Poema de agora: Renascer – Pat Andrade

Renascer

renasci mais forte
pra resistir ao peso da vida
que me arrasta para
os precipícios cotidianos

retornei com as asas
que me foram arrancadas
há tempos,
sem anestesia, nem nada

retomei o que é meu por direito
e me foi tirado sem permissão,
em uma época de escuridão

recuperei a voz para dizer
o que quero e preciso,
sem a mão que me tapava
a boca a cada grito

reinventei minhas
noites de insônia,
para ver melhor
a luz do luar

redescobri meus desejos,
respeitando o tempo
de cada coisa

e ainda sou eu mesma,
com remendos na alma,
dúvidas constantes
e um quase nada
[necessário] de calma

Pat Andrade

Poeta Pat Andrade lança livro na 4ª Conferência Nacional de Cultura

Espaço de debates sobre o Plano Nacional de Cultura (PNC), a 4ª Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC) irá promover o lançamento de livros dentro da programação do evento. As atividades, com a participação de delegados, convidados e público em geral, serão realizadas nos dias 5, 6 e 7 de março, no Palco Multicultural, na área interna do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Entre os autores, a poeta paraense radicada no Amapá, poeta Pat Andrade, que lançará na quarta-feira (6), seu livro “Entre a Flor e a Navalha”.

A chefe de Divisão de Economia do Livro da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli) do Ministério da Cultura (MinC), Maria Carolina Machado, explica a iniciativa: Cerca de 80 autores e autoras apresentarão suas obras e estabelecerão contato direto e contínuo com o público. Os títulos abarcam grande diversidade, passando por obras ficcionais e não-ficcionais, de poesias a estudos sobre políticas públicas. Todas as pessoas inscritas, que confirmaram presença, participarão desse evento.

Realização

A 4ª CNC é realizada pelo MinC e pelo Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), e correalizada pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI). Além disso, conta com apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil).

O Festival da Cultura, que também integra a programação, é apresentado e patrocinado pelo Banco do Brasil, como realização do MinC e do CNPC, correalização da OEI e apoio da Flacso Brasil.

Confira as atividades:

05/03 (terça-feira)

das 15h às 15h50
Mestre Wertemberg Nunes – Poemus
Benedito José Pereira – Teatro em Sala de Aula
Jussara Prates – Educação Democrática: O Impacto dos Projetos Escolares
Cláudia Leitão – Criatividade e Emancipação nas Comunidades-Rede: Contribuições para uma Economia Criativa Brasileira

das 16h às 16h50
Paulinho Rícoli – O Marciano ET
Fernando Inácio da Silva – Cordel – As Aventuras do Negrão, o Poder da Adoção
Geraldo Vitor da Silva Filho – Selenita´s
Priscila Guidio Bachiega – Entre Haters e Memes: Como o Bullying Virtual Afeta a Sociedade
Daniel Munduruku – Meu Vô Apolinário – Um Mergulho no Rio da (Minha) Memória

das 17h às 17h50
Eva Potiguara – Abyayala Membyra Nenhe’gara
Jester Luiz Furtado – Joaquim, Negra Sim!
Marcos Antonio Trocoli (Ümanto) – Marchinha de Carnaval – 125 Anos – Vol. 1
Mateus Paulo de Lima – … Tempo de Pietra

das 18h às 18h50
Osny Zaniboni Neto – Ima(r)gens
Maria Graciema A. de Andrade – Carta-folheto do I Congresso Brasileiro de Literatura de Cordel

das 19h às 19h50
Lucivone Rodrigues dos Santos Dourado – O Ponto Dourado do Diamante
Juvenal Francisco Dourado Filho – A Fonte das Lágrimas de um Poeta
Reynaldo Domingos Ferreira – As Raparigas da Rua de Baixo
Bernardo Novais da Mata Machado – Política Cultural: Fundamentos
Tony Gigliotti Bezerra – A Emergência do Sistema Nacional de Cultura

06/03 (quarta-feira)

das 09h às 09h50
Yussef Campos – Palanque e Patíbulo: o Patrimônio Cultural na Assembleia Nacional Constituinte e + 3 títulos
João Almir Mendes de Sousa – Cordel Piauí de Belos Sol e Ladeiras
Eunice Tomé – O Oceano em Mim
Patrícia Andrade Vieira – Entre a Flor e a Navalha

das 10h às 10h50
Saulo Barreto – Marx: Estado, Direito e Ideologia
Maiza Pereira Jacques – Salamancas, Mitos e Lendas
Haroldo de Vasconcelos Bentes – Teorias e Práticas: Trilhas Formativas em Educação Profissional e Tecnológica (EPT)

