Anoiteço
quando eu
te madrugava,
mesmo as noites sem lua
não pareciam assim
tão escuras
…
já não te amanheço,
e os dias têm sido
cada vez mais cinzentos
…
agora, quando entardece,
logo, logo,
anoiteço…
Pat Andrade
Anoiteço
quando eu
te madrugava,
mesmo as noites sem lua
não pareciam assim
tão escuras
…
já não te amanheço,
e os dias têm sido
cada vez mais cinzentos
…
agora, quando entardece,
logo, logo,
anoiteço…
Pat Andrade
NA LAMA
Afundada na lama
A nossa vida,
A pobre memória,
A pouca comida…
Afundada na lama
A minha dignidade,
A nossa história,
A podre verdade…
Afundada na lama
A pobre moradia,
A pouca roupa,
A nossa alegria…
Na lama, na lama
A ironia do destino
Na lama, na lama
O sorriso do menino
Na lama, na lama…
Pat Andrade
O SORRISO DA MORTE
o vagabundo sorri
um riso podre,
um riso preto
um riso pobre
a velha sorri
um riso engelhado
um riso triste
um riso desdentado
o preto sorri
um riso branco
um riso alegre
um riso franco
não que me importe
porque no fim de tudo,
quem te sorri é a morte.
Pat Andrade
Um porrudo paid’égua me contou uma história que era só a polpa da bacaba:
– “Eita, porra! Era um Zé Ruela que veio charlar aqui, no nosso setor, com roupa de grife do varal. Égua, moleque, tu é doido? Muito escroto”.
E continuava: “Ulha, disque, ainda tinha um cabeça de pica com ele, que parecia peidado do juízo, cheio de migué, asilando uma pequena. Mas ela era a vai, da estrela! Tá, não? Ela deu foi o disá no abestado, na moral.”
E ele pensando que era o belo, velho. Levou largura. Saiu nadando pra beira rapidola e só não levou o farelo, maninho, porque o povo daqui é só o filé da gurijuba e não quis virar o zezêu!
Pior! Eu fiquei pensando que era potoca…
Pat Andrade
anjo mau
não comia flores
mas exalava um perfume
estonteante
mal enxergava as cores
e reproduzia o vermelho
como ninguém
parecia feita de pétalas
de tão suave
que era sua pele
seus olhos pareciam
duas estrelas
e refletiam a lua
sua alma quando nua
era quase como
de uma criança…
mas irradiava veneno
derramava sangue
e cuspia vingança
Pat Andrade
A poetisa e colaboradora deste site, que assina a sessão “Caleidoscópio da Pat”, Patrícia Andrade, lançou seu novo livro artesanal de poesias. A obra, denominada “Único – Poemas Escolhidos”, possui 30 poemas manuscritos e ilustrados pela escritora. Além disso, cada um dos 30 (sim, somente 30 livros) tem uma capa exclusiva.
Há 19 anos em Macapá, a poetisa paraense escreve belos poemas, declama, edita seus livros. Ela sempre comercializa suas obras em eventos culturais bares e da capital amapaense.
Sempre compro e recomendo. Aliás, já encomendei o meu “Único – Poemas Escolhidos”. Corre lá com a Pat e compre o seu!
Serviço:
ÚNICO – POEMAS ESCOLHIDOS
Livro artesanal (10x15cm).
São 30 poemas, manuscritos e ilustrados por Pat Andrade.
Capas exclusivas. Apenas 30 exemplares.
(96)99188-6565 (W’app – Patrícia Andrade)
Elton Tavares, com informações de Pat Andrade.
ENTRETANTOS II
oscilando
entre o bem e o mal,
entre o azar e a sorte.
escolhendo
entre o sim e o não,
entre o Sul e o Norte.
existindo
entre o amor e o ódio,
entre a vida e a morte.
Pat Andrade
Chopp com a boemia
Quando
te foste,
eu já sabia
exatamente
como seria.
Me vesti.
Me pintei.
E saí…
Fui tomar
um chopp,
de testa
com a boemia.
Pat Andrade
Beijo Revolucionário
Brasília, 1999
entre centenas de bandeiras,
o vermelho da paixão…
entre as palavras de ordem,
tua voz ecoava mais alto,
causando sensação.
ditador e imperioso,
ignorando o comando de greve,
o amor ocupou meu coração.
veio o beijo,
em plena manifestação…
apaixonado, avassalador,
instalou em mim a revolução.
Pat Andrade