A humanidade não é humana – Por Pat Andrade

Foto: Revista Veja

Não entendo como é que as pessoas conseguem não se importar.

Lembro de quando eu era estudante e as pessoas não entendiam como e porque eu me importava com uma greve do outro lado do continente, uma manifestação na França, uma tragédia na China ou no Japão.

E eu não entendia essas pessoas.

Foto: Agência Brasil

Como podiam não se importar? Como?

E, de lá pra cá, nada mudou. As pessoas continuam não se importando.

E eu continuo sem entender.

E as catástrofes? O que temos a ver com suas vítimas? Nada?!!!

E as pessoas de Brumadinho? Não falo só dos que morreram. Mas de todos os que foram afetados diretamente pela tragédia (que poderia ter sido evitada, blá, blá, blá – mas não foi). Vidas inteiras destruídas. Não só casas e bens materiais.

Há três anos, vimos a mesma lama se derramar sobre nossas mesas. Passamos um paninho e esperamos outra notícia. Enquanto as vítimas da Vale (sim, da Vale do Rio Doce, responsável pelas barragens) esperam pelo resgate. Esperam pela indenização. Esperam pela vida de volta. Não terão.

Foto: BBC Brasil

Como é que o Brasil e o mundo podem continuar tomando café, almoçando, trabalhando, jantando, cagando enquanto Brumadinho se enche de lama e Mariana nunca mais sairá da Lama.

Nossos pratos, nossas camas, nossos quartos, nossos banheiros se enchem de lama. Ninguém sente? Ninguém vê? Ninguém se desespera, meu Deus? Que porra de humanidade é essa?

Patrícia Andrade

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