Frases, contos e histórias do Cleomar (V Edição Especial Coronavírus, Política e Apagão)

Tenho dito aqui – desde fevereiro de 2018 – que meu amigo Cleomar Almeida é cômico no Facebook (e na vida). Ele, que é um competente engenheiro, é também a pavulagem, gentebonisse, presepada e boçalidade em pessoa, como poucos que conheço. Um maluco divertido, inteligente, gaiato, espirituoso e de bem com a vida. Dono de célebres frases como “ajeitando, todo mundo se dá bem” e do “ei!” mais conhecido dos botecos da cidade, além de inventor do “PRI” (Plano de Recuperação da Imagem), quando você tá queimado. Quem conhece, sabe.

Em 2020, assim como a primeira, de março passado, a segunda de maio, a terceira em junho, a quarta em agosto, segue a V Edição Especial Coronavírus (agora com campanha política e apagão), cheia de disparos virtuais do nosso pávulo e hilário amigo sobre situações vividas e legendadas por ele mesmo. Boa leitura (e risos):

Arroz caro

A única certeza em aniversário na casa de pobre é o risoto, nessa caristía, a gente fica como?

Não vem de garfo

Tu pedes aquele combo de sushi, na esperança de que a falta de habilidade da moçada com os “pauzinhos” amenize o desespero na hora de comer, quando tu te espantas, tá todo mundo de garfo. Oh raiva!!

Máquina de lavar

Aqui em casa é assim, se vc esqueceu algum documento no bolso da calça, procure na máquina de lavar, se esqueceu cartão do banco, pen drive, chaves, procure na máquina de lavar. Agora se vc esqueceu algum trocado no bolso, te despede dele meu amigo, já era! Vou trocar essa máquina, ela tá de malandragem pra cima de mim!

Planos frustrados

Fiz tantos planos pra essa semana. Não ganhar no Amapacap jogou todos eles na merda.

Carne e risco de infarto

Aí tu vais cedo no mercado, escolhe aquela paulista bonita, capa de gordura certinha e pede pra patroa fazer um assado de panela ao estilo Ana Maria Braga. Trabalha a manhã toda pensando na gostosura que aquilo vai ficar. Na hora do almoço a decepção, na panela, a carne que vc comprou não existe mais, está limpa, sem um grama de gordura, sem brilho. A explicação: A carne tava muito gorda, tirei a gordura, vc vai acabar infartando. Vou sim, se tiver umas três raivas dessa na semana, com certeza eu infarto.

Calor

Hoje em Macapá a temperatura a tarde era de 39 graus, a sensação térmica era de que o capeta tinha tomado posse de tudo.

Pira

Tem dois dias que tô com uma coceira na palma da mão, minha mulher diz que é dinheiro, eu digo que vou no Dr. Palheta amanhã, acho que é pira mesmo.

Racismo

Só pra vocês ficarem espertos, tem uns preto aí, que tem raiva de preto, tipo aquele preto do DiCaprio no filme Django.

Linguajar

Nortista, quando fica nervoso e não sabe o que falar, manda logo um “eiiiita”.

Vacina

Eu tô parece a vacina de Oxford esse mês, achei que ia arrebentar e já me apareceu um monte de problema.

Sobre tomar ou não a vacina, se vcs não quiserem é até melhor. Menos gente pra vacinar, chega mais rápido pra mim.

Dinheiro e felicidade

Não posso perder o Globo Repórter de hoje, o tema: Menos dinheiro, mais felicidade ! Menos dinheiro eu já tenho…

Tratamento

Homem se apaixona sim pela forma que é tratado. Experimenta tratar que nem um fdp pra ver se a gente não gama.

Balanço do ano

Tivesse eu vinte cus, poucos seriam pra tomar neles em 2020.

Aporrinhação

Aqui em casa não existe esse negócio de “sem aporrinhação”. Aqui a gente resolve as coisas com aporrinhação, e muita.

Apagão

Precisou de um apagão pra tu perceberes que o cara da vendinha do bairro, o dono do posto de combustível, o do grande supermercado e até a dona do salão de beleza, estão cagando pra tua agonia.

