Intermunicipal 2022 inicia na próxima terça-feira (30)

A competição traz para o primeiro confronto Itaubal e Tartarugalzinho, no Estádio Tunicão.

A Federação Amapaense de Futebol (FAF) divulgou na terça-feira (23) a tabela do Campeonato Intermunicipal 2022, que inicia no dia 30 de agosto, com confronto entre as ligas de Itaubal e Tartarugalzinho. A competição reúne atletas de todos os municípios do Amapá, tendo 15 ligas participantes e o vencedor do Campeonato Não Profissional do ano anterior como representante da capital.

A Liga de Tartarugalzinho é a atual campeã do Intermunicipal. O título foi conquistado na final contra Santana em dezembro do ano passado, tendo como placar 6×5 nos pênaltis, após empate no tempo normal por 1 a 1.

O primeiro jogo do Intermunicipal 2022 acontece no Estádio Tunicão, em Itaubal, às 15h30. A competição segue com confronto entre Calçoene e Mazagão, no dia 1º de setembro. Ao todo, serão 29 jogos, 8 rodadas de caráter classificatório/eliminatório, partindo para as quartas de final, semifinais e a grande final, prevista para o dia 05 de novembro. O Clube Atlético Olímpicos será o representante de Macapá na disputa deste ano.

“Vamos começar a tradicional ‘Copa dos Municípios’, o nosso Intermunicipal. Reunimos os melhores nas seleções de todas as partes do Amapá e a Federação preparou tudo para que a tabela siga sem impedimentos e culmine na grande festa do Zerão, prevista para novembro”, concluiu Netto Góes, presidente da FAF.

Serviço:

Marcelle Nunes
Comunicação FAF
(96) 98106-4232

Craque Neto – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Cria do Guarani, do berço sagrado nomeado Brinco de Ouro de campinas José Ferreira Neto ou simplesmente Neto, vestiu muitas das maiores camisas do futebol brasileiro, mas cravou seu nome na história como uma dos maiores jogadores do Corinthians.

Pelo Timão conquistou um paulistão de 97, a supercopa de 91 e o maior de todos os seus títulos com o manto alvinegro o brasileirão de 90. Meio campista dos bons, chegava sempre ao ataque, tinha um faro seguro em direção a grande área adversaria  , uma técnica incrivelmente apurada e sua maior arma era sem duvidas a bola parada. Neto conhecia como poucos o apreço da bola com o gol em uma falta.

Sua raça em campo era algo descomunal, não tinha lance perdido ou bola impossível, seus recursos não eram escassos dentro das quatro linhas, valoroso não se escondia no jogo e deixava seus companheiros sempre a vontade com passes de precisão cirúrgica.

Em 1990, só não fazia chover, fez do Pacaembu sua casa, sua morada onde fazia repousar quase que em todas as oportunidades a criança nos fundos das redes.

O temperamento explosivo o acompanhou por toda a carreira, sendo em confusões com técnicos ou muitas vezes com a própria torcida, assim foi no Palmeiras, São Paulo, Santos , Galo e também no Bangu. Mas não esquecemos que na mesma proporção existia um talento.

Talento esse que sobrou nas fases finais do brasileirão de 90, quando com dois tentos contra o Atlético Mineiro um a os 30, outro aos 40 da etapa final classificou o Corinthians , contra o Bahia, na Fonte Nova , mais uma virada , Neto em uma chapada espetacular de falta garantiu a vitória alvinegra que foi assistida pela fiel corintiana, que o abraçou como xodó e ídolo eterno. O Timão estava na final.

Neto como artista da bola que era, conseguiu um feito que só os Deuses do futebol e seus caminhos tortos  escritos pelas linhas retas das áreas teriam como conceber, dois gols de bicicleta perfeitos um pelo Guarani contra o Timão e um pelo Corinthians contra o Bugre.

Um torcedor dentro de campo, um quase atleta, seus problemas com a balança eram uma constante, mais um jogador de excelência, que colocava a seu favor a raça, a categoria, o sangue e a paixão pela camisa.

Faltou a Copa de 1990, um dos melhores do campeonato nacional ficou de fora , mas em 91 vestiu a 10 canarinho na Copa América, além da medalha de prata em 88 em Seul.

Também campeão Paulista pelo tricolor, onde desafiou a lógica ao marcar um gol olímpico em um clássico contra o Palmeiras,  mas eternizado como principal jogador do primeiro brasileirão do Corinthians.

