O ladrão circunstancial e a guerra total

                                                                                          Por Régis Sanches

Merla e Crack
Nos últimos dias e noites, estive em batalha campal contra inimigos ocultos e outros nem tanto. Há tantos ladrões em Macapá, que seria necessário construir pelo menos cinco novos complexos penitenciários. Os ladrões têm atazanado a minha paciência e dos meus amigos. Já perdemos a conta de quantos telefones celulares nos foram furtados.

Um dos aspectos mais emblemáticos da ladroagem é sua face oculta. Existem os ladrões profissionais, que investem na carreira e tratam o seu ofício como outro qualquer. Nesse rol estão empresários, políticos e uma hierarquia que termina com o reles ladrão de galinha.

O ladrão profissional deveria ter carteira assinada e aposentadoria paga pelo INSS. Afinal, quantos nobres bandidos travestidos já não gozam desse benefício?

Vamos deixar os figurões de lado, pois quero explorar aqui a figura do ladrão circunstancial: é aquele sujeito que se vê na premência de subtrair o celular alheio para alimentar o seu vício. Refiro-me à famigerada legião de dependes de crack e merla que vagueiam como zumbis pelas vielas escuras das bocadas de Macapá e Santana.

O crack, todos sabem, é a “pedra da morte”; a merla, eu a denominei de “Lady Mellody”, em alusão a duas drogas: a química – feita da borra da cocaína – e o estilo musical oriundo do Pará, cuja poesia, lirismo e conteúdo estão abaixo de zero.

A história é mais ou menos assim: era uma vez um cidadão respeitável, com emprego fixo, esposa bonita, também empregada, e filhos maravilhosos. Um belo dia, após ingerir uns tragos de cerveja e várias talagadas de cachaça, esse sujeito é apresentado à insuspeitada Lady Mellody. Os pais de dependentes, que porventura lerem este texto, saberão que o vício é instantâneo. E as conseqüências são nefastas para todo o clã.

Não vou citar nomes, mas o problema das drogas é o mais grave do Amapá, até mesmo que o da saúde pública. O homem que depende da Lady Mellody perde todos os valores morais. Primeiro, começa a faltar ao emprego, é demitido e, na sequência, sua mulher, desde que também não seja viciada, o abandona. Já na sarjeta, se lhe resta algum bem material, certamente ele será vendido para alimentar o casamento com a Lady Mellody.

A pior fase acontece quando o viciado se transforma em mentiroso compulsivo e ladrão contumaz. Furtam cartões de bancos de parentes. Mas o grande alvo dos “Mellodies” é mesmo o telefone celular, artigo de fácil aceitação e melhor moeda de troca nas bocadas de qualquer cidade. Em Macapá não é diferente.

Dito isto, para todas as famílias que convivem com o drama do crack deixo uma mensagem de esperança. E, especialmente, para os que estão casados com Lady Mellody, esta senhora perniciosa e desdenhosa, escrevi o seguinte poema:

            Guerra total – (Régis Sanches)
 

O inimigo oculto

Mora dentro de mim

Habita minhas entranhas

Consome meus neurônios

Mutila meu corpo

Possui minha alma

Domina meu espírito

Anula o meu poder

Transforma um Titã

Num boneco tantã:

Nômade, bêbado, trôpego;

Trêmulo, errante, delirante;

Passivo, autodestrutivo.

Derrotar o inimigo oculto

É mister do guerreiro impecável:

Humilde e disciplinado,

Impregnado de amor,

Mestre do autoconhecimento.

É uma guerra sem fim,

Batalha cruel,

Confronto inadiável.

Todos os dias, todas as noites

Uma vitória retumbante

Para, enfim, flutuar

Nas asas da liberdade

Rumo à poeira das estrelas.

“Fé demais não cheira bem”!

                                                                                        Por Silvio Carneiro

Seja você católico, protestante, judeu, muçulmano, espírita, budista, Hare Krishna, hinduísta ou pratique qualquer “ismo” que quiser, o certo é que tudo demais pode virar veneno. E, nesse sentido, até mesmo a sua fé sincera, quando exacerbada demais, pode prejudicar você e outras pessoas.

Esse exagero tem nome: FUNDAMENTALISMO.

Fundamentalismo é o nome dado a movimentos de guerras desde a Idade Média , cujos adeptos mantém estrita aderência aos princípios fundamentais.

O termo popularmente empregado refere-se pejorativamente a qualquer grupo religioso de infringentes de uma maioria, conhecido como Fundamentalismo religioso (como o grupo terrorista IRA, na Irlanda), ou refere-se a movimentos étnicos extremistas com motivações (ou inspirações) apenas nominalmente religiosas, conhecido como Fundamentalismo étnico (como é o caso dos judeus e palestinos, no Oriente Médio).

O Fundamentalista acredita em seus dogmas como verdade absoluta, indiscutível, sem abrir-se, portanto, à premissa do diálogo. É uma crença irracional e exagerada. Uma posição dogmática ou até um certo fanatismo em relação a determinadas opiniões.

Ao longo da História humana, o fundamentalismo foi o grande causador de guerras e conflitos de proporções variadas, mas igualmente prejudiciais para todos os envolvidos.

