Poema de agora: Tatuagens do tempo – Fernando Canto – @fernando__canto

Tatuagens do tempo

Quando minha pele for caindo pela força da gravidade
Quando o tempo abrir avenidas corporais
E o brilho das rugas inevitáveis,
Minhas tatuagens ficarão flácidas e ilegíveis
Pois não terão mais o desenho esticado na epiderme
Contudo, amor, o teu nome gravado permanecerá legível sob meus olhos lassos do uso de lentes,
Eles que são observadores da linha do tempo
E do tempo que as linhas costuram minhas memórias
Em cirurgias perdidas nas cerrações
Da paisagem.

Fernando Canto

Preâmbulo da Horas – Conto porreta de Lulih Rojanski

Conto porreta de Lulih Rojanski

Havia um moço triste que passeava todas as noites na sala de um apartamento do edifício em frente ao meu. Era angustiante a sua solidão no oitavo andar. Eu havia me habituado a trazer para casa o trabalho do escritório e ficava até altas horas ruminando documentos, trocando ideias com xícaras de café e um maço de cigarros, na companhia das badaladas do velho relógio de parede. Pensava que minha solidão era a maior de todas, até a noite em que o vi pela primeira vez, a passear incansável pela sala à meia luz. Observei que também fumava um cigarro atrás do outro.

Todas as noites ele chegava às 23 horas, tirava, ainda na porta, a camiseta, e a jogava num canto qualquer, depois apagava as lâmpadas no interruptor próximo à porta de entrada, deixando acesa apenas uma luminária de luz opaca, que lhe permitia mover-se sem tropeços. Então começava a andar de um lado para o outro, sem descanso. Às vezes debruçava-se à janela. Outras, desaparecia por outros cômodos. Depois voltava a fumar pela sala, impaciente. À uma hora da madrugada, indefectivelmente, atendia ao telefone, e só então tinha descanso.

De meu apartamento, eu não podia ouvir o toque de seu telefone, mas todas as madrugadas, quando meu relógio de parede soava uma nostálgica badalada, o moço atendia ao telefone. Falava por alguns instantes e tornava a sair, vestindo a mesma camiseta que deixara abandonada num canto qualquer. Algumas vezes deixava o aposento às escuras e só era possível localizá-lo pela brasa pequenina do cigarro, que se acendia como um vagalume na janela.

Nunca o vi durante o dia e creio que ele nunca chegou a me ver, nem de dia nem à noite. À tarde havia um velho cachorro sonolento, um dálmata, que dormia na sacada do quarto de um apartamento ao lado do seu. Por diversas vezes, tive a absurda impressão de que o cachorro morava sozinho, pois jamais presenciei ali qualquer outro sinal de vida. Algum tempo depois, percebi que durante a noite também o dálmata dormia na sacada.

Durante meses nossas noites foram iguais: eu trabalhava até a madrugada, observando o rapaz solitário, suas lâmpadas obsoletas e sua triste pontualidade, o cachorro dormia um sonho de sonhos cansados, e o rapaz andava sem medidas na penumbra da sala, na expectativa inquietante de sua hora marcada. Por muitas vezes, no transcurso dos meses em que o observei, tive o impulso de lhe telefonar. Não sei o que lhe diria. Talvez uma frase piegas sobre o amor e o desamor, ou talvez lhe contasse uma história engraçada, e ele, por um instante, abandonaria o cigarro para gargalhar, para olhar pela janela e ver quanta noite havia no céu cravejado de estrelas. Depois desisti do incômodo desejo de salvar alguém que talvez nem precisasse ser salvo. Continuei a assisti-lo, em sua cronologia obsessiva.

Nas raras vezes em que me deitei mais cedo, continuei a vê-lo, pois quando dormia, ele, iluminado pela brasinha do cigarro, passeava pra lá e pra cá na penumbra dos meus sonhos. Acabei por me irritar com aquela criatura que passara a se intrometer em minha solidão, e por algum tempo deixei de observá-la.

Uma noite, entretanto, vencida pela culpa por ter abandonado o moço à sua própria sorte – como se em algum momento eu tivesse participado dela – tornei à janela. Ele esperava pela ligação. O dálmata dormia. Caía uma chuva de pingos enviesados na noite em que seu telefone não chamou. Ele acendeu todas as lâmpadas da sala, tornou a andar de um lado para o outro, pegou o telefone, conferindo se havia algum defeito, e colocou-o de volta à mesa, devagar, como se não soubesse o que fazer depois disso. Ficou parado diante da mesa, olhando para o telefone. Sob a luz intensa, ele era belo. Tristemente belo.

Acho que odiei a criatura que deixou de lhe telefonar naquela noite chuvosa. Mergulhei em meu trabalho, com a promessa de não me ocupar mais de vidas que não eram minhas, mas quando tornei a olhar para fora, ele estava sentado no parapeito, com as pernas dependuradas no vazio. Nem ao menos fumava. A súbita certeza de que ele ia pular me estremeceu o corpo num calafrio. Ainda hoje, quando recordo, tenho a sensação de vê-lo mergulhando num voo sem volta, libertando-se de sua infinita espera. Acenei-lhe com uma insistência patética, e ele não me viu. Gritei, atribuindo-lhe nomes diversos, talvez nenhum fosse o seu, e ele não ouviu porque havia entre nós o ruído da chuva. Senti um amargo arrependimento por nunca ter procurado o número de seu telefone. Eu beirava o pânico, estava com o telefone na mão para chamar a Defesa Civil e impedir que ele pulasse, quando ele desceu da janela e fechou-a.

Respirei, profundamente aliviada, e fui dormir com a decisão irrevogável de nunca mais me preocupar com o desconhecido. Mas ele estava em meus sonhos, flutuando no ar sob um chuvisco renitente. Quando saí para o trabalho, pela manhã, havia na calçada de seu edifício um ajuntamento de pessoas, homens, mulheres, até crianças, unidos por uma curiosidade mórbida, falando alto, apontando apartamentos. Naquele instante, porém, o mundo para mim ficou mudo. Eu só ouvia meu coração saltando no peito, e talvez ele até me dissesse da culpa que eu teria que carregar por toda a vida por ter dormido indiferente à dor alheia. Abri caminho aos empurrões para ver o que os curiosos viam. No centro do círculo humano, estendido sobre o próprio sangue, e morto, estava o velho dálmata solitário.

*Conto premiado pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo – SP. Publicado na IX Antologia de Contos Alberto Renart – 1996.

Governo do Amapá realiza Concurso de Redação para estimular o conhecimento da cultura afro-amapaense

Com o tema “Educação, Cidadania e Sustentabilidade; Identidade negra amapaense, sob o olhar do meu lugar”, o Governo do Amapá anuncia na segunda-feira, 22, o lançamento do edital para o Concurso de Redação que comemora o Dia Internacional da África e a III Semana da África. Podem participar estudantes regularmente matriculados no ensino médio das escolas públicas estaduais.

CONFIRA O EDITAL

O envio das redações para a comissão avaliadora acontece até 4 de maio. A iniciativa, coordenada em parceria com a Academia Amapaense de Batuque e Marabaixo (AABM) e Secretaria de Estado da Educação (Seed), busca estimular a reflexão, o conhecimento e o reconhecimento da identidade e cultura afro-amapaense entre os estudantes do estado.

Durante a primeira etapa do concurso, cada escola deverá enviar a redação mais bem avaliada para os organizadores. Na segunda fase, uma comissão composta por cinco membros indicados pela Academia de Batuque e Marabaixo e pela Seed, será responsável pela avaliação das redações enviadas pelas instituições.

