Às vésperas da entrega do novo shopping, trabalhadores se despedem do Feirão Popular

O clima é de despedida. O que era para ser somente oito meses de atividades do Feirão Popular da Avenida Antônio Coelho de Carvalho na última década, durou 12 anos de um lugar provisório conseguido sob muita luta dos pequenos empreendedores por um espaço. Agora, com o Shopping Popular, eles terão um local amplo e totalmente organizado para as vendas.

A casa nova

O gosto de mudança para a “casa nova” contagia o casal Fábio e Nilza. Juntos há 20 anos, eles administram um pequeno negócio de artigos para celular e assistência técnica, na loja que leva o nome da filha do casal, Gabriely.

Para Fábio, deixar o camelódromo do meio da pista simboliza uma conquista de uma vida inteira pelo respeito à classe dos ambulantes e o direito de oferecer um serviço de qualidade para o cliente.

“É uma despedida da vida sofrida que tínhamos, de estar todos os dias vendendo na rua e passar por sol, chuva, alagamento, perda de mercadoria, desrespeito. Finalmente nós ambulantes teremos um lugar digno e seguro para nós”, contou.

História

Tudo começou em 2009, quando foi anunciado o reordenamento do trânsito da rua Cândido Mendes pela então gestão da Companhia de Transportes e Trânsito de Macapá (CTMac).

Após recomendação do Ministério Público Estadual (MPE) para que os trabalhadores fossem retirados das vias, a desobstrução das calçadas pela então gestão municipal não agradou os comerciantes, que mostraram resistência em sair do local.

“As coisas começaram de um jeito errado. Marginalizaram a nossa classe, nos compararam com bandidos. O jeito que fomos retirados de lá foi quase desumano”, conta Fábio.

Dessa forma, os trabalhadores foram postos em boxes na Avenida Antônio Coelho de Carvalho entre as ruas Tiradentes e São José, surgindo assim, o “Feirão Popular” da Antônio Coelho, que por 12 anos foi utilizado pelos trabalhadores para a venda de variedades a preço popular.

Conquista de uma vida

“Foi com esse empreendimento que nós conseguimos criar nossa filha Gabriely e construir toda a nossa vida. Já passamos de tudo de ruim, mas tudo valeu a pena. Não nos arrependemos de nada, não ter desistido foi o mais importante”, afirmou Nilza.

A pandemia

Com a chegada da pandemia, as vendas no local caíram drasticamente. O que ajudou nas despesas familiares nos meses de isolamento rígido foi o cartão Auxílio Alimentação. De acordo com Nilza, são tempos que nunca tinham visto tanta fome entre os trabalhadores que dependem da movimentação da rua para gerar renda.

“Nesta pandemia nós vimos o que são as piores dificuldades que o ambulante sofre. Tivemos baixas, perdemos muito dinheiro. Graças a Deus tivemos esse apoio do Auxílio que ajudou muitos de nós a não deixar a família sem comer”, contou a empresária.

Depois da mudança

De acordo com a Secretaria Municipal de Habitação e Ordenamento Urbano (Semhou), após a retirada dos comerciantes da rua para o Shopping Popular, o espaço do camelódromo ficará à disposição da Prefeitura de Macapá para projetos futuros.

“Lutamos 15 anos pelo Shopping Popular, este mês estaremos ganhando essa construção que valoriza muito a nossa venda e respeita a nossa história. Daqui pra frente é só prosperidade no nosso negócio!”, conclui Nilza.

Shopping Popular

A obra do Shopping Popular foi planejada para comportar os microempreendedores da Feira do Caranguejo e Feirão Popular da Antônio Coelho.

A obra foi realizada pela Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Semob) com o recurso de R $3.982.125,27, conseguido através de emenda parlamentar do senador Davi Alcolumbre (DEM/AP).

Vithória Barreto
Secretaria Municipal de Comunicação Social

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *