Concurso vai escolher identidade visual do cartaz do Círio de Nazaré 2024

A Diocese de Macapá realiza de 22 de abril a 3 de maio as inscrições para a 3ª edição do concurso de escolha da identidade visual do cartaz da festividade do Círio de Nazaré 2024. As inscrições acontecem na secretaria da Catedral São José, no horário de 8h às 12 ou de 14h às 18h e são gratuitas. Clique aqui e confira o Edital do Concurso. Confira aqui os elementos gráficos para a arte do cartaz.

O edital do concurso foi publicado na segunda-feira (15/4) com as regras para participação e orientações aos candidatos. O vencedor do concurso recebe um prêmio no valor de R$ 1 mil (um mil reais) e a apresentação do cartaz acontece no dia 20 de maio, às 11h, na Catedral Histórica São José.

De acordo com o edital, para participar o candidato deve no ato de inscrição apresentar a versão impressa do cartaz de acordo com as medidas exigidas no documento, bem como deverá disponibilizar a versão editável do arquivo em CorelDraw e em pdf para avaliação da comissão organizadora. O candidato também deverá comprovar residência no Estado do Amapá por meio de documentos válidos para isso.

Com a publicação do edital a Diocese de Macapá também anuncia o tema e o lema do Círio de Nazaré deste ano que nortearão as reflexões da festividade. O tema escolhido pela comissão organizadora foi “Em oração com Maria aprendemos a amar e servir, para que o Reino de Deus aconteça!” e o lema com a inspiração bíblica “ Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38).

Segundo a comissão organizadora, a temática do Círio deste ano é baseada na “oração com Maria, que é para nós modelo de amor e serviço. Isso significa que a oração do cristão tem como finalidade não tanto obter alguma coisa ou alguma graça, mas fazer com que estas atitudes realizem o Reino de Deus que Jesus veio anunciar”.

Serviço

Concurso para escolha do Cartaz do Círio de Nazaré 2024
Inscrição: 22 de abril a 3 de maio de 2024
Local: Secretaria da Catedral São José – Av. Gen. Gurjão, nº. 588 – Bairro Central – Macapá-AP, em horário comercial, das 8h às 12h e de 14h às 18h.
Informações: (96) 9 9139-0682 – Pastoral da Comunicação | (96) 9 9167-4731 – Secretaria do Círio de Nazaré

Diocese de Macapá
Pastoral da Comunicação: (96) 98414-2731

Abertas inscrições para submissão de resumos em evento sobre arte-educação e acessibilidade cultural

A coordenação do I Norte de Arte Acessível: Ciclo de Formação em Acessibilidade Cultural na Educação Básica está recebendo a submissão de resumos expandidos para apresentação durante o evento, que ocorrerá de 24 a 27 de abril de 2024 na Universidade Federal do Amapá (Unifap) e na Universidade do Estado do Amapá (Ueap).

Interessados têm até 20 de abril para inscrever seus resumos no site https://www.even3.com.br/inac/, que devem ser nas áreas temáticas “Prática Pedagógica e Artística de Acessibilidade Cultural em Espaços Diversos” e “Prática Pedagógica e Artística de Acessibilidade Cultural na Educação Básica”.

O I Norte de Arte Acessível: Ciclo de Formação em Acessibilidade Cultural na Educação Básica busca problematizar a formação em acessibilidade cultural no ensino superior e sua aplicação pedagógica, em espaços diversos, com ênfase na Região Norte, a partir do estado do Amapá.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA

O evento é realizado de forma conjunta entre a Unifap, a Universidade do Estado do Amapá (Ueap) e o Instituto Federal do Amapá (Ifap), com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio do Programa de Apoio a Eventos na País para a Educação Básica (Paep-EB).

O tema do evento é sobre Arte/Educação e Acessibilidade Cultural, destinado a docentes da educação básica, com ênfase às atuações na área de Arte e Inclusão, e estudantes de cursos de Licenciatura. A programação contará com os recursos de Libras, audiodescrição, sinalização facilitada e monitoria de recepção informativa.

A programação conta com três momentos: Seminário Temático, Oficinas de Formação e Mostra Artística. O “Amapá Cena Acessível” se configura como o primeiro Festival de Artes da Cena e Acessibilidade Cultural do Estado do Amapá e se configura como a programação cultural do Evento.

O I Norte de Arte Acessível: Ciclo de Formação em Acessibilidade Cultural na Educação Básica é uma das ações comemorativas dos 10 anos de criação do Curso de Licenciatura em Teatro da Unifap.

Serviço

I Norte de Arte Acessível: Ciclo de Formação em Acessibilidade Cultural na Educação Básica

De 24 a 27 de abril de 2024. Evento totalmente gratuito. Submissão de resumos expandidos podem ser realizadas até 20 de abril. Inscrições para o congresso, programação geral e submissão de resumos estão sendo realizadas no site https://www.even3.com.br/inac/.

Ascom Unifap

Hoje é o Dia Mundial da Terra (data para reflexão sobre o nosso lar no Universo)

Hoje é o Dia Mundial da Terra. A data foi criada em 1970, pelo senador norte-americano Gaylord Nelson que resolveu realizar um protesto contra a poluição da Terra, depois de verificar as consequências do desastre petrolífero de Santa Barbara, na Califórnia, ocorrido em 1969.

Desde então, no dia 22 de abril, milhões de cidadãos em todo o mundo manifestam o seu compromisso na preservação do ambiente e da sustentabilidade da Terra. Neste dia educativo escrevem-se frases e poemas sobre a importância do planeta Terra nas escolas, entre outras atividades.

É possível juntar-se a atividades existentes, criar eventos próprios, doar dinheiro, ou tomar simples atos como plantar uma árvore ou separar o lixo, por exemplo.

O Dia Mundial da Terra conta já com mais de mil milhões de atos realizados em prol do ambiente ao longo da história. É o maior dia do ano para o planeta Terra, desejando que todos os habitantes do mundo realizem algum ato que o proteja. Este ato será uma espécie de semente para regar durante o resto do ano.

Nesta data são debatidos temas como aumento da temperatura global da Terra; extinção de espécies animais; aumento do nível dos oceanos; escassez de água potável; maior número de catástrofes naturais, como tempestades, secas e ondas de calor.

Há muitos anos, quando eu era ignorante sobre a importância do assunto, jogava lixo nas florestas, no Rio Amazonas ou em qualquer lugar inapropriado. É essencial que tenhamos sensibilidade, educação e consciência sobre a preservação do nosso lar no Universo. O mundo está morrendo, aos poucos, mas está. E a fragilidade do nosso planeta precisa ser explicada para podermos adiar a extinção dele e, consequentemente, a nossa.

“Senhor cure a nossa vida, para que possamos proteger o mundo e não o depredemos, semeando beleza e não poluição e destruição” – Papa Francisco.

Elton Tavares
Fonte: Calendar

Poema de agora: O tempo não conta para a eternidade – Fernando Canto

O tempo não conta para a eternidade

Aos poetas disfarçados de lógicos
Ainda que tarde
A hora arda
O tempo estanca
E o texto escorre

O tempo é mesmo
Âncora invisível
Bússola quebrada
Teia silenciosa
A entupir as bocas das entranhas.

O tempo não conta para a eternidade
Lírico e lento
Lapida em cinzel de sonho
A pedra etérea da vaidade

Fernando Canto

Amigo Evandro Milhomen gira a roda da vida. Feliz aniversário, mano velho!

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Quem roda a roda da vida neste vigésimo primeiro dia de abril é o Evandro Milhomen, um brother querido e, por isso, lhe rendo homenagens.

Evandro é irmão dos também amigos Val, Fuzil e Dênis, marido da Maria de Jesus e pai dedicado de um casal de jovens. Palmeirense e vascaíno sofrido e resignado, militante e apoiador da cultura desde que tenho notícias dele.

Gosto do cara. Ele sempre foi porreta comigo, desde que começamos a ter contato profissional, em 2011. Ele era legislador e eu assessor de comunicação no Governo do Amapá.

Milhomen foi titular da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), ex-deputado federal pelo Amapá por várias legislaturas. Também já atuou como gestor de outras pastas no Poder Executivo estadual e municipal ao longo dos anos, como nas áreas de trabalho, emprego, social e, além de secretário municipal de relações institucionais. Hoje em dia, atua como supervisor de articulação centro oeste do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), em Brasília (DF).

Articulado, inteligente e sempre aberto ao diálogo, Milhomen transita por vários grupos políticos com destreza e credibilidade. Além de tudo, é um velho amigo de minha família.

Sempre que pode, Evandro elogia o meu trabalho. Como não dar valor a alguém que te apoia profissionalmente? Reconhecimento não é uma regra geral, infelizmente.

Enfim, Milhomem é um grande cara, não somente por sua altura, mas por conta do seu coração e gentebonisse. Por tudo dito acima e muito mais, desejo ainda mais saúde e sucesso ao amigo que gira a roda da vida hoje. E pela 62ª vez, número difícil a ser batido. Vida longa, negão. Feliz aniversário, mano velho!

Elton Tavares

*Negão, precisamos de uma nova foto juntos (risos). 

Como escrever um texto polêmico – Crônica de Elton Tavares – (do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Faz tempo que aprendi como escrever um texto polêmico e “cool”. Você contextualiza e detona o objeto que já está na pauta do momento. Sim, pega carona com a merda que já está na palheta (implantação da pena de morte no país, diminuição da maioridade penal, legalização do aborto e maconha, enfim, atualidade, política, religião, pessoas, música, etc…). Sim, textos de revolta, sangue nos olhos e tals. Ou crônicas dúbias, mas inteligentes (o problema é que nem todo mundo entende a segunda opção).

Desenvolvimento: durante o artigo ou crônica, esmiúça um “porém” e descreve alguma hipocrisia de ordem genérica, absolvendo o objeto. Com falsidade, claro. Ah, use frases de impacto. Tipo => como disse Bill Gates : “O sucesso é um professor perverso. Ele seduz as pessoas inteligentes e as faz pensar que jamais vão cair” ou Oscar Wilde, quando disse que ”o descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou uma nação”. Isso sempre funciona.

Ah, faça perguntas? O sistema é falho, portanto deixa brechas para críticas no bandão. Aliás, falar mal é sucesso garantido!

Já na conclusão, você moraliza no formato bunda-mole tipo: “um tapa na cara da sociedade”. Todo mundo, aliás, é bunda-mole, em algum aspecto, claro. Só não aqueles que concordarem com este texto (Rá!).

Por fim, você pega o embasamento de alguma pessoa consideradona no meio de comunicação para o epílogo e afirma que aquele é o melhor texto produzido sobre o tema.

Claro que, brincadeiras à parte, devemos criticar, discernir e entender as coisas como elas são, de fato. Ver o mundo de outra ótica, a dos que não querem que a verdade venha à tona. Então, textos polêmicos são mais que necessários. O importante é seguir questionando os fatos e acontecimentos ao nosso redor. Seguimos discordando, sempre. E fim de papo!

“A desobediência é uma virtude necessária à criatividade” – Raul Seixas

Elton Tavares

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.

Justiça do Amapá cadastra instituições sem fins lucrativos para receber verbas de penas alternativas para financiamento de projetos sociais

A Central de Garantias e Execução de Penas e Medidas Alternativas da Comarca de Macapá, que tem como coordenador o juiz José Castellões Menezes Neto, torna público o edital de cadastramento de entidades públicas ou privadas (sem fins lucrativos e com finalidade social) para o recebimento de verbas de prestações pecuniárias. As instituições habilitadas – que podem ser públicas ou privadas, mas sem fins lucrativos e com finalidade social – podem submeter projetos ou outras iniciativas para aplicação dos recursos de forma a compensar direta ou indiretamente a sociedade pela prática criminosa ou ilícita. (ACESSE O EDITAL)

As penas pecuniárias (em dinheiro) são aplicadas em condenações ou medidas alternativas pelas Varas Criminais, no Juizado de Violência Doméstica e Juizado Especial Criminal desta comarca. São alvo de investimento destas verbas os projetos, programas ou cursos que contemplem os seguintes temas: capacitação/qualificação profissional; geração de trabalho e renda; atividades de caráter essencial à segurança pública; educação e saúde – desde que atendam a áreas vitais de relevante cunho social, a critério da unidade gestora dos recursos (a Central de Garantias e Execução de Penas e Medidas Alternativas).

Entre os documentos necessários para o cadastro das entidades privadas, estão: ata de eleição da atual diretoria; estatuto ou contrato social da entidade com sua finalidade; qualificação civil do gestor da instituição; certificado de CNPJ; certidões negativas de investigação do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual; entre outros.

Já para o cadastro de órgãos públicos, são necessários: decreto ou portaria de nomeação do gestor do órgão público; qualificação civil do gestor; certificado de CNPJ emitido pela Receita Federal; comprovante de endereço da sede da instituição; entre outros.