As redações devem seguir os seguintes critérios, de acordo com o edital:

Ser realizadas em sala de aula
Ser redigidas à mão, de forma legível, no formulário padrão disponibilizado
Ter no mínimo 20 e no máximo 30 linhas
Obedecer ao gênero textual dissertativo-argumentativo e abordar o tema proposto
Ser realizadas individualmente
Ser inéditas e originais

Confira o cronograma completo:

22 de abril – Lançamento do edital
22 de abril a 3 de maio – Período de construção e avaliação das redações nas escolas
29 de abril a 4 de maio – Envio das redações para a comissão avaliadora
6 a 15 de maio – Avaliação das redações
17 de maio – Resultado preliminar das redações classificadas
21 de maio – Resultado final e premiação

Texto: Marcio Bezerra
Foto: Lidiane Lima/Seed
Secretaria de Estado da Comunicação

Há exatos 48 anos, a banda Ramones lançava “Ramones”, seu disco de estreia – Por Marcelo Guido – @Guidohardcore

Há 48 anos, os Ramones lançavam “Ramones”, seu disco de estreia. Um dos mais importantes da história do punk e do rock em geral, o álbum de “Blitzkrieg Bop” e outros clássicos foi gravado em sete dias, com orçamento de 6,4 mil dólares. Por conta da data, republico aqui a crônica rocker do jornalista Marcelo Guido, maios fã da banda que conheço:

Discos que formaram meu caráter (parte 11) – Ramones – Ramones (1976)

Por Marcelo Guido

E ai amiguinhos, como vão vocês? Espero que bem.

Bom sem muitas delongas, vamos ao que interessa, de forma crua, visceral e como pede a rapidez e a simplicidade dos três acordes lhes apresento: RAMONES, disco homônimo da grande banda de New York, percursora do punk que foi gravado em 1976.

Na corrida desde 1974, fazendo shows pelo underground nova-yorkino, mas precisamente no histórico “pub” CBGB, não demoraria muito para os Ramones começarem a chamar atenção da indústria fonográfica. Os caras assinam em 1975 com a obscura Syre Records e já em 76 nos brindam com o primeiro registro do punk rock.

Com 29 minutos de duração e um orçamento pífio algo em torno de U$ 6.400 (naquela época as grandes bandas gastavam milhões de dólares nas produções de seus álbuns), é um dos discos mais influentes da história do rock em todos os tempos.

Dado como uma incerteza comercial por não ter feito sucesso nenhum nos EUA, o disco tem como principal particularidade mostrar, que o rock é cru, e não erudito. O rock estava chato, com muitos solos intermináveis de guitarra, o caminho poderia ser tenebroso, é como costumo dizer, “Progressivo falhou, graças ao Ramones, em seu nefasto objetivo de acabar com o rock”. Graças a esse Lp (saudosismo por minha conta) os caras foram parar em Londres. E bandas como The Clash e Sex Pistons chegaram à conclusão que não estavam sozinhas e puderam dar a cara tapa.

Uma simplicidade básica caracteriza o disco do começo ao fim, coisa difícil em uma época onde histórias de dragões solos intermináveis de guitarra (oh, coisinha chata) e epopeias épicas eram uma constante no cenário (Chupa Led Zeppelin). Os caras simplesmente desmontaram tudo e deixaram somente oque realmente interessava. Ou seja, atitude e bom som. Apesar da curta duração das musicas, a lembrança tocante que nos faz lembrar o rock dos anos 50 dão certo ar polido e saudosista e por que não uma dose de “doçura” nas melodias. As letras falam de coisas banais, que poderiam acontecer comigo ou com qualquer um de vocês, por isso é tão mágico, que chega ate a ser comum.

Dissecando a bolacha:

O calhamaço ferrenho é agressivo começa com Joey berrando na sensacional “Blitzkrieg Bop”, que fala dos ataques nazistas na segunda grande guerra, nos apresenta ao velho e bom “Hey ho, lest go” grito de chamada para batalha, vai para insanidade juvenil de “Beat On The Brat”, quem nunca quis bater em um moleque com um taco?

Chega em “Judy is Punk”, história de amor deveras bizarra, de um punk e uma anã, trava tudo e um relaxada em “I Wanna Be Your Boyfriend”, baladinha de amor, o cara só queria uma namorada, nos leva a “Chain Saw”, o que o tédio e uma serra elétrica não podem produzir no Texas? Fala sobre o prazer de cheirar cola (ops) em “Now I Wanna Snif Some Glue”, avisa que existe algo obscuro em porões na singela “I Don`t Wanna Go Down To The Basement”.

