Ronaldo na área – Crônica de Ronaldo Rodrigues e imagens de Ronaldo Rony

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Atenção, galera! Ronaldo entra em campo aos 44 minutos do segundo tempo para virar esse jogo! Agora o time engrena!

Não, senhoras e senhores! O Ronaldo a que me refiro não é o gajo Cristiano Ronaldo, o maior jogador do mundo da atualidade (pra você ver como o mundo e a atualidade andam carentes). O Ronaldo portuga mais parece um vaidoso pavão do que um jogador de futebol (aliás, como a maioria dos jogadores de agora).

Mas deixa ele pra lá e passemos a falar do Ronaldo que interessa. Além dos Ronaldos que já tivemos, o Gaúcho e o Fenômeno, o nosso futebol conta com o Ronaldo Anônimo, que reivindica agora, através desta crônica, seu justo lugar na História das Copas.

O COMEÇO DE TUDO

Inglaterra 1966

O Brasil já tinha perdido o complexo de vira-lata e vencido duas copas (Suécia/1958 e Chile/1962). Mas a nossa seleção se apresentou de maneira pífia e não trouxe a taça. Tudo porque o nosso Ronaldo não tinha sido convocado.

México 1970

Brasil Tricampeão. Ronaldo foi novamente ignorado e o mundo deixou de presenciar seu jovem talento. Tudo bem que ele só tinha 4 anos de idade, mas custava o técnico Zagallo dar uma chance à nova geração?

A ASCENSÃO DE UM ASTRO

Ronaldo foi crescendo e o craque se revelando. O técnico insistia em deixá-lo no banco de reservas, mas a torcida já reconhecia seu talento precoce e exigia sua entrada em campo.

Aos 10 anos, Ronaldo declarou todo o seu amor ao futebol, em vários idiomas, pra deixar claro que sua intenção era ser astro internacional.

Era uma paixão não correspondida. Ronaldo amava o futebol e o futebol o desprezava totalmente.

Argentina 1978

Apesar de não contar com Ronaldo, que continuava sem sua merecida chance, o Brasil não teve uma derrota sequer e, mesmo assim, não trouxe a taça. A anfitriã venceu o torneio com um time bom, a violência de sempre e a decisiva ajuda da ditadura argentina.

Espanha 1982

Ronaldo tentava de tudo para se inserir no mundo do futebol, mas nem como torcedor se dava bem. O futebol-arte do Brasil caiu diante da pálida Itália, que fazia uma Copa muito da miada. Poderíamos até empatar que a classificação viria, mas o até então apagado Paolo Rossi resolveu desencantar justamente naquele dia e fez três gols. A seleção canarinho voou de volta pra casa e Ronaldo levou toda a culpa.

México 1986

Onde estava Ronaldo? Assistindo pela TV ao show de Maradona, fazendo, contra a Inglaterra, um gol de malandragem com la mano de Dios e outro de extrema habilidade, quando enfileirou metade do time bretão. O Brasil foi eliminado pela França nos pênaltis e Ronaldo continuou seu sonho de um dia disputar uma Copa.

Itália 1990

A era Dunga não decolou. O Brasil foi desclassificado pela Argentina, num gol de Caniggia, recebendo o único passe que Maradona conseguiu fazer em todo o jogo.

Estados Unidos 1994

Acaba o jejum de 24 anos e o time mediano do Brasil sagra-se campeão nas terras do Tio Sam. A torcida teve que se contentar com um xará do nosso craque, que não saiu do banco.

França 1998

O Brasil amarelou na final e Zidane comandou a vitória da anfitriã. Culpa de quem?

Japão e Coreia do Sul 2002

Desta vez, acontece um fenômeno. Ronaldo faz dois na Alemanha e o Brasil é penta.

Alemanha 2006

Ah! Deixa essa Copa pra lá! A única coisa legal foi a cabeçada do Zidane no Materazzi!

África do Sul 2010

Outra chatice! Essa foi tão meia-boca que até a Espanha ganhou…

Brasil 2014

Nesta Copa, Ronaldo foi mais um dos brasileiros que conseguiram transformar em piada o que teria sido uma tragédia.

Rússia 2018

Mesmo com 52 anos, Ronaldo não para de treinar e ainda acredita em uma convocação de última hora. A torcida do Brasil está meio desmotivada, mas vamos deixar a bola rolar e ver no que vai dar. Pior do que tá não fica, como disse aquele pensador contemporâneo. Ronaldo está aí e, caso seja convocado, ainda tem muito jogo pra mostrar.

* Imagens de Ronaldo Rony.

Nos pênaltis, Ypiranga bate Santos e quebra jejum de títulos

O Ypiranga venceu na noite desta quarta-feira o Santos-AP, nos pênaltis, por 4 a 1 no estádio Zerão, em Macapá, após empate em 1 a 1 no tempo normal, e quebrou um longo jejum de títulos no Campeonato Amapaense. A partida foi válida pelo jogo de volta da decisão da competição estadual.

Durante o tempo normal, o Santos abriu o placar com Lessandro ainda na primeira etapa. Mas Tony Love deixou tudo igual na volta do intervalo.

Com o resultado, o Ypiranga segue como o clube como maior número de títulos do Campeonato Amapaense, chegando a oito conquistas (1992, 1994, 1997, 1999, 2002, 2003, 2004 e 2018). Além da vaga na Série D do Campeonato Brasileiro, o Negro Anil também vai disputar a Copa do Brasil em 2019. Já o Santos-AP terá a disputa da Série D no ano que vem.

O Jogo – As duas equipes iniciaram a partida em ritmo acelerado e criando oportunidades, porém, aos 11 minutos, o técnico Edson Porto foi forçado a efetuar a primeira mudança na equipe. O zagueiro Jeferson Jari sentiu contusão e teve que ser substituído por Rogério. Aos 16 minutos, Léo Rosa cruzou na área e Romano bateu de primeira, mas a bola foi por cima do gol, assustando o goleiro Redson.