Neto era um fiel corintiano dentro das 4 linhas, a torcida sabia que podia contar com ele, e ele não decepcionaria, pôs todos sabiam que dentro daquele peito batia um coração alvinegro.

Foram 184 gols anotados em toda a carreira, 5 títulos, a honra de vestir as maiores camisas do estado de São Paulo, de um dos maiores de Minas e uma das mais charmosas do Rio,   muita contribuição para o bom futebol, esta entre os 10 maiores da historia do Corinthians e com certeza na memoria de todos que gostam do esporte bretão.

Craque Neto é sem duvidas um imortal do futebol.

Futebol é Momento – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Essa é uma de muitas leis que cercam o jogo, joga quem está melhor e confiante. No ardor da partida, os homens são diferenciados dos meninos e ninguém sinceramente joga bem sem que tenha a chamada moral lá cima.

Vamos lá, em breve estaremos mais uma vez em período de Copa do Mundo e quem acompanha o campeonato nacional está de olhos abertos para a Guinada que clubes como Flamengo, Fluminense e Atlético Mineiro, e Palmeiras deram no limiar decisivo da competição.

O Porco faz o que já era de se esperar, o Galo caiu de produção mas ainda pode dar um calor, o Flamengo aparentemente exorcizou Jesus e com Dorival encontrou seu caminho e o Fluminense de Diniz se diferencia dos demais com seu futebol vistoso, bem jogado e de muita raça.

Na moral é realmente inaceitável que Ganso, Hulk, Pedro, Rony e PASMEM  Rodney estejam fora da seleção em ano tão importante, na boa se esses caras fossem sei lá Portugueses já estariam com o passaporte carimbado rumo ao deserto do Catar.

Imagine um ataque formado pelo Adulto Ney, Hulk e Pedro em uma competição de sete jogos, com um Rodney endiabrado correndo como uma flecha pela lateral, com um Ganso de passes certeiros e conduzindo um jogo, sem contar a entrada de um certo Rony no segundo tempo, seria um verdadeiro Deus nos acuda para defesas adversárias .

O pensamento é claro, a Copa é curta e tem que ir quem está melhor, assim prega a lógica.

Ah, e temos que torcer para que nossos vizinhos continuem a ignorar Germán Cano que neste ano é simplesmente artilheiro da Copa do Brasil, do Brasileirão e do mundo com seus até agora 31 gols.

Este pode ser apenas um devaneio solitário de torcedor, mas sinceramente eu acredito e torço para que cheguem até Adenor, pois esse problema é dele.

A Copa sem esses nomes citados não estará completa.

Bom falta pouco só nos resta torcer.

*Marcelo Guido é Jornalista, Pai da Lanna e do Bento e Maridão da Bia.  

Abreu o senhor do tempo – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Dois de junho de 2010, local Soccer City, Joanesburgo, Copa da África, quartas de finais.

Poderia ser mais um dia comum, mas não era, tempos de Copa não existem dias comuns, os Deuses da Bola se inspiram e realizam as mais estupendas façanhas para os amantes do futebol.

No menu, Uruguai e Gana, um duelo inesperado na historia dos mundiais de um lado a celeste olímpica, trajando azul clássico , comandados por Diego Forlan, o homem que domou a jabulani. Do outro o selecionado de Gana, jogando em seu continente com seu uniforme listrado, avermelhado como sangue dos nativos e comandados pelo craque de marca maior Boateng.

Jogo corrido, a saga dos dois times em busca do apogeu do titulo estava começando e cada minuto que se passa o objetivo parece esta mais longe. O equilíbrio é constante, não se chega a toa em tal fase de torneio, erros podem custar caro e se arriscar demasiadamente não é uma opção.

Gana sai na frente a os 47 do primeiro tempo, nos acréscimos da etapa inicial em chute forte de fora área Muntary vence Muslera e coloca os africanos em vantagem, Gana 1×0.

No segundo tempo, o Uruguai parte para cima e logo a os 10 minutos uma falta cobrada na área por Forlan não encontra ninguém, a bola milagrosamente descansa nos fundos das redes, Uruguai 1×1 Gana.

Depois desse lance, o protocolo. As duas seleções buscando a vitória na raça, mas o tempo não para e o continua a correr, cansaço vem para os dois times a prorrogação era o destino.

Destino esse que necessariamente poderia ser escrito por poetas, escribas que fossem não teriam a originalidade ambígua dos Senhores do Futebol. Parecia estar tudo desenhado como pensado, nos os mortais só poderíamos observar e contemplar o inesperado.

No final do tempo complementar, falta para Gana, bola na área novamente Boateg desvia de cabeça, Muslera divide no alto , a bola sobra para Appiah soltar uma bomba certeira a queima roupa, Suarez defende com as mãos de Deus em cima da linha. Mas Suarez é centro avante não goleiro, decreta sua expulsão e pênalti para Gana.

Gyan, camisa 3 o responsável pela cobrança, o tempo acaba não tinha mais o que ser feito era a cobrança e fim de papo. Chute forte no meio, a bola beija a baliza superior e o tempo acaba, a vaga vai para as derradeiras cobranças finais.

Quis o destino para quem acredita, os Deuses da Bola se regurgitam com nossa aflição, nada está decidido e o mundo espera o resultado, azuis e listrados quem vencer será o merecedor da gloria. E pênaltis não tem favorito.

O semblante de todos estava lá, olhos atentos. Jogadores, nervos a flor da pele, o gramado magico suspira suor, lagrimas.

Abreu, o Loco vai para a cobrança final, podendo levar o Uruguai sua pátria para mais uma semifinal de Copa. Nos ombros cansados a esperança de milhões de uruguaios, o mal agouro de milhões ganeses, o caminho ate a marca é longo e seu caminhar é lento.

O tempo, ah o tempo algoz dissimulado o ponteiro que nunca para coisa que não se mede. Lôco Abreu, por suas veias abertas corre um sangue frio, parte em direção da bola, cavadinha, o tempo para o mundo respira, um capricho único, bola encontra o seu destino. O sublime gol que encerra tal peleja.

Os uruguaios comemoram, ganeses choram, vitória justa? Não existe justiça. As leis da física foram vencidas, o tempo foi parado e Abreu é o seu senhor.

O Uruguai voltaria a carimbar o respeito mundial no futebol, anti-jogo proporcionado por Luizito se valeu, Gana desperdiçou sua chance e a celeste olímpica foi em frente.

Os Deuses da Bola comemoraram como nunca.

Esta foi uma das maiores partidas de futebol de todos os tempos.

Copa do Brasil 1991, a epopeia do Tigre – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

O futebol  como já disse  não é esporte é jogo, e dependendo do dia, lua, destino ou sei lá o que muitas vezes o mais fraco ganha do mais forte. Dentre muitos capítulos já escritos pelos Deuses da bola, de certo, um dos mais espetaculares é a conquista do Criciúma na Copa do Brasil em 1991.

Então vamos lá, a Copa do Brasil é realmente um dos campeonatos mais singulares que existem, times de todas as regiões se enfrentam e de lá o campeão ganha a oportunidade única de tentar a conquista da América no ano seguinte.

Em 1991 apenas os campeões e  alguns vices dos estaduais participavam do torneio, o que dava aquela enxugada, nesta edição apenas 32 clubes largaram da primeira fase, não tinha o papo de eliminar o jogo de volta, era torneio raiz.

Dentro de tal contexto, o torneio de 91 apresentava ao mundo um certo Luiz Felipe Scolari e seu esquadrão amarelo, preto e branco que com um futebol vistoso conquistou o titulo inédito e colocou no mapa o futebol catarinense.

O “tigre”, como é chamado carinhosamente o Criciúma, fez uma uma campanha acima da regularidade e com nomes como Sarandi, Roberto Cavalo (craque), Soares e um endiabrado Jairo Lenzi levantou a Copa do Brasil em uma final épica contra o todo favorito Grêmio.

Rezando a cartilha de Felipão, que deixou de lado a Série B, o time sem estrelas ou medalhões mostrou um conhecimento tático superior, um respeito as inevitáveis falhas e aprendeu a fazer valer o mando de campo, se em casa o time tornou-se quase imbatível, fora jogava com inteligência e no esquema fechadinho, dando ênfase ao contra ataque.

Na primeira fase o time arrancou um empate magro contra o Ubiratan (MS) 1×1, e aplicou uma goleada honrosa no segundo jogo (4×1), nas oitavas encarou um Atlético Mineiro, apostando nos erros do adversário duas vitórias, as duas pelo placar mínimo 1×0. Nas quartas veio o Goiás, o esmeraldino contava com Túlio Maravilha em alta, mas conseguiu um 0x0 no Serra Dourada e um 3×0 em casa, o time já começava a chamar atenção.

