Adeus ano velho, feliz ano novo – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Quando criança, eu ficava encafifado com o fato de um ano demorar tão pouco. Só um ano… Passa um ano e o ano já está velho, troca-se por outro ano novinho em folha, que estará velho daqui a um ano. Depois de adulto (supondo remotamente que eu seja adulto), continuo com esse grilo na cuca (usei esta gíria só pra mostrar que já sou bem velho, apesar de nem tanto adulto).

Outra coisa é aquela música: “adeus, ano velho / feliz ano novo / que tudo se realize / no ano que vai nascer / muito dinheiro no bolso / saúde pra dar e vender”. Essa parte é que me deixa intrigado, achando que o ser humano, até nesses momentos mais sentimentais, continua sendo mesquinho. Se o cara já vai ficar o ano que começa com “muito dinheiro no bolso”, por que ele precisa vender alguma coisa (“saúde pra dar e vender”)? Égua, nããão! Mais ganancioso logo!

Pois bem, meu velho 2017. Ainda ontem, menino, brincavas no meu quintal. Lá pelos idos de junho, já eras um adolescente, não muito diferente da maioria dos nossos adolescentes. E agora, em dezembro, estás te despedindo de nós e nós de ti. Muita gente está dizendo que não foste um ano legal. Mas quantas dessas pessoas te trataram de forma legal? Eu sou partidário da ideia de que o ano não é bom nem ruim, as pessoas fazem do ano algo bom ou ruim. Em suma: o ano não tem culpa de nada. Mas vamos mudar o rumo dessa prosa porque já começa a parecer autoajuda.

Lá vai o ano dobrando a esquina pra nunca mais voltar. Dou tchauzinho a ele por achar a palavra adeus muito definitiva. Agradeço pelo que consegui fazer de bom no ano que se vai. Agradeço por ter passado por ele e ele por mim sem que tenha ocorrido um naufrágio de maior escala. Os furacões que vieram foram de magnitude suportável. Os vendavais não me fizeram cair da corda bamba. As atitudes grosseiras que vi o ano todo não serão, para mim, o retrato de 2017. Não vou execrar o ano por conta das pessoas execráveis que o marcaram negativamente. Eu penso que certas pessoas já estão condenadas. Condenadas a ser o que são, a pensar do jeito que pensam.

Adeus, 2017, meu velho! Chega aí, 2018! Vamos dar as mãos e brincar de infância, que permeia de alegria nossa estrada sob o sol, nossa caminhada sob as estrelas, trajetória abençoada pela chuva que cai na linha do Equador e segue com o rio Amazonas inundando de vida a vida deste planeta. Vamos em frente, galera! Feliz infinito!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *