Relatos porretas sobre a poesia da poeta e colaboradora deste site, Patrícia Andrade:
Relatos porretas sobre a poesia da poeta e colaboradora deste site, Patrícia Andrade:
Lembro da minha infância com alegria. Eu e meu irmão fomos agraciados com excelentes pais, que nos proporcionaram tudo de melhor possível (e muitas vezes impossível, mas eles fizeram mesmo assim). Graças a Deus, minha mãe continua aqui e é meu anjo da guarda.
Lembro todos os dias do meu pai, José Penha Tavares. Ele faz muita falta. Não só hoje, que é Dia dos Pais, mas sempre. E sempre fará. Difícil compreender as indecifráveis razões de Deus para algumas despedidas.
Lembro que nós nunca fizemos a primeira comunhão, nem eu e nem Emerson, pois fugíamos das aulas de catecismo para ir com o papai pra AABB. Ele ia jogar bola e nós curtíamos a piscina. Apesar de não ter sido um frequentador de igrejas, Zé Penha tinha muito mais Deus no coração do que a maioria dos carolas que conheço.
Lembro-me de quando ele me levava para ver seus jogos de futebol. Era goleiro dos bons. Lembro quando tinha mais ou menos uns quatro anos ele me chamava de “Zôk”, apelido dado por causa da risada que eu dava quando ouvia o nome da moto Suzuki.
Lembro que sempre foi nosso herói, meu e do meu irmão Emerson. Depois, também virou ídolo de muitos amigos, por conta do nível caralístico de paideguice que ele tinha. Lembro que poucas vezes vi meu pai triste ou irritado.
Lembro-me das poucas broncas, de algumas porradas, de poucas discussões. Disso mais lembro de esquecer. Lembro muito mais das viagens, da parceria, da amizade, da proteção, da admiração que tinha e tenho por ele.
Lembro-me de papai nos levar para jogar bola, ao cinema, circo, arraial ou qualquer lugar em que ficássemos felizes. Éramos moleques exigentes, mas lembro que ele e mamãe sempre davam um jeito, mesmo com pouca grana. Lembro dos ensinamentos e sei que uma porção grande de bondade que trago em mim herdei de meu pai.
Lembro que conviver com meu pai era viver no paraíso. Lembro-me de como todos o amavam e até hoje, todos sentimos saudades. Lembro que já são 21 anos sem você. Lembro, Zé Penha, de o quanto fomos parceiros, confidentes e grandes amigos. Aliás, pai, fostes o melhor de todos. Lembro de como eras sensacional, cara. Incrível, mesmo!
Lembro de tudo amorosamente, pouquíssimas vezes com lágrimas nos olhos, mas a maioria com sorrisos. Pois o que mais lembro é que tu, pai, era a personificação da alegria e bom humor. Enfim, de vida. Lembro de ti, Zé Penha, todos os dias. E amo lembrar o que fostes e o que representas. Obrigado por todo o amor. Um beijo em ti. Estejas tu nas estrelas ou em qualquer lugar além do meu coração. Amo-te, pra sempre. Feliz Dia dos Pais!
Elton Tavares
*Texto atualizado e republicado por motivo de saudades.
Hoje aniversaria a mãe, avó e filha amorosa, autônoma e velha amiga minha (antiga é só a nossa amizade, ela é jovem), Clara Santos.
Uma pessoa inteligente e gente fina. Uma amiga que pouco vejo e gosto muito. A gente tem esse negócio de empatia por pessoas de alto astral e de bem com a vida. Ela é uma dessas figuras.
Clara namorou o meu saudoso pai, Zé Penha, anos 90. Bons tempos aqueles, pois nos divertimos muito. Clarinha sempre está presente na minha memória afetiva no que diz respeito ao meu velho.
Ela também esteve conosco no momento mais difícil da vida, quando fez a passagem e sou grato pela dedicação dela naqueles tempos. É como dizia meu amigo Tãgaha Luz: “gente do bem é outra coisa, passa e deixa rastros”.
