A fundação de Macapá – Por Fernando Canto

Por Fernando Canto

Segundo o historiador amapaense, Estácio Vidal Picanço, “a cidade de Macapá teve sua origem primitiva de um destacamento militar que se aquartelava sob as ruínas da fortaleza de Santo Antônio de Macapá, por volta de 1738, comandada por Manoel Pereira de Abreu”.

Imagem: Google

Dez anos mais tarde, o rei D João V criou a Província dos Tucujus, abrangendo o que seria hoje os municípios de Macapá, Mazagão e Amapá. O povoamento definitivo da Província ocorreu quando o governador Mendonça Furtado, nomeado pelo próprio irmão – ninguém menos do que o Marquês de Pombal, no reinado de D. José I -, por volta de 1751, trouxe os primeiros colonos da ilha dos Açores para garantir a defesa deste pedaço de solo, que desde o século XVI vinha sendo cobiçado por várias potências estrangeiras.

Imagem: google

Quando Mendonça Furtado viajava de Belém para a capitania de São José do Rio Negro, hoje Estado do Amazonas, onde iria ver de perto os serviços de demarcação e estabelecimento das terras, já vinha com a incumbência de fundar a Vila de São José de Macapá, no antigo povoado da Província dos Tucujus.

O governador aqui chegou no dia primeiro de fevereiro de 1758 e três dias depois mandou levantar o pelourinho na praça São Sebastião, para simbolizar as franquias municipais, declarando solenemente fundada e instalada a Vila de São José de Macapá, que se mantinha com atividades de pecuária, agricultura e coleta de produtos da floresta.

Fortaleza de São José de Macapá – Foto: blog Amapá, minha terra amada.

Pela Lei Provincial do Pará, de número 281, do dia 06 de setembro de 1856, Macapá recebeu os foros de cidade, quase um século depois de sua elevação a Vila. No século seguinte, Macapá foi promovida a Capital do Território Federal do Amapá, em 31 de maio de 1944.

Hoje, Macapá desfruta a condição de terceira metrópole da Amazônia pelas suas características urbanas. Uma cidade planejada com ruas largas e praças espaçosas. Para Estácio Vidal, pesquisando a origem do vocábulo “Macapá”, o significado mais aproximado da palavra é de procedência tupi, o qual, de acordo com outro historiador, Teodoro Sampaio, vem de Maca-Paba – estância de macabas, corruptela de bacaba, fruto de uma palmeira abundante na região.

Foto: Blog Porta Retrato

A turma do buraco

De modo geral, na Amazônia, mesmo em virtude do não-planejamento urbano, podemos encontrar as cidades verdes e cheias de árvores Belém é conhecida como “Cidade das Mangueiras” e, a seu exemplo, Macapá possui inúmeras dessas árvores, plantadas em suas principais vias.

Mesmo sendo desaconselhável a arborização com plantas frutíferas, mormente espécies que dão frutos grandes, deliciosos e carnudos, por causa dos inconvenientes no trânsito e na limpeza pública, Macapá tem uma história significativa sobre o assunto, que remonta à época do primeiro governo amapaense, Janary Nunes, em 1944 realizaria um trabalho pioneiro num lugar “contaminado pela miséria’, como diria mais tarde Álvaro da Cunha, o inventor da “Mística do Amapá”.

Começava então um processo de urbanização, acompanhado por um sistema fenomenal de arborização, incentivado por professores e membros do governo, e executados por alunos que seriam conhecidos como a “Turma do Buraco”. A arborização começou a ser feita por essa turma de estudantes, dos quais muitos ocuparam cargos importantes na administração do Território e do Estado, ou são profissionais liberais de reconhecimento e respeito.

Essa eficiente turma era selecionada nas escolas e encaminhada anualmente à Prefeitura para fazer serviços de poda, conservação de ruas, limpeza de canais e buracos, irrigação, drenagem e outros serviços de reparos. Na época, a cidade se abastecia de água no Poço do Mato, que no verão não era suficiente para a conservação das plantas, havendo a necessidade da tarefa desses estudantes, os quais, antes de mais nada, ganhavam uma gratificação da Prefeitura para ajudar nas despesas do colégio.

Foto: Blog do João Silva

Esse ato de plantar mangueiras, levado a cabo pela Turma do Buraco, não deve ser olhado hoje pelos urbanistas como algo ruim para a urbanização e ornamentação das ruas e praças. Em Macapá plantamos o que gostamos e comemos. Isso é louvável não porque dá somente sombras, não porque libera o oxigênio que respiramos, mas também porque mata a fome de muitos desvalidos. Hoje, quando andamos pela cidade, abrigando-nos do sol inclemente, facilmente nos sentamos à sombra de uma mangueira para descansar. E como é bom podermos saborear o seu fruto.

  • Top parabéns pela pesquisa e elaboração desse trabalho informativo e realmente levando as origens de macapa.

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