Há 17 anos, morreu meu pai, Zé Penha Tavares (o meu herói)

 
Há 17 anos, em uma manhã de segunda-feira cinzenta, no Hospital São Camilo, morreu José Penha Tavares, o meu pai. O meu herói. 
 
Filho de João Espíndola Tavares e Perolina Penha Tavares. Nasceu no município de Mazagão, em 1950, de onde veio o casal. Era o primogênito de cinco filhos.
 
Ele começou a trabalhar aos 14 anos, aos 20 foi morar em Belém (PA), sempre conseguiu administrar diversão e responsa, com alguns vacilos é claro, mas quem não os comete? Na verdade, papai nunca se prendeu ao dinheiro, nunca foi ambicioso. Mas isso não diminui o grande homem que ele foi.
 
Em 1975, casou-se com minha mãe, Maria Lúcia, com quem teve dois filhos, eu e Emerson. O velho não foi um marido perfeito, era boêmio, motivo que o levou se divorciar de minha mãe, em 1992. 
 
Li no jornal da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), onde ele trabalhava, após o seu falecimento: “Feliz, brincalhão, sempre educado e querido por todos. Tinha a pavulagem de só querer menina bonita a seu lado, seja em casa ou entre amigos, mas quem se atreve à culpá-lo por este extremo defeito?”
 
Zé Penha pode não ter sido um marido exemplar, mas com certeza foi um grande pai. Cansou de fazer “das tripas coração” para os filhos terem uma boa educação, as melhores roupas e os bons brinquedos. Quando nos tornamos adolescentes, nos mostrou que deveríamos viver o lado bom da vida, sacar o melhor das pessoas, dizia que todos temos defeitos e virtudes, mas que devíamos aprender a dividir tais peculiaridades. 
 
Penha não gostava de se envolver em política. Ele gostava mesmo era de viver, viver tudo ao mesmo tempo. Família, amigos, noitadas, era um “bom vivant” nato. Tinha amigos em todas as classes sociais, a pessoa poderia ser rica ou pobre, inteligente ou idiota, branca ou preto, mulher ou homem, hétero ou homo, não importava, ele tratava os outros com respeito. Aquela cara era extraordinário! 
 
Esportista, foi goleiro amador dos clubes São José e Ypiranga, dos times do Banco da Amazônia (BASA) e Companhia de eletricidade do Amapá (CEA) e tantos outros, das incontáveis peladas. 
 
Atravessamos tempestades juntos, o divórcio, as mortes do Itacimar Simões, seu melhor amigo e do seu pai, João Espíndola, com muito apoio mútuo. Sempre com uma relação de amizade extrema. Ele nos ensinou a valorizar a vida, vivê-la intensamente sem nos preocuparmos com coisas menores a não ser com as pessoas que amamos. Sempre amigo, presente, amoroso, atencioso e brincalhão.
 
Com ele, aprendi muito sobre cultura, comportamento, filosofia de vida, aprendi que para ser bom, não era necessário ser religioso. “Se você não pode ajudar, não atrapalhe, não faço mal a ninguém” – Dizia ele. 
 
Acredito que quem vive rápido e intensamente, acaba indo embora cedo. Ele não costumava cuidar muito da própria saúde, o câncer de pulmão (papai era fumante desde os 13 anos) o matou, em poucos meses, da descoberta ao “embarque para Cayenne”, como ele mesmo brincava. 
 
Serei eternamente grato a todos que ajudaram de alguma forma naqueles dias difíceis, com destaque para Clara Santos, sua namorada, que segurou a onda até o fim. E, é claro, minha família. Sempre que a saudade bate mais forte, eu converso com ele. As pessoas morrem, mas  nunca em nossos corações. 
 
José Penha por Emerson Tavares (meu irmão)
 
“Papai sempre, aos meus olhos foi um cara admirável (mesmo tendo muitos defeitos), como ele era parceirão com todos, onde chegava, em qualquer roda, era bem quisto! Nunca nos faltou nada, nada mesmo, sempre fomos bem vestidos, sempre tínhamos os melhores brinquedos.
 
Ele deixou marcado na gente o que é ser gente boa e companheiro com os outros (família e amigos). Sempre nos espelhamos nele, no modo de tratar as pessoas que gostamos, ou seja, no meu modo de ver, ele nos ensinou o segredo da vida.
 
