Brasil na primeira divisão – Crônica de Ronaldo Rodrigues

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Crônica de Ronaldo Rodrigues

O ano está de despedindo. Eu ia dizer se demitindo, mas achei que seria um trocadilho cruel. De cruel basta a vida e o mercado de trabalho repleto de demissões.

Dois mil e dezesseis se prepara para tirar o time de campo, sair de cena, deixando um rastro de destruição: inflação, desemprego, briga de poderes e corrupção escancarada em todos os escalões. Isso para não me estender muito sobre as mazelas que 2016 nos deixa.

Tudo tem seu tempo, mas 2016 já vai tarde. Espero que ele se encerre e que o próximo ano não seja a continuação deste. Se houver continuação, sugiro um nome para esse filme de terror: 2016 – Parte 2, A Destruição Total.

Como não participei de nenhuma falcatrua, não me envolvi em nenhum escândalo, também não tenho ninguém para delatar, o que me renderia uma premiação. A única premiação é a minha consciência limpa, mas, como preciso sobreviver mais do que simplesmente subviver, estou colocando minha limpa consciência à venda. Quero ser corrupto e ganhar as benesses que os corruptos ganham, mas ninguém se interessa em me corromper. Que droga!

Perdão! O parágrafo acima é só desabafo. Eu acredito na honra, na moral, na boa intenção e sei que a honestidade fará a grande diferença na hora da verdade. Mas é tanta desgraça que a gente acaba por deixar vazar a ironia. É inflação crescente, é parcelamento de salários, é redução de direitos, é onda de conservadorismo…

A sensação é de que todos nós caímos para a segunda divisão no campeonato da vida. O Brasil terá remédio, com todas essas doenças que se candidatam e se elegem em todos os anos eleitorais? O Teatro dos Vampiros continuará armado em Brasília? Mais aviões sem reserva de combustível, carregados de irresponsabilidade e ganância, cruzarão o ar do Brasil, levando para uma morte anunciada todas as nossas esperanças?

Por falar em esperança, este é um dos sentimentos de que mais gosto. Associo a palavra esperança a algo maior do que simplesmente esperar, mas buscar meios para que aconteça aquilo que é esperado. Pouco antes de encerrar esta crônica, sem achar motivos para alegria, eis que recebo uma mensagem de whatsapp. É uma resposta que esperava há um tempo. Esperava como o semeador espera o brotar da semente. Tratava-se de uma chamada para entrevista de emprego.

Era a tal luz no fim do túnel para mim, que engrosso as estatísticas do desemprego há alguns tenebrosos meses. Era o que eu precisava para fortalecer minha crença de que ainda vamos ralar muito, mas jamais entregaremos os pontos. O que eu precisava, mais do que palavras de consolo e otimismo, para comprovar que nada vai tirar nossa capacidade de reagir, com a alegria e a força que nos mantêm vivos até hoje, suportando golpes e armações.

Sim, nós somos mais! E vamos passar por cima de todas as previsões e ações ruins. Em 2017, estaremos lutando juntos. E vencendo! Até voltarmos a brilhar na primeiríssima divisão.

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