Parece incrível, mas em pleno século XXI, o fundamentalismo ainda mostra suas garras, às vezes escancaradamente, como nos atentados às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, nos EUA, às vezes de “menor importância”, como no caso em que a adolescente Larissa Rafaela Kondo de Lima, de apenas 15 anos de idade, foi assassinada pelos pais, no interior de São Paulo por estar namorando escondida, na pracinha da cidade de Cafelândia. Segundo a polícia, os pais da menina eram evangélicos. Durante seu depoimento, José Carlos de Lima, de 42 anos, disse que bateu na filha “para o bem dela” e que apenas “quis corrigir a filha dentro das regras” da igreja a qual pertence.

Colegas de escola de Larissa afirmaram que ela se queixava da rigidez do seu pai, o que seria uma consequência de seu fervor religioso. Uma professora afirmou que Larissa era alegre e tinha boas notas. “Ela queria ser médica.”

Não vamos aqui ficar especulando qual denominação evangélica essa família seguia. Não esta a questão. Mas nesse dia 30 de novembro, Dia Nacional do Evangélico, vale chamar à reflexão.

Segundo resultados preliminares do Senso Demográfico 2010, realizado pelo IBGE, o número de cidadãos brasileiros que se definem como adeptos de alguma denominação cristã protestante, vem crescendo vertiginosamente. Em 1990, eram 13 milhões; em 2000, 26 milhões; em 2008, 46 milhões. A estimativa é de que até 2020, esse número atinja o número de 104,5 milhões de pessoas.

É preciso tomar cuidado com a igreja ou templo religioso que você freqüenta. Pois nem sempre o homem, com todas as suas imperfeições, consegue compreender e interpretar adequadamente a mensagem perfeita do Deus Pai de todas as criaturas.

Que nesse dia 30 de novembro, você, independente da religião que seguir, leve em seu coração apenas uma mensagem, a mais importante de todas: “Amai a Deus acima de todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo”. E o resto é resto!

Princesas Encantadas por Histórias de Mentiras

Desde de que a gente tem três anos de idade e consegue entender alguma coisa, começam a contar uma mentira deslavada e cruel, que habita muitas estórias infantis: o mito do príncipe encantado. Quem não passou horas na cama ouvindo a mãe, o pai ou a avô narrar a triste vida da gata borralheira? A pobre submissa e explorada, que vivia na faxina, sem final de semana, sem um cineminha ou uma distração?
Mas um belo dia, eis que toda esta tortura é transformada magicamente em felicidade, com a chegada do príncipe encantado, que ainda por cima era herdeiro do trono. Ou seja, tudo em sua vidinha medíocre muda da água pro vinho. Ou melhor, do farrapo pra seda pura.

Primeiro aparece uma fada madrinha, do nada, e a deixa linda de morrer para o baile.

Depois, cheia de auto-estima e segurança, ela manda a patroa e as mocréias das filhas dela catarem coquinho no mato. Tudo isso por que dançou uma valsa com o príncipe durante alguns minutos numa noite estrelada. Ah! Claro, outro detalhe importante: graças ao seu pé 35, que coube no sapatinho de cristal, o príncipe se apaixona por ela. Fala sério! Se um dia eu tiver uma filha, vou esconder estas estórias dela como se fosse uma arma carregada.

É claro que hoje em dia o repertório de livros anda muito mais vasto e criativo, graças a Deus e a autores infantis maravilhosos. Mas quem tem mais de 30 anos não teve acesso a tantas opções, e sabe que todas estas estórias só terminavam quando chegava a hora do casamento perfeito, seguido da felicidade eterna.

É incrível como ninguém se dá conta, mas isso grudou no inconsciente das mulheres de uma maneira que me dá medo. Toda hora eu escuto queixas de princesas desapontadas com os príncipes das suas vidas. E não são princesas com 5 ou 6 anos de idade, não. Elas são advogadas, administradoras, bancárias, mulheres entre 25 e 45 anos, independentes e analisadas. É claro que se você perguntar a qualquer uma delas se está procurando um príncipe, todas dirão que não, que eles não existem. Mas experimente pedir que façam uma lista de tudo o que esperam de um homem. Pronto!

Troque o carro zero por um cavalo branco e você terá a descrição perfeita de um. Não tem jeito. Fizeram uma lavagem cerebral na gente. A crença de que a vida vai ser tudo que sonhamos a partir do momento em que somos amadas por um homem perfeito é tão introjetada na mente feminina, que já se tornou um paradigma. E paradigma é assim mesmo: ninguém percebe que está dentro dele, a não ser que saia. Como um peixe dentro de um aquário, que pensa que o mundo está submerso. Simples assim.

As mulheres precisam formatar seus HDs, reprogramar suas visões e suas expectativas de uma vida inteira se quiserem ser felizes. Só isso.Mas vamos voltar às análises: Branca de Neve agora. Essa já desde pequena tinha uma relação barra pesadíssima com a mãe, que na verdade se dizia sua madrasta. Aquela inveja tão cruel revela, na verdade, muito mais coisas que nem vale entrar em detalhes aqui. Freud explicaria tudinho fácil, fácil. O problema é levar mães pra fazer análise. Ainda mais uma narcisa e psicótica que falava com o próprio espelho.

