A divina comédia

Por  Carlos Brickmann


Há poucos gênios no mundo Há pouquíssimos gênios no Brasil Chico Anysio era gênio e faria sucesso em qualquer país do mundo Millôr Fernandes era gênio De tanto falarem que, se ele escrevesse em inglês, estaria milionário, escreveu um pequeno artigo em inglês e concluiu que não tinha ficado rico, não.

Chico Anysio era compositor, ator, criador, redator, homem de rádio, diretor de TV, humorista, tudo o que se possa imaginar na área eletrônica. Millôr era humorista, redator, criador, tradutor de primeiríssima linha, jornalista, autor de teatro, pensador, frasista. Nenhum dos dois precisava de palavrões, insultos; o grotesco passava longe de ambos. E os dois eram engraçadíssimos.

Millôr teve forte atuação política: foi fundador de O Pasquim, escreveu com Flávio Rangel a peça Liberdade, Liberdade, ambos marcos da resistência ao regime militar. Deixou um posto bem pago e de destaque no jornalismo, as páginas iniciais da revista Veja, por apoiar a candidatura de Leonel Brizola ao Governo do Rio. Ocupou algum cargo no Governo Brizola? Não. Recebeu algum benefício do Governo Brizola? Não. Pediu indenização pelos prejuízos que o regime militar lhe causou, fechando a revista O Pif-Paf e dificultando ao máximo a vida de O Pasquim? Não – ao contrário, criticou os que pediram indenização, dizendo que pelo jeito não tinham feito oposição, mas um investimento.

Deus, dizem, é brasileiro. E nestes dias está convocando os melhores compatriotas para sua Divina seleção.

Fonte: http://www.chicobruno.com.br/noticia.php?n=38216

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