Quando falam que tenho o jeito dele, para mim, é um elogio, porque meu pai era um homem admirável, um verdadeiro ser humano!  Pai como eu queria que você visse como estou, tivesse visto minha formatura, acompanhado meu crescimento pessoal e outros momentos destes 14 anos. Te amo e te amarei pra sempre!”
 
Papai por Paulo Roberto Penha Tavares (seu irmão caçula)
 
“O Zé Penha era aquele cara que todo mundo gostaria de ter como amigo. Gentil, humano, solidário, alto astral, IRMÃOZÃO. Sinto muita falta dele. Muito inteligente e perspicaz, percebia as carências dos que o circundavam e sempre, sempre mesmo, encontrava um jeito de ajudar.
 
Lembro que em um dos dias mais triste de nossas vidas, que foi o da morte de nosso pai, disse: ‘Nós nunca dizemos o suficiente para as pessoas o quanto nós as amamos’.
 
Eu, durante a vida dele, também não disse o suficiente o quanto eu o amava. Sou eternamente grato a Deus, por ter me dado uma família maravilhosa, da qual o Zé Penha era o primogênito. E sinto muito orgulho de dizer que era irmão dele. Continuo cheio de saudades desse meu grande irmão.”
 
José Penha Tavares foi muito mais de que pai, foi um grande amigo. Nosso amor vem das vidas passadas, atravessou esta e com certeza a próxima. Ele costumava dizer: “Elton, se eu lhe aviso sobre os perigos da vida, é porque já aconteceu comigo ou vi acontecer com alguém”
 
“Quem já passou por essa vida e não viveu, Pode ser mais, mas sabe menos do que eu”. A frase é do poeta Vinícius de Moraes. Ela define bem o meu pai, que passou rápido e intensamente por essa vida. Também faço minhas as palavras do escritor Paulo Leminski: “Haja hoje para tanto ontem”. Ao Penha, dedico este texto, minha profunda gratidão e amor eterno. Até a próxima vez, papai!
 
Obs: Texto republicado todo ano nesta data e assim será enquanto eu sentir saudade. 
 
Elton Tavares

Parabéns, vó Cacilda!

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Hoje (4) é aniversário de Cacilda Neves Vale, a minha avó materna, que completa 84 anos. Uma palavra que define essa senhora é honestidade. Ela é uma mulher que venceu as adversidades de sua longa vida com altivez e coragem, sempre com o apoio de seus filhos.

Ela é a matriarca de minha família materna. Ao todo, teve 12 filhos, 26 netos e 14 bisnetos. Nos dias de hoje, com o sentimento de dever cumprido, Cacilda brinca ao dizer que “Se estou com saúde, está tudo bem”.

Ela diz que tem a consciência tranquila pois deu oportunidade paraniverv_ todos os seu rebentos estudarem. Diz ainda que é mulher de sorte por ter uma vida feliz.

A mãe, avó e bisavó sempre ajudou todos os seus filhos e netos, fosse com um conselho, alimentação, dinheiro, orações ou com um de seus remédios caseiros.

Nunca fui, como o meu irmão é, um neto agarrado com a vó Cacilda, mas isso não significa que eu não a admire e ame.

Esta é uma singela homenagem a tudo que esta mulher guerreira representou e representa para os seus. Feliz aniversário vovó, amamos você!

Elton Tavares

Feliz aniversário, Pedro Junior!! – @P_Aureli0

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Hoje é aniversário do filho caçula do tio Pedro, esportista, acadêmico de Direito, apreciador de Rock and Roll, cervas enevoadas e mulheres bonitas, apesar de são-paulino, o meu amado primo, Pedro Aurélio Junior.

Pedro é um cara gente fina, prestativo, carinhoso, bem humorado, inteligente e boa pinta. Ele chega aos 20 anos com milhões de possibilidades a sua frente. Estrutura familiar e paideguice pra ter sucesso e felicidade o cara tem.

O sujeito tem 20 anos e barba na cara, mas para mim, será sempre o meu “priminho”, o neto caçula da vó Peró, quase 19 anos mais novo. Quando ele e Ana (prima mais velha que Pedro somente uma semana) nasceram, foi lindo. Eles são o melhor que temos.

Hoje em dia, o cara cresceu e é um homem de bem. A cobrança em cima dele é grande, mas não de minha parte,Fam_lia1 afinal nunca fui exemplo e gosto disso. Nem imagino qual o seu plano, mas torço demais pela felicidade do sacana.