Quanto botox, quanta plástica pra nada. Tudo em vão, pois a Branca de Neve era muito mais bonita. E o que era ainda pior: mais jovem, e com a vida inteira pela frente pra conhecer um príncipe.Com uma mãe assim, o jeito era sair de casa mesmo. Se lançar a própria sorte, sem grana pro aluguel, sem conhecer a cidade, no caso, a floresta.

(Pra quem não sabe, sempre que tem floresta numa estória, ela simboliza o desconhecido, algo a ser descoberto, desvendado. Pode ser até mesmo dentro da gente. Normalmente é.)

No caso aqui, a Branca de Neve não teve propriamente iniciativa, mas foi impelida a tomar uma atitude, já que do contrário o lenhador a mataria, lembra? Ok, mas mesmo assim vamos dar um voto a ela, pois comparada à Cinderela, até que a bichinha foi bem corajosa. Tá certo que depois ela foi paparicada até dizer chega pelos sete anões.

Detalhe: todos baixinhos, gordinhos, com cara de vovô. Ou seja, a estória já separa bem: pra amigos eles serviam. Agora pra namorar, nem pensar! Todos eles eram caras legais, simpáticos, trabalhadores e educados, mas Branca de Neve estava em busca do Príncipe Encantado.Logo não deu mole pra nenhum deles. E foi justo quando ela comeu a tal maçã envenenada, quando tudo parecia ter um final trágico, o Príncipe Salvador de Destinos aparece para livrá-la de todo o veneno da madrasta, de todo o tédio da floresta e de uma vida inteira sem emoção nem aventuras. Daqui pra frente, a gente já sabe: eles se casaram e vivem felizes para sempre.

Agora eu pergunto: quem garante isso? Quero provas. Fotos da Branca de Neve depois de 2 filhos e 10 anos de casamento. Ninguém tem, né? Claro! Pra mim, a pior estória de todas, a campeã dos absurdos, aquela que deve ter feito mais vítimas das suas fantasias é a da Bela Adormecida.

A coitada nem vida teve antes que o príncipe beijasse seus lábios e a despertasse. Nem amigos bacanas tipo os sete anões, nadinha. Ela vivia presa num castelo, passando o tempo a fiar numa roca onde acabou furando o dedo, e sendo amaldiçoada a dormir por séculos. Ora bolas, o que é um sono desses, se não a própria morte?

Gente, pensa bem: o príncipe ressuscitou a pobrezinha, é mole? Quanto poder tinha esse homem? Antes dele, ela estava morta! Alguém tem alguma dúvida disso? Claro que antes do beijo ele lutou contra uns dragões imensos e botou todos pra correr. Afinal, príncipe que se preze tem que ser lindo, romântico e corajoso.

É por isso que eu digo: não existe sacanagem maior com uma mulher do que contar esta mentirada toda quando ela é criança. Depois crescemos e precisamos nos deparar com realidades que só acreditamos mesmo por que acontecem com a gente. Caso contrário, diríamos que é estória pra boi dormir.Mas uma coisa é certa: cedo ou tarde, antes ou depois de arrastar muita corrente, durante ou depois de muita análise, com 20 anos se for um prodígio de esperteza, com 30 se for bem observadora ou só aos 40 se for muito ingênua, você vai descobrir que:

1. Príncipes são de carne e osso e andam mais medrosos do que nunca. Medos todos idênticos aos nossos: de perder o emprego, de não ser promovido, de ser assaltado, de não ser amado, do dinheiro acabar antes do final do mês…Enfim, a lista é mais longa do que As Mil e Uma Noites.

2. Um namorado muito bonito pode dar bastante dor de cabeça, principalmente se ele tiver plena noção disso.

3. Um amor de verdade pode sim mudar a vida da gente pra melhor, principalmente se no enredo sobrar respeito, admiração, confiança, intimidade e cumplicidade. Construir uma relação assim que é uma tarefa pra herói, só que feita a dois.

4. A vida e a felicidade não começam quando você conhece um homem. Na verdade, elas podem até terminar exatamente aí, dependendo de quem ele seja. É bom ficar de olhos bem abertos.

Agora, independente de quem VOCÊ seja, como mulher, tem um compromisso intransferível consigo mesma: começar a ser feliz já, tendo ou não encontrado o homem da sua vida. Até por que não existe ímã mais poderoso pra atrair amores, empregos, sucesso e amigos do que a felicidade e o bom humor. E da próxima vez que você encontrar um livro de fábulas como esses que a gente conhece tão bem, mande pra mim.

Estou juntando tudo pra fazer uma fogueira em praça pública. Aliás, se há 40 anos as feministas tivessem queimado todos eles em vez daqueles sutiãs, hoje estaríamos contando estórias bem diferentes para os nossos analistas.

Texto: Luciana Von Borries

Fonte: FaRoFa

Felicidade Realista

A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor… não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo.

Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão.

Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum.

Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo.

Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.

Olhe para o relógio: hora de acordar É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente.

A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade.

Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.

Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.

Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormentam e provocam inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

Um fraterno abraço!
Mário Quintana

O Infiltrado

Alô, alô, recado rápido: tenho passado os últimos dias infiltrado em rodas femininas tentando entender as mulheres. Rá, rá, dirão vocês, com escárnio. Desista, é impossível entender as mulheres. Para um homem, pelo menos. Os últimos 20 anos passados junto a uma belíssima e especial – única pra mim – representante da espécie não me ajudaram muito. Posso dizer que continuo na estaca zero. Ora, que bobagem, todo homem razoavelmente instruído e com um mínimo de sensibilidade e bom senso sabe que mulheres não podem ser compreendidas, apenas amadas.

Ok, já entendi, e tenho a frase como lema há anos. Mas o que isso significa, exatamente? Não sei. Tenho escutado mulheres conversando. Como os homens quando estão juntos, elas só falam bobagens entre si. Bobagens da mais alta e reveladora importância, diga-se de passagem. Numa das conversas – regada a vinho branco, mulheres adoram vinho branco, desde que bem seco – percebi que as mulheres, mesmo quando mentem, estão dizendo a verdade. Sério. É uma das coisas que aprendi nos últimos dias, infiltrado em rodas femininas.

Entendi também que elas adoram contradições. Por exemplo, uma delas, quando soube que estava sendo traída pelo marido, idealizou a punição e o perdão em escalas avassaladoras e indivisíveis. Era uma estratégia para obter o marido de volta: a punição mais severa desaguou no mais olímpico dos perdões. Estão casados novamente, depois de um período em que ele, mandado pra fora de casa, comeu o pão que o diabo (ou seria a diaba?) amassou.

Outras contradições: a mulher mais resignada é a que fomenta a mais venenosa vingança. Agora, que estou entre elas, parece fácil entender isso. Outra descoberta: mulheres que traem abominam o corno manso. Essa me surpreendeu. Foi a revelação de uma delas, já na segunda garrafa do Chablis, revoltada com o marido, a quem traía, por tê-la recebido com flores em casa, quando ela voltava de um encontro com o amante. E eu que pensava que o corno manso oferecia à mulher que o trai o conforto da anuência e da compreensão. Como a dizer: “olha, eu não sou como os outros homens, machistas e incompreensivos, que não toleram uma traição. Eu te entendo, vai nessa, estou numa boa, vou fingir que nem estou sacando nada…”.

Ah, pobre do corno manso. Isso não quer dizer que elas, as mulheres, ao traírem, esperam levar porradas na cara. Não, nada disso. Nunca! Elas querem uma reação que contenha firmeza, indignação, compreensão, cavalheirismo e, acima de tudo – sempre – atenção. Uma dica final – e essa me foi revelada por uma mulher muito jovem, mas que parece ter uns 80 anos de experiência de vida: ao se interessar por uma mulher o pretendente não deve demonstrar interesse excessivo – sem porém deixar de demonstrá-lo – pois as mulheres, lembrem-se, adoram contradições. Preciso desligar agora, retomo contato assim que possível. Difícil é lidar com a ressaca do vinho branco, no dia seguinte. Abraços do Infiltrado.

Tony Bellotto

 

Fonte: Farofa

Caindo na pequena área

Assim como atacante simula um pênalti, o casal cava brigas.Grande parte das discussões de relacionamento não acontece por uma justificativa clara e evidente, é pressa, desejo de resultados imediatos.

O divórcio tem motivo, a briga não. É aleatória, e invade inclusive os momentos felizes. O atacante poderia fazer gol e comemorar com a torcida, mas preferiu se jogar na área e contar com a cumplicidade do juiz. A esposa poderia beijá-lo, mas decidiu teimar com a aproximação de uma colega de trabalho e tecer perguntas constrangedoras.

Não existe briga legítima. Todas são forçadas, artificiais e teatrais. É um ranço à toa, uma provocação passageira, uma vontade de incomodar que escapou do controle. Há o equívoco de se pensar em criticar algo e logo mudar de assunto, ferir e esconder a arma, como se a palavra não fosse bumerangue e não viesse de volta, com muito mais força, cortar nossa cabeça. Planejamos a briga, o que não prevemos são as consequências. Entrar numa discussão é fácil, o orgulho não nos deixa sair.
A mulher tem algumas cartadas implacáveis para puxar seu parceiro ao ringue. Mesmo quando ele não quer e programou assistir seu futebol tranquilamente.
Eu já sofri com o blefe. Fui um zagueiro que não atingiu a centroavante e ela simulou agressão.

Estava quieto, pensativo, aguardando a rodada do Brasileiro, e minha namorada começa a antecipar a lista de tarefas da semana. Eu respondo educadamente, não entro em detalhes. Nada nos magoou durante o dia. Ela repete um ponto, replica de novo. Não que eu não tenha respondido, é que a resposta não a agradou. Tento reagir diferente, com outras palavras. Tudo sob controle, vocábulos neutros, os times entraram em campo.

Na hora do apito, como não encontrou qualquer argumento para discutir, ela vem com a tese de que a minha voz está diferente. Que voz de homem não fica diferente assistindo sua equipe?

Eu me ferrei, ninguém se salva dessa abordagem. Em vão, busco dissuadi-la da ideia, não reparo que é uma ideia fixa, indicando uma obsessão incontornável.