Segue com Babacas e mais babacas em “Loudmouth”, esculhambando com CIA (temida central de inteligência americana) em “Havana Affair”. “ Listen to My Heart”, nos apresenta ao velho e bom 1,2,3,4… (Dee Dee, berrando), “53rd And 3rd”, biográfica, fala dos tempos que Dee Dee Ramone teve que se virar como michê nas ruas de Nova York, “Let`s Dance”, um clássico de David Bowie nas voz de Joey. Joey grita oque não quer em “I Don`t Wanna Walk Around With You”, e chega ao final com “Today Your Love, Tomorrow The Word”, como podemos dizer, uma coisa de cada vez.

Com todo esse universo, juvenil e caseiro, os caras abriram as portas para muita gente. Confesso que o Punk Rock me atrai nisso, na simplicidade. Bom para os que se atrevem a entender de rock, tem que passar por isso.

Os magrelos de Nova York tem que ter um espaço relativo em sua estante ou em seu computador (tempos modernos esses).

Com capa em preto e branco, simplicidade a risca, conteúdo altamente inflamável, “Ramones” (1976) é o documento oficial do punk.

E aprendam, sem querer ser repetitivo: “Toda vez que o Rock ficar chato, vai recorrer ao punk para se salvar”. RAMONES FOREVER!

Marcelo Guido é punk, pai da Lanna e Bento, jornalista e radialista.

Rock and Roll: banda Toxodonte apresenta Especial Sistem of Down no Pub On, na terça-feira (30)

Na próxima terça-feira (30), véspera do Dia do Trabalhador (1º de maio), a partir das 23h, vai rolar Rock And Roll no Pub On. A casa recebe o público a partir das 20h e a abertura fica por conta da turma do Club do Rock AP. Na sequência, a banda Toxodonte apresentará o Especial Sistem of Down.

Sim, roquenrou gringo cover que é sucesso de público e crítica. A noite contará ainda com som da banda Club do Rock AP, que abrirá o evento e ainda vai rolar o som do DJ Pablo Sales, com muita música eletrônica até às 4h da manhã.

A Toxodonte é formada pelo multi-instrumentista Sousa Singer (vocal), José Rafael (contrabaixo), Alex Soares (guitarra) e Ivan Dias (batera). A banda está bem ensaiada e promete uma apresentação em alto nível. Tá aí uma boa pedida. Só não irei porque estarei fora do Amapá, mas recomendo!

Serviço:

Especial Sistem of Down, com a banda Toxodonte
Data: 30/04/2024
Hora: 23h (mas o bar abre às 20h)
Local: Pub on, na Rua General Rondon, Nª 1816 – Centro de Macapá.
Os ingressos do primeiro lote custam R$ 10,00 e podem ser adquiridos via Sympla: https://www.sympla.com.br/evento/rock-mod-on-5/2428934?share_id=whatsapp

Elton Tavares, com informações de Sousa Singer

Nunca fui… – Crônica de Elton Tavares (Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Crônica megalomaníaca de Elton Tavares

Nunca fui sonhador de só esperar algo acontecer. Sou de fazer acontecer. Não sou e nunca serei um anjo. Não procuro confusão, mas não corro dela, nunca!

Nunca fui de pedir autorização pra nada, nem pra família, nem para amigos. No máximo para chefes, mas só na vida profissional.

Nunca fui estudioso, mas me dei melhor que muitos “super safos” que conheci no colégio. Nunca fui prego, talvez um pouco besta na adolescência.

Nunca fui safado, cagueta ou traíra, mesmo que alguns se esforcem em me pintar com essas cores.

Nunca fui metido a merda, boçal ou elitista, só não gosto de música ruim, pessoas idiotas (sejam elas pobres ou ricas) e reuniões com falsa brodagem.

Nunca fui “pegador”, nem quis. É verdade que tive vários relacionamentos, mas cada um a seu tempo. Nunca fui puxa-saco ou efusivo, somente defendi os trampos por onde passei, com o devido respeito para com colegas e superiores.

Nunca fui exemplo. Também nunca quis ser. Nunca fui sonso, falso ou hipócrita, quem me conhece sabe.