Alguém sabe me dizer se a história de “Os humilhados serão exaltados” vale pra amapaense, ou também estamos fora da promoção?

Maior prejudicado fui eu, que perdi 5 kg de tamuatá nessa frescura de ficar sem energia.

Beleza

Se tivessem me falado que essa eleição ia ser na base da belezura, teria me candidatado. Garanto que não ia ser o fona.

Política

Se o Guaracy prometer que vai cuidar da cidade, com o mesmo carinho que cuida dessas sobrancelhas, meu voto tá garantido.

Só a nível de esclarecimento, o debate entre os candidatos à PMM ficou pra depois das eleições? É isso mesmo?

Ninguém lembra do Pastor Everaldo do PSC, aí tu falas: Aquele que peidou! Na hora todo mundo se lembra.

Tem uns candidatos que são até bem mais ou menos, aí tu vais ver os apoiadores, foooolêgo! Dá vontade até de rasgar o título de eleitor.

Auto-conhecimento

Quando vejo as merdas que eu postava a cinco anos, penso que eu era retardado. Quando vejo as que posto hoje, tenho certeza.

Perdeu a oportunidade de ficar calado

O deputado Paulo Pereira da Silva, o tal Paulinho da Força, acaba de mostrar quantos neurônios tem, ao pronunciar a seguinte frase:
 
“Não dá para aceitar que a imprensa fique derrubando ministro de 15 em 15 dias.”

Sem comentários.

Que pena…

O cantor acena da janela do hospital – Imagem: http://boulevardhaussmann.wordpress.com/
“MÚSICA BRASILEIRA SOFRE UM TERRÍVEL ABALO: CANTOR MARRONE SE RECUPEROU!”- Frase do meu amigo cartunista Ronaldo Roni. Eu juro que concordo e ri muito disso.

Sim, eu defendo Macapá. E daí?

Belém (PA) – Imagem: Google.

Belém tem 395 anos. Ou seja, daqui a 142 anos, Macapá será igual a capital do Pará e terá um shopping decente. Falta pouco!!!” – Yashá Gallazzi, no Twitter.
Meu comentário: Tudo bem que eu adoro Belém e ri da piada do palhação aí, afinal, o papo é engraçado. Mas eu amo minha cidade, com todas as suas limitações. E porque diabos o cara mora aqui? Já que é tão legal do outro lado do Rio Amazonas.
Elton Tavares

Sem medidas

Galera, o Mengão não tem medida e nem tamanho, pois é como a música de Jimi Hendrix, universal. E como Eric Clapton, o “homem-fênix” da guitarra. Bem-vindo Ronadinho!!!!

Régis Sanches

Ironia ou barato mesmo?

Escutei essa ontem. Apesar de rir praca, acho que o autor é desinformado, burro ou sacana mesmo. Leiam:
Essa tal de Papuda deve ser alguma das praias lindas do Caribe. Só escuto dizer que muitos figurões estão indo para lá“.

Eu sou é 54!

Diante do atual cenário das Eleições 2010, para o governo do Estado, um amigo meu soltou a seguinte frase:

“Rapá, eu digo que sou 54. Eu falo para o pessoal do apóstolo que sou 14 e digo para os amarelos que sou 40, eu to acendendo vela para os dois santos, eu sou é 54” (risos).

A “Invenção Sexual” do Zé Ramos – Crônica porreta de Fernando Canto

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Foto: Fernando Canto

Por Fernando Canto

Todo mundo percebeu aflição do Zé Ramos naquela Quarta-Feira da Murta. O Marabaixo corria pela noite com as velhas senhoras rodopiando as saias coloridas pelo salão. O Zé suava tocando a caixa que a essa hora devia pesar uns cem quilos. Ele perguntava se chovia lá fora e se sua mulher ainda estava lá na cozinha tomando um caldo. Alguém disse que sim, então ele pedia mais um copo de gengibirra e esfolava a voz contando um velho “ladrão”, “do tempo do Ronca”, disse-me depois, pois “q12uando se entendeu” sua mãe já “tirava” todas essas músicas pelos salões da Favela e do Laguinho nas festas do Divino Espírito Santo e da Santíssima Trindade.