— Não, minha voz está a mesma.
— Não me engana, sei que aconteceu alguma coisa, o que foi?
— Nada, estou ótimo, te amo.
Apliquei o “te amo” para espantar as desavenças, um “te amo” preventivo. Faltou experiência no ramo, sempre que mencionamos um “te amo” solto do assunto é que virá guerra, é visto como um ato falho ou um sentimento de culpa.
— Eu conheço, sua voz está diferente.
— Não está, não está…
— Está sim! Está sim!

Ela aparecia com o velho papo de que me conhecia melhor do que eu, o que é irritante. Meu timbre permanecia igual, até que não aguento mais a insistência e passo a gritar.

— Que merda…
— Viu?
— Viu o quê?
— Está brabo, acertei, sua voz estava diferente. Vai agora me dizer a verdade?
Não me pergunte qual foi o placar do jogo.
 

Protesto de terça

                                                                                             Por Elton Tavares

Pensando aqui com os meus botões, cheguei a conclusão que sou um “estranho chato”, pois eu penso. Vejo os outros, os legais, eles são idiotas, mas são muito bacanões. Levam vidas comuns, como gado, gostam do que os outros gostam, vão para onde todo mundo vai, escutam o que todos escutam, freqüentam boites e academias, possuem muitos “amigos”, acompanham a moda, são baladeiros, não perdem micaretas (diversão preferida de nove entre 10 cidadãos locais), sim, aquele momento de insanidade coletiva que os bacanas pagam para participar. Sufoco por sufoco, prefiro um show de rock and roll. Enfim, não são chatos.
Mas querem saber? Eu, filho mais velho de uma família de classe média baixa, adoro ser um estranho chato, levar uma vida fora do comum é muito mais interessante. As pessoas “superbacanas” são medíocres, não lêem livros, escutam músicas ruins (sim, ruins. Não tenho preconceito musical, tenho é conceito mesmo), freqüentam locais onde todos querem parecer mais ricos do que são, não assistem filmes (só se for dublado, porque legenda da dor de cabeça). Essas criaturas julgam pessoas pelo que elas possuem, agregam valor ao indivíduo.
Serei mais claro, já escutei diversas vezes frases fúteis do tipo: “Fulano do Golf preto” ou “Ciclano, dono da loja tal” ou “Beltrano, chefe do setor” tal. Grandes merdas, eu gosto de gente legal, inteligente e, sobretudo, de bom caráter. Pode ser liso, granado, preto, branco, homo ou hétero. Não sendo um merda do tipo que descrevi, está valendo. É, e no final das contas nós, os chatos, que somos estranhos. Pois não vivemos em cima da esteira da velha linha de montagem do cidadão comum.
Sou chegado em um bom papo, mas assisto Chaves e outras besteiras. Leio livros, mas jogo videogame. Enalteço músicos e artistas e desprezo a maioria das pessoas “bem sucedidas” (aos olhos da sociedade), patrícias, playbas e afins. Sempre existiu reciprocidade entre eu e o High Society, nós nos odiamos. Não atribuo valor aos outros pelos que eles possuem, mas sim pelo que são. Acredito que dinheiro deve ser gasto em felicidade e bem estar das pessoas e não em boçalidades e vaidades afins.
É ótimo presenciar o sucesso das pessoas, quem trabalha e compra suas coisas legais e tals, mas não pensa que é mais por ter mais. Vitória não é ter carro e mulheres fúteis, mas conhecimento, amigos, família e, é claro, um amor.
Falando nos bacanas, muitos deles possuem diversas máscaras. Odeio gente que muda de acordo com o circulo que frequenta. No meio da família é uma coisa, dos amigos é outra, no trabalho então, coloca mais uma máscara. Elas devem sofrer de esquizofrenia alucinatória, com ira narcisista involuntária (filme Eu, eu mesmo e Irene).
É por isso que os chatos estranhos não são amigos de todos, porque possuem preconceito intelectual, não admitem os superbacanas por perto. Eu to precisando atualizar o cérebro, preciso ler algo novo, preciso escutar bandas novas e assistir filmes cults. É irônico, mas no final das contas, nós, os chatos é que somos estranhos (risos).
“Temos, há muito tempo, guardado dentro de nós, um silêncio bastante parecido com estupidez” – Eduardo Galeano.

E o Boeing decolou de Macapá

                         Por Régis Sanches
Bonner, o objeto de desejo da mulherada amapaense (risos)
No fim da década de 1960, Armando Nogueira, então chefe de jornalismo da TV Globo, formou a estrutura daquele que é hoje o telejornal mais antigo do país, e o de maior audiência. Em novembro de 1969, estreava o Jornal Nacional, com apresentação de Heron Domingues e Cid Moreira. Como registro do histórico momento, Armando escreveu “E o Boeing decolou” no primeiro script do programa dirigido por Alfredo Marsillac.

Falecido aos 83 anos, em março deste ano, Nogueira era um mago das palavras e transgrediu a fronteira do papel-jornal para a televisão. Foi o homem-forte do jornalismo da Globo, com Alice Maria como seu braço direito até 1990, quando o desgaste provocado pela tensa relação entre ele e Alberico Sousa Cruz provocou sua saída.