das 11h às 11h50
Lucimar Barros Costa – Guardados da Memória e do Coração

das 12h às 12h50
Edilberto Alves de Abrantes – Quem Apaga os Lampiões

das 15h às 15h50
Bruna Motta – Várias Faces da Mesma Solidão
Carlile Max Dominique Cérilia – Alvorecer do Exílio

das 16h às 16h50
Pitter Lucena – Despertar em Clausura – O Renascer em Meio às Limitações da Vida
Moisés Santos Reis Amaral – Maria Preta, Escravismo no Sertão Baiano
Bárbara Araldi Tortato – Trilogia do Descabido

das 17h às 17h50
Jakeline Sol – A Dor do Silêncio e as Vozes dos Abusadores
Renato Paulo Carvalho Silva – Espera Feliz: O Circo de Marionetes Bem-Me-Quer e suas Andanças…

das 18h às 18h50
Raine Silva Medeiros Furtado – O Livro de Eva
Janio Gouveia Andrade – O Cárcere Religioso, os Dilemas Existenciais de um Judeu
Francisco de Assis Rocha Carvalho Júnior – A Princesa do Vale do Canindé: Narrativas de Santa Rosa do Piauí
Daniely Peinado dos Santos – Cia Vitória Régia 40 anos: Tempos de Teatro
Emílio Carlos Ribeiro Tapioca – Breviários de um Poeta de Ofício e Devoção

das 19h às 19h50
Arnaldo Ricardo do Nascimento – Cartilha como Solicitar Publicações Especiais em Braille e Libras para Formação de Acervo Especial para Usuários: Biblioteca Prof. Luis Palhano Loiola, da Faec
Luane Araujo – Vozes das Autoras do Teatro contemporâneo – França e Brasil – Perspectivas Feministas e Visões Políticas no Fim dos anos 2010
Gilvan Ribeiro – Malês: a Revolta dos Escravizados na Bahia e seu Legado
Antonio Albino Canelas Rubim – Políticas Culturais. Diálogos Possíveis
Mariana Resegue – Cultura em Evidência: Aprendizados para Fortalecer Políticas Culturais no Brasil

07/03 (quinta-feira)
das 10h às 10h50*
Gleycielli Nonato Guató – Vila Pequena: Causos, Contos e Lorotas
Obá Kaiesi Adekunle Aderonmu – A Identidade Tirada de Nós
Manoela Serra – O Diário Bipolar 2

das 11h às 11h50
Marleide Lins de Albuquerque – Antologia Poética Brasil – Moçambique +1
João Mancha – Caderno Resumo da Conferência: Apresentação do Evento e Propostas (1ª Conferência Livre Nacional do Rock)
Patrícia Marys – O Chão que Pisamos: Reimaginando os Territórios da Mediação Cultural
Daniel Machado – Candieiro
Onã Silva – Coleção de Cordéis, Série Notáveis em Cordel
Crisóstomo Pinto Ñgala – Por que a Escola ainda Existe?

das 12h às 12h50
Queiroz, Marijara Souza e Cunha, Érika Matheus – Catálogo da exposição Corpos que Resistem
Valdete Sousa – Memória: Relatos do Teatro de Rondônia

das 15h às 15h50
Júlio Emílio Braz – Pretinha, Eu?
Helder Ramos – Desconstruindo Frases Prontas
José Carlos da Silva – Opressão e Dignidade
José Carlos Franco de Lima – Etnografia Vivencial: um Recurso para Ativistas, Profissionais e Pesquisadores que Atuam em Ações para a Transformação Social

das 16h às 16h50
Rafael Fernandes de Souza – De Capa, Máscara e Boné!
Virgínia Ferreira – Chumbo
Tuca Moraes – Cadernos Vermelhos – Vol. 1 e 2: Edição Ensaio Aberto / Teatro dos Trabalhadores
Guilherme Varella – Direito à Folia: o Direito ao Carnaval e a Política Pública do Carnaval de Rua na Cidade de São Paulo

das 17h às 17h50
Cristiane Sobral – Caixa Preta
Edymara Diniz Costa – O Ensino do Teatro nos Quilombos: Memórias e Identidades Kalunga em Cena
Maria do Socorro Alves de Sobral – Minha História, Minha Gente: Valorização Cultural, Histórica e Geográfica
Juliani Borchardt da Silva – Benzedores de São Miguel das Missões, RS: a Construção de suas Identidades a Partir de Memórias e Tradições
Cynthia Magno Panca – Mulher Caiçara do Mar à Poesia
Morgana Ribeiro dos Santos – Literatura de Cordel em Perspectiva

das 18h às 18h50
Mauricio da Silva – Cartas a Teodora: Confluências para uma Arteducomunicação Decolonial
Duclerc João da Silva – Diacuí Flor dos Campos 70 anos
Vitor da Trindade – O Ogan Alabê, Sacerdote e Músico

das 19h às 19h50
Aline Gomes Rossi Moraes – Coleção Amazônia Paraense
Fábio Abreu dos Passos – Corpos (In)Visíveis
Tiarajú Pablo D’Andrea – A formação das Sujeitas e dos Sujeitos Periféricos: Cultura e Política na Periferia de São Paulo
Jose Cleiton de Souza Carvalho – Menino da Mata
Lawrence Fontes de Oliveira Lima – Aquila Impetum