Aos 20′, o Ypiranga chegou com perigo. Luquinha cobrou falta, mas o goleiro Axel espalmou. Na sobra, Djalma tentou o levantamento na área, mas ninguém conseguiu escorar a bola para dentro do gol.

Aos 26 minutos, o Santos chegou com Romano que foi lançado em velocidade, mas perdeu o ângulo na finalização e desperdiçou a oportunidade. Já, aos 44′, Balão Marabá cobrou falta na área e Lessandro cabeceou para abrir o placar para o Peixe da Amazônia.

Na volta do intervalo, as duas equipes fizeram um jogo equilibrado. O Santos-AP teve a oportunidade de ampliar o placar logo aos dez minutos. Após cobrança de escanteio, Lessandro finaliza forte, mas o goleiro Redson fez grande defesa.

Aos 18′, o Ypiranga respondeu o adversário. Otávio cruzou na área e Tony Love desviou para o fundo das redes, deixando tudo igual no Zerão. Aos 22′, Bruno levantou na área e novamente Tony Love ganhou dos seus marcadores e finalizou rente a trave.

Aos 30 minutos, Léo Rosa finalizou cruzado, mas o goleiro Redson defendeu em dois tempos.

Nas cobranças de penalidades, o Ypiranga marcou com Tony Love, Djalma, Esquerdinha e Will, enquanto que Willian Fazendinha balançou as redes pelo lado do Santos-AP. O destaque nas penalidades foi o goleiro Redson que defendeu as cobranças de Fabinho e Batata.

Fonte: Diário do Amapá

Xinga, Alicate!

“Carrinho é igual camisinha furada: não adianta se arrepender, tampouco pedir desculpa.Tem como não se emocionar? Tem?” – Frase e foto: Alvarélio Kurossu.

Herdei o gosto pelo futebol do meu saudoso pai, José Penha Tavares, goleiro amador dos clubes São José e Ypiranga, dos times do Banco da Amazônia (BASA) e Companhia de eletricidade do Amapá (CEA). Nos anos 80 e 90, ainda magro, fiz de tudo para me tornar um bom jogador, mas nunca consegui. Eu era ruim, ruim mesmo, daqueles que levava “caneta”, “chagão” (ou drible da vaga), elástico, perdia gols na cara e, por causa de todas estas ações que citei, era um dos últimos ou o último a ser escolhido para um dos times (ou completá-lo). Para piorar a situação, eu ainda batia. Na verdade, batia MUITO! Era um jogador (zagueiro) desleal.

Por falar em jogar duro, aprecio o futebol pegado e, é claro, o futebol arte. Vão dizer que ver o zagueiro do seu time dar um tranco no atacante adversário não é legal? Claro que é! Recebi este texto de um amigo, há cerca de oito anos, retrata o que é um zagueiro, na essência, aí vai:

Hugo De Léon

Xinga, Alicate.

Voltei a refletir sobre a arte de ser zagueiro. O requisito básico, pode ter certeza, é ser feio. Observe os grandes zagueiros. Eram todos feios, muito feios. Atílio Genaro Ancheta talvez seja uma exceção, mas o que dizer de Hugo De Léon? De León é o símbolo máximos dos defensores. Barbudo, desengonçado, grosso e violento. Isso que é zagueiro. Não sabe nem ler o De Léon, até hoje.

Sabe quem também jogou muito na zaga? O Alicate. Não manja o Alicate, né? Pois eu vou dizer quem foi Alicate. Alicate foi o maior jogador que já passou pelos campos de várzea do Brasil. Carioca, foi injustiçado e nunca aceito nos times fluminenses. Um jogador que certamente seria ídolo no Rio Grande do Sul, Região onde, no seu campeonato estadual, do pescoço para baixo tudo é canela. Jogo de homem é o futebol de lá, de homem.

Alicate tinha as pernas tortas, por isso à alcunha. Sempre preferiu o Rivarolla, achava o Gamarra muito metrosexual. Alicate não sorria. Nunca. Tinha um chute forte tratado como arma mortífera do nosso time. Quando a coisa estava feia, Alicate se mandava para o ataque. Ficava de costas para o gol como se fosse fazer o pivô, mas não tocava a bola. Apenas virava o corpo e soltava uma chicotada. “Ziiiiiiiiiu” fazia a esfera, colocando adversário, goleiro, juiz, tudo pra dentro do gol.

Alicate era zagueiro.

Num sábado qualquer, após nova vitória sobre o Uirapuru, realizávamos nosso tradicional ritual de comemoração no boteco da Beti. Tudo parecia normal até o relógio acusar a meia noite. Surge no respeitoso estabelecimento uma jovem. Mas não engane-se, não é uma jovem qualquer. É um jovem, baixa e de seios grandes. E você sabe como são as jovens baixas e de seio grandes: nefastas.

O que mais surpreendeu foi à atitude da jovem, baixa e de seios grandes. Os olhos dela miravam Alicate. Ela o desejava loucamente. Volta e meia ela olhava, sorria, olhava de novo, bebia e, no final, sempre sorria. Alicate viu. Eu vi. Aquela era a noite do zagueiro.

Lembrando que Alicate, pé frio em relacionamentos, nunca se deu bem com as mulheres. Normalmente era o Buricá, nosso meia esquerda, que tinha as melhores chances. Em campo nos colocava na cara do gol, fora dele matinha um excelente aproveitamento dentro da área. Alicate, não. Tanto que tal situação criou expectativa no time, pois viviamos uma novidade.

O zagueiro, no melhor estilo zagueiro, não quis perder a chance. Pensou como um matador. Um centroavante. Foi em direção à moça sem tropeçar e distribuindo cotoveladas em quem estivesse no seu caminho. Não houve tempo para cantadas, drinks ou coisas do tipo. Pegou-a pelo braço e disse:

– “Hoje tu és minha”.