Nunca fui calmo, tranquilo ou sereno. Só que também nunca fui covarde, injusto ou traiçoeiro.

Nunca fui só mais um. Sempre marquei presença e, muitas vezes, fiz a diferença. A verdade é que nunca fui convencional, daqueles que fazem sentido. E quer saber, gosto e me orgulho disso. E quem convive comigo sabe disso.

Elton Tavares

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em novembro de 2021.

Abertas inscrições para submissão de resumos em evento sobre arte-educação e acessibilidade cultural

A coordenação do I Norte de Arte Acessível: Ciclo de Formação em Acessibilidade Cultural na Educação Básica está recebendo a submissão de resumos expandidos para apresentação durante o evento, que ocorrerá de 24 a 27 de abril de 2024 na Universidade Federal do Amapá (Unifap) e na Universidade do Estado do Amapá (Ueap).

Interessados têm até 20 de abril para inscrever seus resumos no site https://www.even3.com.br/inac/, que devem ser nas áreas temáticas “Prática Pedagógica e Artística de Acessibilidade Cultural em Espaços Diversos” e “Prática Pedagógica e Artística de Acessibilidade Cultural na Educação Básica”.

O I Norte de Arte Acessível: Ciclo de Formação em Acessibilidade Cultural na Educação Básica busca problematizar a formação em acessibilidade cultural no ensino superior e sua aplicação pedagógica, em espaços diversos, com ênfase na Região Norte, a partir do estado do Amapá.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA

O evento é realizado de forma conjunta entre a Unifap, a Universidade do Estado do Amapá (Ueap) e o Instituto Federal do Amapá (Ifap), com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio do Programa de Apoio a Eventos na País para a Educação Básica (Paep-EB).

O tema do evento é sobre Arte/Educação e Acessibilidade Cultural, destinado a docentes da educação básica, com ênfase às atuações na área de Arte e Inclusão, e estudantes de cursos de Licenciatura. A programação contará com os recursos de Libras, audiodescrição, sinalização facilitada e monitoria de recepção informativa.

A programação conta com três momentos: Seminário Temático, Oficinas de Formação e Mostra Artística. O “Amapá Cena Acessível” se configura como o primeiro Festival de Artes da Cena e Acessibilidade Cultural do Estado do Amapá e se configura como a programação cultural do Evento.

O I Norte de Arte Acessível: Ciclo de Formação em Acessibilidade Cultural na Educação Básica é uma das ações comemorativas dos 10 anos de criação do Curso de Licenciatura em Teatro da Unifap.

Serviço

I Norte de Arte Acessível: Ciclo de Formação em Acessibilidade Cultural na Educação Básica

De 24 a 27 de abril de 2024. Evento totalmente gratuito. Submissão de resumos expandidos podem ser realizadas até 20 de abril. Inscrições para o congresso, programação geral e submissão de resumos estão sendo realizadas no site https://www.even3.com.br/inac/.

Ascom Unifap

Poema de agora: O tempo não conta para a eternidade – Fernando Canto

O tempo não conta para a eternidade

Aos poetas disfarçados de lógicos
Ainda que tarde
A hora arda
O tempo estanca
E o texto escorre

O tempo é mesmo
Âncora invisível
Bússola quebrada
Teia silenciosa
A entupir as bocas das entranhas.

O tempo não conta para a eternidade
Lírico e lento
Lapida em cinzel de sonho
A pedra etérea da vaidade

Fernando Canto

Como escrever um texto polêmico – Crônica de Elton Tavares – (do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Faz tempo que aprendi como escrever um texto polêmico e “cool”. Você contextualiza e detona o objeto que já está na pauta do momento. Sim, pega carona com a merda que já está na palheta (implantação da pena de morte no país, diminuição da maioridade penal, legalização do aborto e maconha, enfim, atualidade, política, religião, pessoas, música, etc…). Sim, textos de revolta, sangue nos olhos e tals. Ou crônicas dúbias, mas inteligentes (o problema é que nem todo mundo entende a segunda opção).