Nas semifinais o tigre catarinense enfrentou o leão azul da Antônio Baena. Brilhou a estrela do artilheiro Soares, que garantiu o gol da vitória na primeira partida no Pará e ainda fez mais um em casa. Resultados Remo 0x1 Criciúma e Criciúma 2×0 Remo.

A Final.

O capítulo a parte, o Grêmio de Porto Alegre, campeão do mundo. Em má fase com certeza, o tricolor gaúcho tinha acabado de ser rebaixado no nacional semanas antes e via a oportunidade de salvar o ano indo para a libertadores no mesmo ano. A zebra, ou melhor, o tigre mostrou mais uma vez sua força e fora de casa, nos domínios do adversário, segurou o ímpeto do rival e arrancou um suado 1×1.

Em casa, o Criciúma precisava empatar sem gols, para levantar a taça. E assim o fez, 0x0 perante 20 mil torcedores  que comemoraram a conquista inédita em casa, invicto, foram 6 vitórias e 4 empates.

O Criciúma mostrou a todos que camisa, imprensa e falatório não ganhavam jogos e nem torneios, o que até para o mais fervoroso torcedor parecia sonho era a mais linda realidade.

O Time fez bonito na Libertadores, ficou em quinto, meteu uma sacola no São Paulo na primeira fase, e vendeu caro a desclassificação, mas este é um texto de celebração, ficamos com o fantástico título de 91, que mostrou a luta árdua de um dos muitos Davis do futebol, contra os Golias da Bola.

O futebol é incerto e digo, por isso é maravilhoso.

Salve o Criciúma campeão do Brasil em 91.

Mário Sérgio – O “Vesgo” – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

O futebol brasileiro  apresenta vários nomes todos os anos, poucos fazem história por várias rivais, sendo reconhecido por várias torcidas como gênio. Mário Sérgio Pontes de Paiva é sem dúvida alguma,  um desses singulares casos.

Cria da Gávea tinha tudo para despontar como mais um craque formado pelo celeiro que mostrou ao mundo Zico, Adílio e Junior dentre outros daquela geração de ouro, mas seu temperamento forte não o deixaram permanecer no time rubro negro.

Oriundo do futebol de salão, tinha uma técnica expirada, como um verdadeiro craque conduzia suas equipes sempre da forma mais ofensiva, muitas vezes fora acusado de ser “fominha”, por puxar o jogo para si e prender muito bola, mas de seu pé canhoto sempre saia algo espetacular, passes que rasgavam o tapete verde e encontravam atacantes ávidos por marcar gols.

Foram 13 camisas vestidas, treze torcidas apaixonadas, títulos nos principais campeonatos do Brasil, e o mundo conquistado em uma carreira de 18 anos  marcada por polêmicas e muito futebol.

Vestiu vermelho e preto na boa terra, e pelo Vitória levantou o campeonato baiano de 72, suas boas atuações o trouxeram de volta ao Rio de Janeiro, para ser uma das principais engrenagens da primeira máquina tricolor, e junto de Rivelino e Edinho levantaram o estadual de 75 e no ano seguinte o bi campeonato. Mas uma indisposição com o mandatário tricolor o fizeram vestir o alvinegro ainda em 76. Pelo Botafogo que tinha formado um senhor time “problemático”, mas bom de bola, com Dé, Renê e Paulo Cesar, esse escrete da estrela solitária foi apelidado de “Time Camburão” pelo jornalista Roberto Porto, que além de escriba também era um botafoguense dos bons.

Mário Sérgio chega para vestir  vermelho no sul do país, a pedido de ninguém menos do que de Falcão. No Internacional foi fundamental na conquista do nacional de 79 de forma invicta. Suas jogadas espetaculares faziam a festa de Bira e realmente o time sobrou em campo de forma absoluta naquele ano. Em 80 chegou a disputar a final da Libertadores, o título não veio, mas com a saída de Falcão para ser o Rei em Roma, tornou-se o principal jogador da equipe que ainda levou o gauchão de 81.

