27 de agosto: Dia do Psicólogo – Por Janisse Carvalho (psicóloga)

Desde 1879 quando Wundt criou o 1o laboratório para analisar o comportamento humano, a psicologia tem firmado seu importante papel de revelar ao ser humano a sua dimensão humana. Parece um trocadilho barato mas nem todos nós seres humanos somos capazes de olhar pra nós mesmos com honestidade e compaixão. Então, o que acontece? Não conseguimos olhar o outro da mesma forma. É daí que começam os grandes problemas da humanidade: falta de empatia, intolerância às diferenças, incompreensão das limitações humanas. Por isso saímos julgando e condenando os outros… enfim, entendimento e convivência ficam difíceis!

O principal objetivo de um trabalho psicológico, terapêutico, é o autoconhecimento. Pessoas que se conhecem tendem a ser mais conscientes de si, reconhecer seus limites e potenciais! Mas autoconhecimento não implica em ficar fechado em si. Autoconhecimento é dialético, transcende o sujeito! Quem fica no discurso dizendo que autoconhecimento é balela, alienação; ou, quem fica só no discurso exaltando esse processo como único capaz de melhorar o mundo e ignora o contexto ao redor sem leitura crítica sobre a necessidade das lutas coletivas, se perdem na vida. Os primeiros ficam focados nas explicações de que é preciso mudar as estruturas inscritas numa dimensão coletiva e ignoram as vontades pessoais que muitas vezes é a que prevalece quando ganham alguma luta. Os segundos ficam restritos aos discursos no campo pessoal e vão continuar sofrendo pois o sofrimento é individual e coletivo. Essa dicotomia não ajuda em nada, pelo contrário, só atrapalha. É preciso superar essa dicotomia como dizia Silvia Lane!

Eu costumo dizer que antes de mergulhar para dentro de mim eu queria fazer a revolução no mundo, acabar com as injustiças sociais, lutar contra a opressão e trazer dignidade para humanidade. Hoje se faço isso comigo já me dou por satisfeita. Dizia que tínhamos que melhorar o mundo depois as pessoas. Mas aprendi que não. Conheci a dialética: Mudar a mim mesma, melhorar a mim mesma, também deve implicar em melhora o mundo, num movimento dialético, de vai e vem, ao mesmo tempo agora. Continuo empenhada na luta coletiva, mas olhando pra mim e a partir de mim!

Hoje aprendi que mergulhar em mim mesma, ter respeito pela minha história, ser auto compassiva comigo, ter consciência das diferenças dentro de mim, das minhas idiossincrasias, me fez olhar pros outros e ser mais sensível e tolerante. Nem sempre consigo, pois não sou perfeita, mas acredito que a consciência desse limite já é um avanço! Ainda falta muito, mas já percebi que esse mergulho é infinito, como o Criador que existe em mim!

Janisse Carvalho e este editor. Saudades sempre!

Hoje ainda quero mudar o mundo, mas nunca sem antes passar por mim!

*Janisse Carvalho, psicóloga paraense/amapaense e professora universitária e secretária de Assistência Social do município Alexania (GO).

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