Poema de agora: Rosa de fogo – Marcelo Autobahn (para Pat Andrade)

Rosa de fogo

Era esplendor e fúria
Era rosa de fogo
Como a cor dos seus cabelos
Na boca, palavras de ordem
Nas mãos, a bandeira
No peito, a estrela
Lutas e batalhas
Que pareciam infindáveis
E incansáveis
A cansaram
E a cronologia das más escolhas
Desbotaram um pouco a sua cor
O seu semblante mudou
A pétala quase murchou
O que era doce e o que não era
Quase se acabou…
Flor-mais-que-humana
Mas, quis Deus
Em sua misericórdia
Que a luz divina pairasse novamente sobre ela
Segurando suas mãos
Guiando seus passos
E seus traços
E o brilho dessa luz a regou
Até a sua raiz
E nas noites de lua cheia
Se via o brilho querendo sair
E saiu
E brilhou
E sorriu
E reagiu
A poesia fluiu
E a curou
A letra se perpetuou
E a alegria nos olhos voltou…
É tão bom ver que a flor ainda aflora
Ainda nos cinge de beleza
Aqui
E pelo mundo afora
Nos encantando de certezas
De que tudo ficou para trás
Tudo que um dia foi desespero
Hoje é alimento
É sustento
É poesia
Minha poetisa
Sua voz se concretiza
E se embeleza
Como riso novo
Da rosa cor do fogo

Marcelo Autobahn, para Pat Andrade

Poema de agora: BEM QUERER – Pat Andrade (para sua mãe, Assunção Andrade)

Patrícia e Assunção. Amor de mãe e filha.

BEM QUERER

quero derramar
poesia no teu cotidiano
declamar meu amor

quero dar cor às palavras
pra alegrar teu canto
e secar teu pranto

quero capturar raios de sol
que te iluminem
os dias cinzentos

quero movimentar os ventos
pra soprar as tuas dores
para onde não te alcancem

quero te oferecer
jardins etéreos
te desenhar mil flores

quero te fazer sorrir
te fazer sonhar
com dias melhores

quero que toda a palavra
nos sirva para fazer o bem
pra ti e pra mim também

Pat Andrade, para sua mãe, Assunção Andrade.

Poema de agora: FUGAS – Pat Andrade

FUGAS

às vezes
saio de mim em segredo
e ando a esmo

são fugas estelares
momentos fugazes
em noites infinitas

procuro luas
impossíveis de achar

reviro o pó das estrelas
uso a luz dos cometas
danço com selenitas
e me perco entre os planetas

quando consigo voltar
trago o rastro da lua minguante
e o esplendor da lua cheia

trago promessas esquecidas
trago sonhos distantes
trago mil belezas não vistas

trago auroras douradas
e galáxias inventadas

PAT ANDRADE

Poema de agora: DELÍRIOS III – Pat Andrade

DELÍRIOS III

jardins surreais
flores de cristal
asas translúcidas
borboletas feitas de sonho

noites insólitas
estrelas de ouro
brilho de lua
caminhos de luz

vidas secretas
amores vadios
delícias adiadas
vontades guardadas

tudo é desejo
tudo é sonho
tudo é delírio

por toda a madrugada

tudo é por nada…

Pat Andrade

Poema de agora: DEIXA – Pat Andrade

DEIXA

deixa que eu
me embriague de poesia
que eu me atire
nos braços da musa

deixa que eu adormeça
esquecido do mundo
que não veja o fracasso
chegando aos tropeços

deixa que eu carregue
o peso da pena
sem a dor do esquecimento
sem a sina da mediocridade

deixa que o poema
me invada, me alimente e me fecunde
sem que eu me farte de empáfia
e me acomode na estante

deixa que o verso viva em mim
e que de mim parta
para inundar outros olhos
para habitar outros corpos
para encontrar novos portos

agora deixa…

PAT ANDRADE

Poema de agora: O mundo avesso dos amantes – Augusto Oliveira (declamado em vídeo por Pat Andrade)

O mundo avesso dos amantes

Que mundo era aquele
Onde existiu aquele Improvável beijo?
Não era o dos noticiários noturnos
Menos ainda o dos transeuntes soturnos
Noctâmbulos do cotidiano das ruas
Ou sonâmbulos com olhos taciturnos.

Então, que mundo era aquele
No qual um beijo improvável se permitiu
Mesmo que na contramão
Fora da lei,
Da gravidade,
Da cogitação?

Era o mundo paralelo
De beijos, de romances.
Dos amores vaticinados como impossíveis
Por isso, mais sedutores que o fascínio sedutor dos amantes.
Um mundo facultado,
Talvez por um semideus degredado
Concedendo aos loucos e aos poetas
um mundo avesso ao direito.
Um mundo-outro-mundo
Possível, porque devaneio
Provável, porque desatino
Tangível, porque, às vezes letra
Escrita indelével na outra boca.

Augusto Oliveira – (declamado em vídeo por Pat Andrade)

“delírios & subterfúgios”, o novo livro da poeta Pat Andrade, está disponível para aquisição em versão virtual. Compre e incentive a cultura local!

A poetisa, escritora e colaboradora deste site, que assina a seção “Caleidoscópio da Pat”, Pat Andrade, lança mais um livro virtual.

“delírios & subterfúgios” tem apenas 16 poemas. Todos autorais. A arte e diagramação do trabalho são também assinados pela Pat.

A intenção da poeta é arrecadar recursos financeiros nessa época de isolamento social, por conta da epidemia de coronavírus. Além, é claro, de divulgar sua poesia.

Há 21 anos em Macapá, a poetisa paraense escreve belos poemas, declama e edita ela mesma os seus livros. Em tempos normais, comercializa suas obras em eventos culturais, cafés, bares e restaurantes da capital amapaense, o que não é possível nestes tempos de Covid-19.

Sempre compro e recomendo o trabalho de Pat Andrade, de quem sou fã e tenho a honra de ser também amigo.

Eu já tenho o meu “delírios &subterfúgios”. Corre, fala com a Pat, e adquire o teu exemplar virtual. A cultura agradece.

Poema de agora: Sobre Amigos – Pat Andrade

Sobre Amigos

amigos são como as estrelas…
ainda que não estejam perto,
podemos ver seu brilho
iluminando caminhos na noite escura.

amigos são como a água
que mata a sede no deserto,
lava o pobre maltrapilho
deixando o sujo de alma pura.

amigos são como o sol
ainda que encoberto,
aquece pai, aquece filho
e enche corações de ternura.

amigos são o nosso bem
essenciais e necessários.
aquele que não os têm
jamais entenderá o que falo.

Pat Andrade