Sua idolatria conquistada por méritos próprios no Internacional não o impediram de vestir as cores do Grêmio, sua habilidade singular o fizeram ditar o ritmo do jogo mais importante da historia do time do olímpico,  O Vesgo, deixava os marcadores alemães extremamente confusos com seus passes, olhar para um lado e lançar para o outro, melhor jogador da partida foi Renato, mas pelos gols, claro o mais importante , mas Mário Sérgio foi sem duvida alguma o responsável central pelas jogadas que pintaram o mundo de tricolor em 83, foi apenas um jogo que trouxe a maior conquista do Grêmio de Futebol Porto Alegrense.

No “Grenal” da entrega das faixas, já em 84 vestindo vermelho novamente recebeu a faixa azul do mundial e foi aplaudido e ovacionado pelas duas torcidas, fato que mostrou toda sua idolatria no sul, ídolo marcante tanto de Colorados e Tricolores.

No Verdão, foi pego no doping depois de um jogo contra o São Paulo, onde vários jornalistas viram um certo Doutor Marco Aurélio Cunha, médico do São Paulo oferecendo uma famigerada “Soda Limonada” ao jogador, resultado positivo para cocaína lhe rendera um gancho de 6 meses. Mário ainda voltaria a mostrar seu bom futebol ao alviverde, mas o clima não estava mais como no começo e depois de uma passagem pelo Botafogo de São Paulo, o craque foi para a Suíça.

Depois do clima gelado dos alpes, o sol da boa terra novamente, agora vestindo as cores do Tricolor de Aço. Pelo Bahia, Mário já não conseguia acompanhar o ritmo dos outros jogadores, contusões e a idade já cobravam o preço e vestindo a 10, pediu para sair depois de um primeiro tempo na quinta rodada do brasileirão de 87, despediu-se dos jogadores, da comissão técnica e encerrou assim sua notável carreira de jogador profissional.

Mário Sergio, foi um dos melhores canhotos que o futebol brasileiro produziu, jogador diferenciado que por seu temperamento não jogou a copa de 82, substituído por Éder na convocação final, que deu tiros ao alto para assustar a torcida do São José, quando atuava pelo São Paulo, um dos primeiros casos de afastamento por doping no futebol nacional, mas nenhuma dessas manchas chega perto de suas conquistas dentro de campo.

O Vesgo foi sem dúvida um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos.

Mário Sérgio Pontes de Paiva se foi desse mundo no dia 28 de novembro de 2016 no acidente aéreo  que vitimou a delegação da Chapecoense a caminho da final da Copa Sul-americana.
       
*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia, além de vascaíno.

Na minha volta ao Zerão sai como campeão – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Noite de segunda-feira agradável, temperatura boa, nenhum sinal de chuva, tudo ocorre bem para um excelente espetáculo futebolístico.

Neste contexto, saio às 19h. O jogo marcado para as 20 e poucos, dá tempo de sobra para chegar, uma atmosfera vencedora toma conta de mim, dessa vez vai dar certo.

No cardápio, final do campeonato amapaense, Trem e Independente prometiam um bom jogo, digno de uma final, sem surpresas os dois melhores escretes da competição, nada mais justo que chegassem bem para realizar a segunda e derradeira partida, promessa de muitos tentos, jogadas inesquecíveis e muita festa.

Entro no estádio, minha relação com Zerão vem de longe, fui no jogo inaugural, Zico tabelou com Collor, então presidente em um jogo festivo da seleção de másters. Mas meu afastamento daquele singular templo do futebol é grande, acredito que a última vez que tinha entrado lá para ver um jogo fora em 2005, um Remo x São José.

Meu afastamento do estádio tem dia, ano e responsável, o campeonato de 92. Aquele sim foi um senhor campeonato, lembro como se fosse hoje o timaço do Ypiranga com Edgar (craque do ano) Jorginho Macapá, Tiago, Rodolfo, Miranda treinados pelo folclórico tri campeão mundial Dadá Maravilha, sou torcedor do Trem, mas reconheço que aquele time era bom.

Foram 4 partidas seguidas, a final do segundo turno o time do Trem ciceroneado por nomes como Jorge Periquito, Mario Sergio (fenomenal), Jorge Silva, Edmilson Borçal, Roberto Foguete e um endiabrado Edilson Bala derrotou o todo poderoso negro anil por 4 a 2 e forçou as finais, ate aquele jogo, o Ypiranga não tinha perdido um jogo, e seus únicos pontos perdidos tinha sido justamente para o Trem em um 0x0 no Glicério Marques.

