As Pedras da Zeni – Por Silvio Neto

Por Silvio Neto

Um retrato em branco e preto. Uma corda no pescoço que sobe pela cara e tenta amordaçar a boca e vendar os olhos. Mas são só as “amarras psicológicas” cantadas na letra de Minas Armadas, novo single da cantora Brenda Zeni, lançada no último dia 08 de maio na plataforma Spotify.

A letra, assim como toda a música, é enérgica, pulsante e latente como a boca cerise que morde a mordaça e o olho que escapa e enxerga tudo. A maquiagem e seus aparatos estão lá. Não para embelezá-la, mas para submetê-la e força-la a seguir as regras do mundo macho (ou seria murcho?). Mas suas garras estão pintadas com a delicadeza da rosa e o bote da fera fêmea. É bom ter cuidado com elas! Afinal, “nada foi feito pra você se sentir confortável”…

Minas Armadas é um grito de liberdade das tais amarras psicológicas impostas à mulher desde o… Neolítico. A música começa com um grito de “acorda!”, conclamando a mulher do século XXI a tomar posicionamento e ser protagonista de uma nova história onde o mundo – até então patriarcal – marcha a passos largos para um abismo causado pela violência, competitividade e fome de poder. É mais um chute nos colhões do machismo. Um pesadelo sonoro do qual é preciso ouvir várias vezes até se acostumar e assimilar.

Com arranjos bem colocados, numa pegada muito próxima ao heavy metal, sustentados por um vocal soturno (às vezes até difícil de entender), o novo single de Brenda Zeni só reafirma a sua liberdade criativa, já mostrada e comprovada em trabalhos anteriores como “Qualquer Coisa”, “Pudim”, “Todo Amor é Brega” e “Fruta Roqueira”.

Brenda Zeni é deboche no mais puro estilo de sua majestade Rita Lee, rainha soberana do rock brasileiro. Brenda Zeni é dona de letras inteligentes; de um rock’n’roll clássico e de arranjos sempre muito limpos e bem feitos. Sua versatilidade vocal também se destaca, indo de coisas que lembram Marisa Monte em “Sonho Leve” a Mamonas Assassinas em “Todo Amor é Brega”.

Seu currículo musical é extenso, tendo iniciado suas andanças pelos bares e casas noturnas de Macapá no início dos anos 2000, seguindo para o que hoje mais importa, seu trabalho autoral, tendo participado de festivais dentro e fora do Amapá.

Se você ainda não conhece o trabalho da Brenda Zeni, aproveite a ociosidade da quarentena e acesse seu site brendazeni.com e suas músicas no Spotify. Aposto que você não vai se arrepender!

*Silvio Neto é jornalista, músico e bancário.

  • São tantos apertos nesse momento, que receber essas palavras de reconhecimento são como receber um aperto-bom, que não ta dando pra dar/entregar nem se a gente ver a pessoa na nossa frente. Fico na vontade, mais uma vez. Devendo mais esse abraço. Obrigada gente.

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