Alunos transformam muro de escola pública em painel de arte para expressar o que sentem

Alunos expressaram nas artes manifestos sociais (Foto: Ana Cláudia e Jacilene Moura/Arquivo Pessoal)

Por Rita Torrinha

Com o incentivo de duas professoras de artes, o muro da Escola Estadual Everaldo Vasconcelos, no município de Santana, a 17 quilômetros de Macapá, ganhou cores, formas e expressões de protestos com tintas, rolos, pinceis e o olhar pessoal de quase 500 alunos na faixa etária entre 13 e 16 anos, responsáveis pela criação do painel.

O projeto surgiu com a proposta de fazer com que os estudantes entendessem a teoria da história da arte, conseguissem ler e sentir as obras e, por fim, criassem as próprias expressões, conta a professora Ana Cláudia Azevedo, que desenvolveu o trabalho junto com a colega também educadora Jacilene Moura. Assim começou o trabalho, que já dura três meses.

Alunos são responsáveis por todo o trabalho de criação (Foto: Ana Cláudia e Jacilene Moura/Arquivo Pessoal)

A atividade surgiu despretensiosamente, afirma a professora, com um simples pedido feito pela direção da escola, para a realização de um evento destinado ao Dia dos Estudantes, em agosto, mas os alunos surpreenderam.

“Eles se envolveram e ousaram. Através da pintura começaram a demonstrar o que sentiam, como estavam vendo o mundo, o que os estava incomodando, e agora eles não querem mais parar. Conseguiram falar através da arte, sem serem ofensivos”, disse Ana cláudia.

Em cada mural pintado há uma temática distinta revelada, inclusão social, questões de gênero, política, religiosidade e padrões estéticos, técnicas de pinturas das civilizações antigas como a arte egípcia e a lei da frontalidade.

Professoras Ana Cláudia Azevedo e Jacilene Moura da Escola Estadual Everaldo Vasconcelos, no Amapá (Foto: Ana Cláudia e Jacilene Moura/Arquivo Pessoal)

“O ano de 2017 embora tenha sido um ano atípico por inúmeras situações negativas na escola, muitas outras positivas e prazerosas também aconteceram. Focamos nos conteúdos relacionados a cada uma das séries e propomos a técnica de grafite com stencil e arte fractal, onde buscamos relacionar os temas trabalhados em sala com a prática educativa”, explicou Ana.

Em 2016 a escola Everaldo Vasconcelos chegou a ser furtada mais de cinco vezes e este ano já foram registrados casos, segundo Ana, que acredita que inserir os alunos em um projeto de interação direta com a instituição fez com que eles passassem a ter maior cuidado com o lugar.

“É interessante ver como eles brilham fazendo o trabalho. Eles olham para a pintura de uma forma carinhosa, daí passam a ter um zelo maior com o espaço escolar. Eu ainda acredito na escola pública. Sou fruto dela e a professora Jacilene também”.

Para imprimir as obras no muro, as tintas e o restante dos materiais necessários para as pinturas foram comprados com a ajuda coletiva da escola, das professoras e dos pais dos estudantes.

“O resultado é gratificante, pois é perceptível no olhar de nossos alunos o quanto eles ficaram orgulhosos em ver que as ideias pensadas nas salas de aula podem agora ser vistas pela comunidade toda. Posso ser uma sonhadora, mas amo o meu trabalho e penso que a cultura e toda a forma de arte podem mudar vidas. Aqui a gente já sente um pouco dessa mudança”, finalizou a professora.

Muro da Escola Estadual Everaldo Vasconcelos, em Santana, no Amapá (Foto: Ana Cláudia e Jacilene Moura/Arquivo Pessoal)

Fonte: G1 Amapá

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