Três partidas, 1×1, 0x0 e terceira, um sonoro 3×0 com direito a gol do Fantástico e tudo. Naquele dia eu saí triste.

Trinta anos depois eu estou no mesmo local, mais uma final com o Trem. Não que meu clube não tenha ganho nada, pelo contrário estava defendendo um título. A dívida era minha, eu tinha que ver, sentir, testemunhar a conquista, ver a história ser escrita.

Começa o jogo, lembro do meu Pai que sempre dizia “O Trem tem que começar atacando a favor do vento”, meu pai é um cara que sabe das coisas. Reparei que o campo escolhido para iniciar foi o certo.

Bola rolando, os dois times apresentando um bom futebol, vistoso, aguerrido, com muita vontade não a toa chegaram a final.

Falta para o Trem, cobrança de Tharcio, o vento ajuda a bola no fundo da rede. Vibrei como não vibrava a muito tempo, estava dando certo.

Chuva cai, não chuva um dilúvio que se Noé estivesse presente diria “eu tenho a arca” um verdadeiro toró, raios pra todo lado nesta hora eu torci para os mesmo ficarem longe de nossos transformadores. Volta o jogo, fim do primeiro tempo.

Segundo tempo o Independente começa melhor, bem melhor o carcará tem qualidade e time pra isso, a locomotiva equilibra, mas em jogada trabalhada Joilson empata, lance que gera reclamação dos atletas rubro negros , mas não tem VAR, bola ao centro. Os jogadores sentem o momento, um gol acaba tudo, mas o tempo não para como já dizia Agenor e fim de papo. Pênaltis.

Pênalti no futebol é quase um resumo da própria vida, tiro livre, um homem contra o outro, a bola. Um apito dá o sinal, dali só irá surgir heróis e vilões.

Confesso que não sou muito de ganhar nos pênaltis, na boa ganhei uma Copa, a de 94, mas perdi um mundial em 2000 e realmente meus medos vieram a tona, não pode acontecer.

Cinco cobranças, 4 no fundo da rede. Cobranças Alternadas. Ai sim, a emoção vem a tona e surge o herói. Dida, nome de craque, semblante serio um senhor arqueiro, converteu o seu e defendeu o outro cobrado pelo outro arqueiro.

Festa garantida, Dida o herói da conquista e finalmente depois de 30 anos eu pude comemorar o Zerão. Fiz as pazes com o estádio, olhei para o gramado, vi a festa. Liguei pro meu pai, que não estava lá. Agradeci por me ensinar a amar o clube e que aquele título era nosso, estava guardado, já estava escrito.

Este foi o quinto título do Trem no campeonato profissional, o mais importante, porque eu estava lá.

Menção mais que honrosa para a torcida verde e branca do Independente, vocês são fodas, para que a turma do Trem tomem cuidado com essa taça.

Com chuva, raios e trovões o TREM É CAMPEÃO.

Dida é o melhor goleiro do mundo.

*Errata: no texto do primeiro jogo, por erro de digitação coloquei o placar de 1×1 o correto é 2×2.
**Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Amapazão: Trem é campeão em final histórica – Por Marco Antônio P. Costa.

Por Marco Antônio P. Costa.

Não há nenhum amante do futebol e torcedor do Amapá que não tenha ficado contente com a final do Amapazão 2022, ocorrida na noite desta segunda-feira (25), no estádio Zerão. No fim, o Trem, de Macapá, sagrou-se bicampeão em cima do Independente, de Santana.

Os hemisférios norte e sul viram duas equipes aplicadas, buscando a vitória todo o tempo, com garra e disposição.

A final teve todos os componentes de um grande jogo de futebol: garra, emoção, entrega e até uma paralisação de quase 40 minutos. Ocorre que no primeiro tempo, o jogo ficou paralisado devido à chuva torrencial que caiu em Macapá. Em poucos minutos, o gramado ficou sem condições de jogo.

A Locomotiva da Zona Sul de Macapá saiu na frente, com gol de Tharcio, cobrando uma falta que mais parecia um lançamento para o cabeceio. No entanto, ventava muito e a movimentação dos atacantes do Trem confundiu o goleiro alviverde. A partir daí, o Trem recuou um pouco e o Independente lutou muito, mas sem conseguir o empate.

Torcida

Desde o início do jogo, as torcidas pareciam ser as principais protagonistas. Casa cheia, R$ 80 mil de renda e, certamente, mais de 5 mil pessoas no Milton Corrêa de Souza.