Em resumo, Clara Santos é uma mulher do bem, que já enfrentou várias dificuldades com altivez e sempre batalhou pelos seus filhos. Admiro isso nela, entre outras qualidades.
Clara, querida, que tu tenhas sempre saúde plena e sucesso juntos aos seus amores. Parabéns pelo seu dia. Feliz aniversário!
Elton Tavares
*Texto republicado, mas de coração.
Tenho dito aqui – desde fevereiro de 2018 – que meu amigo Cleomar Almeida é cômico no Facebook (e na vida). Ele, que é um competente engenheiro, é também a pavulagem, gentebonisse, presepada e boçalidade em pessoa, como poucos que conheço. Um maluco divertido, inteligente, gaiato, espirituoso e de bem com a vida. Dono de célebres frases como “ajeitando, todo mundo se dá bem” e do “ei!” mais conhecido dos botecos da cidade, além de inventor do “PRI” (Plano de Recuperação da Imagem), quando você tá queimado. Quem conhece, sabe.
Assim como a primeira, de março passado, a segunda de maio, a terceira em junho, segue a IV Edição Especial Coronavírus, cheia de disparos virtuais do nosso pávulo e hilário amigo sobre situações vividas em tempos de Covid-19 no mês de abril. Boa leitura (e risos):
Polpa
O cara que armazena a polpa de goiaba, junto com a de acerola no supermercado, deveria pegar uma surra.
Fim de mês
Aí, no fim do mês, o cara volta pra casa com seis notas no bolso. Rezar pra não perder nenhuma no caminho.
Em caso de premonição
Não gosto nem de pensar no que aconteceria, se no Carnaval eu soubesse que passaria os próximos cinco meses dentro de casa. Credo!
Bares na pandemia
Meu comportamento é inadequado para frequentar buteco em tempos de pandemia, quero logo abraçar todo mundo; cada um que chega é aquela sequência de dezoito toques com a mão. Na despedida, não saio sem falar com geral, até com quem não conheço. Definitivamente, não estou preparado.
Abuso
Quando envelhecer, quero ser um velho bacana, daqueles que dá gosto sentar ao lado e ouvir as histórias; tipo aqueles coroas maneiros que a gente admira. Recuso-me a ser um velho filho da puta, como o senhor desembargador.
Medo vence a sede
Descobri, depois da liberação do funcionamento dos bares, que tenho mais medo, do que sede.
Devassidão
Acordado em plena manhã de domingo, absorto em meus pensamentos, a única coisa que me vem, é a preocupação com o tamanho da devassidão que vai ser, se até o Carnaval, já estivermos livres disso tudo. Eu mesmo, já penso em ir nu logo.
Carapanãs
As vezes tenho a impressão que os carapanãs aqui de casa, também saíam pra trabalhar antes da pandemia, tipo, trabalhavam fora e retornavam no fim do expediente, na hora da “refrega”. Agora, obedecendo ao decreto, não saem nem pra cuspir. Tá lotado.
Quem lê este site, sabe: gosto de parabenizar amigos em seus natalícios, pois declarações públicas de amor, amizade e carinho são importantes pra mim. Neste sexto dia de agosto, Elder Willott gira a roda da vida e lhe rendo homenagens.
Paraense natural de Santarém, Elder Willott largou a cidade natal, família, amigos e trampo para morar em Macapá há pouco mais de um ano. Ao ler a primeira frase deste parágrafo, pode ser loucura do cara, mas não foi. Ele casou com a arquiteta Ana Paula Tavares (de quem muito me orgulho ser primo) e em nome do amor por essa maravilhosa mulher, mudou de mala e cuia para o meio do mundo, o nosso lugar neste planeta.
Elder é operador do Direito, profissional competente, servidor do Judiciário e concurseiro empenhado. Além disso, é um figura muito porreta. Trata-se de um bom filho, irmão, sobrinho, marido e amigo. Sim, o considero meu amigo, pois dou muito valor no moleque (tenho mania de chamar qualquer um mais novo que eu de moleque, mas é no bom sentido).