A aflição do Zé dava na vista, parecia que ele estava querendo vigiar a mulher, por ciúme e insegurança, afinal só tinham se casado há dois anos. Ela era morena, jovem e bonita, vestia uma bela saia rodada e uma blusa branca de cetim ornada de rendas. Os cabelos ondulados estavam esticados para trás e enfeitados com uma rosa vermelha de plástico e umas folhas de murta presas atrás da orelha esquerda. Usava um cordão e brincos de ouro, além de inúmeros marabaixo3braceletes prateados que emitiam sons quando dançava, muito sem graça, diga-se, pois era extremamente pudica. Devia ter um corpo escultural debaixo daquela saia estampada de flores coloridas. De vez em quando tirava a toalha do ombro para enxugar o rosto suado e os olhos sem maquiagem alguma. Para isso precisava tirar os óculos de grau que lhe davam um ar sério e uma aparência austera, ainda mais com aquelas sobrancelhas densas e negras. No gesto de enxugar os olhos é que a sua beleza se mostrava por segundos. Ela nem dançava na hora do “dobrado”, a parte rítmica mais acelerada do Marabaixo, que exige dos dançarinos preparo físico e destreza. Nesse momento as pessoas que assistem a dança ao redor do salão ficam excitadmarabaixocapaas assim como os dançantes. Flashes explodem quando as mulheres gritam alucinadamente rodando em volta dos tocadores de caixa e sobre si mesmas, mostrando os trajes de baixo, enquanto os tambores rufam o ritmo africano.

Mas o Zé permanecia tocando com a evidente gastura que lhe tomava conta da alma. Ele viu a mulher ebike1 não se sossegou. Nem quando ela, num gesto de amor, foi lhe enxugar o rosto salpicado de suor. E sem perder o ritmo falou alguma coisa no ouvido dela, apontando para cima. Ela sorriu e assentiu com a cabeça. O Zé acompanhou mais um “ladrão”, entregou a caixa para outro tocador, pegou a bicicleta e a mulher e foi embora embaixo do chuvisco sem se despedir de ninguém.

No dia seguinte encontrei o Zé todo sorridente lá no corredor da prefeitura. Disse-lhe que tocava e cantava muito bem, mas que havia notado nele um comportamento completamente oposto ao que via agora. Perguntei-lhe se estava realmente bem. Ele disse que sim e depois me alucoracao-chuvagou o ouvido, me confidenciando sua vida íntima com detalhes.

Disse-me que a sua jovem esposa só gostava de fazer amor quando chovia. Era uma poetisa maluca – com todo respeito aos poetas – que adorava ouvir o barulho da chuva caindo sobre o telhado de Brasilit e se imaginava tomando banho nua, correndo pela rua, a tarada. A água era seu mundo, a chuva seu prazer maior. Só conseguia chegar ao orgasmo quando a chuva batia e escorria pelos sulcos do telhado. Quanto mais forte a chuva maior era a transa. foto-1Indaguei-lhe como fazia no verão. Ele me disse que quase acabou o casamento quando inventou um intrincado sistema hidráulico que sempre ligava nas noites quentes para enganar a mulher, jorrando água da Caesa sobre as telhas de amianto. Gastou um bom dinheiro, mas valeu a pena.

Quando ela descobriu a tal invenção ficou de mal com ele a estiagem toda, que não foi curta. Agora ele torce para que chova todo dia, assiste aos telejornais e as previsões do tempo, para descontar desde já o “atraso” que terá no próximo verão.

Dia desses encontrei com ele e seu inseparável guarda-chuva. Falei: – E aí, Zé? Estás feliz com esse toró que vem aí? Ele respondeu: – Nãão, é cuia!

Religião e política

Direto da página da Alcinéa Cavalcante, no endereço http://www.alcinea.com/ :
“Se Jesus perdoou um bandido na cruz, por que eu não perdoaria o Capi?”- (Senador Gilvam Borges, na rádio Laranjal FM)
“O senador Gilvam Borges se comparar com Jesus Cristo não é apenas uma atitude de mal gosto político mas é também uma blasfêmia.”- (Deputado Camilo Capiberibe, no Twitter)