição longas de ficção Encontra Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões Melhor Filme Júri Oficial, Melhor Filme Júri Popular, Melhor Ator, Melhor Direção, e Melhor Fotografia. No 12nd Festin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, Melhor Filme Júri Oficial e Melhor Atriz.

Já neste sábado, dia 23, o filme será exibido em Marabá, na programação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, em duas sessões, uma às 16h e outra às 19h, no Cine Marrocos, e terá a presença do diretor, Renato Barbieri.

Fonte: Uruá-Tapera.

Mapa do Cinema Amapaense reúne informações e curiosidades sobre mais de 100 produções locais – Por @mslauramachado

Plataforma reúne curtas, longas, documentários e produções experimentais — Foto: Reprodução

Por Laura Machado

O audiovisual amapaense agora ganhou um espaço reunindo e trazendo detalhes e curiosidades das produções, desde as mais conhecidas até as últimas novidades. A plataforma ‘Mapa do Cinema’ já catalogou mais de 100 materiais criados no Amapá visando facilitar o acesso do público aos conteúdos, onde alguns deles podem ser assistidos.

A iniciativa surgiu em 2021 e foi criada pela equipe do Cine Perifa, projeto social que oferta oficinas educativas de cinema para estudantes e professores em todo o estado.

“Percebemos que não havia um lugar que reunisse informações sobre produções amapaenses, ou quando víamos um filme, era sempre tudo muito desencontrado. O mapa surgiu para reunir as informações que não estão em outros lugares”, explicou Jhenni Quaresma, coordenadora e responsável pela parte de pesquisa e criação do site.

O projeto ainda está em construção, mas já conseguiu mapear diversas produções até o momento, sendo: 2 longas-metragens, 18 médias, 102 curtas, 75 documentários, 29 ficções e 21 vídeos experimentais. A atualização é constante e traz detalhes sobre diretores, equipe técnica e elenco.

Cena do curta-metragem amapaense ‘Açaí’, que está presente no Mapa do Cinema — Foto: Jonathan Sansi/Divulgação

A coordenadora do projeto explica também que muitas produções não possuem todas as informações disponíveis, o que dificulta o trabalho da equipe e contribui para a demora na catalogação.

“Foi quase 1 ano de trabalho, porque teve um período longo de pesquisa […]. Entrevistamos produtores do cinema amapaense e fomos coletando todas as informações, mas o mapa ainda está em uma fase muito embrionária, pois alguns filmes ainda têm pouquíssimos dados”, detalhou.

Entre os listados do catálogo está o curta-metragem “Açaí”. A produção conquistou os prêmios de melhor curta-metragem nacional por júri popular e melhor trilha sonora original no 43º Festival Guarnicê de Cinema, um dos mais antigos e importantes do audiovisual brasileiro, realizado pela Universidade Federal do Maranhão.

‘Solitude’: animação feita no Amapá leva a busca pelo autoconhecimento às telonas — Foto: Tami Martins/Arquivo Pessoal

A animação “Solitude”, primeiro curta-metragem de animação produzido no Amapá com recursos da Agência Nacional do Cinema (Ancine), também está presente no Mapa do Cinema.

O objetivo é que futuramente o espaço possa encaminhar o público para as informações sobre os profissionais envolvidos nos projetos e a lista de criações de cada um deles.

Fonte: G1 Amapá.