Lee Amil gira a roda da vida. Feliz aniversário, amigo! – @LeeAmil

Com o Lee (na onda e no trampo)

Sempre digo que o jornalismo me deu muitos amigos. Sim, trouxe inimigos também, mas pra estes eu não ligo. Também digo/escrevo que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. É o caso do Lee Amil, um brother porreta que gira a roda da vida neste quinto dia de março e por isso lhe rendo homenagens.

Nem sei quando conheci o cara, mas já faz um tempo e a gente sempre se encontra no trabalho, durante as coberturas jornalísticas ou nos bares e dou valor nesse maluco.

Na esquerda com Lee e Kallebe. Na direita com Lee e Miguel.

Lee é um baita profissional. Batalhador, trabalhador e talentoso, é fotógrafo (institucional e publicitário), fotojornalista da equipe do mandato do senador Randolfe Rodrigues, designer, cinegrafista, videomaker e editor de imagens (ufa, é que o moleque atua em várias frentes). Também é um dos sócios, junto com o irmão dele e também meu brother Kallebe, da Amil Films, empresa que trabalha os vídeos mais fodas que a gente assiste nas redes sociais e TV. Não à toa, eles trabalham sempre com a Agência Cereja Marketing, que prima pela qualidade.

Apesar de competente e talentoso, acredito que Lee é ainda melhor nos papéis de neto do seu Raimundo, filho da Marilene, irmão do Kallebe, Israel e mais alguns que não sei os nomes e pai do Miguel (sou fã do moleque estiloso lá no Insta). Sim, Amil é amoroso com sua família, que é como todos deveriam ser.

Bruna, eu e Lee.

Além de tudo dito/escrito acima, Lee é amigo dos amigos. Parceiro mesmo. É assim comigo e é assim com a Bruna, minha namorada e publicitária com quem ele e o irmão trampam de vez em sempre.

É porreta tomar umas com o figura, sempre espirituoso, engraçado e malandro. E já faz tempo que não fazemos isso junto (bora resolver essa parada, Amil). Ah, ele é vascaíno sofredor convicto. Como a maioria dos cruzmaltinos, acha bonito isso (risos).

Saúde, sucesso e felicidades, Lee Amil!

Em resumo, Lee é um cara tranquilo, trabalhador, inteligente, esforçado, competente e muito gente fina.

Amil, mano velho, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com sabedoria e coragem. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. Saúde e sucesso sempre. Parabéns pelo teu dia, Lee. Feliz aniversário!

Elton Tavares

Arquiteto Antônio Fernandes gira a roda da vida. Feliz aniversário, Malária!

Anderson The Clash, eu e Antônio Malária – 2014

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Também sempre digo que aprendi a ter amigos longevos, pois sou sortudo por ter bons companheiros há muito tempo. E me gabo de ser amigo de muita gente Phoda! É o caso de Antônio Fernandes, que é um brother das antigas, além de amigo querido, que gira a roda da vida neste quarto dia de março. Fico feliz pelo seu ano novo particular, pois ele é porreta!

Antônio é marido da Aline, pai de três (ou quatro?) lindos moleques, dedicado consultor técnico, talentoso arquiteto, experiente skatista e brother consideradão “das antigas” da galera. O popular “Malária”. Um figura do bem, trabalhador e gente fina.

Eu e Malária – 1998

Antônio é um cara importante para a cultura underground amapaense. Ele fez história quando foi vocalista de uma das melhores bandas que tivemos em Macapá, a Little Big. Eles tocaram juntos da segunda metade dos anos 90 até meados de 2002. Os caras agitavam qualquer festa. Quem foi ao Mosaico, African Bar, Expofeiras, Bar Lokau, festas no Trem Desportivo Clube e Sede dos Escoteiros sabe do que falo.

Malária é um daqueles amigos que fazem parte da minha história de uma maneira única e marcante. Toda vez que encontro Antônio, é como abrir um baú repleto de memórias dos “tempos de violência”, quando vivemos o underground da Macapá dos anos 90. Éramos jovens e ousados, sempre ao som do Rock’n’Roll nas ruas, becos e bares da cidade. Isso sempre com as melhores e piores companhias (risos).

Antônio Malária, eu, Ronaldo Macarrão, Marlonzinho (DJ Sinapse) e Marcelo Vampiro. Égua-moleque-tu-é-doido! – 2015

Antônio virou pai de família e dá conta do recado de forma sublime. Gosto de ver sua evolução profissional e estou feliz pelo seu sucesso, pois ele batalhou para ser o excelente profissional que é hoje.

Hoje em dia, a gente pouco se encontra, mas quando rola, é festa, pois eu e Antônio Malária nos gostamos muito, coisas assim que o tempo não destoa. Só fico puto pelo motivo do sacana não envelhecer. Engordei pra caralho e tô cheio de cabelos brancos. Malária completa 50 invernos com a mesma cara de 1994 (risos).

Com o mano Malária, em 2022

Antônio, mano velho, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa sabedoria e coragem. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. Saúde e sucesso sempre. Parabéns pelo teu dia, brother. Feliz aniversário!

Elton Tavares

O trajeto da A Banda através do tempo e antigos pontos de referência (minha crônica saudosista)

Crônica de Elton Tavares

Há 28 anos, saio na Banda pelas ruas de Macapá. Eu e meus amigos esperamos a terça-feira gorda o ano todo (mas em 2024, será hoje domingo (3), por conta do adiamento após fortes chuvas na terça-feira gorda, último 13 de fevereiro) , pois a marcha louca e feliz sempre foi um dos dias mais felizes. Como disse minha amiga Rejane: “o coração batuca na esperança de ver a Banda voltar a passar”. Republico essa crônica por motivos de HOJE TER A BANDA mais uma vez.

A Banda, maior bloco de sujos do Norte do Brasil, tem o mesmo trajeto nestes 59 anos de existência, mas o que ficou pelo caminho do tempo nestas mesmas ruas de Macapá? Fiz uma espécie de resgate (um tanto desordenado) de vários locais que povoam a memória afetiva do macapaense. Deixa suas lembranças agirem e vamos lá:

O ponto de partida do bloco, o mais popular dos festejos de Momo no Amapá, é na esquina da lanchonete Gato Azul e a loja Clark. Os foliões seguirão pela frente da loja A Pernambucana, dobrarão na esquina do Banco Bamerindus (pois “o tempo passa, o tempo voa…); Farmácia São Benedito; Moderninha e da Banca do Dorimar. As pessoas se trombam ao redor dos trios e carros de som. Todos molhados de suor, ou chuva.

A folia desce a Rua Cândido Mendes e o trajeto passa em frente também da Irmãos Zagury – Concessionária da Ford; Farmácia Modelo; do Banap; lojas São Paulo Saldo; Esplanada; Cruzeiro; Hotel Mercúrio; Casa Estrela; Casa Marcelo; Setalar; Tecidos do povo; Tecidos do Sul; A Acreditar; Casa Estrela; Beirute na América, ponte do Canal; Banco Econômico e Farmácia Serrano. Pelo caminho, muitos se juntarão a multidão.

Rainha Mona, Alice Gorda, em A Banda

Os foliões passarão em frente a Fortaleza de São José de Macapá, dobrarão na esquina da Yamada, subindo pela lateral da Feira do Caranguejo, em frente a boate Freedom e subirão a ladeira até o supermercado Romana, na esquina, a curva do Santa Maria. Sempre com os ritmos levantam nosso astral.

A marcha alegre seguirá pela Feliciano Coelho, onde a maioria já estará possuído pela cerveja, passará pelo Urca Bar; Leão das Peças; Cine Veneza e Farmatrem. A Banda chegará à Esquina do Barrigudo, na Leopoldo Machado. Continuará a passar em frente a Acredilar, lanchonete Chaparral, Casa Nabil, Hotel Glória e Baby Doll. Na brincadeira terá folião de toda idade, a maioria na maior curtição, sempre driblando os poucos que querem confusão.

Hoje tem de novo e com a mesma magia. Bora pra A Banda!!

Patrimônio Cultural do Amapá: hoje tem A Banda! Bora para o maior bloco de sujos do Norte do Brasil

Os macapaenses esperam o ano todo para sair às ruas neste domingo (adiado após fortes chuvas na terça-feira gorda, último 13 de fevereiro). Sim, é hoje! Chegou o dia do ápice do Carnaval amapaense, A Banda! E este ano será sua 59ª edição. Alguns verão a Banda passar e outros, como eu, sairão pela cidade cantando e pulando no maior bloco de sujos do Norte do Brasil.

A boneca Chicona e seus amigos Iracema, Vanderlei, Arizinho e Arimatéia estão prontos e vão ganhar mais cinco colegas bonecos, em homenagem a outros fundadores do bloco e tradicionais foliões de Macapá. A organização estima que 220 mil pessoas participarão da edição deste ano. São mais de 7,5 quilômetros de música, suor, birita, cores e alegria pelas ruas do Centro de Macapá.

Todo ano é a mesma coisa. Acordo, banho, como algo leve e vou para a concentração às 14h.A Banda foi fundada no carnaval de 1965, pelos foliões Nonato Leal, professor Savino, Jarbas Gato, tenente Pessoa, Amour Jaci Alencar e José Maria Frota. E lá se vão 59 anos!

Na Banda a gente ri dos amigos, ri da gente, ri de estranhos. Nós bebemos debaixo de sol e chuva. Subimos e descemos ladeiras, rodamos as vias de Macapá num incrível espetáculo colorido e democrático.

Hoje o espírito folião de Macapá aflora e A Banda passa sem papas na língua. O improviso e a desorganização são marcas registradas dos foliões. Alguns satirizam a política local e nacional com faixas e cartazes, sempre em tom de ironia, deboche e o bom humor multifacetado do carnaval. Milhares de caras vestidos de mulheres e a criatividade sacana dos brincantes não têm limites. Tem de tudo, até manifestações artísticas.

Saio na Banda há 28 anos. Sempre na paz e acompanhado de amigos. Que hoje seja assim de novo. A marcha louca leva pra rua a massa. Nela, a gente perde a tristeza, acha a folia de mãos dadas com a alegria.

A marcha alegre nos faz esquecer o cansaço dos dias e da realidade, com seus cheiros, música, fantasia e mágica. Lá nós vemos de tudo e nos divertimos muito com isso.

A Banda faz parte da nossa Cultura. É uma tradição do Carnaval amapaense, uma manifestação popular incrível, um verdadeiro show de irreverência e humor. Eu me ‘esbaldo’ na festa, pois a marcha é alegre. E bote alegre nisso! Estarei de Pirata entre os milhares de foliões. Desejo uma ótima brincadeira a todos.

Elton Tavares

Sobre quando encontrei o velho professor Edésio na Banda, uma história de Carnaval – Crônica de Elton Tavares

Eu e o querido professor Edésio – Foto: Patrick Bitencourt

Crônica de Elton Tavares

Em fevereiro de 2015, em uma Terça-Feira Gorda, nós seguíamos na A Banda, a rua cheia de gente, milhares fantasiados… E o Patrick Bitencurt, meu velho amigo e companheiro no bloco de sujos há 27 anos, diz: olha quem tá ali.

Olhei para a calçada do antigo “Urca Bar” e… Égua! Avistei Edésio Lobato de Souza. Sim, o lendário professor Edésio. Fiquei feliz de vê-lo, pois o cara sempre foi porreta. Quem, como eu, estudou no Colégio Amapaense (CA) na primeira metade dos anos 90 entende o motivo de “lendário”.

Edésio foi um professor de matemática brilhante e diretor do velho CA por anos. Mesmo com as aulas particulares que frequentei na casa dele, no bairro do Trem, em meados de 1990, odeio matemática. Sempre odiei. Aliás, fui reprovado algumas vezes e nas outras passei raspando, isso na recuperação.

De tão engraçado e caricato, Edésio multiplicou amigos, adicionou admiradores, subtraiu tristezas e dividiu alegrias. Sim, ele era e é um cara pai d’égua. Apesar de irreverente, todos os seus alunos e colegas professores o respeitavam.

Edésio foi um diretor que apoiava as atividades esportivas, gincanas, feiras de ciências ou qualquer programação que envolvia os alunos do CA. Além disso, era chapa de todos, quem ia pra diretoria levava uma senhora escrotiada, mas nada além disso. A não ser que fosse um caso grave e tals.

Em novembro daquele mesmo ano, Edésio fez sua subida tridimensional, como diz o Fernando Canto sobre o desencarne. Foi a última Banda dele, o seu último Carnaval. Pelo menos nesse plano.

A gente sente saudades de vê-lo fantasiado de homem das cavernas (naquele dia, o cara ainda fez um barulhinho tipo grunhido do personagem de sua fantasia). Ele sempre foi uma figuraça. Essa foi mais uma história de Carnaval e memória afetiva deste folião incorrigível.

Valeu, Edésio!

Pedro Aurélio Júnior (DJ J Doppler) gira a roda da vida. Feliz aniversário, primo/irmão! – @P_Aureli0

Eu, Bruna e Pedro, em uma das apresentações dele.

Hoje é o dia do DJ J Doppler, que para mim sempre será o Pedro Aurélio Júnior, meu primo querido, meu irmão caçula e sempre parceiro. Pois é, sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amor ou amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Neste segundo dia de março, o cara gira a roda da vida e chega aos 29 anos. E por isso, lhe rendo homenagens.

Conhecido por muita gente como o talentoso “DJ J Doppler” (que tem se destacado tocando em festas privadas e casas noturnas de Macapá), o nosso Pedrinho é um cara porreta. Sempre digo que eu já era adulto quando ele e Ana (nossa prima de mesma idade dele) chegaram e trouxeram ainda mais alegria pra nossa família. E foi assim mesmo. Amo os dois, que são tão diferentes, mas igualmente importantes para mim.

Nossas primas Jamila, Paula e Ana. E eu e Pedro.

Bacharel em Direito e colaborador da Cunha & Tavares Consultoria, Pedro é DJ (como já dito), são-paulino sofredor persistente, amante de Rock and Roll, música eletrônica, cervejas especiais e também esportista (já foi praticante de artes marciais, jogou bola, tênis e foi corredor de rua, hoje em dia tira a cana do corpo em academias). Ele também é o filho caçula do tio Pedro e namorado da muito querida Bia Ribeiro.

Pedro Júnior é um querido amigo, pois sim, existem parentes que não são amigos. O cara é parceiro pra fazer qualquer tipo de missão chata e também para curtir as coisas boas. A gente segue junto na louca estrada de tijolos amarelos da vida, pirando junto, se ajudando mutuamente e com muito humor ácido e brodagem.

Eu, Bruna, Bia e Pedro

Como DJ J Doppler, ele tem tido notoriedade na cena de música eletrônica amapaense. O artista conquistou espaço, ganhou não apenas o coração do público, mas também os elogios de DJ’s veteranos. E isso não é à toa, pois o moleque se dedica, estuda, corre atrás. Ele dá o seu batalho. E merece se dar muito bem nessa carreira. Faço a minha parte, como seu assessor de comunicação e divulgador 0800 (mas já disse que quando ele estiver rico e famoso, terá que me levar junto, rs).

Mesmo com nossas diferenças de pensamento, comportamento ou algo do tipo, o consideramento e amor são reais. E boto fé que é recíproco.

Com o primo querido.

Pedro, que seu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que a Força esteja com você. Que sigas com essa sabedoria (sei que sabedoria não é o meu ou o teu forte, pois a gente é doido, mas torço né?) e coragem. Que Deus sempre ilumine o teu caminho. Que a gente ainda beba, ria e pire muito juntos. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. E que tu sigas pisando forte e marcando presença ao longo da jornada. Saúde e sucesso sempre. Parabéns pelo teu dia, maninho. Te amo! Feliz aniversário!

Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar” – Machado de Assis.

Elton Tavares

Ser paradoxal – Crônica de Elton Tavares

Crônica de Elton Tavares

Sabem, escrevo textos, em sua maioria, sobre fatos ocorridos comigo ou que vi acontecer. Noutros poucos, relatos que misturam confissão e ficção.

Essas crônicas, quase todas autobiográficas, fazem um mapa do Elton paradoxal. Sim, como alguns criticam, o escrito é sobre este jornalista (portanto, se não quiser saber, nem continue. Vá ler algo útil).

Esse paradoxo é constante, entre um figura espinhoso e amoroso no mesmo avatar, mas quem não é um tantinho “contradizente” em seus respectivos universos pessoais?

Vou explicar. Já subi a ladeira com falsos caretas, mas preferi descê-la com os malucos sinceros. Detesto amizade de mão única, seja na diversão ou nos negócios. Tem que ter reciprocidade sempre.

Aliás, pra mim a palavra dada não faz curva. O que não posso dizer de muitos “parceiros”.

Levo a vida de maneira apaixonada pela família, namorada, amigos, boemia e trabalho. Aliás, minha família é PHODA e LINDA. Que fique registrado.

Observo as asas e até voo alto, às vezes. Viajo, literalmente pra outro lugar ou dentro da minha cabeça, mas sempre volto a colocar os pés no chão, pois nunca traio a minha raiz, a base, o meu próprio código de honra. Sim, vivo nos meus termos, com algumas concessões necessárias.

Porém, ao mesmo tempo que amo demais os meus, peso a mão em alguns momentos (com estranhos sempre), até com os afetos.

É o paradoxo. “De um lado este carnaval, de outro a fome total…”, diria Gilberto Gil.

Minha personalidade é fanática por mim mesmo, cheia de verdades rasas e profundas. Mas se eu errar, peço desculpas verbais e escritas. Sem medo ou orgulho.

Me embriago de cerveja, vinho, música, literatura, cinema, neuras, virtudes. Vivo os dias por obrigação, ofício ou dever, e também com altas doses de prazer. Gosto do que faço, pois, por ser jornalista e escritor, vivo literalmente de palavras. Entretanto, amo mesmo é a vida noturna, seja colado na mulher amada ou nas rodas de birita, músicas e conversas de um bar. Tenho a sorte de ainda tomar mais cachaça que remédios.

Apesar de, profissionalmente, conviver com o poder, nunca me deslumbro, pois sei que não sou mais que um peão no tabuleiro. Porém, trato isso com muita responsa e respeito, pois é o trampo que paga a vida que gosto de ter. O lance é não se deixar cegar na jornada.

Não sigo cronologia, misturo tudo. As crônicas que redijo são cheias de memórias afetivas, vivências, tomadas no cu e vitórias (que são a maioria, ainda bem). Nunca passo em brancas nuvens. Sempre marco presença, seja para o bem ou para o mal. E haja proteção celeste nos N assuntos cabulosos que dou uma de enxerido com meus achismos.

Como já disse em outra crônica: “Escrevo para não deixar meus pensamentos parados”.

O mais legal é que, agora, sigo 90 por cento menos marginal, brigão ou maquiavélico, mas sempre anarquista, graças a Deus.

É… Já fui malandro, dotô, hoje estou regenerado, já dissertam os Titãs na música “ Senhor Delegado / Eu Não Aguento” (que serve como uma luva para este cronista).

É… “Já fui macaco em domingos glaciais”, no dizer do Raulzito, na canção “S.O.S.”

No resumo da ópera rock, trata-se de um mero relato das experiências vividas. Algumas digressões do passado e fatos do presente, com menos salas esfumaçadas, mas sempre com cervas enevoadas ou vinho tinto. Ou trabalhando muito para pagar tudo isso.

Sigo, com menos frequência, pelos bares, botecos, demais locais de habituais e divertidas bebedeiras sem a necessidade de criar roteiros. Muitos desses encontros etílicos viraram crônicas, como os excelentes papos molhados com o Fernando Bedran, o libanês da cidade velha paraense.

Tento ser um “dizedor de verdades”, como diz o poeta Luiz Jorge. Mesmo com minha língua/caneta ferina (melíflua e exata – Uma beija e a outra mata), no olhar do escritor Fernando Canto.

Tento não redigir frases cegas com meu humor cínico ou achismo ácido. Como tô no parafrasear de muitos ídolos, grifo a Rita Lee Jones, que virou saudade há pouco tempo: “Onde quer que eu vá, lá estarei eu” e “mistério sempre há de pintar por aí”, Gilberto Gil, de novo.

É… O Elton Tavares, como gosto de assinar minhas crônicas e textos de trampo; ou o Godão, personagem boêmio que percorre os piores e melhores bares de Macapá desde a primeira metade dos anos 90, são dois lados da mesma moeda.

O bem e o mal? Não sei dizer. Cada um com muitas coisas que gosto e peculiaridades que detesto, mas que são elementos do ser paradoxal. O inventário dos meus arrependimentos é muito menor do que as merdas que fiz e valeram a pena.

Sim, sigo meio emburrado e meio boa praça, cheio de amor, um pouco de ódio, muita coragem, meio altruísta e meio egoísta, sempre com pouca paciência. Despudoradamente sincero e original, porém felizão nessa roda viva do viver e aprender. É isso!

Elton Tavares

Não deu pra escrever algo legal. Então vamos beber! – Crônica de Elton Tavares – *(Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bençãos e Canalhices Diárias”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Crônica de Elton Tavares

Mesmo que minha vontade grite em meus ouvidos: “escreva, escreva”, a força criativa não estava muito inventiva na sexta-feira. Mesmo assim, resolvi tentar atender tais sussurros.

Você, meu caro leitor, sabe que gosto de devanear/ “cronicar” sobre tudo. Escrevo sobre o que dá na telha e tals. Só que hoje não. Pensei em escrever uma lista de clássicos do Rock and Roll, shows das grandes bandas que assisti, uma lista de meus filmes preferidos; quem sabe redigir sobre futebol (pênalti perdido pelo Roberto Baggio em 1994, que me fez beber pra cacete), carnaval, amor ou política, mas apesar da inquietação, nada flui. É, tudo pareceu tão óbvio, repetitivo e desinteressante este momento. Foda!

Quem dera ser um grande contista ou cronista. Ser escritor, de verdade, deve ser legal. Não falo de “pitacos” e devaneios em um site – sem nenhum tipo de ironia barata. E sim de caras que possuem livros publicados, bibliotecas na cabeça, bagagem cultural e não pseudo-enciclopédias, que só leram passagens ou escutaram fulanos contarem sobre obras literárias lidas. Talvez, um dia, eu chegue lá. Quem sabe?

Mesmo que seja sobre uma bobagem, precisa-se de merda engraçada, porreta de se ler. Às vezes escrevo assim, de qualquer jeito. Por que? Dá muito trabalho contar uma história ou estória de forma bem escrita, oras. Quem dera pensar: agora vou me “Drummonizar” e voilà: escrever um “textaço”. Não, não é assim. Já ri muito de alguns velhos posts pirentos por conta disso.

Por fim, vos digo: textos ruins parecem cerveja quente em copo de plástico, ou seja, não rola. Já uma boa crônica parece mais uma daquelas cervas véu de noiva de garrafas enevoadas, na taça, claro.

E já que não deu pra escrever algo caralhento, vamos beber, pois é sexta! Bom final de semana pra todos nós!

“Acho que a gente devia encher a cara hoje, depois a gente fala mal dos inúteis que se acham super importantes” – Charles Bukowski.

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em 2020.

Juiz Marconi Pimenta gira a roda da vida. Feliz aniversário, amigo! – @marconipimenta

Eu, jornalista Bernadeth Farias, juiz Marconi Pimenta e jornalista José Menezes, em encontro de trabalho na Judicirádio do TJAP, – Janeiro de 2024.

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Uma dessas pessoas é o Marconi Pimenta. Ele gira a roda da vida neste primeiro dia de março e lhe rendo homenagem, pois além de juiz competente e lutador pelas boas causas. Ou seja, um cara gente fina!

Cearense de Carnaubal, Pimenta é um nordestino que escolheu o Amapá como lar e por aqui vive há 31 anos. No início de 2013, comecei a trabalhar na assessoria de comunicação do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP). Marconi Pimenta, juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP), integrou a Corte Eleitoral no período que trabalhei lá.

Eu, jornalista Ricardo Medeiros e juiz Marconi Pimenta, em 2013.

Marconi é e sempre foi um cara paid’égua comigo ( e com todos). Durante minha passagem pela Justiça Eleitoral, Pimenta sempre foi gentil, solícito, com bom humor em alto nível, Além de magistrado sério e competente, o cara é brincalhão, boa praça, calmo e contemporizador.

O reencontrei no ambiente profissional ano passado, quando passei a integrar a equipe de comunicação do TJAP e toda vez que nos encontramos durante uma entrevista, evento ou simples controlada de trampo, é porreta demais. São rápidos encontros com risadas certas.

Inteligente, muito religioso, bem humorado e coerente, além de magistrado aguerrido e engajado, Marconi Pimenta é um pai e marido amoroso.

Com o amigo Marconi, em 2023

Nunca tinha escrito um texto de aniversário para o Marconi pimenta, pois tinha medo de ser jogado pelos idiotas de plantão na vala comum dos puxa-sacos, mas deixei de bobagem.

Em resumo, a gente nem sempre consegue fazer amigos no trabalho. Tenho a sorte de conseguir na maioria das vezes e o Marconi, acredito ser, uma dessas pessoas. Boto fé que o “consideramento” é recíproco. Pois o “Dôtô” é gente boa demais.

Marconi, querido amigo, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa sabedoria e coragem. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. Saúde e sucesso sempre. Parabéns pelo teu dia, Pimenta. Feliz aniversário!

Elton Tavares

Orlando Júnior gira a roda da vida. Feliz aniversário, brother! – @Orlando_Fla_Jr

Com Orlando, no trampo, em 2013.

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Uma dessas pessoas é o Orlando Júnior. Ele gira a roda da vida neste vigésimo oitavo dia de fevereiro e lhe rendo homenagem, pois além de competente profissional é um brother gente fina!

Com o competente Orlando Júnior, no TRE/AP, em março de 2023.

Graças à Deus ou qualquer que seja o nome da força que rege tudo, muita gente já me ajudou na vida profissional. Uma dessas pessoas é Orlando Júnior.

Professor universitário, bacharel em Direito, servidor do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP), ex-jogador de futebol (disque jogava muito), dirigente de carnaval (Buritizal convicto, mas freguês do meu piratão), remista enjoado, flamenguista fervoroso, fã de Rock and Roll, pai e marido dedicado, além de amigo fiel aos seus, Orlando Júnior é um baita cara porreta!

Com Orlando, em uma porreta reunião etílica, em 2023.

No início de 2013, comecei a trabalhar na assessoria de comunicação do TRE. Cheguei com muita vontade de fazer valer a grande oportunidade profissional em 8 anos de jornalismo (na época). Orlando foi a primeira pessoa que entrevistei. Ele me ajudou muito na minha passagem pela Justiça Eleitoral.

Sempre sério no Tribunal, o cara é um gozador fora de lá. Gente boa pra caramba e com afinidades descobertas, nos tornamos amigos. Ele está no grupo de amigos que fiz nos quatro anos que trampei no TRE.

Com Orlando, em nosso último encontro, no Carnaval 2024 (porres, kkk)

Com o Orlando, já passei perrengues de trampo em Macapá e no interior. Viajamos juntos algumas vezes e ele sempre foi parceiro. O baixinho, que é invocado quando preciso, vive me chamando de gordo. Ambos os apelidos apropriados (risos). Além de inteligente, o cara é malandramente safo, pois “manja das paradas”, por assim dizer.

A gente nem sempre consegue fazer amigos no trabalho. Tenho a sorte de conseguir na maioria das vezes e o Orlando é mais um grande parceiro que o trampo me deu. De vez em quando, a gente molha a palavra, bate muito papo, escuta som e ri. Dou valor nesse cara e boto fé que o consideramento é recíproco.

Orlando, querido amigo, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa sabedoria e coragem. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. Saúde e sucesso sempre. Parabéns pelo teu dia, brother. Feliz aniversário!

Elton Tavares

Os Dicks Vigaristas que encontramos na vida – (do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”)

O Dick Vigarista (Dick Dastardly) é um personagem fictício e vilão que surgiu na série Corrida Maluca (Wacky Races), criado por Hanna-Barbera. Vivemos um momento onde se discute muito as questões éticas. Isso é bom, mas ao mesmo tempo é uma pena que já não tenha se tornado um assunto superado. Quero dizer que ninguém mais discute o fim da escravidão, democracia, etc, porque todos concordam quanto a isso. Ética deveria estar nesse nível também.

O roteiro era quase sempre igual: alguns pilotos birutas correndo com carros muito esquisitos por estradas totalmente doidas. Todos largavam juntos, mas Dick Vigarista, o vilão da estória tinha sempre um plano maligno para parar os outros pilotos e com isso conquistar a vitória, sozinho.

Acontece que ele começava muito bem as corridas, disparava na frente e ao invés de visar somente a linha de chegada, parava para desenvolver uma armadilha, com o objetivo de tirar todos os adversários do páreo. A armadilha nunca dava certo e os dois eram ultrapassados por todos os outros.

Conheço vários Dicks Vigaristas, homens e mulheres que fazem de tudo para vencer por meio de trapaças (inclusive revi uma pessoa assim ontem que, aliás, “vigarista” a define bem). Essa postura detestável de se dar bem todo o custo ao executar todo tipo de tramoia é reflexo de inveja, falsa esperteza (pra não dizer canalhice) até mesmo incompetência. Mas, no final das contas, figuras assim sempre se dão mal e não saem da merda.

Não que eu seja nenhum “Peter Perfeito”, o falso certinho do mesmo desenho. Mas abomino esses malucos que canalizam suas forças em atrapalhar ao invés de produzir em benefício próprio. O pior é que, pelo jeito, vou ver o tal Dick Vigarista em muitas corridas malucas do cotidiano. Entretanto, farei o que sempre fiz, a minha parte. É isso.

Elton Tavares

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em 2020.

Flip não dá outro (crônica) – Por Ruben Bemerguy – Contribuição de Fernando Canto

“TEXTINHO?

Recebi do amigo Ruben Bemerguy o texto abaixo que ele chama modestamente de “Textinho”. Vejam só a riqueza da sua escritura e o desenho de sua memória em relação a pessoas que viveram a velha e romântica Macapá. E o Flip? Quem, como eu, não provou desse refrigerante genuinamente amapaense na década de 1960 e início dos anos 70? Provem, então, desse sabor borbulhante do Ruben” – Fernando Canto.

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa” – Chico Buarque de Hollanda.