Admiro o aniversariante, pois é um homem bom (não de bem, parei de usar esse termo desde que os homens de bem elegeram o demônio na terra para presidir esse país desgovernado). Willott (o cara tem até nome de artista) é culto, coerente, inteligentíssimo e politizado (do jeito certo), além de ser bem humorado.
O mais paid’égua nisso tudo é que, além de todas as notáveis qualidades de Elder, ele faz a nossa Ana feliz e eu amo demais essa moleca.
Por tudo dito acima, felicito Elder neste dia em que ele roda o calendário.
Elder, meu primo postiço e amigo, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa garra, sabedoria, coragem e talento. Que a Força esteja contigo. Saúde e sucesso sempre. Parabéns pelo teu dia. Feliz aniversário!
*E é “nóis” na resistência!!
Elton Tavares
Quem lê este site, sabe: gosto de parabenizar amigos em seus natalícios, pois declarações públicas de amor, amizade e carinho são importantes pra mim. Neste quinto dia de agosto, Igor Maneschy gira a roda da vida pela 44ª vez e rendo homenagens ao amigo.
Igor é analista de sistemas, arquiteto de software, mexe com mercado financeiro, sócio-proprietário da Banca Rios Beer, mestre cervejeiro, especialista na produção de cerveja artesanal (Deus sabe que se eu tivesse esse dom, já teria morrido), entre outras muitas coisas que o cara manja, pois ele é virado e é foda em tudo que se propõe a fazer.
Mas o papel de melhor atuação do grande Maneschy (grande mesmo, em largura, altura e paideguice) é o de marido da Rita e pai do Matheus, Caique e Marina, além de irmão do Austy (ele tem outros brothers, mas só conheço os dois sacanas mesmo).
Filho de cantor, dançarino, cozinheiro, amante de vinhos, Rock and Roll, entre várias facetas, Igor Maneschy é um cara de vasta cultura geral. Sorridente, bem humorado e desencanado, trata-se de um figura porreta. Um amigo que fiz de uns dois anos pra cá.
Pra falar a verdade, conheci o Igor e Rita em 2000, há 20 anos, quando eles iam a um boteco chamado “Lokau”, lá no bairro Santa Rita (próximo ao São Camilo), onde só tocava rock. Essa bar era meu e do grande amigo, Edmar Santos, o “Zeca”. Eu achava o casal um tanto metidão – meio pavulagem, para dizer a verdade. Ledo engano (a Rita disse que “isso mostra que não não tenho bom feeling pra gente boa”). Foram necessárias quase duas décadas pra eu sacar que eles são demais gente boa.
Inteligente e politizado (do jeito certo), Igor possui bom papo e humor invejável. É uma excelente companhia. E como o mundo dá voltas (tenho uma teoria que Macapá, como é gitinha gira muito mais rápido), hoje em dia, eu frequento o bar do cara. Aliás, o melhor dessa cidade no meio do mundo.
Em resumo, esse texto é pra deixar registrado o meu apreço, respeito, admiração e amizade pelo Igor, um figura firmeza.
Igão, mano velho, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa garra, sabedoria, coragem e talento. Que a Força esteja contigo. Saúde e sucesso sempre, Maneschy. Parabéns pelo teu dia. Feliz aniversário!
Elton Tavares
Evandro Luiz gira a roda da vida neste quarto dia de agosto. O aniversariante é um grande jornalista, produtor e repórter, cronista, pai e marido amoroso, além de respeitado e querido profissional da comunicação do Amapá.
O popular “Barão” foi o primeiro jornalista formado a se aposentar no Estado. Na TV, ele é um dos pioneiros e pavimentou o caminho para os que vieram depois. O cara fez 18 mil reportagens ao longo de quase 30 anos de televisão. Impressionante!
Evandro é um grande cara. Tive uma passagem curta pela Rede Amazônica, mas o experiente jornalista nunca me tratou como foca (iniciante). Pelo contrário, sempre teve apreço por mim. Quando descobriu que sou neto do delegado Espíndola (que já virou saudade), disse: “cara, trabalhei com teu avô na Guarda Territorial, ele foi meu amigo”.
