Avenilda e Rualdo


Avenilda e Rualdo se cruzavam bem no centro da cidade. O bairro todo comentava o romance. Avenilda não se importava muito, mas Rualdo não se sentia à vontade. Propôs que se mudassem para o subúrbio. Avenilda argumentava:

 
– Rualdo, no subúrbio estaremos mais expostos aos comentários. Quanto menor o lugar, maior a fofoca. E, cá pra nós, estou me lixando pro disse-me-disse desta cidade!
 
Rualdo propôs que só se encontrassem na madrugada, quando a cidade estivesse deserta.
 
– Você está é com vergonha de mim, Rualdo!
 
– Nem pense nisso, Avenilda! Eu amo você! Por mim, namoraríamos o dia todo. Acontece que aqui no centro é esse corre-corre. É muita gente passando o tempo todo.
 
– O que faremos, então? Pro subúrbio eu não vou! A cidade cresceu em torno de mim!
 
– Eu lembro bem. Você demorou a notar minha existência! Pudera! Você é a avenida principal, cheia de importância!
 
– Ah, Rualdo! Acho que você tá é com dor de cotovelo, complexo de inferioridade. Você é uma rua legal, larga, arborizada.
 
– Tudo bem, Avenilda! Vamos ficar aqui mesmo.
 
– Isso, querido. E vamos nos encontrar sempre que quisermos.

 

– É mesmo! Dane-se quem quiser falar. Afinal, estamos numa metrópole, é hora dessa gente crescer também.
 
Avenilda e Rualdo consolidaram sua relação, que acabou anos mais tarde quando um viaduto os separou.
 
Ronaldo Rodrigues

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