Moisés Zagury

Flip não dá outro

Muito embora se possa pensar, e não sem alguma razão, que me decidi por uma literatura lúgubre, digo sempre que não. Também digo não ser essa uma expressão de meu luto. Não. Não escrevo sobre os mortos porque morreram simplesmente. O faço como quem ora, sempre ao nascer e ao pôr-do-sol, em uma sinagoga feita à mão, desenhada n’alma da mais imensa saudade. Escrevo também para que os meus mortos permaneçam vivos em mim. Morreria mais apressadamente sem a memória dos que amei tanto. É só por isso que escrevo. Porque os amei e ainda os amo.

E quando esses meus amores partem e com eles já não posso mais falar, passo, insistentemente, a dialogar comigo. É um diálogo franco e, de fato, inexistente. Sempre que tento assumir a função de meu próprio interlocutor, uma súbita impressão de escárnio de mim mesmo me faz parar, e aí calo. Toco a metade de meu dedo indicador direito, verticalmente fixo, na metade de meus lábios, como a pedir silêncio a minha insensatez. Taciturno, faço vir à memória de um tudo.

É por isso, e tanto mais, que ando sempre atrasado. Demoro a escrever e quando decido o faço tão pausadamente que chego a aprender de cor todo o texto. Por exemplo, se medido o amor que tinha por meu tio Moisés Zagury, há muito me obrigava a ter escrito. Mas minha inércia não é voluntária e, por isso, não a criminalizo. Não há relação entre o tempo da morte e o tempo de escrever. A relação é de amor e é eterna. A morte e a palavra, ao contrário de mim, não se atrasam. Além disso, em minha vida andam juntas, nem que seja só em minha vida. Isso já aprendi, porque as sinto frequentemente, desde criança, tanto a morte quanto a palavra.

E é desde criança que lembro do tio Moisés. Lá, estive muitas vezes no colo. Pensei que adulto isso não mais aconteceria, mas aconteceu até a última vez que o vi. No aeroporto, quieto em uma cadeira de rodas, ele ia. Tinha um olhar paciente, de contemplação, de reverência a Macapá e, sem que ele percebesse, eu em seu colo observava obcecadamente cada movimento dos olhos, queria traduzir e imortalizar aquele momento. Não consegui e até hoje tento imaginar o que o tio Moisés dizia pra cidade. Acho que tudo, menos adeus. Macapá e o tio eram inseparáveis. Essa era a terra dele e ele o homem dela. Isso é inegável. Por baixo das anáguas de Macapá ainda velejam o líquido de ambos: do tio e da cidade.

O tio conheceu a cidade cedo. Ele, moço. Ela, moça. Daí, foi um passo para ser o abre-alas dela. Tinha dom. Rascunhavam-se incessantemente um ao outro. Eu os vi várias vezes passeando, trocando carícias. Ela costumava cantar para ele, enquanto ele fabricava um xarope de guaraná. O Flip. Flip guaraná. Dentro de cada garrafa havia um arco-íris. A fórmula era segredo do tio e da cidade, e até hoje o é. Por isso, só o tio conseguia pôr arco-íris em uma garrafa de guaraná. Acho mesmo que o Flip era feito da seiva da cidade. Eu o Tomava gut gut.

O Flip não foi só o primeiro guaraná produzido aqui. Não foi também só a primeira indústria. O Flip, me conta a memória, foi o cenário auditivo mais preciso de minha lembrança. Era a propaganda que anunciava promoção de prêmios a quem encontrasse no guaraná, além do arco-íris, o desenho de um copo no interior da tampinha da garrafa. O copo, sinceramente, não era minha grande ambição. O sabor estava mesmo na propaganda que vinha pelas ondas das rádios Difusora e Educadora, se bem lembro. Era o som de um copo quebrando, esquadrinhado por uma indagação seguida da solução: “Quebrou?. Flip dá outro”. E dava mesmo.

Não sei se por ingenuidade da infância ou ignorância, o que aquele sorteio me fixou é que tudo era substituível. Se o copo quebra, Flip dá outro. Se a bola fura, Flip dá outra. Se a moda não pega, Flip dá outra. Se o tempo passa, Flip dá outro. Se o ar falta, Flip dá outro. Se o amor acaba, Flip dá outro.

Não me cabe agora eleger um culpado pela singeleza de minha compreensão da vida. Fico cá a suspeitar do arco-íris, e nem por isso me zango. Se me fosse permitido optar entre a idade madura e o arco-íris, escolheria o arco-íris sem piscar. Mas isso não é possível, agora eu sei. A bola fura, a moda pega, o tempo passa, o ar falta e o amor acaba. Tudo, é claro, por falta do Flip.

É um desconforto viver sem Flip. Todas as vezes que a vida me recusa, eu lembro do Flip. Mesmo assim, não digo nada a ninguém. Chamo num canto os arco-íris que conservo desde tanto, faço mimos, beijo os olhos, o rosto, e sossego. Vem sempre uma chuva fina. Eu me molho e a guardo. Guardo muitas chuvas. Quando se guarda bem guardadinha, a chuva não dói. Só dói é saber que Flip não dá outro. Poxa, quanta saudade do meu tio.

Ruben Bemerguy

Odeio usar uniforme – Crônica de Elton Tavares – *Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”

Ilustração de Ronaldo Rony

Crônica de Elton Tavares

Odeio usar uniforme, de qualquer espécie ou modelo. Se gostasse disso, seria militar ou algo assim. Mas realmente, eu passo.