Em janeiro de 2016, ele pendurou as chuteiras. O jornalista Seles Nafes, que trabalhou muitos anos com o Evandro, escreveu um textaço em homenagem ao cara. Em um dos parágrafos, SN disse:
“Evandro Luiz é jornalista com “J” maiúsculo, e não apenas por milhares de reportagens que produziu na televisão, muitas em situações arriscadas, especialmente em aventuras no interior do Estado. Mas pelo exemplo de perseverança e de entusiasmo pelo jornalismo, profissão que o fez faltar ao trabalho raríssimas vezes em 29 anos de Rede Amazônica”. É verdade, o cara foi exemplo dentro e fora do trampo.
Evandro merece, pois é um dos representantes da memória cultural do cenário jornalístico do Estado.
Em outubro de 2017, durante uma conversa com o Barão na casa da jornalista Alcinéa Cavalcante, conversamos sobre as várias vertentes do jornalismo, e em algum momento ele disse algo que para mim é uma honra: “Elton, cada um com o seu talento, para mim tu és um excelente assessor de comunicação”.
Fiquei muito feliz com o elogio do amigo, pois tive a honra de trabalhar com essa lenda da comunicação amapaense e sei da importância de sua opinião.
Este ano, ele surpreendeu mais uma vez e começou a escrever excelentes crônicas. O jornalista Arilson Freires me mostrou e a maioria delas foram publicadas neste site, pois são porretas demais.
Ao Evandro, meu respeito e gratidão e votos de saúde e felicidades. Parabéns, amigo. Feliz aniversário!
Elton Tavares
Tenho alguns companheiros e comparsas (brothers e brodas) com quem mantenho uma relação de amizade e respeito, mesmo a gente com pouco contato. É o caso do Marcelo “Morgado”. Hoje é aniversário dela, que gira a roda da vida e fico feliz por ele.
Marcelo é um maluco das antigas por quem tenho apreço e respeito. Não lembro o ano, mas conheci o Morgado nos anos 90. Estudamos juntos. Aliás, eu, ele e o saudoso Jork. Ao longo daquela década, nos encontrávamos na “trasheira” do Rock and Roll e ficamos mais próximos.
Marcelo sempre foi um cara tranquilo, gente fina, inteligente. Depois a gente se encontrava pra dar uns rolês pelo lado negro da força, com as piores (e melhores) companhias da época. Ainda bem que aquela galera se separou (risos).
Morgado formou, virou mestre jedi em Geografia, começou a dar aula. Professor foda, foi pra Belém (PA) e de lá para o Rio de Janeiro (RJ). Filho dedicado, Marcelo sempre tá por aqui pra dar um beijo na mãe e tomar uma com os irmãos.
Morgado é um figura trabalhador, honesto, gente boa e, sobretudo, um homem de bem. Semana passada, tive a satisfação de encontrar este velho companheiro. Tinha que ser no Rock and Roll, claro.
Nós Juntos, aprontamos muito na Macapá dos anos 90. Sim, vivemos no underground, no submundo da juventude da capital amapaense daquela década. Graças a Deus, sobrevivemos e conseguimos “virar gente”. O que não quer dizer que nós sejamos coroas sérios (risos). Ah, a gente também curtiu muito na casa da Val, a “lindinha”, outra queridona, com companheiros da época.
Encontrei o cara ano passado, no extinto Taverna Bar, em Macapá. Foi bom revê-lo. Sempre gostei muito desse cara. Marcelo, mano velho, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa garra, sabedoria, coragem e talento em tudo que te propões a fazer. Que a Força sempre esteja contigo. Saúde e sucesso sempre, Morgado. Parabéns pelo teu dia. Feliz aniversário!
Elton Tavares
Crônica de Evandro Luiz
A cada ano que passa, o verão fica mais quente. Pelo menos é o que sempre diz seu Everaldo Ramos da Silva, 67 anos de idade, também conhecido como Acapu. Vive da agricultura e assim mantém a tradição da família. Mas a decisão de não casar, e não ter filhos traz a ameaça de colocar um fim em um ramo da árvore genealógica da família Silva.