Poucos minutos depois os dois já caminhavam, de mãos dadas, até a saída. A atmosfera do ambiente acusava o início de uma longa noite. No bar, festejávamos a vitória do time e brindávamos pela felicidade de Alicate. No carro, o zagueiro via que a festa estava apenas começando. No quarto de um motel vagabundo de BR, ela se fez.

Logo ao entrarem, a jovem, baixa e de seios grandes, tal como uma jovem, baixa e de seios grandes, atacou Alicate. Ele, meio assustado, não se fez de lateral direito (laterais direitos são péssimos com mulheres) e foi entrando no ritmo. Rapidamente já se via despido na cama com a nefasta jovem, baixa, de seios grandes e, agora, finalmente despidos.

Enquanto os dois já copulavam numa velocidade e intensidade frenética, Alicate foi absolutamente surpreendido. Num breve momento de insanidade sexual, inspirada pelo momentos e contrariando todas as leis do amor, da física, da robótica, da astronáutica, da matemática, da retórica e da gramática, a jovem, baixa e de seios grandes despidos disse:

– “Me xinga!”

E disse de novo. Silabicamente e em caixa alta:

– “ME XIN-GA!”

Alicate não sabia o que fazer. Não esperava aquela situação, não tinha ouvido falar de mulheres que gostavam de ser xingadas. Quem gostava de ser xingado? Como xingar alguém assim, do nada? Poxa, ele gostava dela. E não entendia dessas coisas. Era um cara tradicional, nem de preliminares ou camisinhas de hortelã curtia.

Quando a jovem, baixa e de seios grandes e despidos já perdia a paciência e gritava aos socos “me xinga, me xinga, me xinga”, Alicate, com a serenidade de um auxiliar técnico e inocência de um quarto árbitro, enfim, xingou:

“Sua gorda!”

A respiração diminuiu. O nheco-nheco da cama parou. Agora, os únicos gemidos eram do filme vagabundo que passava na TV. A jovem, baixa e de seios grandes e despidos levantou-se, vestiu-se e, antes de chamar um táxi, simplesmente disse:

– “Seu zagueiro”.

Eis o problema de Alicate. Ele era zagueiro. Nunca será um amante. Nunca será um, tipo, meia esquerda.

*Obs: eu era zagueiro ruim de bola, mas não com as mulheres (risos). 

Fernando Canto receberá o título de Cidadão Amapaense

O deputado estadual Pedro DaLua propôs voto de louvor ao sociólogo Fernando Canto pelo lançamento de seus 16º livro, intitulado “Mama Guga – Contos da Amazônia”. A obra foi lançada em 30 de maio em Belém, pela editora Paka-Tatu e agora também em Macapá, terra que o escritor abraçou há várias décadas.

A homenagem ao escritor amapaense Fernando Canto também se deve à recente conclusão do doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e a conquista da presidência da Universidade do Samba Boêmios do Laguinho, uma das mais tradicionais agremiações carnavalescas do Estado.

DaLua também vai propor na próxima sessão solene destinada a entrega de comendas que seja entregue o título de Cidadão Amapaense a Fernando Canto. A comenda foi aprovada e promulgada em 2007 mas nunca entregue a ele. O autor da proposta foi o ex-deputado Paulo José.

Gabinete Deputado Pedro DaLua
Assessoria de Comunicação Social

Macapá será sede do torneio mundial Neymar Jr.’s Five


A cidade de Macapá será sede da etapa regional do torneio mundial Neymar Jr.’s Five de Futebol. A fase classificatória, que contará com 64 times, ocorrerá nos dias 25 e 26 de março. Já as finais acontecerão nos dias 1 e 2 de abril, onde restarão 16 times disputando o título de vencedor. O torneio será na modalidade futlama, às margens do rio Amazonas, ao lado do Trapiche Eliezer Levy, sempre a partir das 8h.

A organização do evento envolve a Prefeitura de Macapá, Instituto Projeto Neymar Junior e a Federação Amapaense de Futlama. O evento é patrocinado pela empresa distribuidora de energéticos Red Bull. As inscrições podem ser feitas no site www.neymarjrsfive.com.

O torneio

O atleta e a Red Bull se uniram para criá-lo visando a união de milhares de jovens ao redor do mundo, com times de cinco jogadores. O torneio é feito nas ruas, gramados e campinhos locais de mais de 35 países. Apenas jovens de 16 a 25 anos podem participar. São diversas regras e conceitos específicos que estão disponíveis no Livro de Regras para todos que se inscreverem na disputa. As eliminatórias ocorrerão em diversos países e a grande final acontecerá no Instituto Projeto Neymar Jr., na Praia Grande (SP).

Cliver Campos
Assessor de comunicação/Comel
Contatos: 98126-0880 / 99175-8550

Somos todos Chapecoense – Texto lindo de Arthur Crispin

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Costumo dizer que futebol é metáfora da vida e talvez por isso esse lance com a Chapecoense me deixa tão triste. Porque, por mais que torçamos pra São Paulo, Flamengo, Corinthians, Vasco, Palmeiras, Santos e outros grandes times, na vida a gente é mesmo uma Chapecoense. A gente sonha, luta, batalha, joga fechadinho na defesa, aguenta pressão no trabalho, salva bola em cima da linha no último minuto e quer ser campeão de algo, vibrar com a felicidade, alçar vôos altos.

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A gente é Chapecoense na vida porque, por mais que algumas vezes queira e em outras se sinta impotente, está lá, sempre na peleja. Nem sempre com torcida a favor, às vezes com o estádio da vida lotado, tentando virar o jogo fora de casa, mas estamos lá, buscando nossa realização, nosso conto de fadas.

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A gente adotou a Chapecoense porque ela é gente da gente. Com essa queda, a gente vê como se importa com bobagem, como perde energia com coisas pequenas, inclusive por aqui. Como a gente se demora em questões que não geram amor. ”Donde no puedas amar, no te demores”.