Na última segunda-feira, 23, o Boeing projetado por Armando Nogueira decolou de Macapá. Ancorado pelo dublê de galã William Bonner, o programa estreou o projeto JN NO AR, idéia do repórter Ernesto Paglia. A bordo de um jato patrocinado pelo Bradesco, Paglia decolou de Macapá para, a cada dia, de uma cidade diferente, enfocar o Brasil real em 27 reportagens exclusivas.

Como Macapá foi uma escolha pessoal de Paglia para inaugurar o seu projeto, a capital amapaense, a depender da sorte, poderá ser sorteada para sediar mais uma edição do JN NO AR. Mas o que se viu na estréia foi um show de tietagem.

Transmitido ao vivo em frente a um dos 8 baluartes da Fortaleza de São José de Macapá, uma multidão, a maioria de mulheres à beira da histeria, se comprimiu para “ver” o “colírio” Bonner. Parecia que Bonner não é um jornalista sério editor-chefe e apresentador do telejornal de maior audiência do país. A impressão é que estava no palco o cantor Wando, um dos reis do estilo brega, até porque havia mulheres dispostas a atirar suas calcinhas em cima dele.

É uma pena. As faculdades de Jornalismo de Macapá perderam rara oportunidade para instruir seus alunos em torno de uma aula ao vivo de telejornalismo. Ernesto Paglia é um dos mais brilhantes repórteres da TV Globo. A equipe de 40 pessoas da maior rede de TV brasileira aterrissou em Macapá com 3 toneladas de equipamentos.

Mas as macacas de auditório só tinham olhos para o apresentador-galã. É bom lembrar que William Bonner não é ator, nem Faustão e muito menos o Chacrinha. Escrevo isso porque também sou jornalista e Jornalismo e Imprensa são coisas sérias, em que, nem por brincadeira, vale uma tietagem.

O otário

Um conhecido “playboy” de Macapá, famoso por suas cagonices (e olha que o cara já tem quase 40 anos) pegou uma surra de um garoto, de mais ou menos 18 anos, em frente a loja de conveniência da capital amapaense. O motivo foi um “barato errado”, característico do “figurão”, que tem apelido de fruta, mas tem jeito de verme. Um típico otário.

Eu ainda consigo me surpreender como algumas coisas NUNCA mudam, este pateta já está careca, mas observo suas babaquices há umas duas décadas, desde a época do colégio. Quando será que o “empresário”, como ele mesmo se intitula (que na verdade é um vagabundo, testa de ferro de algum sacana maior), deixará de ser motivo de piada?

Suas peripécias são realmente admiráveis, o cara vive apanhando na rua, mas anda de peito estufado pagando de gato (eu juro que não tenho inveja, nem dele e nem de ninguém), prisões e dizem que já queimou dinheiro. Certa vez, o vi jogando notas de R$ 50, dentro de um bar local. Estes são apenas alguns exemplos da sapiência do indivíduo, pois são tantas que eu não conseguiria enumerar.

Ah, ele sempre ladeado de alguns fiéis escudeiros, puxa-sacos que o sugam, tipo aquele trecho da música do Cazuza: “o teu amor é uma mentira, que a minha vaidade quer” (risos). Ouvi dizer que o sacana curte bater em mulher, não sei se é fato, mas eu não duvido.

Tudo bem, confesso que eu nunca morri de amores pelo sujeito, somos desafetos antigos, mas ele marca demais e é difícil não comentar. O cara quer aparecer a todo custo, oras.

Estou evitando nomes, pois sou somente um jornalista e o ricaço poderia me processar. Mas fica a dica, ele tem apelido de fruta, é baixinho, tem uma careca e é meio cabeludo, tipo o “Mestre dos Magos” (risos). Talvez seja o maior cagão da história tucujú, afinal, suas preguices atravessam gerações.

Eu conheço muita gente que mudou com o tempo, conheço meninas danadas que aquietaram e deram certo com seus respectivos maridos, maluco que entrou nos trilhos e vadio que virou trabalhador, mas em alguns casos, como o que contei, uma vez babaca, sempre babaca.