Homem de poucas palavras, difícil de ver um sorriso em seu rosto. Não que ele seja um cara rabugento, mal educado, longe disso. Na comunidade onde vive é dado como um homem culto. Na televisão, só os telejornais, nas emissoras de rádio gosta de ouvir os programas que começavam bem cedo e que davam orientação para os agricultores. Já os jornais impressos lê sempre mais de um. O objetivo é ver a linha editorial de cada um deles.
Uma vez perguntaram ao seu Acapu por que ele participava tão pouco dos eventos da cidade. Para despistar, disse que não era muito chegado a aglomerações. Mas na realidade, ele não gostava mesmo era da futilidade de algumas pessoas. Aqueles que se achavam cultos e se diziam prontos para entrar na política, das conversas que não acrescentavam nada. E Acapu não via dentro da comunidade um movimento que despertasse a chama de mudança. Os jovens sendo manipulados por aqueles que estavam no poder.
No planalto central, os generais – sem dar um tiro – tomaram as rédeas do país. As porteiras foram abertas e o que vê são milhares de hectares de florestas sendo dizimados. Um problema que mexe o fundo do coração de seu Felipe Ramos. Se raras vezes ele foi visto sorrindo, muito mais difícil é vê-lo chorar, mas essa situação, do descaso com o meio ambiente, quase o levou a uma depressão. Mas soube reagir. Conhecia bastante gente, mas tinha poucos amigos, dava pra contar nos dedos. Entre eles estavam o Joca, o Cabeludo, o seu Chicola, o Tomate, e o Moreno. Vez ou outra se encontravam. Um dos poucos momentos que se via Acapú rindo, dando gargalhadas, totalmente à vontade. Uma amizade desde a infância. Jogaram bola juntos, mas o que eles gostavam mesmo era de empinar pipa.
O tempo os fez, cada um seguir o seu destino. Joca, o Tomate e o Cabeludo, foram estudar em Belém. Seu Chicola foi para Brasília e Moreno foi morar em João Pessoa. Acapu foi o único que ficou na terra. E, como consequência da distância, as notícias entre eles começaram a diminuir.
Dizem que foi a partir daí que Acapu traz no rosto uma tristeza indecifrável. Já se passavam 35 anos sem a presença dos amigos. Não havia um dia que não pensasse neles.
O velho agricultor, depois do trabalho, gostava de sentar-se à sombra de uma frondosa mangueira. Um certo dia, ouviu do seu mestre de obras, que havia um homem que queria vê-lo. Acapu, meio aborrecido, chegou a dizer para o capataz: “isso é hora de visita”. Foi se aproximando, com a vista já comprometida pela catarata. Ainda longe, via apenas a silhueta de um homem, e decidiu ir ao encontro dele. Aos poucos o visitante foi abrindo um sorriso que o agricultor conhecia bem. Acapu conhecia muito bem também aquele jeito de andar. Um aperto no peito e as raríssimas lagrimas do agricultor revelavam o quanto ele esperava por esse momento. Joca estava ali. Os dois se abraçaram. E o que parecia um longo período sem notícias foi logo dizimado pela presença do amigo.
Joca olhou ao redor e viu que pouca coisa tinha mudado. O casarão, os currais para os cavalos de raça, e a grande plantação de milho continuavam no mesmo local, só que agora bem maiores. Joca então disse: “acho que tem mais gente querendo falar com você. Eles estão lá dentro do carro, uma Kombi”. O primeiro a sair foi o Chicola, depois o Tomate, veio o Cabeludo e por último o Moreno. Foi um momento que Acapú pensou que nunca mais iria acontecer.
A noite chegava bem devagar, talvez querendo compensar o tempo que eles passaram separados. Em um certo momento, Acapu, chamou atenção de todos e disse que tinha um presente para cada um deles. Cinco minutos depois estava de volta com cinco pipas. Ele tinha guardado como lembrança de um tempo que não volta mais.