Desenvolvimento: durante o artigo ou crônica, esmiúça um “porém” e descreve alguma hipocrisia de ordem genérica, absolvendo o objeto. Com falsidade, claro. Ah, use frases de impacto. Tipo => como disse Bill Gates : “O sucesso é um professor perverso. Ele seduz as pessoas inteligentes e as faz pensar que jamais vão cair” ou Oscar Wilde, quando disse que ”o descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou uma nação”. Isso sempre funciona.

Ah, faça perguntas? O sistema é falho, portanto deixa brechas para críticas no bandão. Aliás, falar mal é sucesso garantido!

Já na conclusão, você moraliza no formato bunda-mole tipo: “um tapa na cara da sociedade”. Todo mundo, aliás, é bunda-mole, em algum aspecto, claro. Só não aqueles que concordarem com este texto (Rá!).

Por fim, você pega o embasamento de alguma pessoa consideradona no meio de comunicação para o epílogo e afirma que aquele é o melhor texto produzido sobre o tema.

Claro que, brincadeiras à parte, devemos criticar, discernir e entender as coisas como elas são, de fato. Ver o mundo de outra ótica, a dos que não querem que a verdade venha à tona. Então, textos polêmicos são mais que necessários. O importante é seguir questionando os fatos e acontecimentos ao nosso redor. Seguimos discordando, sempre. E fim de papo!

“A desobediência é uma virtude necessária à criatividade” – Raul Seixas

Elton Tavares

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.

Poema de agora: Nº 6 do do livro Amapátria – Fernando Canto

Nº 6 do do livro Amapátria

E assim como o fogo estica o couro dos tambores
E a mão que toca a vida e seus amores,
O canto encobre o som desses batuques que agitam saias
E toalhas da gente do mar abaixo
E a lembrança da senzala que nunca mais virá.

Fernando Canto

Música e gastronomia: Sexta-feira, 19.04, tem a diva Patrícia Bastos no delicioso restaurante 313, em Macapá

Desde o início da sua carreira, a Macapaense Patrícia Bastos, rompe os limites do seu estado, ou do seu país, para fazer o mundo ouvir a voz das florestas, dos quilombos, do batuque e do marabaixo, ritmos do Amapá. A artista herdou da mãe, Oneide Bastos, a paixão pela música. Conheceu o músico, compositor e arranjador Dante Ozzetti, que passou a produzir seus trabalhos, sempre valorizando a música amapaense, dando brilho e destaque aos ritmos de lá e criando pontes entre os artistas e compositores Amapaenses e Paulistas.

Patrícia lançou seu primeiro e aclamado álbum de estreia “Pólvora e Fogo” em 2002, “Sobretudo” em 2007 e o premiado “Eu Sou Caboca” em 2010.

Em parceria com Dante Ozzetti, lançou “Zulusa” (2013), “Batom Bacaba” (2016) e” Voz da Taba” (2023), onde alcançou diversas premiações nacionais como o Prêmio da Música Brasileira em 2014 com “Zulusa” e a indicação ao 18º Grammy Latino na categoria “Melhor Álbum de Raízes Brasileiras” com “Batom Bacaba” em 2017. Com os parceiros de longa data, Joãozinho Gomes e Enrico Di Miceli, Patrícia lançou “Timbres e Temperos” em 2021.

No ano de 2022, Patrícia cantou no “Rock In Rio”, representando suas origens amazônicas e representando o Amapá nesta edição do clássico festival de música. O ano de 2023 foi um importante ano na carreira da Caboca, Patrícia cantou no “Quilombo Groove” realizado no Quilombo do Curiaú e também na “ExpoFavela”, em sua primeira edição realizada na Amazônia. Também foi o ano em que Patrícia foi convidada a cantar como uma das representantes do povo amazônico em eventos mundiais, como a Cúpula da Amazônia em Belém do Pará, a “Pororoca Sounds” em Nova Iorque nos Estados Unidos da América e na 28ª Conferência das Nações Unidas Sobre a Mudança do Clima em Dubai, Emirados Árabes (COP 28). Atualmente Patrícia está trabalhando na divulgação e turnê de lançamento de seu novo trabalho “Voz da Taba”, lançado no fim de 2023, a turnê esteve recentemente nas cidades de São Paulo, Fortaleza e Rio de Janeiro.