Pedro, sabes que podes contar com o Godão aqui, seja pra tomar umas cerva, ajudar com qualquer assunto sério (até pra dar uma surra em babacas) ou somente desabafar, se preciso.

Desejo mesmo é que teus sonhos se realizem e que vivas sempre feliz. Que Deus te proteja e guie suas decisões. Que tenhas mais vitórias que derrotas e que tenhas sempre saúde. Tu és porreta, bicho. E eu te amo. Meus parabéns e feliz aniversário!

Elton Tavares

Feliz aniversário, Aninha!

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Um brinde pela saúde e sucesso da nossa Aninha

 

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Aninha e nossa Peró.

Hoje é aniversário da neta dedicada, afetuosa e zelosa da Peró, sobrinha amorosa, irmã e filha perfeita, botafoguense, apreciadora de boa música e artes, exímia dançarina e genial acadêmica do curso de Arquitetura da Universidade Federal do Amapá (Unifap), além de minha prima preferida, Ana Paula Cunha Tavares. A nossa mais que maravilhosa “Aninha”.

Como diz a música do Kid Abelha: “Há vinte anos você nasceu, ainda guardo um retrato antigo…”. Na verdade, tenho várias fotos da Ana criança. Aliás, ela é um ser humano extraordinário desde gitinha.

Ana Paula é a melhor entre nós, netos da Peró. Sei que cada um tem uma forma de demonstrar amor, mas nenhum como ela. Dá gosto de ver o tratamento dela para com a vovó.

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Eu e Aninha. Ela ainda criança e eu não tão gordo, mas sempre muito amor envolvido.

Aninha completa somente 20 anos, mas sua alma é velha, muito velha. Vou explicar. A linda mulher não possui só beleza física, também tem áurea brilhante de tão evoluída, coerente, justa e responsável. Apesar do porte de princesa, é discreta, tranquila e demais gente boa.

Uma das coisas que mais admiro na Ana é a total falta de arrogância, pois uma moça do seu padrão de vida teria tudo pra ser mais uma patricinha. Só que a nossa Aninha não, ela é porreta.

Como todos têm defeitos, Aninha é temperamental como toda a nossa família. Mas a personalidade forte não a torna antipática e muito menos grossa. Ela é uma dama, realmente uma mulher admirável.

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Ana, eu e minha ruiva.

Aninha era afilhada de batismo do meu pai e meu avô babava por ela. Ambos já viraram saudade, mas tenho certeza de que, onde estiverem, sentem muito orgulho dela, como todos nós.

Não tenho nenhuma dúvida que Ana ainda conquistará muitas coisas acima da média, pois ela é diferenciada. Enfim, Ana Paula Cunha Tavares é amada, admirada e respeitada por suas famílias materna, paterna, amigos e colegas. Ela é PHoda! (desculpem, palavrões são uma forma de licença poética). Difícil é escrever sobre alguém tão especial. Uma das pessoas mais paid’éguas que conheço.

Aninha, você é uma benção e nós te amamos. Desejo vida longa, próspera, saudável e feliz. E que tudo que você sonha se realize. Meus parabéns e feliz aniversário!

Obs: mas falta o namorado vir a Macapá tomar uma conosco. Sabe como é…Pra gente sacar o cara, rs. Brincadeira, prima. Quero mesmo é que sejas feliz. Amo-te!

Elton Tavares

Feliz aniversário, tia Maria!

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Hoje é aniversário da bancária aposentada, contadora, filha dedicadíssima da vó Peró, irmã e tia amorosa, Maria Conceição Penha Tavares. Ela é uma das melhores pessoas que conheci na vida. É uma pessoa do bem, cheia de amor e generosidade. Uma mulher guerreira e vencedora.

Tia Maria foi e é fundamental para nossa família. Ela é uma espécie de anjo para mim, seus irmãos, a quem ajudou a formar, e principalmente nossa matriarca. Não à toa que o Zé Penha, meu saudoso pai, a amava mais que aos outros irmãos. Ela foi a filha preferida do meu avô e é da mesma forma com nossa amada “Peró”.Família

Foram muitas as vezes que, quando ainda criança, eu dormia com ela. Sempre fomos agarrados. Não sei quantas vezes fiz xixi na sua cama, ou quantos sábados ela buscou em casa para ir a feira, a ajudei a lavar sua Brasília amarela ou, já adulto, quantos porres regados a MPB tomamos juntos.