Dizem os vizinhos que no sitio a festa varou a madrugada e que eles soltaram pipa a noite toda. Três dias depois muita festa, o capataz da fazenda, chegou no casarão e anunciou que pelo menos cinco mulheres vieram buscar os maridos.
Everaldo Silva sentiu que mais uma vez ficaria só. A separação não se daria por intrigas, fofoca, inveja… não. Agora o coração dos amigos estava titulado pela chancela do amor. Um latifúndio que nunca quis explorar – muito menos plantar – e por isso nunca vai colher fruto desse pomar. O silêncio voltou a imperar no sítio de Acapu. Ele voltou ao seu cotidiano; tinha a certeza de que aquele foi o último encontro com os amigo de infância.
ADEUS
Quando a morte chegar eu estarei à porta principal
À sua espera tendo em uma das mãos o bocal
De meu trombone polonês armado em dó
Que foi presente do Maestro Tenente Clodomiro Martins
E ninguém toca nele. Conversaremos por alguns minutos.
Ela a morte me narrará interessantes fatos de sua longa viagem
E eu lhe falarei depois do medo que tenho de não suportar
A falta dos amigos e a ausência dos carinhos da mulher amada.
À minha mão esquerda o retrato de minha mãe e uma lágrima
Cuidadosamente retirada de seu olhar de Santa.
Assobiarei baixinho Bolero de Maurice Ravel
E bordarei no centro do meu peito
Um Sinal-da-Cruz imaginário.
Obdias Araújo (para Fernando Canto)
O atual momento de pandemia fez todas as áreas de atuação inovarem com lives sobre temas diversos. E despertou o interesse em produzir conteúdo acessível a todos. Nesta terça-feita (28), a partir das 19h, vai rolar uma entrevista virtual com o arquiteto projetista e designer especialista em iluminação, Antônio Fernandes. A programação será transmitida pelo perfil da rede social Instagram, do também profissional de Arquitetura, Domingos Ramos Júnior, no endereço @domingosramosjr .
O bate papo virtual, denominado “Arquitetura de Sensações” é voltado para acadêmicos, arquitetos, profissionais que trabalham com a temática e pra quem quiser saber um pouco mais sobre as diversas possibilidades da iluminação no projeto de arquitetônico – já que a luz é indispensável e um elemento de extrema importância no
ambiente construído.
Antônio Fernandes trabalha com iluminação desde 2009. Ele foi projetista de iluminação na empresa Espaço Casa e Espaço Luz, projetista na empresa Fênix construção e consultor técnico em iluminação na empresa Monte Casa & Construção.
Com 11 anos de muita experiência e bagagem profissional, Antônio falará um pouco de resultados assertivos sobre o tema como ofuscamento, desempenho do led , a escolha certa na iluminação de cada ambiente. “A iluminação tem um papel tão fundamental em um edifício, que deve ser considerada investimento, não custo. Iluminar muito não é iluminar bem”, frisa Antônio Fernandes.
Além de excelente profissional, Antônio é elogiado por todos para quem já prestou serviços. O iluminado arquiteto é também um velho amigo deste editor e desejo sucesso a ele neste papo virtual.
Elton Tavares
Quem lê este site, sabe: gosto de parabenizar amigos em seus natalícios, pois declarações públicas de amor, amizade e carinho são importantes pra mim. Tenho alguns companheiros (brothers) com quem mantenho uma relação de amizade e respeito, mesmo a gente com pouco contato pessoalmente. É o caso do Cydiclair Nunes. Hoje é aniversário do cara, que gira a roda da vida nesta segunda-feira.
O cara é bancário, pai e profissional competente, fã de Rock and Roll e “gueron”, além de brother das antigas e companheiro de shows de rock deste editor. Um figura gente fina e, sobretudo, um homem de bem.
Nem lembro ao certo em que ano conheci o Cydi, mas faz tempo. Mesma época em que fiz amizade com o Boca e Patrick. Éramos companheiros nas noites quentes no extinto Star Night Clube e de reuniões etílicas, sempre com trilha sonora porreta.