A cantora é nome cada vez mais forte na cena musical atual, tendo parcerias com nomes importantes, como Joãozinho Gomes, Lucina, Socorro Lira, Ná Ozzetti, Enrico Di Miceli, Marcelo Pretto e Caetano Veloso. Sua aldeia passou a ser o Brasil inteiro, esse país que, a partir da voz de Patrícia, passou a reconhecer o seu Norte.

Fonte: Blog da Alcilene

Produção autoral da cena eletrônica amapaense: DJ J Doppler lança música “Voices of Paradise”, nesta sexta-feira (19) – @P_Aureli0

Nesta sexta-feira (19), exatamente à meia-noite (na virada de quinta pra sexta), o DJ J Doppler lançou seu novo trabalho autoral, a música “Voices of Paradise”, do gênero “Progressive House”. O artista que já chamou a atenção com a produção “Waves” e “Oásis”, suas primeiras assinaturas na música eletrônica, promete agradar com a novidade sonora produzida por ele.

Logo após o lançamento, a música entrou automaticamente nas plataformas digitais do artista, como Spotify, Deezer, Apple Music, Amazon Music, Youtube Music e Youtube.

Apesar de somente dois anos de carreira, J Doppler é reconhecido por DJs veteranos e festejado pela nova geração do cenário da música eletrônica amapaense. Ele falou um pouco sobre seu novo trabalho autoral.

Estou muito feliz com mais esse lançamento. Posso dizer que a Voices of Paradise foi inspirada nas minhas últimas experiências em festas, conhecendo novas músicas, novas possibilidades apresentadas pelos produtores de fora de como se conectar com a pista de dança. Isso me ajudou em criar uma música mais dançante e mais envolvente que pudesse trazer essa conexão juntamente com a minha linha de som”, detalhou o artista.

“Posso dizer que ela é uma música com traços de introspecção, que mergulha profundamente em pensamentos, sentimentos, reflexões e ao mesmo tempo te traz vibrações positivas e eufóricas, o que é perfeito para pista de dança”, finalizou o profissional.

DJ J Doppler – Foto: arquivo pessoal do artista.

Mais sobre o DJ J Doppler

DJ J Doppler tem conquistado espaço e agradado público e crítica com suas seleções. Ele é membro do Coletivo MK Ultra, nova comunidade de DJs que difunde a música eletrônica na capital amapaense.

Aliás, seu nome artístico, Doppler (expressão em inglês que remete a ondas sonoras de alta frequência) é impressa na pele (tatuagens) e no coração do DJ, que é um estudioso de sua mesa e de tudo que pode melhorar sua produção artística.

J Doppler tem talento e coloca uma energia porreta quando se propõe a tocar ou criar. Ele promete uma experiência musical única e tenho certeza que cumprirá a promessa. Portanto, bora curtir a Voices of Paradise . É isso!

Elton Tavares

Governo do Amapá seleciona novas vozes para coral do Centro de Música Walkíria Lima

Durante os dias 18 e 19 de abril, o Governo do Amapá abre inscrições para a seleção de novas vozes do coral Oscar Santos, projeto do Centro de Educação Profissional de Música Walkíria Lima. Ao todo, são ofertadas 20 vagas, que irão compor a equipe de 60 integrantes.

FAÇA SUA INSCRIÇÃO AQUI

Para concorrer, é preciso ter a idade mínima de 16 anos e experiência com canto. Além disso, durante a avaliação, o participante terá que cantar uma música de sua escolha e passar pelo teste de afinação.

“Através da seleção, vamos avaliar o timbre da voz do participante e sua potência vocal. É importante analisarmos com precisão todos os candidatos, e assim, não cometermos erros. Em seguida, iremos disponibilizar o resultado final dos aprovados”, explica a professora de canto Lucyene Penafort.

Os ensaios acontecem terça e quinta-feira, a partir das 18h30, e seguem até 20h.