As instituições cujos cadastros sejam homologados serão comunicadas através de e-mail, para o qual será encaminhado o respectivo Termo de Cooperação ou Parceria, com vigência até 31 de dezembro de 2025. O edital ressalta que a Habilitação não vincula a unidade gestora à aprovação de projetos e repasse de recursos.

Decorrido 30 dias do prazo de conclusão de execução dos projetos conveniados, a entidade beneficiada deve prestar de contas em detalhes, inclusive com planilha de gastos e devolução de valores não utilizados.

Mais esclarecimentos sobre o edital podem ser obtidos por e-mail ([email protected]), por meio do Balcão Virtual do Gabinete 02 da Central de Garantias ou ainda pelo celular/WhatsApp (96) 99182.4418.

– Macapá, 19 de abril de 2024 –

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Governo do Amapá e Iphan assinam protocolo de intenções para criação de projetos do Novo PAC

O governador Clécio Luís, assinou na sexta-feira, 19, um protocolo de intenções com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a elaboração de projetos para a requalificação do Museu Joaquim Caetano da Silva e criação do Parque do Solstício de Calçoene. As iniciativas foram selecionadas pelo Novo PAC Seleções – Patrimônio Cultural.

“Com estes protocolos vamos colocar o Parque do Solstício e o Museu Joaquim Caetano em evidência. Neste primeiro momento, os recursos são para projetos e concepções para organizar os espaços e, em paralelo a isso, já vamos buscar investimentos para as obras e com isso valorizar a cultura e fomentar o turismo nestes ambientes”, destacou o governador Clécio Luís.

Na Região Norte, 11 projetos foram aprovados. Os investimentos são de R$ 40 milhões para 105 propostas em todo o país, sendo dois no Amapá, com recursos de cerca de R$ 900 mil, articulados pelo senador Randolfe Rodrigues. As ações do PAC – Patrimônio Cultural serão realizadas em parceria com municípios, estados, Distrito Federal e outros órgãos federais.

“Isso é uma parceria para reconstruir espaços da nossa cultura e uma maneira de fortalecer e preservar ambientes amazônicos reconhecendo o povo que mora nesta região. Esse é mais um passo para reestabelecer e reconhecer as áreas culturais do país”, declarou o presidente do Iphan, Leandro Grass.

A iniciativa integra o Programa de Governo da gestão, que fortalece a cultura e o turismo, garantindo a preservação dos patrimônios históricos para as futuras gerações, além de consolidar a identidade cultural do estado, promover a educação patrimonial, a pesquisa e estimular o desenvolvimento local.

“É momento ímpar para o nosso estado que incentiva a estruturação desses espaços. Isso garante às futuras gerações o conhecimento sobre os antepassados”, afirmou o superintendente do Iphan no Amapá, Michel Flores.

Foto: Jadson Porto

Parque do Solstício

É um sítio megalítico composto por formações de placas de granito dispostas em formato circular em um raio de 30 metros, com indicações de uso como centro de observação astronômica. Urnas funerárias encontradas no local indicam que também pode ter sido um complexo centro cerimonial. O projeto é transformar em um museu a região conhecida como “stonehenge brasileiro”, para garantir sua preservação e ocupação com atividades turísticas, culturais e ambientais aos visitantes, fortalecendo a identidade cultural e beneficiando a comunidade local.

Foto: Jorge Júnior

Museu Joaquim Caetano da Silva

Inaugurado em 1895, o prédio onde hoje funciona o Museu Histórico do Amapá Joaquim Caetano da Silva apresenta características arquitetônicas do estilo neoclássico e abrigou importantes órgãos públicos da história do estado do Amapá antes de se tornar museu. Para este projeto, a proposta é corrigir elementos construtivos deteriorados e construir um anexo para alocar as reservas técnicas arqueológicas e históricas e abrigar os setores técnico, educativo e administrativo, bem como incluir acessibilidade nas estruturas.

Texto: Weverton Façanha
Fotos: Maksuel Martins/GEA
Secom/GEA

A tacacazeira de olhos ternos e largo sorriso – Por @alcinea

Dona Mangabeira era uma negra de olhar límpido, sorriso largo e dentes tão brancos como os guardanapos de algodão que ela mesma fazia para cobrir as panelas.