Porque não gosto do Twitter

                            Por Silvio Carneiro
Ontem, li este texto do meu amigo Silvio Carneiro. Eu também não gosto de Twitter, aquele negócio tipo “msn grupal”. Mas tenho um, entro lá vez ou outra, para divulgar textos. Enfim, concordo com o texto, leiam:
Porque não gosto do Twitter
Sempre fui antenado em novas tecnologias. Nunca fui nerd, mas sempre gostei de acompanhar a evolução tecnológica. Do Atari ao PS3; da máquina de escrever para o notebook; do videocassete para o Blue Ray; assim como o nascimento e crescimento das redes sociais.
Uso e-mail desde 1997; fui adepto do ICQ; vivo com o MSN ligado direto; acesso o Orkut desde 2005; tenho blog, etc. Mas o tal do Twitter não me agrada. Não tem jeito! Já tentei. Mas não curto mesmo.
Já tentaram argumentar comigo que é divertido, útil pra minha profissão de jornalista… blá-blá-blá…
Pra começar, a gente já se depara com aquela pergunta idiota: “O que está acontecendo?” – Dãh… Não tá acontecendo nada! E daí?!
Aí vem uns idiotas achando que são “foda” e começam a falar baboseiras sobre suas vidinhas medíocres e ainda acham que estão contribuindo com alguma informação importante…
“Bom dia twt! Estou com uma dor de barriga desgraçada. Acho que vou ao banheiro passar um faz…”. “Boa tarde, twt. estou ouvindo o mais novo som do ‘Fresco’ Fresno”. “Boa noite twt. Vou mimi…”. Ah, PUTAQUEPARÉO!!! Assim não dá!
E todos aqueles “jornaleiros” que sempre tem o rabo preso com alguém e ficam tentando falar as coisas por enigma, para não se comprometer?
“Oi twt. Um passarinho me contou que um certo verde, almoçou hj com um certo roxo. Novas alianças à vista!”. “Oi twt. Tem gente de bigode tentando intimidar quem usa barba. Mas é dos carecas que elas gostam mais…”. PQP de novo! Palhaçada!
E aqueles que juram que são os melhores amigos de infância da última semana de algumas celebridades que mandam seus aspones passarem o dia twittando no lugar deles?
Cara. Na boa: Dou um doce (opa!) para quem me convencer que a merda do TWT vale de alguma coisa na vida!
Acho que o TWT é mais uma ferramente de estímulo à burrice e à preguiça, com o seu pseudo-dinamismo de 140 caracteres. Papo furado! Não me sigam. Posso estar perdido!

Ecléticos e pseudo ecléticos

Por Elton Tavares
Todo mundo gosta de música. Eu sou movido a som, escrevo, tomo banho, acordo e durmo ouvindo música. Pode ser um som nostálgico como o Legião, politizado como Chico Buarque, besteirol como Júpiter Maçã, romântico como Kid Abelha, non sense como Velhas Virgens, enfim, eu gosto de música legal (o que EU acho legal, claro). Será que sou “eclético”? Talvez. Odeio quando as pessoas me dizem: “Eu sou eclético”, gosto de tudo. Como assim?

Eles usam o termo para mascarar a falta de direcionamento de suas preferências. Para mim, música tem que ter mensagem, tem que ter letra. Salvo os ótimos instrumentais e músicas clássicas , que são exceções dessa regra particular. Resumindo, eu não entendo os “pseudoecléticos”, que se escondem atrás das palavras “sou eclético”, para escutarem qualquer coisa.

Eu não culpo quem não gosta de música boa, que se diz “eclético”, só para ouvir todo o tipo de porcaria que a indústria de massa os empurra goela abaixo. Afinal, a maioria dessas pessoas não tiveram acesso aos livros, filmes, viagens ou qualquer outro canal cultural que refine suas percepções sonoras.

Eu tenho pena dos que são “ecléticos” por opção, que tem a oportunidade de escutar, Rock, Jazz, Blues, Samba, Reggae ou Música Popular Brasileira (MPB). Mas preferem pular na doideira do Brega, Pagode, Zouk, Axé ou Sertanejo (esse último deve ser a trilha sonora do inferno). Acho incrível alguém inteligente, viajada e estudada gostar dessas coisas, mas é o que mais tem por aí.

Para os que acharem que sou uma espécie de xiita musical, não, não sou. Eu era antes, mas hoje em dia, até prestigio eventos com trilha sonora de gosto duvidoso. A contra gosto, é verdade, mas aprendi que amizade está acima das minhas antipatias.

Mas ainda prefiro barzinhos à boates, bandas à djs e gente doida à gente eclética (risos). Claro que isso é a MINHA opinião e cada doido tem suas próprias viagens. Abraços ao meus amigos “ecléticos”, continuo achando que eles não gostam de música e sim de qualquer som que embale uma bagaça.
Em Macapá, tem metaleiro que dança sertanejo, dance e axé, tem cantor que era rock e virou brega, entre outros absurdos. Noite dessas, os amigos me fizeram ir a uma “quinta sertaneja” e na semana seguite a um “pagode”, cruzes! Estou perdendo o controle (risos). Parei por aqui, prefiro ser o bom e velho Godão, o chato musical. Esse “admirável mundo novo” não faz a minha cabeça (risos).

Inimigos

                                                                  Por Elton Tavares
A maioria das pessoas que conheço tem um inimigo, desafeto ou, no mínimo, antipatia por alguém. Os rivais são percalços que encontramos na vida, temos que lidar com isso da melhor maneira possível. Mas como combatê-los sem nos tornarmos canalhas? Acho que a forma mais indicada é simplesmente ignorá-los, infelizmente, ainda estou aprendendo a fazer isso.

Eu tenho dezenas de amigos, mas acho que possuo pelo menos uns 10 desafetos fervorosos. Alguns deles já foram meus amigos, mas, por diferentes motivos, se tornaram meus rivais. Quem me conhece sabe, não sou anjo, não levo desaforo para casa, mas garanto que em 80% dos casos, estes figuras pisaram na bola.

