Os acadêmicos do curso de Letras da Universidade Federal do Amapá (Unifap), do Campus de Santana, fizeram este vídeo, para falar do trabalho da poeta e colaboradora deste site, Patrícia Andrade. Assistam:
Categoria: Caleidoscópio da Pat Andrade
Poema de agora: Sonho de Flor – Pat Andrade
Sonho de Flor
com o derradeiro
raio de sol
pintei
em tua pele
as margaridas
do lençol
com o primeiro
raio de luar
desenhei
lírios brancos
pelo céu
e me pus
a viajar
Pat Andrade
Poema de agora: Tarde de verão – Pat Andrade
Tarde de verão
Tarde de verão
a árvore estendia
para um céu azul
seus galhos nus
de longe o menino
encantado assistia
aquela cena
e pensava que bem que podia
ser uma prece, uma oração,
mas acabou virando poesia
Pat Andrade
Poema de agora: HAPPY HOUR – Pat Andrade
HAPPY HOUR
quando
te foste,
eu já sabia
exatamente
como seria.
me vesti,
me pintei
e saí…
fui tomar
um chope
de testa
com a boemia…
Pat Andrade
Poema de agora: EU TÔ CHEGANDO, BELÉM – Pat Andrade
EU TÔ CHEGANDO, BELÉM
pra me receber,
quero Waldemar encenando boas-vindas;
quero Ruy Barata com asas de miriti;
quero a chuva da tarde pra me lavar a alma;
quero o tacacá pra me aquecer o coração;
quero tua manga mais doce,
meu verso mais forte;
quero tua Praça mais bela,
minha mangueira mais velha;
quero tua noite mais louca,
minha avenida mais longa;
quero teu Largo do Carmo,
minha rua mais estreita;
quero tua Igreja Matriz,
meu Theatro da Paz,
quero meu Bar mais antigo,
meu garçom mais amigo.
quero a minha cidade
que tanto bem faz.
Pat Andrade
Poema de agora: Borboletas – Pat Andrade
Poema de agora: A Vida é uma Guerra – Patrícia Andrade
Poema de agora: Teresa, a intrépida! (Pat Andrade)
Poema de agora: ELISA – Pat Andrade
ELISA
andava com ela,
pela madrugada,
a lua branca e bela,
de vermelha à prateada.
sempre na calada da noite,
se pintava de carmim…
seus beijos, como açoite,
eram usados contra mim.
depois durante o dia,
eu a vi, como nunca
pensei que veria…
me olhou, muda, e saiu,
sem dizer se voltaria
Pat Andrade
Poema de agora: Cheiro de Infância – Pat Andrade
CHEIRO DE INFÂNCIA
minha infância tem cheiro de lancheira
de mingau de maisena
de boneca velha
de caderno novo
minha infância tem cheiro de gemada
de pão com manteiga
e café fresquinho
de tapioca e beiju
Minha infância tem cheiro de Phebo
copaíba e andiroba
tem cheiro de mato,
tem cheiro de vela
tem cheiro de avô.
minha infância tem cheiro de arraial
de camarão cozido
e peixe assado
tem cheiro de comida da vovó.
minha infância tem cheiro de quando eu crescer
de fruta fresca, colhida no pé
tem cheiro de roupa quarada com anil
minha infância tem cheiro de igarapé
de água fria, de bater o queixo
e engelhar os dedos
minha infância tem cheiro de interior,
de quintal molhado de chuva
de grama aparadinha, de folha seca
de sapoti
minha infância tem cheiro de saudade
Pat Andrade
Poema de agora: A ALMA NOS OLHOS – Pat Andrade
A ALMA NOS OLHOS
na fogueira,
de dentro das chamas,
vejo arder os olhos de Joana.
Maria Antonieta
tinha olhos de menina.
eu os vi, na guilhotina.
nos olhos de Marley,
vejo a fumaça,
a luta pela cor e raça.
Gandhi tinha nos olhos
a tão sonhada paz;
ninguém a espera mais.
sem pensar no tom da pele,
me diz: como eram
os olhos de Marielle?
Pat Andrade
Poema de agora: PROMESSA QUEBRADA – Pat Andrade
PROMESSA QUEBRADA
cansada de esperar
bebe de um gole só
a vodca no copo
sai sem olhar pra trás
não vai mais voltar
jura que nunca mais…
na noite seguinte
depois de muito vagar
pelas ruas sem rumo
encosta no mesmo bar…
Pat Andrade
Poema de agora: A GAVETA DA MEMÓRIA – Pat Andrade
A GAVETA DA MEMÓRIA
desdobrei
uns pedacinhos de passado
que encontrei largados
no fundo da gaveta da memória…
amarelados e roídos pelo tempo
gritam minha história
acordando paixões
batendo o tambor do coração
tremendo minhas mãos…
frente a frente com o passado,
esqueço o presente
e brinco de futuro…
Pat Andrade
Poema de agora: Tempestade em mim – Pat Andrade
Tempestade em mim
Há em mim uma tempestade que não cessa,
Que me arrasta por vastidões
Sem me tirar do lugar;
Que me leva além do céu,
Que me empurra para o mar…
Mais que tempestade,
Às vezes é furacão.
Furioso, me arranca do chão
Me joga no ar…
Na queda, me recomponho,
Me refaço,
Num doce chuviscar.
Há em mim uma tempestade que não quer cessar
Pat Andrade