Foi uma das primeiras tacacazeiras da cidade. Era do bairro da Favela. Sua banca (naquele tempo não tinha os carrinhos de hoje) era montada na esquina da rua Leopoldo Machado com avenida Almirante Barroso. De longe se sentia o cheiro do tucupi. Esse cheiro dava água na boca atraindo tanta gente para sua banca. O camarão era vermelhinho e o jambu treme-treme.

Aos domingos, a movimentação era bem maior. Era parada obrigatória de quem passava por ali para ir ao estádio Glicério Marques assistir aos clássicos da época.

A todos – autoridade ou peão – Mangabeira atendia com alegria, contava histórias, fazia o tacacá do jeitinho que o freguês pedia.

– Mais goma ou tucupi? Quantas colheres de pimenta? Quer mais jambu?

E o freguês ia dizendo como queria.

De muitos ela sabia o gosto e já nem perguntava.

Contava que meu pai, o poeta e jornalista Alcy Araújo, era o único que tomava tacacá sem goma.

Mangabeira tinha um carinho especial pelas crianças. Para elas servia o tacacá em cuia menor e nada de pimenta.

Às vezes um moleque mais ousado pedia que ela colocasse um pinguinho. E ela, cheia de doçura, respondia: “Meu filho, criança não come pimenta”. E o moleque não insistia. O convencimento, tenho certeza, não era pelas palavras, mas pela doçura com que ela falava.

Além de tacacazeira, Mangabeira era excelente lavadeira. Daquelas que botava a roupa “pra quarar” e engomava usando ferro a carvão. Era também benzedeira, tirava quebranto de criança, fazia banho de cheiro pra curar gripe, catapora e sarampo e chás e garrafadas pra todos os tipos de males.

Mangabeira era uma imagem forte na paisagem do meu bairro e é uma das belas recordações da minha infância.

Alcinéa Cavalcante

Desligando os aparelhos – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

“Eu – pensou o Pequeno Príncipe – se tivesse cinquenta e três minutos para gastar, iria caminhando calmamente em direção a uma fonte.” Antoine de Saint-Exupéry

Já me imaginei abrindo mão de toda essa parafernália eletrônica que nos rodeia, quase nos sufoca. Comecei deixando de assistir a noticiários na TV. Depois, passei a rejeitar novelas, jogos de futebol e realities shows. Por fim, desliguei a televisão e pretendo não retornar a ela. Rádio também já faz tempo que não coloco meus ouvidos na missão de captar suas ondas sonoras. Filmes e séries também foram deixados de lado. Logo depois vieram as redes sociais: adeus, Instagram e Facebook, que eram as únicas que eu tinha. Twitter e afins nunca cheguei a acessar. Sim, é uma volta (ou um avanço?) ao primitivo analógico, aquilo que ficou para trás, desprezado pela maioria ultraconectada da população, nessa correria que a vida moderna impõe, que muitos chamam de dinamismo e eu chamo apenas de pressa e afobação.

O WhatsApp está em processo de desligamento, mas esse vai ser bem aos poucos, pois tem coisas, como o trabalho, que precisam desse aplicativo. De alguns grupos, faço questão de não participar. Como sempre digo (ainda que ninguém preste atenção): posso ser burro sozinho.

E-mail já faz tempo que não me vê entre seus usuários, mas isso não é exclusividade minha. Há algum tempo ele vem sendo negligenciado em nome de outros artifícios de comunicação.

Mas, ao contrário das pessoas que têm seus aparelhos desligados para que cesse o sofrimento da vida, o meu desligamento pode significar uma retomada à velha e sempre nova vida real, a renúncia à necessidade de estar o tempo todo correndo para acompanhar as novidades do mundo moderno. Quem sabe seja outra forma de comunicação, para mim mais autêntica e mais valiosa.

Já me vejo andando descalço pela margem de um rio, cabelo ao vento, até chegar ao pé de uma árvore. Sentarei em suas raízes, ao abrigo de sua sombra, abrirei um livro e me ligarei a outras modalidades de conexão.

E a notícia que o mundo ouvirá será: “O escritor Ronaldo Rodrigues, que também é o cartunista Ronaldo Rony, já está respirando sem o auxílio de aparelhos”.

Poema de agora: Nº 6 do do livro Amapátria – Fernando Canto

Nº 6 do do livro Amapátria

E assim como o fogo estica o couro dos tambores
E a mão que toca a vida e seus amores,
O canto encobre o som desses batuques que agitam saias
E toalhas da gente do mar abaixo
E a lembrança da senzala que nunca mais virá.