Usei uniforme em alguns lugares que trabalhei, antes de ser jornalista, mas acredito que neste ofício, não precisamos desse papo. Para vocês terem ideia da minha aversão a vestimentas “iguaizinhas”, leiam este e-mail, enviado na época em que trabalhei em um conceituado Portal de notícias:

Boa tarde Senhora – Nome da chefe de redação, que eu prefiro não postar aqui.

Estou com um problema atípico aqui. Recebi, na última sexta-feira (15), duas camisas do novo uniforme do Portal e sinto informar que o traje ficou apertado em demasia e eu não me sentirei bem em usá-lo no dia a dia.

Não quero parecer rebelde, sei da importância da padronização em uma instituição como o Portal. Peço a compreensão da senhora, porém sou um homem acima do peso e não uso, há muito tempo, roupas justas.

Entendo que a blusa não interfere, em nada, na minha atuação ou nos textos jornalísticos. Gosto muito de trabalhar nesta instituição, não meço esforços para atender as necessidades do plantão ou dos nossos sites locais. Espero que a senhora entenda, pois não irei usar a referida vestimenta”.

Após este e-mail, nunca mais me cobraram o uso do tal uniforme (risos).

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em novembro de 2021.

Administrador Edmar Santos gira a roda da vida. Feliz aniversário, “Zeca”!!

Edmar, eu e meu irmão Emerson, em algum piseiro do passado

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amor ou amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Também me gabo de ser um cara de sorte, pois tenho muitos amigos longevos. São pessoas que posso passar tempos sem encontrar, mas se eu precisar, eles não me faltam. Com alguns tenho um laço de afeto, amor e parceira há quase três décadas. Um deles é o Edmar Campos Santos, o nosso querido “Zeca”, que gira a roda da vida pela 50ª vez neste vigésimo sexto dia de fevereiro. Por ser um cara fantástico, rendo homenagens a esse irmão de jornada.

Edmar é administrador socioambiental, servidor público e barbeiro (sim, o brother é multifacetado e virado pra trampar). Mas acredito que os papéis que ele desempenha melhor ainda do que seu lado profissional é o de amoroso pai da Duda, marido da Eva e filho caçula da dona Osvaldina.

Com o Zeca. A gente já aprontou muito nessa vida.

Zeca é meu irmão de coração. Eu e ele já passamos por muita coisa juntos. Sim, a gente aprontou muito nesta vida. Nos conhecemos no Colégio Amapaense, em 1990. Mas nos tornamos parceiros mesmo em 1994, há exatos 30 anos.

O Zeca era um dos caras mais safos da nossa época de Colégio. Parecia sacar de tudo um pouco. Edmar já era politizado pra idade e me abriu os olhos para muita coisa.

Zeca, eu, Helder “DT” e Emerson (meu irmão), em alguma cachaça lá em casa, no final dos anos 90.

Eu e Zeca “gazetávamos” aula e íamos beber no Xodó. Escutávamos todas as histórias que Albino contava, ouvíamos suas músicas antigas, ríamos quando ele cortejava as garotas e fingíamos surpresa a cada vez que ele nos mostrava seu diploma em “couro de carneiro”. Nós adorávamos aquele saudoso coroa. Ele era divertido.

Com o Edmar, comemorei títulos do Flamengo (assistindo juntos, nunca perdemos uma final); dei porrada em babacas (a gente venceu a maioria das lutas de rua em que nos metemos e ele foi certamente o cara com quem mais me arrisquei na vida); curtimos carnavais e festas de Rock e Samba. Já bebemos mais cervejas juntos do que posso contabilizar, já tivemos um bar, já saímos no braço, já discutimos muito e, em várias situações complicadas, nos apoiamos. Nunca enfrentei tantos perigos com outro figura quanto com ele.

Eu, minha namorada Bruna Cereja, Zeca (Edmar), Duda e Eva – A Banda – 21/02/2023

Assim como eu, Zeca é um cara genioso, mas de bom caráter. Ele é um daqueles amigos que sei que posso contar e é recíproco. É bom olhar pra trás e não nos arrependermos de todas as cagadas que nos metemos juntos, pois estamos bem (temos durado, mano).

Edmar também foi um dos amigos que me deu apoio na época da morte de meu pai, em 1998. Zeca é leal, confiável e sempre tem um sorriso no rosto, mesmo nos momentos mais difíceis. Sou muito grato por isso.

Eu e Zeca – A Banda – Julho de 2022

Hoje em dia, o Zeca bebe pouco, está feliz com a família e no trampo. Agradeço a Deus por isso. Nos encontramos uma vez ou outra e é sempre bacana. A gente ri das merdas que já fizemos. Este parabéns público é para mostrar minha consideração, amizade e respeito por ele.

Zeca, mano velho, que sigas sempre tua jornada com saúde e desse jeito: “impávido que nem Muhammad Ali, tranquilo e infalível como Bruce Lee“, como diria Caetano Veloso. Que teu novo ciclo seja ainda mais porreta, com saúde e sucesso. Que tua vida seja longa, no mínimo por mais 50 anos (é um milagre, mas tu te garantiu chegar no meio século, RS). É uma honra ser teu amigo. Parabéns pelo teu dia, irmão. Feliz aniversário!

Elton Tavares