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Já que vamos seguir na vida, é preciso ser mais Chapecoense. Se encontrar mais, sorrir mais, discordar quando for necessário, mas se respeitar mais. Cultivar os afetos, deixar os desafetos pra lá, nos livrar das âncoras e seguir com as velas. É preciso seguir, é preciso soprar. Vamo, vamo, Chape. Na metáfora dessa vida, jogo de futebol eterno, Chape somos nós.

Arthur Crispin

*Contribuição do amigo Fernando Bedran. 

A última noite de Zico

Por Armando Nogueira
Maracanã, enfeita de bandeiras tuas arquibancadas que hoje é dia de festa no futebol. Encomenda um céu repleto de estrelas. Convida a lua (de preferência, a lua cheia). Veste roupa de domingo nos teus gandulas. Põe pilha nova no radinho do geraldino. E, por favor, não esquece de regar a grama (de preferência, com água-de-cheiro).
Avisa à multidão que ninguém pode faltar. É despedida do Zico e estou sabendo, de fonte limpa, que, hoje à noite, ele vai repartir conosco a bela coleção de gols que fez nos seus vinte anos de Maracanã. Eu até já escolhi o meu: quero aquela obra-prima, o segundo gol do Brasil contra o Paraguai nas Eliminatórias do Mundial de 1986. Lembro-me como se fosse hoje. Zico recebe de Leandro um passe de meia distância já na linha média dos paraguaios. Um efeito imprevisto retarda a bola uma fração de segundo. Zico vai passar batido – pensei. Pois sim. Sem a mais leve hesitação, sem sequer baixar os olhos, ele cata a bola lá atrás com o peito do pé, dá dois passos e, na mesma cadência, acerta o canto esquerdo do goleiro paraguaio.
Passei uma semana vendo e revendo no teipe aquele instante mágico de um corpo em harmonioso movimento com o tempo e com o espaço. E a bola, coladinha no pé, parecia amarrada no cadarço da chuteira. Um gol de enciclopédia. Se o amável leitor aceita uma sugestão, dou-lhe esta: escolha um dos gols que Zico fez graças à sua arte singular de chutar bola parada.
Chutar a bola de falta à entrada da área é um talento que Deus lhe deu mas não de mão beijada, como imaginam os desavisados. Zico trabalhou seriamente, anos e anos, para alcançar a perfeição dos efeitos sublimes. À tardinha, quando terminava o treino, ele costumava ficar sozinho no campo do Flamengo – ele, uma barreira artificial, uma bola e uma camisa caprichosamente pendurada no canto superior das traves. A camisa era o alvo.
Zico passava horas sem fim, chutando rente à barreira e derrubando a camisa lá de cima das traves. Chegava o domingo, na cobrança da falta, a bola já estava cansada de saber onde ela tinha que entrar. Não tenho dúvida em dizer que tardará muito até que apareça alguém que domine como Zico o dom de cobrar falta ali da meia-lua.
Celebremos, querido torcedor, a última noite do maior artilheiro da história do Maracanã. Será uma despedida de apertar o coração. Se te der vontade de chorar, chora. Chora sem procurar esconder a pureza da tua emoção. Basta uma lágrima de amor para imortalizar o futebol de um supercraque.
Cantemos, Maracanã, teu filho ilustre, relembrando em comunhão os dribles mais vistosos, os passes mais ditosos, os gols mais luminosos desse fidalgo dos estádios que tem uma vida cheia de multidões.
Louvemos o poeta Zico que jogava futebol como se a bola fosse uma rosa entreaberta a seus pés.

 

 

 

Hoje é o Dia Nacional do Futebol

Hoje (19) é o Dia do fudownloadtebol. No dia 19 de julho comemora-se o Dia Nacional do Futebol, uma data que foi escolhida em 1976 pela CBF, a Confederação Brasileira de Futebol (quando ainda se chamava Confederação Brasileira de Desportos).Eu e meu irmão, Emerson Tavares, começamos a gostar de futebol por causa de nosso saudoso pai, José Penha Tavares (papai foi goleiro dos times amapaenses São José e Ypiranga). O velho nos levava para assistir aos jogos no antigo Estádio Glicério Marques, no centro de Macapá. Falar nisso é uma verdadeira overdose nostálgica.
Também por influência do papai, nos tornamos flamenguistas. Graças a ele e a Deus, claro. Nunca fui bom de bola, batia muito, era perna de pau, mas sempre acompanhei o esporte e acompanho até hoje. Ah, eu ia esquecendo, aqui no Amapá, torço pelo Ypiranga, mas o futebol local ainda tem muito que melhorar.

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Meu irmão Emerson, o maior flamenguista que conheço.
 
Nas mesas dos bares, todos somos técnicos apaixonados, sempre temos uma desculpa, observação ou piada. O futebol não tem lógica, essa é a graça. Futebol é amor, paixão, sorrisos, lágrimas, encarnação, apostas, discussões, confraternização e, acima de tudo, emoção.
 
Há muito, o esporte deixou de ser uma preferência masculina, ainda bem, assitir aos jogos nos bares ficou muito mais convidativo (risos). Minha relação com o futebol é somente de torcedor, não jogo bola e não jogaria mesmo se não fosse gordo (risos). Gosto é de assistir e tomar cerveja.galera do mengão
 
Enfim, amo futebol, principalmente o Flamengo, mas independente de qual seja o seu time, viva o futebol, pois ele faz parte da nossa cultura.

Elton Tavares

Futebol – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Fui um menino tímido, retraído. Por isso era maltratado pelos outros garotos. Não. Não era por isso. Era que aliado a isso eu era muito franzino. E naquela fase da vida quem não era forte ou não soubesse brigar tava lascado. 
 
Eu, por exemplo. Pra salvar o prestígio de alguém assim só sabendo jogar futebol. Os garotos que se destacavam no futebol ganhavam o respeito dos outros garotos. O cara se tornava popular, mesmo sendo franzino e tímido.
 
Agora pergunta se eu sabia jogar futebol! Sou aquilo que os cronistas esportivos e comentaristas amadores chamavam (e chamam ainda hoje!) de perna-de-pau. E isso era o mínimo que se chamava pra alguém desprovido de talento pra bola. A mãe do perna-de-pau sofria: “Passa a bola direito, filho da puta!”. E por aí ia. 
 
Portanto, se quiseres ganhar prestígio, precisas ter algum outro talento que possa ser reconhecido pelos outros garotos. Desenhar pode te salvar. Nem precisa saber desenhar bem. É que a maioria não sabe desenhar nada e admira quem sabe segurar um pouquinho o lápis e movê-lo com a mínima desenvoltura. 
 
Outro atributo que pode te angariar uns pontos a favor é ter irmã gostosa. Eles te denominam logo de cunhado e recebes uma aura de proteção. “Dá lembrança lá pra mana, cunhado!”. Aí eles não te darão a porrada que te seria reservada caso fosses filho único ou de uma família só de irmãos. Alvíssaras! 
 
Eu sabia desenhar e tinha irmã gostosa. Devia ser pra compensar minha falta de habilidade com a pelota. Os caras queriam fazer bonito para as meninas bonitas e livravam a cara do irmão magrela. Eu peguei carona nesse mito e só apanhei quando caí na besteira de jogar em lugares em que ninguém conhecia minhas irmãs. 
 
Nesses momentos, o desenho nem era cogitado. “Esse filho-da-puta perdeu um gol feito! Tira essa pereba do campo antes que eu quebre a cara desse escroto!”. O moleque me olhava com a maior cara de zagueiro argentino em final de copa contra o Brasil, doido pra me dar um pontapé inicial. Quando isso acontecia, eu saía de campo de cabeça erguida. Mentira! Saía era cabisbaixo, tremendo de medo, já correndo.
 
Em casa eu me vingava usando as minhas habilidades. Convencia minhas irmãs a não dar bola pra garoto encrenqueiro e desenhava histórias em quadrinhos em que eu era o grande astro do futebol. E namorava as irmãs de todos.

Um apelido pela metade (crônica de Fernando Canto)

Por Fernando Canto
 
Certo sábado o Hélio Pennafort chegou com aquele seu jeito de urubu balado no primeiro bar do Abreu e contou uma história de futebol ocorrida no Oiapoque. Hélio era oiapoquense da gema e da casca do ovo de bacurau, acostumado com o bafo do tafiá e a dança do turé.
 
Foi logo no início da década de 80,quando a França começou a se mostrar para o mundo como potência futebolística, com Michel Platini e tudo. Por isso mesmo os guianenses “tiravam barato” dos brasileiros nos jogos “internacionais” de pelada, ganhando sempre da gente. 
 
Mas ele contou também que isso não durou muito porque lá naquelas densas “brelbas” do Oiapoque fora revelado um atleta para recuperar a fama do nosso futebol e salvar a honra nacional. Em um importante jogo comemorativo ao Sete de Setembro, a “seleção canarinho” do Oiapoque perdia de três a zero para a França no segundo tempo quando o treinador o colocou em campo, faltando quinze minutos para terminar. Era o último recurso. Mesmo ele entrando como reserva havia uma grande expectativa da torcida. O jogador parecia ser a arma secreta do time. 
 
Segundo Hélio o tal atleta era um caboclo todo musculoso, entroncado e baixinho, desses que chamam popularmente de “caboco tureba”. Ele corria por todo o campo e não se cansava. Evitou um gol e correu para o ataque. Driblou dois adversários e fez o primeiro gol. A torcida incentivava chamando o nome do jogador: – Dirram, Dirram! 
 
Logo em seguida veio o segundo gol do baixinho. De cabeça. No meio dos zagueiros crioulos, que tinham fama de grosseiros e rudes. E a torcida gritava: – Dirram, Dirram! Na arquibancada a charanga caprichava na marchinha “se você fosse sincera/ ôôôô, Aurora”. 
 
Aos quarenta minutos ele fez um golaço de bicicleta ao receber a bola de escanteio, para o delírio da torcida que já cantava:- Dirram,Dirram! Mais um, mais um! No Último minuto Dirram tomou a bola do atacante francês e deu-lhe uma bicuda da linha da grande área no canto esquerdo da trave e fez um gol para ficar na história, se alguém tivesse filmado. 
 
A torcida brasileira ao ouvir o apito final do juiz, já gritava alucinada e bêbada, encantada com o talento daquele atleta baixinho, rápido e bom de bola, um verdadeiro herói nacional naquele extremo fronteiriço do Brasil. Ainda ecoavam os delírios quando o atleta foi interpelado pelo técnico guianense. Depois de elogiá-lo perguntou se não era descendente de francês, pois seu sobrenome parecia indicar isso. Como assim, já “antão”? Indagou o atleta. O treinador lhe informou que ele possuía um nome de origem francesa. Ah, disse o brasileiro. É por causa do meu apelido que só chamam pela metade. Como assim, já “entom”? Perguntou o técnico francês. Então o atleta disse humildemente que o seu apelido por inteiro era “Cu de Rã”, mas que só lhe chamavam de Dirram porque gostavam muito dele.
 
Essa história do Hélio ficou um bom tempo sendo reproduzida no bar. A abertura das piadas do dia era regada a cerveja e churrasco, pois o bar do Abreu há pouco deixara de ser a lanchonete RR (Ronaldo e Rodrigo, quando juntinhos), mas ainda funcionava como açougue. Pedro Silveira a tudo ouvia e morria de rir, enquanto a Maria Bê atualizava o “Taperebá”, nosso jornalzinho mural, e o Mário Gaúcho contava uma mentira cabeluda dos pampas, limpando as mãos nos vultosos bigodes, para depois ganhar rumo no seu carro importado azul.
 
