Se culpado, o goleiro Bruno, além de bandido, é burro!

                                                             Por Elton Tavares
Eu sou um fervoroso flamenguista, desde gitinho, mas o goleiro Bruno, se for realmente culpado, tem que ser condenado (por mim a morte e sem direito a reencarnação). O que custava pagar a pensão do moleque? O arqueiro fez a “nação rubro negra” feliz muitas vezes, mas tirou uma vida e estragou a dele. Se as acusações forem verdadeiras, além de bandido, o Bruno é burro!

Elton Tavares

FRED E O CARISMA DA CARÊNCIA (meus parabéns aos tricolores)

Por Fabrício Carpinejar e Mário Corso

Fred é um Heleno de Freitas das Laranjeiras. Executou uma metamorfose lendária. É uma garça que virou pelicano. Não existe bola ou peixe perdido. Caça, cata, cava. 

Com uma insistência incomum, mistura-se aos feitos do Fluminense, a ponto de não imaginá-lo com brasão diferente. Ele não é um virtuose, seu dom é a garra, verticaliza o lance, aproveita o máximo de cada situação, explora exaustivamente sua mortalidade. Age como um fanático pela vitória.  Não provoca o oh de espanto, o meu deus  da comoção, não intriga o espectador, não gera exclamações incrédulas. Suas jogadas são explicáveis, oportunas, felizes. Sua coragem é executar o óbvio e não se extraviar em firulas.

Sem a bola, seu olhar é triste, melancólico, não brinca, não se diferencia da aparência desinteressada e profissional de quem recebe o salário em dia.

Com a bola, ele enlouquece. Retira o carisma da mais absoluta carência. 

Fred faz questão de pagar os juros exorbitantes da torcida. Não reclama da cobrança, devolve o tempo perdido, triplica a alegria em minutos.  

É um sujeito que dá a ideia que pode morrer no gramado, que não desistirá até o último minuto, que brigará com o juiz em nome de seus companheiros, que buscará a bola na rede em vez de renunciar valiosos minutos comemorando o gol.

Não é rei como Pelé, não é príncipe como Neymar, Fred é um cavaleiro que comanda o exército nas manobras de terra. Entende que o matador requer humildade. Todo centroavante é um mendigo na grande área, esmolando cruzamentos, pedindo passes e se posicionando para receber – a sorte unicamente acontece para aquele que está bem posicionado. 

Fred superou a si mesmo. Era para ter sido apenas competente, foi extraordinário. Porque ele é profundamente apaixonado pelo Fluminense.

Vem se tornando um mártir: um santo eleito pelos homens, intruso humano e raçudo do templo, incomodando a paz dos santos indicados pelos deuses.

* Meus parabéns aos amigos tricolores pelo tetracampeonato nacional de futebol. Em especial ao meu tio Vadinho, torcedor fervoroso do Fluminense, que hoje está hospitalizado em uma UTI, mas logo se recuperará e vai comemorar esse título. Mas lembrem-se sempre, do Flamengo, vocês são e sempre serão fregueses. Congratulações!

Elton Tavares

Estranho Futebol Clube


Futebol é mesmo estranho. É o Palmeiras chorando pela possibilidade de ir para a segunda divisão e o Paysandu fazendo a maior festa por ter ido para a segunda divisão.

Viva o Paysandu! Força, Palmeiras!

Ronaldo Rodrigues

Flamengo, Mostra Sua Cara.


Existe o tempo de plantar e existe o tempo de colher. Não resta mais nenhuma dúvida de que no Flamengo o tempo de plantar já passou, chegou a hora de colher os resultados. Ninguém é obrigado a pensar igual a mim, mas é de encher de vergonha a qualquer ser pensante constatar que o Flamengo, com sua folha salarial pornográfica, está hoje no mesmíssimo patamar de indigência técnica que o Bahia, que pra ficar na mesma merda que nós gastou uma ínfima fração do que nós gastamos.

Acontece que no 2º turno do Brasileiro o Bahia é o líder e o Flamengo, vergonha, é o lanterna. É ou não é o poste mijando no cachorro? Eu não digo que a atual diretoria é a responsável por essa assustadora inversão de valores. Eu digo que ela é CULPADA por tudo de ruim que vem acontecendo na Gávea nos últimos 3 anos. Principalmente por tratar o futebol profissional do clube mais importante do Brasil com cuidado e probidade análogos aos que os vereadores tratam as cousas da Cidade Maravilhosa lá da Gaiola de Ouro.

Não acredito mais que o Flamengo se deixe submergir no rio de lama das incompetências que desagua na Série B. O problema maior é que esse grupo não gera confiança. Ninguém garante que eles serão capazes de fazer o que deles se espera, ainda que seja o mínimo aceitável. Por isso que ainda não chegou a hora em que podemos parar de dar braçadas e recuperar o fôlego nas margens desse rio. Ainda estamos enfiados nele até o pescoço e enquanto não alcançarmos a meta dos 45 ou 46 pontos ninguém pode parar sob o risco de afundar.

Hoje o Flamengo vai ter que se definir. Vai ter que mostrar pro mundo se é capaz de aguentar as turbulências absurdas geradas pelo período eleitoral. Ou se vai sucumbir para a alegria da arcoirizada malvestida e recalcada. Sei que é um péssimo momento para exercer o realismo, mas acho que as possibilidades são de 50% para cada lado.

A única esperança é a torcida, sempre ela, que mais uma vez atendeu ao chamado da responsabilidade e vai estar com tudo lá no Vazião, carregando nas costas esse monte de come e dormes que se apossaram do nosso Manto. Se não fosse a Magnética, com essa turma fraca que tá aí, a casa já tinha caído há muito tempo.

Pau nas Frangas. Sem Piedade.


Demorou mas chegou. Após meses de espera e salivação intensa a mulambada mais bem vestida do Brasil, também conhecida internacionalmente como torcida do Flamengo, vai tirar a barriga da miséria: é dia de comer galinha! Nossa franga do interior já está no Rio pronta pra ser sodomizada. A moela hoje é por conta dos coiós, que já estão há meses chorando por antecipação pela surra que ainda não levaram. Ô lugarzinho…

Os ingressos para o ágape se esgotaram em pouco tempo, graças ao senso de dever da Magnética (sempre presente, a qualquer hora e em qualquer lugar) e também ao extraordinário tino comercial dos putos dos cambistas cariocas, especialistas em furar filas e em tirar vantagens dos métodos medievais que o Flamengo ainda insiste em usar para comercializar a única coisa que temos pra vender além do Negueba (que ninguém quer comprar, não sei por que).

Sei que é tarde pra tentar mudar a injusta imagem de fanfarrão que adquiri após tantos anos à frente do humilde bloguinho do time mais importante do mundo ocidental, mas dessa vez quero mesmo ser sincero e dizer o que realmente estou sentindo antes de uma partida dessa magnitude. E o que estou sentindo é que devíamos ter pego a galinha monotítula muito antes, como, por exemplo, naquele momento bizarro em que elas, à custa da sorte e do acaso, ocupavam a liderança do certame.

Ora, porque o Flamengo, há meses consagradamente na lama da mediocridade socioesportiva, deveria se martirizar por não ter enfrentando seu cacarejante freguês na hora em que eles estavam, supostamente, em posição de destaque?

Respondo: em primeiro lugar porque todo mundo já conhece a habilidade do chamado botafogo sem praia para iludir seus crédulos torcedores com largadas cheias de som e fúria, que irrompem pelo campeonato como um fogoso corcel para terminar melancolicamente ao passo na pista de areia do Jockey Club de Assunción del Paraguay, que é, ao lado da fábrica de sabão, o destino preferencial dos cavalinhos paraguaios que animam as primeiras e irrelevantes rodadas do Brasileiro.

E em segundo lugar, porque o Flamengo é, e isso já tem muitos anos, o grande paradigma do futebol nacional, o matador de gigantes, o carimbador de faixas, o teste da farinha supremo. É a história que mostra que sempre que pegamos as cocotas da roça na esdruxula situação de estarem acima de nós na tabela demolhes um pau tão grande que depois de nos enfrentarem eles vão se desmilinguindo até sumirem na sua irrelevância originária. Que foi exatamente o que aconteceu em 80, 81, 87, 2004, 2006, 2007, 2009, etc. Ou seja, já devíamos ter aplicado o corretivo moral que esses sem título precisam pra acabar com seus delírios e voltar à realidade.

Mas não tem nada, não. Como dizem lá em Seropédica, galinha de casa não se corre atrás. As cocotas curtiram seu momento, apareceram na televisão, venderam suas camisas rosa de treino e até ensaiaram falar grosso, mas a palhaçadinha acabou. Hoje eles terão o que merecem. Se liguem, sofridos frequentadores da fila do Brasileiro há mais de 40 anos, hoje vocês verão a dura e veiosa face da realidade.

Estamos entre amigos então podemos falar com liberdade e transparência. O Flamengo está numa fase transitória e não está sequer próximo aos altos padrões técnicos e motivacionais que exigimos. Nosso time não é lá essas coisas, ninguém precisa se iludir. Mas apesar da nossa premente necessidade em acumular pontos para o Flamengo existem coisas muito mais importantes do que a vitória simples.

Para nós fechados com o certo também é importante espalhar a nossa doutrina e justificar a nossa proeminência diante da arcoirizada mal vestida. E para que a lição de vida que daremos aos pobres monotitulados das alterosas seja completa e inquestionável é fundamental que ganhemos roubado. Que é como eles gostam.

Pra cima delas, Mengão. E não façam prisioneiros.

A mais doce vitória rubro-negra em todo o ano


O Flamengo cambaleante, o Flamengo de uma vitória em oito jogos, o Flamengo a perigo derrotou o Atlético-MG, que teve fraca atuação, em noite de 39 mil pessoas no Engenhão. Derrotou Ronaldinho, o ex-R10, agora R49, que passou pelo jogo sendo notado apenas pelo laser verde que o seguia como uma maldição.

Foi a mais doce vitória rubro-negra em todo o ano.

O time de Dorival Júnior acertou passes como nunca e, sem chegar a perder gols fáceis, balançou as redes lindamente, num gol de sepak takraw de Vagner Love e outro de Liedson, que vai se reabituando a marcar vestido de rubro-negro. Tudo muito diferente do que o torcedor se acostumou a ver neste ano que já se tenta esquecer.

Se a zaga bobeou num deixa-que-eu-deixo tríplice que permitiu o empate de Jô, ao menos soube irritar Réver a ponto de o zagueiro da seleção de Mano ter desferido um golpe que transpirava revolta. Na minha opinião, pela expressão de fúria no lance que o expulsou, Réver parece ter sido agredido na HONRA, se é que vocês me entendem. No mínimo um wireless na porta USB.

Mas tudo não passa de baixas suposições.

Felipe foi espectador ao longo de todo primeiro tempo, assim como Ronaldinho. O Atlético-MG se ressentiu da ausência de Bernard e da confiança de outrora. Hoje, o Galo já corre risco de obter a vaga antecipada da Sul-Americana caso não reaja rapidamente.

Está de parabéns o time rubro-negro, que finalmente parece ter feito uma dinâmica de grupo e apresentado seus setores um a um, de forma que funcionem como um time. Já se sabe que, quando querem, podem ganhar até de líderes: quem sabe do Fluminense, no próximo domingo?

E está de parabéns a torcida rubro-negra, que eclipsou a lógica de uma gélida e chuviscante noite de quarta-feira e mostrou por quem os Engenhões lotam: destilou ironia e ganhou seu direito ao bullying sobre Ronaldinho.

Que saiu de campo ontem como saiu no início do campeonato: sem deixar saudades.

Ex-Clássico Entediante.


O Flamengo x Foguinho de ontem (26), foi uma pelada sem vergonha! Até que o Flamengo jogou direitinho e conseguiu atravessar mais 90 minutos sem levar gol. Em compensação passou mais 90 minutos sem fazer gol. Alerta vermelho! Já deu pra perceber que o Flamengo não vai muito longe nesse Brasileiro se ficar perdendo ponto pra time pequeno toda hora.

O turno acabou e ainda não conseguimos alcançar a nossa meta de 45 pontos. Não vejo nenhum motivo pra ôba-ôba. 

A primeira crônica de Nelson Rodrigues sobre Pelé

ACHEI UMA CRÔNICA DE NELSON RODRIGUES SOBRE PELÉ, DATADA DE 25 DE MARÇO DE 1958, NUM SANTOS 5 X 3 AMÉRICA, NO MARACANÃ. O JOGO ERA VÁLIDO PELO TORNEIO RIO-SÃO PAULO. TUDO INDICA QUE É A PRIMEIRA CRÔNICA DE NELSON SOBRE PELÉ. UMA RARIDADE, PORTANTO. ACOMPANHE:

Depois do jogo América x Santos, seria uma crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade Albert Laurence chama de “o Domingos da Guia do ataque”. Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: — dezessete anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de quarenta, custo a crer que alguém possa ter dezessete anos, jamais. Pois bem: — verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racionalmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. Em suma: — Ponham-no em qualquer rancho e sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor.

O que nós chamamos de realeza é, acima de todo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: — “Quem é o maior meia do mundo?”. Ele respondeu, com a ênfase das certeza eternas: — “Eu”. Insistiram: — “Qual é o maior ponta do mundo?”. E Pelé: — “Eu”. Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção, que ninguém reage e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé.

Vejam o que ele fez, outro dia, no já referido América x Santos. Enfiou, e quase sempre pelo esforço pessoal, quatro gols em Pompéia. Sozinho, liquidou a partida, liquidou o América, monopolizou o placar. Ao meu lado, um americano doente estrebuchava: — “Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!”. De certa feita, foi até desmoralizante. Ainda no primeiro tempo, ele recebe o couro no meio do campo. Outro qualquer teria despachado. Pelé, não. Olha para frente e o caminho até o gol está entupido de adversários. Mas o homem resolve fazer tudo sozinho. Dribla o primeiro e o segundo. Vem-lhe ao encalço, ferozmente, o terceiro, que Pelé corta sensacionalmente. Numa palavra: — sem passar a ninguém e sem ajuda de ninguém, ele promoveu a destruição minuciosa e sádica da defesa rubra. Até que chegou um momento em que não havia mais ninguém para driblar. Não existia uma defesa. Ou por outra: — a defesa estava indefesa. E, então, livre na área inimiga, Pelé achou que era demais driblar Pompéia e encaçapou de maneira genial e inapelável.

Ora, para fazer um gol assim não basta apenas o simples e puro futebol. É preciso algo mais, ou seja, essa plenitude de confiança, certeza, de otimismo, que faz de Pelé o craque imbatível. Quero crer que a sua maior virtude é, justamente, a imodéstia absoluta. Põe-se por cima de tudo e de todos. E acaba intimidando a própria bola, que vem aos seus pés com uma lambida docilidade de cadelinha. Hoje, até uma cambaxirra sabe que Pelé é imprescindível em qualquer escrete. Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e mesmo insolente que precisamos. Sim, amigos: — aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas-de-pau.

*Dica do meu amigo André Mont’Alverne. 

O batedor de falta é um atirador de elite

Por Fabrício Carpinejar

Um time campeão pede um cobrador de falta. Corinthians tem Alex, papou a Libertadores e o Brasileiro. Palmeiras tem Marcus Assunção, ganhou a Copa do Brasil.

O cobrador de falta é o segundo capitão. O xerife do ataque. A possibilidade de salvar o jogo quando nada funciona.

É um gerador de luz nos apagões do talento. Quando a bola não quer entrar, ele surge com força ou jeitinho para impor a vantagem. Assegura tranquilidade no nervosismo das prorrogações.

É o suspiro de esperança quando não resta sopro, é o que mantém o torcedor na arquibancada durante os acréscimos. 

O cobrador corresponde a um atirador de elite, aquele que fica no telhado com a mira do rifle esperando a mínima movimentação do goleiro para surpreender as redes. 

Os melhores plantéis sempre forjaram um cobrador em suas fornalhas. Não necessitava ser um craque, desde que não comprometesse a partida.

O Atlético Mineiro dos anos 80 contou com o canhotaço de Éder. Cruzeiro dos anos 70 se valeu da potência de Dirceu Lopes e Nelinho (sua força estrondosa está exemplificada no Guiness Book, conseguir chutar uma bola para fora do estádio do Mineirão). Flamengo brilhou com Zico, Tita e Júnior. Vasco reluziu com Roberto Dinamite. O Inter esbanjou títulos com Valdomiro e Jair em sua década vitoriosa no Brasileirão. São Paulo chegou ao tri da América e Mundial com Rogério Ceni e Raí. O timão nunca desprezou a essência desse personagem predestinado: Zenon, Neto, Marcelino Carioca.

Não há título mundial brasileiro que não requisitou de um matador de falta em suas trincheiras. Em 58 e 62, Didi e Garrincha desfilaram sabedoria e malandragem. Em 94, Branco fez a diferença. Em 2002, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos revezaram os tiros de misericórdia.  A seleção brasileira de 70 alcançou a proeza de juntar cinco grandes finalizadores a distância, um verdadeiro pelotão de fuzilamento formado por Gérson, Rivelino, Pelé, Tostão e Jairzinho.

Preparar um cobrador é cuidar da validade do extintor de incêndio e viabilizar saídas de emergência imediatas. É pensar no futuro.

Falta perto da área é quase inevitável, mesmo diante da zaga mais educada (já o pênalti é um milagre, e os juízes estão cada vez mais céticos diante das encenações constantes dos atacantes).

Equipe que se preza reivindica um batedor.  Um personagem unânime no grupo, o que treina um pouco mais com o fim do coletivo.

Acontece uma falta, e não existe confusão, protesto e briga para definir quem assumirá o lance. Está definido pelo treinador desde o início dos tempos. Ele aparece de longe e com a calma de um veterano. Transpira a exclusividade e o carisma de um líder – os demais se afastam por respeito. 

Todos sabem quem ele é, devem saber ao menos, para temer. O batedor vem com seu sangue-frio pegar a bola, ajeita a redonda na grama e dispara seu petardo ou com efeito ou com violência.

O colorado está carente de um cobrador, de um coringa. D`Alessandro não vem cumprindo a missão – é irregular e instável (poucos gols em cinco anos, mal enche as mãos). O último que apareceu no Beira-Rio foi Andrezinho (hoje no Botafogo), mas ele era um reserva de luxo e nem sempre estava em campo para chamar a responsabilidade.

O cobrador não é um acessório, mas é a alma da competitividade.

No caso do Inter, que já teve uma linhagem formidável de Mário Sérgio a Rubem Paz, não desfruta sequer de um cobrador de pênalti fixo.

Isso aponta para a ausência de liderança no vestiário e de referências em campo. É a manifestação da desordem, o aviso do caos.

Definir tarefas é a principal tarefa do técnico, e deve ser a preocupação imediata de Fernandão.

A bola parada é competência num jogo feito de sorte e azar.

Corinthians campeão da Libertadores da América 2012 (crônica)


Vai, Corinthians! Vai para as ruas, vai para o abraço do torcedor que te ama, vai para o pódio, vai levantar a taça que você tanto sonhou… Vai atravessar o mundo. Vai para o Japão!

Cássio, Alessandro, Chicão, Leandro Castán, Fábio Santos, Ralf, Paulinho, Alex, Danilo, Jorge Henrique, Emerson, Julio Cesar, Danilo Fernandes, Welder, Marquinhos, Wallace, Ramón, Willian Arão, Ramírez, Douglas, Romarinho, Gilsinho, Willian, Elton, Liedson e Tite. Nomes que não vão constar em livros de História, mas estarão eternamente dentro dos corações e da memória de milhões de pessoas, que ensinarão aos filhos e netos quem foram eles, e o que foi o 4 de julho de 2012 para a nação corintiana. O dia da libertação. O dia da Libertadores.

A vitória por 2 a 0, na noite desta quarta-feira, no Pacaembu, sobre o gigantesco Boca Juniors, de tradições e glórias mil, de seis títulos sul-americanos, torna ainda mais gigantesca a conquista inédita. E mais: de forma invicta, algo que só um time brasileiro havia conseguido – o Santos de Pelé, em 1963. A taça da Libertadores, enfim, tem uma plaquinha do Corinthians.

O triunfo final sobre os argentinos selou a campanha com identidade. De um time sem estrela, que não se assustou com placares adversos, rivais tradicionais ou craques do outro lado. Que não se pressionou por nada e encontrou o equilíbrio (palavra idolatrada por Tite) entre lutar a cada centímetro de grama pela Libertadores sem tratá-la como um campeonato do outro mundo.

De 6 a 16 de dezembro, o Corinthians tentará o bicampeonato mundial. Dessa vez, sem convite, sem a chance de enfrentar um brasileiro na final e tendo que ir ao Japão. Bem diferente de 2000, quando bateu o Vasco na decisão, no Maracanã. Um mundial para ninguém botar defeito. Monterrey (MEX), Auckland City, da Nova Zelândia, e o poderoso Chelsea (ING) já estão classificados para a competição no fim do ano.

O Corinthians entrou em campo invicto na Libertadores

Boca Juniors foi ao Pacaembu sem ter perdido nenhum jogo fora de casa. Jogaço? Lutaço! Os primeiros minutos fizeram inveja a Anderson Silva e Chael Sonnen. Soco de Chicão em Mouche, empurrão de troco, tapa de Erviti em Paulinho… Mais tarde, ainda haveria exibição de “El Tanque” Santiago Silva, com cotovelada em Castán e tentativa de imobilização em Ralf.

Futebol mesmo apareceu pelos pés de Sheik. Com velocidade, ousadia e toques rápidos, o camisa 11 era quem menos tinha medo da decisão. Ousadia que provocou o maior drama do primeiro tempo: um choque entre Somoza e o goleiro Orion.

O camisa 1 do Boca caiu por três vezes no chão e não suportou a dor. Saiu aos prantos, consolado pelo técnico, o ex-goleiro Julio César Falcioni. E por ironia do destino, o reserva Sosa, pouco mais de um ano depois, voltou ao Pacaembu. Era ele o goleiro do Peñarol (URU), que perdeu a final da Libertadores de 2011 para o Santos.

Alex não confiou nem em Orion nem em Sosa. Tentou quatro finalizações de fora da área, sem sucesso. Do outro lado, Riquelme, que antes do jogo tomava água e gargalhava, foi só rascunho do grande jogador que entrou para a história. Era constrangedor seu esforço, em vão, para correr e achar os companheiros, limitados tecnicamente. Fim de primeiro tempo com a certeza de que o segundo não poderia ser pior.

Sheik para a história

O empate levaria o jogo para a prorrogação, e Riquelme, que mal conseguia jogar 90 minutos, parecia querer disputar 120. Rolou no chão, demorou para cobrar escanteio, mexeu com o equipamento dos fotógrafos e fez falta digna de jogador juvenil. Na cobrança, a bola esperou por um toque consciente, que veio do calcanhar de Danilo. Sheik, no lugar certo, na hora certa, fuzilou Sosa e deixou o Pacaembu em êxtase.

A vantagem expôs ainda mais a limitação do Boca. Riquelme, em atuação de dar pena, não criou nada. O único recurso, mesmo depois que Falcioni colocou o atacante Cvitanich no lugar do meia Ledesma, eram os cruzamentos. Os argentinos abriram o meio e se cansaram, cenário dos sonhos para o Corinthians garantir o título invicto (oito vitórias e seis empates).

Mouche, sozinho, teve a única boa chance dos visitantes durante o jogo. Cabeceou nas mãos de Cássio. Uma caridade do atacante para que o goleiro, brilhante no mata-mata, pudesse aparecer na decisão. Riquelme, de 34 anos, não era o único “velhinho” cambaleante em campo. Schiavi, aos 39, errou passe fácil no campo de defesa. Deu nos pés de quem não poderia dar. Daquele que nasceu para ser vencedor. Tricampeão brasileiro nos últimos três anos, Emerson arrancou para a glória definitiva. Deixou Caruzzo para trás como se o rival nem existisse e tocou com categoria. Não parou de correr nem na comemoração, quando foi perseguido pelo preparador físico Fábio Mahseredjian, outro craque desse título.

Daí para frente foi só festa. O Boca não tinha mais o que fazer, e os “antis” já nem secavam mais. A torcida orgulhosa por ter sido fiel e Fiel na Libertadores, viajou por alguns segundos. Lembrou-se do vacilo de Guinei, da cobrança de pênalti de Marcelinho Carioca, do “pega, pega” do Morumbi, do gol de Vágner Love e de ter descoberto quem era o Tolima. Exemplos que invertem a letra do hino. Teu passado é uma lição. Teu presente, uma bandeira.

Enquanto os adversários terão de pensar em novas brincadeiras a partir de agora, a torcida grita “É campeão!”. Duas palavras que valem mais do que todas escritas acima.

Os 10 anos do Penta


Há 10 anos, em 30 de junho de 2002, em Yokohama, no Japão, o Brasil conquistou o Pentacampeonato mundial de Futebol. Naquela manhã de domingo, a nossa seleção venceu a Alemanha por 2 a 0, com 2 gols do Ronaldo Fenômeno. O torneio que foi o primeiro sediado por dois países e aconteceu durante nossas manhãs e madrugadas. E ainda bebíamos nestes horários, claro!

O time que jogou a final era formado por: Marcos, Lúcio, Roque Jr. e Edmilson; Cafu, Gilberto Silva, Kléberson, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos; Ronaldo e Rivaldo. Entraram ainda Denilson e Juninho Paulista. Luiz Felipe Scolari era o técnico.

Do elenco campeão, já penduraram as chuteiras Cafu, Roque Júnior, Ronaldo, Denílson, Vampeta, Juninho Paulista, Júnior, Edílson, Luizão, Belletti e Marcos. 


Ainda na ativa estão Lúcio (Inter de Milão-Itália), Edmílson (Ceará), Roberto Carlos (Anzhi – Rússia), Ricardinho (Bahia), Rivaldo (sem clube), Anderson Polga (Sporting-Portugal), Kléberson (Flamengo),Gilberto Silva (Grêmio), Rogério Ceni (São Paulo), Ronaldinho Gaúcho (Atlético-MG), Kaká (Real Madrid) e Dida (Portuguesa).

Na manhã do título, estávamos na casa da tia Tatá, a beira da piscina. Foi muito firme! Bons tempos aqueles! Meu obrigado a todos os heróis daquela seleção. Aquele momento está guardado na memória e no coração!

Elton Tavares

A história nada louca do dia 30…


Estava eu novamente mexendo na Wikipédia, a nova mãe dos burros, quando resolvi dar uma olhada no que aconteceu no dia 30 de junho na História.

Resumidamente, apresentaram a Bandeira de Portugal, nasceu o Mike Tyson e o Ralf Schumacher e na mesma data morreu o médium Chico Xavier.

O que mais chamou a atenção mesmo foi que a Seleção Brasileira de Futebol venceu a Copa, em 2002, e sagrou-se a primeira Pentacampeã do mundo.

É engraçado como tudo se encaixa: estamos a um dia do final da Eurocopa, loucos para assistir Itália e Espanha e completamente desacreditados na seleção canarinho.

Também pudera. Nosso maior ópio foi jogada às traças e acredito que nem os urubus ficaram muito afim da carniça. Ou alguém ainda acredita na Seleção?

Cara, num sei dizer quando começou, mas o negócio anda muito feio para os representantes da camisa amarela (e que horror de blusa!). Se Deus é brasileiro, deve ter tirado férias e colocado aquela mala sem alça e sem rodinhas para dirigir (mal) os meninos do Brasil.

De quem é a culpa? Sei lá… só sei que a nossa seleção vai levar uma peia daquelas em 2014… e vai ser muito bem feito!

Ou você acha mesmo que o Brasil passa por qualquer um desses times da Eurocopa? Tolinho…

Darth J.Vader