“Baioneta não é voto e cachorro não é urna” – 28 anos sem Ulysses Guimarães

No dia 12 de outubro foi comemorado o dia das crianças, mas para a política brasileira, aconteceu um fato que muitos não esquecem, o trágico acidente aéreo que matou o deputado Ulysses Guimarães, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, no ano de 1992.

Sobre o Doutor Ulysses

Nascido em 6 de outubro de 1916, no interior paulista, Itirapina, Ulysses Guimarães, foi casado duas vezes, professor, advogado e político ativo em vários momentos importante no Brasil. Fiel torcedor do Santos Futebol Clube, em duas ocasiões atuou como diretor-presidente da subsede do clube em São Paulo nos anos de 1942 e 1945.

O deputado federal Ulysses Guimarães, advogado e marcante político brasileiro, foi presidente da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição promulgada em 5 de outubro de 1988.

Ulysses foi o presidente do então Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição que lutou institucionalmente contra o regime militar, transformando-se, com a chegada do pluripartidarismo, no PMDB e novamente em MDB. Na Câmara Federal, teve papel importante na luta contra o regime militar e pela redemocratização do Brasil. Nasceu em São Paulo, em 6 de outubro de 1916. Ele morreu em acidente de helicóptero no litoral do estado do Rio de Janeiro, em 1992.

ATUAÇÕES ACADÊMICAS NA POLÍTICA:

Vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE);
Centro Acadêmico XI de Agosto;
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais;
Professor da Universidade Mackenzie, na Faculdade de Direito;
Professor titular de Direito Internacional Público;
Faculdade de Direito de Itu em que lecionou Direito Municipal;
Diretor na Instituição Toledo de Ensino de Bauru, lecionou também Direito Constitucional;
Especializou- se em Direito Tributário.

VIDA POLÍTICA:

Deputado Estadual por São Paulo, 1947 (Partido Social Democrático);

Fatos curiosos:

Em 1940, Dr. Ulysses fez seu primeiro discurso político debaixo de uma figueira, em sua cidade natal;
Foi eleito deputado federal onze vezes consecutivas por São Paulo;
Foi ministro da Indústria e Comércio de Tancredo Neves (1961-1962);
Participou da Marcha da Família com Deus pela Liberdade (SP) e foi a favor do golpe contra João Goulart, mas logo mudou de lado;
Em 1965 filiou- se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), foi vice- presidente e presidente, que mais tarde seria Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB);
Presidente do Parlamento Latino- Americano (1967 a 1970);
Fundador da Ordem dos Parlamentares do Brasil, essa associação não tem vínculos com partidos, religião ou social;
O deputado tem um papel fundamental e importante na Nova Constituição Brasileira de 1988;
Em entrevista no Programa Jô Soares disse quem era velhaco era o presidente Fernando Collor de Melo;
Assumiu várias vezes a presidência do Brasil na ausência de José Sarney;
Foi investigado pelo Serviço Nacional de Investigação (SNI) mesmo no período da redemocratização, pois o SNI buscava um candidato, o mais adequado seria Mário Covas;
Responsável e um homem forte foi a favor do impeachment de Fernando Collor de Melo em 1992. Lutou para que a votação do impedimento de Collor fosse aberta ao público;
A lei nº 8.906/ 1994 é o Estatuto e Código de Ética e Disciplina da Organização de Ordem dos Advogados em que se deu início o Exame da Ordem como obrigatório.

“Baioneta não é voto e cachorro não é urna” – Ulysses Guimarães

Era 13 de maio de 1978. Dia da Abolição da Escravatura.Em plena ditadura.Concentrações em praças públicas estavam proibidas.

Naquele dia, o deputado Ulysses Guimarães, presidente nacional do então MDB, estavam na praça do Campo Grande, centro de Salvador (BA).

Acompanham-no Tancredo Neves, Freitas Nobre e Saturnino Braga, expoentes do único partido de oposição então em funcionamento no país, que vivia o período do bipartidarismo e tinha na Arena o partido que apoiava o governo.

Todos marchavam em direção à sede do PMDB.

A polícia cercara desde cedo a praça e prendera estudantes e líderes políticos locais – como o economista Rômulo Almeida e Domingos Leonelli.

Policiais armados com fuzis e munidos de cachorros ferozes antepuseram-se à marcha que tinha Ulysses à frente. Vejam aí, nas fotos de Luciano Andrade, que na época trabalhava no jornal Tribuna da Bahia.

“Respeitem o líder da oposição”, bradou Doutor Ulysses.

Em seguida, com o braço levantado, rompeu a barreira policial e entrou na sede do MDB. Pouco mais tarde, de uma das janelas do velho casarão, discursou: “Soldados da minha pátria! Baioneta não é voto e cachorro não é urna.”

Não nos esqueçamos – nunca, jamais: “Baioneta não é voto e cachorro não é urna.”E nem do Doutor Ulysses, um personagem chave da história nacional e um dos construtores da Democracia brasileira.

“É interessante notar que, logo depois (da promulgação), Ulysses Guimarães foi derrotado nas eleições de 1989. Isso ilumina um pouco o processo da época, quando se formou o chamado ‘Centrão’ (bloco de partidos que mais tarde seriam acusados de fisiologismo), que ajudou a eleger uma figura que nada tinha a ver com a Constituição de 1988 (em referência a Fernando Collor)”, diz o historiador Aarão Reis.

“Acabou se gerando uma sensação muito grande (na população) de ‘vocês não me representam’ e a irrupção de outsiders que recusam a democracia.”, reforça o historiador.

Última entrevista de Ulysses Guimarães no Jô Soares, divertida e cheia de detalhes da época. (21 de setembro de 1992):

“Traidor da Constituição é traidor da pátria. (…) Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações. Principalmente na América Latina” – Ulysses Guimarães.

Fonte: Bastidores da Informação , BBC Brasil e Espaço Aberto.

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