Gengibre e chocolate inspiram criação de cervejas artesanais no Amapá

Por Fabiana Figueiredo

A raiz de gengibre e o chocolate inspiraram cervejas artesanais produzidas no Amapá. As bebidas foram batizadas de “Neguinha” e “Marabaixo” pelo mestre cervejeiro e sommelier de cerveja Marcelo Fiel, e são as novas apostas para a expansão da cultura da cerveja artesanal no estado.

O Amapá era o único estado que estava fora do mapa cervejeiro do Brasil. Nós não tínhamos cultura. Temos alguns movimentos com empresas que comercializam alguns rótulos nacionais e importados também. Mas não tínhamos no Amapá a produção de cervejas artesanais para comercialização”, comentou Fiel.

“Neguinha” é uma cerveja do estilo dunkel. É uma homenagem ao povo negro do Amapá e usa malte de chocolate, trigo e notas de café na composição, além de ter o maior teor alcoólico entre as bebidas produzidas pelo cervejeiro.

“O malte de chocolate equilibra o sabor na boca. Tem a ardência do teor alcoólico que é maior, mas vem o malte para equilibrar”, explicou Fiel, referindo-se à cerveja cujo estilo é tradicional de Munique, na Alemanha.

Uma homenagem a Macapá, a cerveja “Marabaixo” é do estilo witbier. Na composição foram inclusas, além do malte e água, notas de cascas de laranja, semente de coentro e a raiz de gengibre. Todos os ingredientes dão um toque suave que diferencia a cerveja da tradicional.

“A Marabaixo é uma cerveja muito refrescante. A laranja dá um sabor e um aroma cítrico na cerveja. O gengibre te dá uma refrescância na garganta, não é igual a gengibirra, que evidencia o teor alcoólico. As frutas ajudam no aroma e no sabor”, descreveu o cervejeiro.

As duas cervejas ainda estão em processo de autorização no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para comercialização e devem ser disponibilizadas no mercado em janeiro de 2017, prevê Fiel.

Cerveja artesanal

De acordo com o cervejeiro Marcelo Fiel, a cerveja artesanal é composta de ingredientes frescos, é mais saudável que a bebida comum, e descarta o uso de conservantes. O tempo de produção leva em torno de 45 dias para que as bebidas fiquem prontas para o consumo.

A empresa de Fiel é a única no estado registrada em processo de solicitação de autorização no Mapa para comercializar e distribuir as cervejas artesanais, com capacidade para produzir 30 mil litros da bebida por mês. A fábrica dele produz 4 rótulos de cerveja artesanal, nos estilos pilsen (“Santa Piedade”), weiss, dunkel (Trina) e witbier. Assim como “Marabaixo” e “Neguinha”, as vendas das cervejas devem acontecer ainda em janeiro.

Existia essa cultura de que as cervejas artesanais produzidas no Brasil não eram boas frente às importadas. Só que isso mudou. A cerveja artesanal é uma bebida frágil e, quando vem para cá, sofre influência de transporte, temperatura. Vários fatores que contribuem para ela ficar menos saborosa do que realmente ela é. Nossa vantagem é essa: vamos oferecer cervejas naturais e frescas, para quem quiser experimentar”, disse o cervejeiro.

A cultura da cerveja artesanal, de produzi-la e apreciá-la existe no estado há pouco tempo. Quem não tem autorização do Mapa e ainda assim admira a bebida, pode produzi-la de maneira amadora. Essas produções não podem ser comercializadas no mercado, são apenas para consumo próprio.

No estado atuam duas associações ligadas à produção de cervejas artesanais: a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja no Amapá (Cerva), da qual Marcelo Fiel é presidente, e a Associação dos Cervejeiros Artesanais do Amapá (Acerva).

Para o presidente da Acerva, Andjei Remus, existem bastante curiosos na fabricação da cerveja artesanal, porém, há poucos que querem aprender a produzir. O grupo preza pela cultura da cervejaria aliada ao consumo responsável.

“Eu faço cerveja em casa, outros membros também fazem. Hoje somos cerca de 10 pessoas que produzem por aqui. É um prazer você fazer uma cerveja. Não é difícil, mas é trabalhoso. Só que é você fazendo a sua cerveja. Tem a possibilidade de você aumentar sua percepção. Tem vários estilos, o que proporciona a você criar, pôr a nossa identidade na cerveja”, falou Remus.

Fonte: G1 Amapá

Meu comentário: eu e amigos jornalistas fomos várias vezes até a casa do Marcelo Fiel e Daniela Pinheiro (esposa dele). Lá conhecemos a fábrica de cerveja artesanal. A estrutura, o processo de armazenamento e a degustação (e bote degustação nisso!!). O produto é excelente! O sabor da Trina, STª Piedade, Marabaixo e Neguinha é sensacional. Estou na torcida pelo sucesso do empreendimento. Super recomendo!

Elton Tavares

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