Fernando Canto

Em encontro histórico, governador Clécio Luís ouve demandas de caciques do Amapá e Norte do Pará

Em diálogo histórico com lideranças indígenas no Palácio do Setentrião, o governador Clécio Luís e equipe de Governo do Amapá ouviram na sexta-feira, 19, demandas apresentadas por caciques e cacicas de etnias do Amapá e do Norte do Pará. A escuta fez parte do “Abril de Resistência Indígena”.

Além de apresentarem as solicitações, as lideranças entregaram ao governador ofícios com as demandas das terras indígenas, que tratam principalmente sobre a educação, saúde, manutenção de ramais, cultura e crise fitossanitária da mandioca.

“Foram dias produtivos, além de ouvi-los, recebemos cartas com as demandas de melhorias na educação à saúde, firmamos compromissos e, respeitando o protocolo de consultas, vamos definir as ações efetivas para resolver as demandas de cada povo”, evidenciou Clécio Luís.

As lideranças falaram das demandas na presença do governador e também dos secretários de Estado, que cuidarão das políticas que vão proporcionar melhorias para os povos.

Participam da programação em Macapá cerca de 90 caciques da região do Oiapoque, Pedra Branca do Amapari e do Norte do Pará, que representam aproximadamente 11 mil indígenas.

“O Brasil era todo indígena há 500 anos, tudo floresta. Mas nossos ancestrais e nós resistimos. Temos leis e conselhos consultivos, que precisam ser escutados, e lembrados pelo governador. Lembrem-se: homem pequeno quando luta é coletivamente. Agradeço pela escuta”, celebrou Calbi Amazonas, cacique da Região Wajãpi.

Educação indígena

Uma das principais demandas foi em relação à infraestrutura dos prédios da rede pública de ensino, assim como contratação de professores indígenas e formação continuada. O Governo do Estado fez o diagnóstico das estruturas de 54 escolas indígenas no Amapá, identificando todas as necessidades de intervenção.

Em um 1 ano e 3 meses, duas escolas foram reformadas pelo Estado em territórios indígenas, uma na TI Wajãpi, no município de Pedra Branca do Amapari, e outra na TI Uaçá, em Oiapoque. Uma ordem de serviço será assinada pelo governador para reforma de outra escola na Aldeia do Manga, também em Oiapoque.

“Hoje estamos correndo atrás de investimentos para a educação nas nossas aldeias, porque sei e falo da importância de estudar para ocuparmos espaços e termos conquistas. Confio que o governador vai ajudar a melhorar a educação do nosso povo”, defendeu o professor Henrique Batista, cacique do povo Palikur, em Oiapoque.

No 27º Fórum dos Governadores da Amazônia Legal, no Acre, o governador Clécio Luís destacou a criação da câmara da setorial voltada aos Povos Indígenas e da Floresta, que foi aprovada pelos conselhos e estarão na programação da próxima edição do encontro, que acontecerá no estado de Rondônia.

Os caciques ressaltaram ainda a importância do respeito aos conselhos consultivos e o fortalecimento da Secretaria dos Povos Indígenas. No ano passado, o governador criou a Secretaria Colegiada dos Povos Indígenas, com representação das regiões indígenas Waiãpi, Oiapoque e Parque do Tumucumaque.

Texto: Fabiana Figueiredo
Foto: Max Renê/GEA
Secretaria de Estado da Comunicação

É, eu gosto! – Crônica de Elton Tavares – (do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Eu gosto de fotografar, de beber com os amigos e de ser jornalista (talvez, um dia, um bom). Gosto de estar com minha família, do meu trabalho e de Rock And Roll. Eu gosto de café, mas só durante o trabalho, enquanto escrevo. Gosto de sorvete de tapioca, de cerveja gelada e da comida que minha mãe faz. Também gosto de comer besteira (o que me engorda e depois dá um arrependimentozinho).

Gosto de sorrisos e de gente educada. Eu gosto de gente engraçada. Gosto de bater papo com os amigos sobre música, política e rir das loucuras que a religião (todas elas) promove. Eu gosto de chuva e de frio. Gosto de futebol. Gosto dos golaços e da vibração da torcida.

Gosto de ir ao cinema, de ler livros e de jogar videogame. Gosto de rever amigos, mas somente os de verdade e de gente maluca. E gosto de Macapá, minha cidade.