Maria fala alto e marca presença, possui olhar marcante e sorrisão no rosto. Ela é uma linda mulher almoçoque possui mais de 60 carnavais, mas parece ter pouco mais de 40. A tia ajudou a formar meu caráter, me instruiu, aconselhou-me para que eu fosse uma pessoa melhor e lapidou meu gosto musical.

Além de grande coração, Maria Penha tem um lado espiritual que brilha e protege a si e aos seus. Sou muito grato por ela fazer parte da minha vida nesta passagem. Hoje é ela que aniversaria, mas privilégio é meu de ser seu sobrinho.

Aliás, o amor é a força mais poderosa do universo e não posso descrevê-lo neste texto de felicitações. O amor se sente e é o que todos nós, tia, sentimos por você. Desejo que sua saúde continue perfeita e que você seja sempre feliz. Meus parabéns e feliz aniversário!

Elton Tavares

Feliz aniversário, mãe!!

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Mamãe com a neta Maitê, comigo e meu irmão Emerson

Hoje é aniversário da professora e orientadora educacional aposentada, filha dedicada da Cacilda, avó da Maitê, esposa do Enilton Cardoso, minha mãe e do Emerson, a mais que maravilhosa Maria Lúcia Vale Cardoso. É impossível escriturar aqui tudo que a aniversariante fez e faz por mim e pelo meu irmão. Sou imensamente grato a ela pela minha vida (e ao seu marido por cuidar tão bem da nossa “Lucinha”).

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Mamãe com Enilton, sua mãe Cacilda e nós

Mamãe é sinônimo de coragem, honestidade e obstinação. Dela, herdamos, eu e Emerson, nossa força. E tanto eu, quanto o mano, nos orgulhamos muito disso. Quando estou em apuros, peço para que ela reze por mim. A mulher tem uma oração tão forte que desata os mais terríveis nós da minha vida. Esse milagre doméstico já aconteceu tantas vezes e nunca deixa de ser impressionante!

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Há muito tempo e sempre o mesmo amor

Além de exemplo de mãe, Maria Lúcia, a “Lucinha”, como é chamada por toda a nossa família, é uma filha incrivelmente dedicada, uma irmã prestativa e uma tia amorosa. Peço sempre a Deus que continue abençoando mamãe com muita saúde, pois o resto, como vontade e coragem para toda e qualquer situação, ela tem de sobra.

Mais uma vez, faço minhas as palavras do meu amigo André Mont’Alverne (uma das frases mais paid’éguas que já li sobre o significado de “mãe)”: “uma mãe é um Deus palpável, acessível e real que atende as nossas preces mais absurdas… é no coração das Mães que o amor verdadeiro encontra o seu lugar”.1012676_720784171307950_4556446637892990199_n

Ainda sobre citações, gosto também dessa: “Dedique-se a conhecer seus pais. É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez” – Frase do poema Filtro Solar. Se Deus quiser e ele há de querer, Maria Lúcia ficará por aqui, brigando, reclamando, zelando e nos amando, no mínimo, mais uns 100 carnavais!

Minha mãe (com muito apoio do Enilton) e meu irmão Emerson, são meu porto seguro, pessoas que me apoiam em tudo, meus alicerces na vida. Não sou o melhor dos filhos, na verdade, vez ou outra, eu e Lucinha temos sérias divergências, mas logo nos entendemos. Pois temos uma relação de amor mútuo.

mae1111No texto do amigo Daniel (Rimancete), ele diz: “O tempo passa, o mundo gira e tudo se transforma. Só o amor continua intacto, brega e eterno como agora”. Com Maria Lúcia sempre foi, é e sempre será assim!

Tenho muita sorte e orgulho de ser filho de Maria Lúcia, pois ela é um exemplo de superação, coragem, honestidade, serenidade, positividade, determinação, força e amor. Obrigado por tudo mãe. É como te digo todos os dias: te amo!

Meus parabéns e feliz aniversário!