Vez por outra o bar fazia lançamentos literários, pequenos shows musicais com o Grupo Pilão, Nonato Leal e Sebastião Mont’Alverne e o Hélio passava seus vídeos sobre aspectos paisagísticos do então Território do Amapá, que fazia pelo interior com o piloto Roberval Lavor. Sem grandes opções de lazer e cultura a turma do bar fazia os eventos e se divertia com tudo isso. Na verdade todos éramos boêmios contumazes pela metade, que nem o apelido do Dirram.
 
*Texto publicado em “A Gazeta”, 10.04.2009.

O Futebolês

Por Édi Prado
Confesso: não gosto de futebol. Não assisto nem final de copa do mundo, mesmo tendo o Brasil em campo. Mas começo a ficar seduzido pelo futebolês. É uma linguagem consagrada pelos cronistas, narradores e comentaristas esportivos. A equipe do Aurélio Buarque está “bestinha” com esse enriquecedor glossário.
Não tenho certeza quanto ao autor da frase. Mas é atribuída ao brilhante João Saldanha: “Os narradores de televisão pensam que os telespectadores são cegos. E que os narradores de rádio pensam que o ouvinte é surdo”. Não deixa de ter razão. É que geralmente os “craques” do rádio foram para a televisão e levaram a mania do improviso, do imaginário e não se desfizeram do linguajar bem antigo. Na linguagem policial, por exemplo, o cadáver está de bruços, logo fica em decúbito dorsal. A vítima de trânsito sofre escoriações pelo corpo. Pensei que era na alma. Se for escoriação só pode ser onde, meu Deus? O espírito fica escoriado, também? São os preciosismos.
Mas o nosso caso é o futebol. Este esporte que transforma a chuteira no calçado oficial do Brasil. É a pátria de chuteiras, como dizem. A força de expressão da equipe esportiva está intimamente alterada com o volume da voz. Mas é tão tolerável como a licença poética. Vale tudo e tudo vale. Tudo é perdoável. Afinal o povão quer saber mesmo é de bola na rede do adversário. Quer viver as tantas emoções até a última gota. Até a última nota do apito final. Dizem que o jogo só termina quando acaba.
Já faz muito tempo. Só havia o Estádio Municipal Glicério de Souza Marques. Era o palco das grandes atrações esportivas, embora só se praticasse o  futebol. Logo foi batizado com o ostentoso adjetivo de Glicerão. Era o “próprio da municipalidade”, o gigante da Favela. Quem não o conhecia embarcava num grandioso Estádio. Era o único mesmo. O resto era poeirão. E foi nessa época que se consagraram os grandes narradores e criadores de neologismo do futebolês. Durante os “certames” o “balão de couro” saía para fora, entrava para dentro, subia para cima, descia pra baixo ou então disparava pelas cercanias do Glicerão. E enquanto a pelota, geralmente havia uma só bola, não retornava ao centro do gramado, era bonito ver a criatividade dos narradores, como forma de manter os ouvidos ocupados.
Até aí puro saudosismo. Tempos difíceis. Tudo começou para valer no velho Glicerão. E têm-se a impressão que “fita” daqueles velhos tempos ficou agarrada na memória dos novos “talentos” esportivos. Pode-se dizer que o repertório é o mesmo daqueles tempos, como algumas inovações consagradas pelas famosas equipes da Rádio Marajoara – PRC 5, a voz que fala e encanta o rincão amazônico, além da Rádio Clube de Belém do Pará. Nessa época a voz falava. Que encanto.
Por acaso, como se houvesse o acaso, fui ao Bar do Abreu, quando funcionava na FAB. Na entrada seis aparelhos de TV. Cada uma exibindo jogo diferente. Lá dentro mais três aparelhos. Era como se estivesse no camarote do Bar. Futebol em todos os aparelhos com jogos para todo tipo de torcedor. Galvão Bueno no melhor estilo dele mesmo gritava: pênalti! É pênalti. É pênalti. E tudo mundo vendo que era pênalti, mesmo. Silêncio total. Tensão. Expectativa. Nenhum ruído, como quem não quisesse espantar o carapanã. Bueno anuncia que o camisa 10 se preparava para a cobrança da penalidade máxima. Esse jogador não tem nome. Tem número. O narrador, como que anunciando uma suprema revelação, grita que o camisa 10 chutou com o pé e a bola foi na direção da gaveta do arqueiro, ou onde a coruja dorme. Coruja dormir com holofotes na cara e aquela gritaria é duro.
Diz que o goleiro saltadeformaespetacularepegaabolacomasmãos. Tudo foi tão rápido e envolvente que as palavras saíram assim, coladinhas. Incrível. O atacante chuta com o pé e o arqueiro pega com as mãos. Que proeza genial. Fantástico. Mas “péraí”. O arqueiro não é o atleta que pratica arco e flecha? A trave é retangular ou é em forma de arco? Agora grandes coisas o goleiro pegar a bola com as mãos. Goleiro bom é Iquita. Aquele da Colômbia, lembra? Aquele, sim é especial. Encantou o mundo quando defendeu uma bola de bicicleta, na marca falta do gol. Lembra? E da voz emocionada de Galvão gritando que Iquita pegou com os pés. Isso que é façanha. Impressionante esse Iquita.
Esse Iquita calou o grito de pééégaaa, pôrra. Ele fez milhões de pessoas engolirem o grito. Depois desta saltibanca defesa, ele caiu no chão, informa o narrador. Tanto lugar pra ele cair e foi logo no chão? Esse linguajar cativa. O futebol se transformou num espetáculo também gramatical. Saem como pétalas preciosas pelas ondas do rádio. Tem o caso do centro avante que avançava sem pretensões de gol. Mas o que que é isso, meu Deus do céu?  É sacanagem. Tira esse cara. Bota ele pra fora. Qual é a dele, hein? Avançar sem pretensão de gol?
O que mais chateia assistir futebol pela TV é que a torcida não grita o bastante alto para que o jogador possa ouvir as instruções: chuta, chuta. Passa, passa… olha o ladrãããoooooo! Mas como o jogador vai poder ouvir  com aquele barulho da torcida, fogos, gente batendo na mesa e o juiz enchendo o saco com aquele infernal e inconveniente  apito? Não aprenderam a gritar mais alto.
Mas o melhor de tudo são os comentários: – o certame vai começar. O técnico escalou o plantel para a contenda. Informa no reclame, que a transmissão tem a chancela da Poçobras e outras empresas do ramo. Certame, até onde conhecia quer dizer luta, combate, contenda. Briga, mesmo. E plantel é um grupo de animais de boa raça, em especial bovino e equino para reprodução. Mas eles vieram para o campo para jogar ou procriar?  E chancela? É o selo que se coloca em documentos oficiais, rubrica, sinete. Saudosismo monárquico.
 
E o pior de tudo: quando o goleiro está estirado, humilhado, abatido e a bola no fundo do barbante, o desgraçado grita quase com ódio: pééééégaaa, pôrra. Não queria que o goleiro pegasse coisa nenhuma. Porque não advertiu antes? Só gritam depois que a bola entra?  Eu que era goleiro, sei muito bem o que é isso.
A bola coitada: sobe para cima, desce para baixo, entra para dentro, sai para fora. Não sossega durante os 90 minutos. Depois de tanta briga por ela, quando acaba o jogo, o juiz que não fez nada para merecer, fica com a bola.
Mas o melhor de toda essa história é ouvir o Galvão Bueno  convidar para logo após o jogo, para assistir o capítulo inédito de Vale a Pena Ver de Novo. Aí dá  vontade de meter o dedo na goela e sair rasgando pela beirada.
 
Capítulo inédito de Vale a Pena Ver de Novo, Galvão?

O Deus da cobrança de falta => Zico deverá participar de inauguração de pista e gramado do “Zerão”, no AP

Zico

Por Gabriel Penha

O ex-jogador Zico deverá ser presença VIP na festa que vai marcar a inauguração da pista de atletismo e novo gramado do estádio Milton de Souza Corrêa, o “Zerão”, em Macapá, no dia 20 de junho. Agora, o espaço passará a se chamar Estádio Olímpico Milton de Souza Corrêa. A informação foi confirmada na manhã desta segunda-feira (8) pelo secretário estadual de Desporto e Lazer, Edinoelson Trindade.

O “Galinho de Quintino” deverá comandar um time com outros ex-jogadores como Junior Baiano, Djair, Odivan, Tita, Cláudio Adão, entre outros. Essa “seleção” fará um jogo amistoso contra um time local, montado especialmente para o evento.

A programação oficial ainda não foi divulgada, mas o secretário antecipou que pela parte da tarde deverá acontecer a Mini Maratona Meio do Mundo, para marcar a inauguração da pista de atletismo, e a partida amistosa para oficializar a estreia do novo gramado.

– Serão dois marcos, para o atletismo e futebol amapaenses. A pista vai beneficiar 12 modalidades de atletismo e o estádio é um espaço de qualidade que deve atrair o público de volta às arquibancadas – avalia Edinoelson Trindade.

A primeira competição do Estádio Olímpico Zerão já tem data para acontecer: dia 22 de junho, com a abertura do estadual sub-17. O torneio terá oito equipes na disputa e o campeão participa da Copa Amazônia, que acontece em julho e terá participação de times do Amapá e de pelo menos mais dois de outros estados.

Fonte: GloboEsporte.com

O ELOGIO DO PÉ – Poema de Fernando Canto para Ubiratan do Espírito Santo, o “Bira”, craque maior do futebol amapaense (que hoje completa 60 anos de vida)

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O ELOGIO DO PÉ – Poema de Fernando Canto para Ubiratan do Espírito Santo, o “Bira”, craque maior do futebol amapaense (que hoje completa 60 anos de vida)

I
Ainda que a mão guie
O rápido correr do atleta
O pé equilibra a perseguição da pelota e seu couro
Tal como o ouro em seu brilho
Desperta e arrisca o assombro à cobiça
No fado de explodir a bola
Num voo atômico em direção à rede.

II
O atleta – certeiro – atinge o alvo duas vezes
Pé e cabeça se harmonizam nesse objetivo
E mais vezes, mais os olhos se guiam à rede – incansável,
Mistura de inseto, soldado, animal de testa larga
Arranca cem vezes o grito da torcida enlouquecida.

III
É azul, preto e branco, vermelho
O gosto da loucura ecoante
De rugidos da selva, de cantares da alvorada
E de sangue guerreiro de norte a sul do Brasil:
É Bira de Nueva Andaluzia, paraoara,
Dos pampas, das alterosas,
Do espiritu sancto do gol, das vitórias domingueiras
Das tardes ensolaradas, crepúsculos festivos
Da tela não-pintada de Michelangelo
(Alegoria de Deus que entrega a bola a Adão
No leve tocar de dedos)
Como um contrato entre as partes no Éden tupiniquim.

IV
É Bira, príncipe da arte de chutar no gol
Viajante contumaz do oco da bola
Onde moram os querubins do futebol

V
No contato da chuteira e a bola
Centelhas rompem imperceptíveis aos olhos da torcida
Mas ali, na trajetória da pelota ensandecida
Girando em curva ou reta
Corre o chute mágico do atleta uBIRAtan
Que trave alguma, vento algum, goleiro algum,
É capaz de parar ante o fundo da rede, o seu destino.

VI
É certo que o tempo, implacável como o goleador
Também abre ruas no rosto em movimento
Ventos empoeirados surgem abruptos dos logradouros
Como quem logra a vida em ciclos imemoriais.