Confira o cronograma do processo seletivo:

22 e 23 de abril – Teste de classificação vocal
24 de abril – Resultado final
25 e 26 de abril – Período de matrícula
30 de abril – Início das aulas
Mestre Oscar

Oscar Santos é um dos mais importantes nomes da música amapaense. O musicista revolucionou a educação musical no Amapá e também é o compositor da Canção do Amapá, que mais tarde virou o hino oficial do Estado.

Texto: André Silva
Foto: Divulgação/Seed
Secretaria de Estado da Comunicação

Abril da Resistência: Celebrando a História e os Desafios dos Povos Indígenas e das Mulheres

Sophia Pinheiro – Foto: divulgação

Com o propósito de conscientizar a sociedade e contribuir para a formação de um público engajado e sensível às questões de resistência e igualdade, será realizada uma programação diversificada na Bibliogarden – Biblioteca Comunitária localizada no Amapá Garden Shopping.

O evento “Abril da Resistência” irá reunir, de 17 a 19 de abril, artistas de diversos segmentos culturais e literários do Amapá, alunos da Escola Estadual Indígena Jorge Iaparrá, das escolas Nancy Nina da Costa e Mário Quirino da Silva, e convidados, na Bibliogarden. Estão previstas rodas de conversa, exposições fotográficas, performances artísticas, recitais e uma sessão de cinema – Cine Juremas. A programação gratuita terá início às 18h.

Mapige Gemaque – Foto: divulgação

O objetivo é promover debates artísticos e sociais sobre as lutas históricas de resistência dos povos indígenas e das mulheres. O evento é realizado pelo grupo Abeporá das Palavras, com o apoio do Governo do Estado do Amapá, por meio da Secretaria Estadual da Educação, da Prefeitura de Macapá, Coletivo Juremas, Arte da Pleta, Maré Literária e Amapá Garden Shopping.

“A Bibliogarden é um espaço comunitário que possibilita a visibilidade de diversas expressões artísticas e também promove debates sobre temas fundamentais para a sociedade. Convido a todos a participarem da programação e a compartilharem experiências enriquecedoras durante esses três dias”, destacou Pedro Stkls, poeta e um dos coordenadores da Bibliogarden.

Paiodhy Rodrigues – Foto: divulgação

Confira a programação:
Local: Bibliogarden – Garden Shopping – Rodovia Josmar Chaves Pinto

Quarta-feira, 17
18h – “As multivivências na cultura do teatro ao cinema” – Paiodhy Rodrigues
18h30 – Apresentação do Turé e roda de conversa sobre a cultura e a resistência.
Intercâmbio “Abril Resistência” entre estudantes da Escola Indígena Jorge Iaparrá, Escola Estadual Nancy Nina da Costa e artistas do Coletivo Juremas.
Mediação: Secretária Sandra Casimiro, Bruna Karipuna, Alda Ribeiro e Benedito Alcântara.
19h30 – “Cântico de uma travesti” – Sophia Pinheiro
20h – “Remix Poesia” – Poetas Azuis

Poetas Azuis – Foto: divulgação

Quinta-feira, 18
18h – Exibição do curta “A cena da cena” – Cia. Super nova
18h30 – Exposição “Ritos de Passagem” – biojoias eco sustentáveis – Mapige Gemaque
19h – Intercâmbio “Abril Resistência” entre estudantes da Escola Indígena Jorge Iaparrá, Escola Estadual Mário Quirino da Silva e artistas do Coletivo Abeporá das Palavras.
19h30 – Cine Juremas: Sessão de cinema com exibição de filmes produzidos no Amapá
“Os Galibi Marworno” – Coletivo Galibi-Marworno de Audiovisual
“ IBITU PORÔ – Coletivo juremas
“Tempo de Chuva” – Maia Filmes
Roda de conversa com: Rayane Penha, Sandra Casimiro, Davi Marworno e Nani Freire.

Sexta-feira, 19
18h – Exposição fotográfica: Ecos do Amapá – Raih Amorim
18h:30 – Recital “Cigana do Oriente” com Camila Nobre e Gizele belfor
19h – Leitura de textos do livro “A descoberta do mundo em Clarice Lipector”
Mediação: Hayam Chandra, Andreia Lopes e Kassia Modesto

Assessoria de Imprensa: Ana Anspach