O cara sempre foi responsável. Enquanto a gente tava pirando demais nos anos 90, Cydi fazia as ondas e equilibrava com muito trampo na sua precoce carreira no Banco do Brasil, onde atualmente é auditor em Brasília (DF).
De uns anos pra cá, Cydi Nunes é parceiro de momentos ímpares na minha vida: shows de Rock. A gente já viu muitas bandas e cantores renomados internacionalmente em Sampa e capital Federal.
Dono de vasta cultura geral e politizado (do jeito certo) ele possui bom papo e humor invejável. É uma excelente companhia. Enfim, Cydi é um cara tranqüilo, ponderado, coerente e inteligente. Eu o considero um brother querido e este texto é um registro disso. Ele também é membro fundador da Cúpula do Trovão e inventor de merdas firmes nos nosso virtual bate papo diário.
Cydi, “tu saaaabes”, Patinhas! Que a força sempre esteja contigo. Que teu novo ciclo seja ainda mais produtivo, próspero e que tenhas sempre saúde e sucesso junto dos teus amores. Saúde, sucesso e sabedoria sempre. Meus parabéns e feliz aniversário!
Elton Tavares
Escrevo porque o ato de escrever é aprendizado “imparável”, constante, é forma de enclausuramento voluntário, evocação de mistérios que instigam a (re)criação da (i)realidade. É como navegar, no dizer de Pessoa. Mas necessariamente, contatar o estranho, rir do absurdo e ultrapassar barreiras que o real não permite. O escritor tem passaporte para qualquer lugar porque escrever é processo conduzido pelo voo imaginativo. É flecha, é corredeira, é bólido que tem destinação. É paradoxo porque cada frase sua pode ser recriada ou refeita pelo leitor.
Escrevo porque posso fotografar na minha mente formas, ambientes e personagens; diluir e transformar sonhos e expressar várias visões de mundo através deles.
Escrever é ato libertário. Deve-se escrever para ser lido, óbvio, mas, sobretudo para ser debatido, criticado, odiado, amado; para provocar reações e sentimentos diversificados. Escrever é como produzir fluidos no corpo e fazê-los sair pelos poros da alma.
Fernando Canto – Escritor (o maior escritor vivo do Amapá), jornalista, compositor, sociólogo, meu amigo e um cara paid’égua. Republicado por hoje ser o Dia Nacional do Escritor.
Por Kassia Modesto
Hoje é dia de… Cartum… no Conhecendo o Artista. Aliás, não apenas Cartum, hoje recebemos Ronaldo Augusto Moreira Rodrigues, Ronaldo Rony, cartunista, chargista, quadrinhista, ilustrador, artista plástico, redator publicitário, cronista, contista, poeta e letrista. Nascido no Pará em Curuçá, criado em Belém, mas se considera amaparaense. Como bem se denomina, Ronaldo é cartunista para viver e redator publicitário para sobreviver, porque não vive de arte, no sentido de se sustentar financeiramente, dela. É o trabalho como redator que paga as contas. Mas, sem arte, não dá pra viver.
Ronaldo desenha desde muito cedo, sempre atraído pelas histórias em quadrinhos, era de se esperar, Inclusive, que ele viesse a aprender a ler através de um gibi. De tantas viagens pelas heroicas aventuras Ronaldo criou personagens que variavam de caubói a herói espacial, passando por craque de futebol e troglodita, repetindo o caminho da maioria dos desenhistas iniciais: de copiar as histórias e personagens, como Batman e Homem-Aranha, tentando desenhar dentro do mais profundo realismo, com perspectiva, os caras musculosos e tal.
Aos poucos, novas fazes foram somando a trajetória de composições do artista e Ronaldo se identificou com o gênero do humor, criando cartum, charge e fazendo quadrinhos de humor. O criador do icônico Capitão Açaí, um super herói nortista de gostos peculiares, que reforça seus poderes com uma cuia de açaí com farinha, com isso, vem uma superforça, acompanhada de um supersono, que faz ele dormir e deixar de atender quem precisa de sua ajuda. No fim das histórias, tudo dá certo e ele, mesmo atrapalhado e preguiçoso, acaba resolvendo as situações.