Eu gosto de ser estranho, desconfiado, briguento e muitas vezes intransigente.

Sim, confesso que gosto.

Gosto de viajar, de pirar e alegrar. Gosto de dizer o que sinto. Às vezes, também gosto de provocar. Mesmo que tudo isso seja um estranho gostar.

Gosto de encontros casuais, de trilhas sonoras e de dar parabéns. Gosto de ver o Flamengo ganhar, meu irmão chegar e ver quem amo sorrir. Também gosto de Samba e do Carnaval. Gosto de ouvir o velho Chico Buarque cantar – ah, como eu gosto!

Eu gosto de explicar, empolgar, apostar, sonhar, amar, de fazer valer e de botar pra quebrar. Ah, eu gosto de tanta coisa legal e outras nem tão legais. Difícil de enumerar.

Eu gosto de ler textos bem escritos, de gols de fora da área, de riffs de guitarra bem tocados, de humor negro e do respeito dos que me cercam.

Gosto de me trancar no quarto e pensar sobre a vida. Gosto quando escrevo algo que alguém gosta. Gosto mais ainda quando dizem que gostaram.

Eu gosto também de escrever algo meio sem sentido para a maioria como este texto. Eu gosto mesmo é de ser feliz de verdade, não somente pensar em ser assim. Gosto de acreditar. Como aqui exemplifico, gosto de devanear, de exprimir, de demonstrar e extravasar.

Pois é, são coisas que gosto de gostar. É isso.

Elton Tavares

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.

Música e gastronomia: Sexta-feira, 19.04, tem a diva Patrícia Bastos no delicioso restaurante 313, em Macapá

Desde o início da sua carreira, a Macapaense Patrícia Bastos, rompe os limites do seu estado, ou do seu país, para fazer o mundo ouvir a voz das florestas, dos quilombos, do batuque e do marabaixo, ritmos do Amapá. A artista herdou da mãe, Oneide Bastos, a paixão pela música. Conheceu o músico, compositor e arranjador Dante Ozzetti, que passou a produzir seus trabalhos, sempre valorizando a música amapaense, dando brilho e destaque aos ritmos de lá e criando pontes entre os artistas e compositores Amapaenses e Paulistas.

Patrícia lançou seu primeiro e aclamado álbum de estreia “Pólvora e Fogo” em 2002, “Sobretudo” em 2007 e o premiado “Eu Sou Caboca” em 2010.

Em parceria com Dante Ozzetti, lançou “Zulusa” (2013), “Batom Bacaba” (2016) e” Voz da Taba” (2023), onde alcançou diversas premiações nacionais como o Prêmio da Música Brasileira em 2014 com “Zulusa” e a indicação ao 18º Grammy Latino na categoria “Melhor Álbum de Raízes Brasileiras” com “Batom Bacaba” em 2017. Com os parceiros de longa data, Joãozinho Gomes e Enrico Di Miceli, Patrícia lançou “Timbres e Temperos” em 2021.

No ano de 2022, Patrícia cantou no “Rock In Rio”, representando suas origens amazônicas e representando o Amapá nesta edição do clássico festival de música. O ano de 2023 foi um importante ano na carreira da Caboca, Patrícia cantou no “Quilombo Groove” realizado no Quilombo do Curiaú e também na “ExpoFavela”, em sua primeira edição realizada na Amazônia. Também foi o ano em que Patrícia foi convidada a cantar como uma das representantes do povo amazônico em eventos mundiais, como a Cúpula da Amazônia em Belém do Pará, a “Pororoca Sounds” em Nova Iorque nos Estados Unidos da América e na 28ª Conferência das Nações Unidas Sobre a Mudança do Clima em Dubai, Emirados Árabes (COP 28). Atualmente Patrícia está trabalhando na divulgação e turnê de lançamento de seu novo trabalho “Voz da Taba”, lançado no fim de 2023, a turnê esteve recentemente nas cidades de São Paulo, Fortaleza e Rio de Janeiro.

A cantora é nome cada vez mais forte na cena musical atual, tendo parcerias com nomes importantes, como Joãozinho Gomes, Lucina, Socorro Lira, Ná Ozzetti, Enrico Di Miceli, Marcelo Pretto e Caetano Veloso. Sua aldeia passou a ser o Brasil inteiro, esse país que, a partir da voz de Patrícia, passou a reconhecer o seu Norte.

Fonte: Blog da Alcilene