VII
Onde se vê de novo o voo rasante dos quero-queros
Sobre verde do gramado?
Talvez no espelho da lembrança
Porque a fama, efêmera e fugaz
Faz da vida o templo da memória, onde se clama
O que ficou para trás
Onde os cantares se repetem em rituais
Para abençoar a glória dos que vencem
Em tempos que escrevemos nosso esquecimento.

VII
A voz grossa dos que torcem e glorificam
Deixam grandes silêncios na alma
Cobram-se cobranças, cobram-se castigos
A falta, a mão, o pênalti
E o gol, que para sempre é objetivo
Resta, então, a festa da massa em labaredas
Em gritos, confetes e bandeiras
(ou o desterro infausto em outros horizontes)
VIII
Entretanto o pé-de-ouro arrisca
Em balés de pés-de-lã/ pés-de-moleque
Pés-de-pato sob as gotas de um pé-d’água na neblina
Nas estações mais aziagas das paisagens-penitências
E realiza seu trabalho de cerzir o tempo e as camisas coloridas

IX
Ora, a inveja é um olhar sinistro
Que se movimenta sobre a dádiva
Ofertada aos talentosos
É um ovo só
Saído das entranhas da serpente,
Para reduzir a alma que alimenta com seu ranço

X
Ora, o futebol não se limita a homens
Em seus campos de lama e de gramas aparadas
Há um árbitro, há rivais que se trajam de esperança
Oponentes opulentos em nervos eriçados
Quando a bola cintilante gruda ao pé do craque
E ele mergulha nas funduras do seu rio
Onde cardumes geram suas eternidades
E esperam uma coreografia não ensaiada
Para, enfim, soltar a voz contida em milênios de partida

XI
Ah, a pira dos deuses parece penetrar em águas abissais
De onde irrompe o grito final do campeão

XII
Quem não viu não mais verá. Nem ouvirá
O clamor dos ribeirinhos do Amazonas, o eco da baía de Guajará
O som ferrífero da serra do Curral e o brado dos gaúchos do Guaíba.
Quem não viu não sentirá
A poesia refletida na potência do olhar, da mira
Da luz mágica do Bira e seu bólido de vidro e luz
Transformando-se em espelho pela última vez.

XIII
E nós aqui tal degredados em nossa própria aldeia
Apenas com as imagens do passado e nosso orgulho
Fomos os pés, os pés do Bira
Quando o chute governava a bola
E a noite vigorava um brinde
A mais um campeonato ganho na história
Pelos pés do nosso ídolo
De sonho e de memória.

Fernando Canto

Pego carona na homenagem do Fernando. Bira jogou no Esporte Clube Macapá, Clube do Remo e Paysandu Sport Club (foi o maior goleador de todos os campeonatos paraenses disputados até hoje).

O artilheiro também atuou no Internacional de Porto Alegre (onde foi campeão gaúcho e campeão invicto do Campeonato Brasileiro) e Atlético Mineiro. Ele era amigo do meu saudoso pai, Zé Penha. Gosto pra caramba do Bira. Meus parabéns e vida longa ao nosso artilheiro!

Elton Tavares

62 anos de Zico, o maior jogador do Flamengo de todos os tempos

Hoje (3 ), é aniversário de Arthur Antunes Coimbra, o popular “Zico”, o melhor jogador de futebol da história do Flamengo e um dos maiores do Mundo.  Zico trabalha como treinador (sem clube) e é ex-dirigente do Mengão.
 
Zico liderou a vitoriosa trajetória do Flamengo nas décadas de 1970 e 1980. Ele ganhou campeonatos brasileiros, a Taça Libertadores da América e o Campeonato Mundial de Clubes e vários títulos cariocas. Jogou pela Seleção Brasileira nas Copas Argentina 1978, Espanha 1982 e México 1986, com boas atuações mas sem títulos com a camisa canarinho.
 
Também passou pelo pelo Udinese (ITA) (aliás, chorei copiosamente quando Zico partiu pra Udinese) e foi para o Japão, atuar pelo Sumitomo Metals, que depois se tornou Kashima Antlers, onde o jogador foi atleta e iniciou sua carreira como treinador. Ele foi o melhor jogador da história dos dois clubes. 
 
Quem resumiu brilhantemente a passagem de Zico pela Udinese foi o jornalista do “Il Gazzettino de Veneza”, profissional encarregado de segui-lo, Luigi Maffei:
 
Para nós, friulanos, Zico tem o mesmo significado de um motor da Ferrari colocado dentro de um fusca. Sentimo-nos os únicos no mundo a possuir um carro tão maravilhoso e absurdo”.
 
Além do Kashima Antlers, Zico fez sucesso como técnico no CSK Moscou (RUSS) e Fernebace (TUR).
             
Apesar de comandar a mágica Seleção Brasileira de 1982 (para muitos a melhor de todos os tempos) ter participado de três Copas do Mundo, Zico nunca se sagrou campeão mundial. 
 
O cara atuava como meio-campo, mas sempre foi artilheiro. Bater falta para ele então, era pênalti. Zico foi rotulado no exterior de “Pelé Branco”. Foram 970 jogos e 703 gols, destes, 509 pelo Flamengo. “Zico foi o líder do melhor time que vi jogar. Ele é um mito e não haverá outro como ele”. (Romário)

          

Meu saudoso pai, Zé Penha, sempre dizia que Zico foi o maior depois de Pelé. Discordo, a história do futebol teve Maradona, Romário e Ronaldo. Mas é verdade que Zico é ídolo de muitos ídolos, como o também ex jogador italiano Roberto Baggio (aquele mesmo que perdeu o penal em 1994, quando nos tornamos penta). 
Acredito que existem e existiram muitos craques no futebol mundial, mas poucos gênios. Zico foi um destes gênios. Além de felicitações, minha gratidão, respeito e admiração, pois o vi jogar e fazer a alegria da nação rubra negra. Enfim, palmas para o cara, que ele foi e é PHoda.  Parabéns Zico!
 
Elton Tavares