Bem do jeito de ser, do povo daqui. O Capitão Açaí tem sido lançado regularmente, em formato de fanzine tradicional, uma revista feita sem auxílio de computador, desenhada direto no papel e reproduzida com impressão xerográfica.
O fenômeno que tomou gosto pela criançada precisou de mais atenção ainda do artista, com relação as histórias e a preocupação de deixar alguma mensagem positiva, de respeito, de cidadania, de solidariedade, uma vez que, originalmente, não era um conteúdo voltado para o público infantil. O fato, é que todos amaram esse herói do norte.
Dentre as referências que marcaram a sua história, Ronaldo cita; Henfil, cartunista mineiro já falecido, que tinha um traço bem particular e original que atuou durante o período da ditadura militar e fez uma resistência bem lúcida à censura e à falta de liberdade que existia na época, Glauco, Laerte, Angeli, Nani, Jaguar e Ziraldo. Os argentinos, Quino e Mordillo e o estaduninense Gary Larson. Era leitor assíduo da revista Mad, que trazia muitos desenhos satíricos e influenciou várias gerações de cartunistas. Nessa revista, teve contato com a arte de Don Martin e Sérgio Aragonés, por exemplo.
Ronaldo Rony participou do coletivo AP Quadrinhos, que chegou a lançar revista. Hoje, faz parte do coletivo Cartunistas Amapá, que tenta levantar a bandeira do desenho de humor, a duras penas, pois a muita dispersão para com o gênero. Com o coletivo, tem feito exposições e eventos como oficinas, encontros, bate-papo etc.
SALÕES DE HUMOR
Salões de humor são concursos em que o cartunista se inscreve e, caso selecionado, tem seu desenho exposto no evento, além de concorrer a prêmios. Já participou de salões de humor de Piracicaba (o mais tradicional do Brasil), Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Belém e vários outros. Fora do Brasil, Ronaldo participou de salões na Sérvia e no Uruguai. Ganhando o prêmio de primeiro lugar no Salão Ri… Guamá, em Belém (1992), e o Salão de Humor de Bragança/PA (2004), ambos prêmios em dinheiro.
Seus livros, lançados, somam; Ícaro, Liberdade Ainda Que Nunca! (história em quadrinhos); A Chave da Porta da Poesia (literatura infantil em parceria com a poeta paraense Roseli Sousa) e Papo Casal (cartuns sobre relações amorosas). E os fanzines; Em Belém: Pai d’Égua!, Humor Sapiens e PUM! Em Macapá: Identidade Marginal, Feliz Natal é o Caralho!, Mixtureba Comix (publicação do coletivo AP Quadrinhos) e as revistas do Capitão Açaí.
Como Ronaldo descreve sua relação com a arte.
“Creio que não deve ser diferente de mim para a maioria dos que produzem arte, seja em qual modalidade for. Somos compulsivos, somos meio (ou totalmente) malucos, pois nos propomos a nos expressar como parte vital da nossa sobrevivência, mesmo que corramos o risco de ser incompreendidos. Eu sou envolvido com arte desde sempre: em Belém, participando de movimentos culturais no bairro da Marambaia; em Macapá, participando de coletivos, de intervenções artísticas, de eventos multiculturais, em grupos ou individualmente. Creio que eu não seria completo sem arte e vou insistir nela até o fim, mesmo porque eu não sei ser de outra forma. Vou findar com uma frase de minha autoria da qual gosto muito quando perguntado se dá pra viver de arte. Eu digo que, no meu caso, não dá pra viver de arte. Mas também não dá pra viver sem arte. É isso. Obrigado.”
E esse grande artista estará conosco hoje, às 21h no insta @srta.modesto na Live Programa “Conhecendo o Artista” que recebe às quintas e sábados diversos artistas para juntos falarmos sobre seus processos criativos, trabalhos e suas vidas em quarentena.
Apresentadora: Kássia Modesto
Roteiro: Marcelo Luz
Produção: Wanderson Viana
Arte: Rafael Maciel
Artista Convidado: Ronaldo Rony