ALELUIA AO AMOR – Crônica de Isnard Lima

Por Isnard Lima

O círculo magnético de tua influência se fechou sobre mim, Sônia Pinheiro. Agora é impossível calar o que sinto. Entras como senhora e ilumina meu pensamento. Eis aqui um homem que exibe uma alegria de criança; que traz nas mãos a rosa diamantina da felicidade. Estar perto de ti, respirar tua aura, faz bem ao corpo e coração, à mente e à alma.

Eu me irmano ao Infinito. Posso tocar as estrelas. O sacrossanto cosmo do Amor novamente me envolve, impera em meus sentidos e me eleva ao limiar das galáxias . És tu – pérola e nácar, e ardência e luz – que me tornas assim.

Dentro de mim, no ambiente cósmico que me cerca, há vibrações radiantes, sintonias do Azul graduado em ondas de intensa harmonia. Este estado que vivo promana de ti. Se, de repente, minha rosa de cristal partisse e não me restasse mais o milagre da tua presença; se não pudesse mais te ouvir essa voz quente e feminina, entoando um grande canto à vida, seria muito triste, minha graça morena. Eu me tornaria um homem vulgar, sem o canto soberano dos iluminados.

Nesta noite que se transmuda em madrugada, tenho-te ao alcance destas mãos. Se quiser, posso tocar-te. Mas ouço tua voz, meus olhos circundam teu corpo moreno , quase escuto o leve arfar de teus pulmões. Aspiro o perfume que exala de sua pele, adivinho teus gestos e descubro a magia de tua alma. Teu sorriso é um sol luminoso ; há em tuas pupilas o brilho das estrelas … Em verdade, mulher eu te amo. E estou consciente de que não me engano, porque Deus é meu guia, luz e pai, meu grande amigo. Foi ele que te fez surgir no meu caminho. És a estrela peregrina: aclaras minha senda, elides minhas fraquezas e desnudas meu Cristo interno. Não sou Deus, mas Ele está comigo.

Mais belo ainda foi a surpresa de te ver no branco vestido de tua formatura: deusa e menina, em rápida aparição, num giro de bailarina …

Depois, fostes dormir. Imagino que teu sonho é colorido . Mas a antemanhã se aproxima. Às quatro da manhã, eu e Digby, cada um à sua maneira, dançamos uma tarantella que tocava na TV. E foi tanta a energia, do café e do amor, que amanheceu e não consegui adormecer …

Em Santa Inês, defronte do Rio-Mar, respirando a força que dimana de Apolo, um espetáculo soberbo começa a surgir. O Grande Arquiteto pincela as cores do Infinito na tela da manhã. E eu paro, encantado com o prodígio que observo. Do colo do Amazonas sobe uma coroa flamante: Áton esplende no espaço e dardeja átomos de vida sobre os chakras. O primeiro toque da Trindade irradia glóbulos vitais para o Olho de Siva. Este momento é mágico. A comunhão com o Alto exige a devoção de um ritual. E, por alguns minutos, baixo o olhar, em reverência. Em contato com o Logos, lhe agradeço o dom que me oferta de sentir e de criar. Estou comovido demais, Sônia Castro Pinheiro, neste sábado mundano, quando teço os fios dourados desta Aleluia ao Amor.

* Publicado no Jornal Folha do Amapá, pág 14, datado de 07 a 14 de Agosto de 1992.

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