Eu acho muito bacana o jeito de gente que contemporiza, minimiza e ignora seus oponentes. Isso os isola, eu queria ser assim. O importante nesse papo é que não procuro arrumar maneiras de ferrar os meus desafetos, espero a hora certa de ir a forra, a tal volta do anzol. Pois não sou nobre o suficiente para o “deixapralaísmo”.

Muitos deles visitam meu blog, só para falar aos outros dos meus escritos e pobres devaneios. Eu li em algum lugar a frase: “Quando meus inimigos deixarem de contar mentiras a meu respeito, paro de falar verdades sobre eles”, e é isso que faço. Esse papo me fez lembrar de um poema do Vítor Hugo. Nele, o escritor deseja uma série de coisas legais aos leitores, mas também deseja que todos tenhamos inimigos, leiam:

Poema Desejo – Vítor Hugo

Desejo primeiro que você ame,

E que amando, também seja amado.

E que se não for, seja breve em esquecer.

E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim,

Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,

Que mesmo maus e inconseqüentes,

Sejam corajosos e fiéis,

E que pelo menos num deles

Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,

Desejo ainda que você tenha inimigos.

Nem muitos, nem poucos,

Mas na medida exata para que, algumas vezes,

Você se interpele a respeito

De suas próprias certezas.

E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,

Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,

Mas não insubstituível.

E que nos maus momentos,

Quando não restar mais nada,

Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,

Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,

Mas com os que erram muito e irremediavelmente,

E que fazendo bom uso dessa tolerância,

Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,

Não amadureça depressa demais,

E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer

E que sendo velho, não se dedique ao desespero.

Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e

É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,

Não o ano todo, mas apenas um dia.

Mas que nesse dia descubra

Que o riso diário é bom,

O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,

Com o máximo de urgência,

Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,

Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,

Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro

Erguer triunfante o seu canto matinal

Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,

Por mais minúscula que seja,

E acompanhe o seu crescimento,

Para que você saiba de quantas

Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,

Porque é preciso ser prático.

E que pelo menos uma vez por ano

Coloque um pouco dele

Na sua frente e diga “Isso é meu”,

Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,

Por ele e por você,

Mas que se morrer, você possa chorar

Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,

Tenha uma boa mulher,

E que sendo mulher,

Tenha um bom homem

E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,

E quando estiverem exaustos e sorridentes,

Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,

Não tenho mais nada a te desejar “.

Recadinho

Blues da Piedade – Cazuza, Frejat



Agora eu vou cantar pros miseráveis


Que vagam pelo mundo, derrotados


Dessas sementes mal plantadas


Que já nascem com caras de abortadas


Pras pessoas de alma bem pequena


Remoendo pequenos problemas


Querendo sempre aquilo


Que não têm


Pra quem vê a luz


Mas não ilumina suas mini-certezas


Vive contando dinheiro


E não muda quando é lua cheia


Pra quem não sabe amar, fica esperando


Alguém que caiba no seu sonho


Como varizes que vão aumentando


Como insetos em volta da lâmpada


Vamos pedir piedade


Senhor, piedade


Pra essa gente careta e covarde


Vamos pedir piedade


Senhor, piedade


Lhes dê grandeza e um pouco de coragem.


Quero cantar só para as pessoas fracas


Que tão no mundo e perderam a viagem


Quero cantar os blues


Com o pastor e o bumbo na praça.


Vamos pedir piedade


Pois há um incêndio sob a chuva rala


Somos iguais em desgraça


Vamos cantar o blues da piedade

Eu odeio olho gordo!

                                   Por Elton Tavares
Uma das piores coisas da vida, no meu ponto de vista, é o olho gordo. Eu odeio gente invejosa, conheço uma figura que se queixa (abertamente) pelo fato de ganhar menos que o colega. Porra, cada um com seus méritos. Tem pessoas que adoram colocar o olhão no carro dos outros, na casa do vizinho e até na roupa alheia.

Se você aparece com algum objeto novo então, é um Deus nos acuda, começam as infames indagações: “Quanto foi? Ou onde compraste?”, ou os comentários sórdidos: “Tá podendo..” ou “Tá roubando”. Puta merda!

Já teve vizinho que foi perguntar para a minha mãe, quando minha genitora comprou um carro novo, quanto o veículo havia custado. Égua! Odeio a indiscrição, a inveja latente, saltando dos olhos dos infelizes.

Mas a pior coisa mesmo é a inveja de quem você é, inveja pelo fato de você ser popular, ter muitos amigos e ser carismático, apesar de não fazer nenhum esforço para isso. Logo dizem que és isso ou aquilo, inventam historinhas, fazem fofoca e tentam lhe derrubar.

Na maioria dos casos, os invejosos são pessoinhas medíocres, aqueles que só fazem figuração na vida. Acham que são ofuscados pelo sucesso alheio, são recheados de frustrações e não transam direito. Conheço pessoas assim dentro da minha família, conheci na faculdade e ambiente de trabalho (atual e em todos por onde passei).

Eu garanto uma coisa, não tenho inveja de ninguém. Não sou rico, não tenho carro, não esbanjo e nem ostento, até porque não sou granado. Mas tenho uma vida legal, procuro somente trabalhar, não fazer fofoca, não me interessar pelo que não é relevante. Se algum destes fulanos invejosos lerem este texto, se identificarão na hora, então, se toquem, seus idiotas.