Ascom da 4ª CNC

Poema de agora: o amor passeia – Pat Andrade

o amor passeia

o amor desceu à terra na lua cheia
desbravou corações
percorreu praias e rios
e colecionou vidrinhos de areia

perto de minguar
já perdido nas paixões
o amor encontrou asas de orvalho
e aprendeu a voar

enquanto o amor crescia
foi escrevendo sua história
nas estrelas do céu
com um toquinho de giz

e antes de ir embora
o amor fez lua nova
pra ser feliz

Pat Andrade

Poema de agora: Carnaval Moderno – Pat Andrade

CARNAVAL MODERNO

andei à procura da máscara ideal
teci minha bela fantasia
para brincar mais um carnaval
comprei confete e serpentina
encomendei lança perfume
purpurina e coisa-e-tal
[mas não achei salões para bailar]

o Arlequim se mudou pra Bahia
finalmente cansou de chorar
a Colombina, poderosa,
vive a trocar de par
o Pierrô foi morar na praia
agora é dono de pousada e bar
[parece que lá pra Marudá]

nesse carnaval moderno
já vi gente com cara de sério
já vi gente pulando de terno
nesse carnaval moderno
não dá mais pra se apaixonar
é esquecer o que vira cinza
depois que o sol raiar
[no carnaval deste ano, vou é me acomodar]

PAT ANDRADE

Poema de agora: Macapá, minha cidade – Pat Andrade #Macapa266Anos

MACAPÁ, MINHA CIDADE

Minha cidade comemora
mais um ano de existência.
Digo minha, porque dela
me apodero, todos os dias,
em dura jornada;
todas as noites,
em longas caminhadas.
Macapá me cobre
com seu céu inconstante,
me descobre em versos e rimas;
me abriga em seus bares,
em suas ruas, em seus becos,
em suas praças, em seu rio…
Macapá me expõe, me resgata,
me ampara, me liberta…
E aqui permaneço,
retribuindo com meu amor,
minha esperança
e minha alma de poeta.

Pat Andrade

Poema de agora: Absurdo – Pat Andrade

Absurdo

no momento exato
em que voa o pássaro
a roupa cai do varal

no momento exato
em que a mão acena
a lágrima brilha e cai

não sei se seria
coincidência
ou um balé singular
sem roteiro prévio
shakesperianamente
absurdo

Pat Andrade

Poesia de agora: Lição – Patrícia Andrade

Lição

o tempo se desenha
nos cantos da casa
em teias tênues
e rachaduras

a vida se desenha
nos cantos dos olhos
em linhas profundas
e manchas escuras

se a vida
por sua natureza
vem e te machuca

o tempo
sábio e generoso
vem e te cura

Pat Andrade

Poema de agora: Rastro de estrelas – Pat Andrade

Rastro de estrelas

é tanta estrela
no céu da Amazônia
que – ai, meu Deus! –
nem cabe…

o menino ribeirinho
que com elas sonha
– ai, meu Deus! –
ele sabe
e conta pra gente
que o rastro de luz
que brilha
sobre as águas
é – todo ele – feito
de estrelas cadentes
que resolveram tomar
um caminho diferente.

Pat Andrade

Poema de agora: GRAVIDADE – Pat Andrade

GRAVIDADE

nasci lunar
e por isso mesmo
gostaria de pairar
de flutuar
gostaria de ser leve
mas nem sempre dá

a vida pesa
o tempo pesa
a verdade pesa
e o mundo me mantêm
grudada no chão

a contragosto
finco os pés na terra
enquanto o cérebro
me alerta para a gravidade
das coisas

às vezes um poema
me leva pro alto
me facilita um salto
e me arrisco

iludida
minha alma incauta
teimosa se atira

uma força quântica
se manifesta
o longe não se alcança

a alma volta
ao ponto de partida
atordoada
machucada e ferida
invariavelmente

mal se recupera
e antes que perceba
se arrisca novamente

Pat Andrade

Poesia de agora: PARA O POEMA – Patrícia Andrade

PARA O POEMA

aqui dentro da gente
o poema inquieta
desassossega
mas não sai

é necessário
a tristeza completa?
é preciso a angústia
habitar o poeta?