Elton Tavares

Poema de agora:RETRATO DE MARIA LÚCIA (Vinícius de Moraes)

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Rosto da minha mãe, Maria Lúcia, tatuado na minha perna esquerda desde 2009. Arte de Edricy França

 

RETRATO DE MARIA LÚCIA (Vinícius de Moraes)

Tu vens de longe; a pedra
Suavizou seu tempo
Para entalhar-te o rosto
Ensimesmado e lento

Teu rosto como um templo
Voltado para o oriente
Remoto como o nunca
Eterno como o sempre

E que subitamente
Se aclara e movimenta
Como se a chuva e o vento

Cedessem seu momento
À pura claridade
Do sol do amor intenso!

Vinícius de Moraes

Estádio Glicério de Souza Marques completa 65 anos (minha crônica sobre o Glicerão)

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Foto cedida pelo jornalista Edgar Rodrigues

 

O Estádio Municipal Glicério de Souza Marques completa hoje 65 anos de fundação. O local foi idealizado pelo governador Janary Gentil Nunes e fundado em 15 de janeiro de 1950. A arena teve momentos de glória e ainda hoje é palco de jogos do Campeonato Amapaense, Copão da Amazônia e amistosos. Ali foram disputados grandes clássicos com a participação de craques amapaenses.

O estádio possui as alcunhas de “Gigante da Favela” e “Glicerão”, como o estádio foi apelidado pela crônica esportiva. Lembro-me da minha infância com alegria. Eu e meu irmão fomos agraciados com excelentes pais, que nos proporcionaram tudo de melhor possível (e muitas vezes impossível, mas eles fizeram mesmo assim).GlicérioEstádioFotoElton

Entre tantas memórias afetivas estão as idas ao Glicerão. Meu pai, o saudoso Zé Penha, que também jogou no estádio quando foi goleiro amador dos clubes São José e Ypiranga, também jogou no Gigante da Favela. A gente ia ver os jogos do nosso Ypiranga – sim somos torcedores do Clube da Torre. Eu e o mano dávamos muito trabalho ao pai, sem falar o pede-pede. Era pirulito de tábua (aqueles marrons em forma de cone que são puro açúcar), picolé, pipoca, refri e churrasquinho. Era tão porreta!futebolfamília

Quando garotos, meu pai e tio Pedro Aurélio, seu irmão, jogaram no Glicerão. Assim como muitos jovens da geração dele. A qualidade do futebol era tão boa que a galera que não tinha grana até pulava o muro para assistir as partidas. Sem falar que o Glicério já foi palco de vários shows locais e nacionais. Afinal, o velho estádio está no coração de Macapá.

Aliás, lembro daquele muro desde que me entendo por gente, pois a casa da minha amada avó fica lado do Glicério.

É uma pena que o velho estádio permaneça em obras (há 10 anos!!!), que ainda, depois de 65 aos, as arquibancadas ainda sejam de madeira e o campo ruim. Um local que revelou jogadores como Bira, Aldo, Baraquinha, Marcelino, Jardel, Roxo (o primeiro amapaense que fez gol), Zezinho Macapá, Jasso, Miranda, entre tantos outros nomes importantes do futebol regional.

Naquele tempo rolava a charanga do A403481_396633090376919_482019539_nntônio Rosa, o Paulo Silva e o Humberto Moreira (lembro bem dos dois, pois sempre falavam com meu velho) faziam a cobertura dos jogos. O José Carlos Araújo exagerava na narração das partidas via rádio (a gente ia pro estádio com radinho na mão) e o Vicente Cruz (a quem meu pai chamava de “He-Man” do Pacoval) sempre filava uma cerva do meu coroa. Bons tempos!

O futebol amapaense encolheu depois do “profissionalismo”, a política entrou em campo e deu no que deu: tanto o Glicerão quanto seu irmão mais novo, o Zerão, vivem vazios. Muitos clubes desaparecem do cenário e emergentes como um tal de Santos tomam conta das competições.DSCN7473 (1)

Para mim, há tempos o futebol amapaense perdeu o encanto, o brilho, a mágica. Nem no rádio escuto as partidas. Nem mesmo era quando a coisa toda era amadora, mas muito mais levada a sério por atletas, técnicos, dirigentes e torcida. Na época em que o Zé Penha nos levava para assistir aos jogos no antigo Estádio Glicério, eu e Merson (meu irmão) assistíamos as partidas, brincávamos e nos divertíamos a valer.

Quando lembro tudo isso a alegria entra naquele campo, escalada pela nostalgia. Viva o Glicerão!

Elton Tavares