não precisa ser assim
não precisa da dor lírica
não precisa da aflição
e também é dispensável
o desespero da solidão

para o poema bastaria
uma serenata ao luar
ou uma canção popular

para o poema bastariam
os cabelos molhados de chuva
a boca úmida de desejo

para o poema bastaria
o orvalho da noite
o vento alegre
na folhagem

para o poema bastaria
uma manhã de sol
a tinta azul
a se espalhar pelo dia

bastaria para o poema
despertar do pesadelo
da folha em branco
deixar fluir a utopia

escrever rios de amor
navegar uma paixão
e desaguar em poesia

Patrícia Andrade

Poema de agora: A poesia pode ser um grito – Pat Andrade

A poesia pode ser um grito

eu faço poesia
para gritar no meio da noite
e acordar a madrugada
para espantar o sol
e ninar os galos
nos quintais antigos

eu faço poesia
para estilhaçar o dia
para aquebrantar
cansaços embriagados
no bar do cais

eu faço poesia
para tirar sons
do aço do violino
para ecoar nas caixas
de Marabaixo

eu faço poesia
para assustar os fortes
e saltar das torres
para consolar os fracos
e entender suas dores

eu faço poesia
para tentar
viver tranquila

Pat Andrade

Escritora amapaense na ExpoFavela Innovation Brasil

A escritora Pat Andrade foi selecionada pela Curadoria da Favela Literária Nacional para participar da ExpoFavela Innovation Brasil, que acontece em São Paulo, no início do mês de dezembro deste ano.

A Expo Favela Innovation Brasil é uma feira de negócios, cujos expositores são empreendedores de varios segmentos e startups da favela de todo o Brasil. O objetivo é dar visibilidade para estas iniciativas e, assim, promover um palco para este encontro com investidores que possam acelerar estes
empreendimentos e gerar negócios, a partir das oportunidades que nascerão nos eventos.

Para Pat Andrade, essa é uma oportunidade única, uma vitrine para a literatura amapaense e uma oportunidade de ampliar os seus horizontes como escritora. “Estou feliz demais, porque dentre inúmeras obras de todo o Brasil, as minhas foram selecionadas e estarão lá também”, conclui.

Sobre a autora

Pat Andrade é escritora, artista plástica e produtora cultural. São mais de 30 anos atuando na literatura. Tem pelo menos 30 publicações artesanais, seis livros virtuais, participação em coletâneas e revistas literárias. Publicou seu primeiro livro impresso em 2021: O avesso do verso, através de edital da Lei Aldir Blanc. Em 2023, publicou O peso das borboletas.

Colaboradora do Site De Rocha! e membro do coletivo Urucum, do Sarau do Recomeço e da Associação Literária do Estado do Amapá, Pat se considera uma militante da Literatura: realiza oficinas de literatura e de livro artesanal nas comunidades, escolas e universidades; participa de eventos literários e culturais, os mais diversos, como Concertos de Verão da Confraria Tucuju, Luau da Samaúma, Sarau da Lua – MA, Arte da Palavra – Rede Sesc de Leituras, Folia Literária Internacional do Amapá, Feira de Literatura Infantil Tucuju, Festival Literário de Macapá – FLIMAC, I Feira do Livro Artesanal da Amazônia, entre outros.

Assessoria de comunicação

Para escritora, só não lê quem ainda não descobriu a literatura que lhe agrada

Por Douglas Lima

“Não há quem não goste de ler, mas sim quem ainda não descobriu a literatura que lhe agrada”. A provocante manifestação foi feita na manhã desta sexta-feira, na Diário FM 90,9, pela escritora amapaense Patrícia Andrade ou Paty Andrade, pouco antes da abertura oficial da Folia Literária Internacional do Amapá, no Parque do Forte.

Paty costuma dizer que a literatura a salva todos os dias. E não é pra menos! Ela, sem recursos para grandes publicações editoriais, artesanalmente já trouxe a lume 28 livros artesanais, seis virtuais e tantos outros em edições coletivas.

“Estou feliz com a Folia Literária porque ela vem no sentido de aproximar os autores, do público, com espaços formais e informais, como um palco para manifestações poéticas livres, sem programação”, observou a escritora que entre os gêneros literários não deixa de esconder a sua preferência pela poesia.

Paty Andrade também divulgou dois outros espaços na Folia Literária Internacional do Amapá: ‘Pororoca Literária’ e ‘Gengibirra Literária’. No Pororoca estão expostos, para venda, livros de autores amapaenses, mais de 40. O espaço Gengibirra serve para lançamento de obras locais. Há previsão de 15 títulos durante os três dias do evento.

Fonte: Diário do Amapá.