Vale ressaltar a incrível mobilização da torcida do Carcará da Vila Maia. Parecia que Santana entregou-se à final. Estava lindo. No entanto, apenas no segundo tempo, depois de muito insistir, é que a torcida do Independente comemorou. Joilson Lukaku – uma referência ao famoso atacante belga – empatou.

Após o empate, o Trem buscou mais. A lateral direita parecia uma avenida e várias chances foram criadas, mas não teve jeito: pênaltis.

Dida, herói goleiro

Não é à toa que ele leva o nome de um grande goleiro. Foi Dida, arqueiro do Trem, que decidiu o campeonato.

As cinco cobranças iniciais já tinham passado e o jogo teimava em não acabar. Na nona cobrança, Dida bateu e converteu para o Trem. Em seguida, pegou o pênalti do goleiro do Independente – quem diria? O Amapazão 2022 foi definido em um duelo de goleiros.

“A gente sabia que o jogo seria equilibrado, foi assim no primeiro e no segundo tempo e até nos pênaltis, mas Deus nos honrou e levamos o título”, declarou Dida.

Pelo lado do Independente, restou muita sobriedade.

“A equipe do Independente jogou muito bem, digno de uma final, dois times bons, foi decidido nos pênaltis, mas é isso. Parabéns à equipe do Trem e à nossa também. Perdemos muitos jogadores na reta final, machucados, mas lutamos sempre. Quero mesmo é parabenizar essa torcida maravilhosa, que lotou e apoiou”, declarou Guli, jogador do Independente.

O Trem venceu o campeonato amapaense pela quinta vez e representará o Amapá na série D, Copa Verde e Copa do Brasil de 2023.

Fonte: Seles Nafes.Com

A Final do Amapazão 2022 –  Crônica porreta de Marcelo Guido

Crônica porreta de Marcelo Guido

Alviverdes e Rubros Negros prometem um espetáculo à parte no gramado que divide o mundo.

Trem e Independente decidem na noite desta segunda-feira (25) o título do campeonato amapaense de futebol profissional 2022.

Ao apito do árbitro  inicia se a partida as duas melhores equipes do campeonato começam a final do “Amapazão”, será o confronto direto do melhor ataque ( Trem ) contra a melhor defesa ( Independente), nada mais logico no esporte mais imprevisível que existe.

A Locomotiva vem forte em busca do bi- campeonato, já o Carcará vem para mostrar que não está à toa na final, são 19 anos sem a faixa e eles não estão para brincadeira.

O equilíbrio entre as duas equipes é notório, durante toda a competição elas se mostraram sempre à frente das demais, seja no esquema de jogo, seja nas oportunidades criadas.

Os dois técnicos estão de parabéns, armaram seus times  sempre ofensivamente, valorizando o ataque e fortalecendo a defesa, quem ganha é o torcedor, vendo duas equipes aguerridas atrás da vitória.

O primeiro jogo teve o placar final de 1×1, justo. Mas hoje tem que sair o campeão.

Trem e Independente vão  escrever mais uma história inesquecível na noite de hoje no Zerão. O inesperado  impera em uma disputa sem favoritos.

Quem viver verá.

Serviço:

Trem x Independente
Local: Estádio Zerão.
Hora: 20h15

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia. 

Ganso o ultimo 10 clássico do futebol brasileiro – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Não é de hoje que o futebol inspirado de Paulo Henrique Ganso chama a atenção dos amantes do futebol.

Desde quando apareceu no Santos, ao lado de Neymar a mais ou menos uns 10 anos atrás ou mais, Ganso tem sempre demonstrado uma categoria acima da média nos gramados.

Já foi apontado como solução para o meio campo da seleção, quase disputou uma Copa, a da África, mas por motivos sabe se lá quais não foi chamado. Talvez o mandatário achavam que Felipe Melo jogasse mais.

O tempo passou, camisas foram vestidas, teve Europa e a chegada ao Fluminense.

Ganso, passou por maus bocados, chegou cogitar se uma aposentadoria, disseram que o meia já estava cansado. Mero engano, os negacionistas terraplanistas da bola não esperavam que como um belo samba de Beth Carvalho, Ganso levantasse a poeira e desse a volta por cima.

Com a 10 do tricolor do Rio, suas partições em campo são divinas, seus passes e lances individuais levam a loucura a massa tricolor e enche os olhos dos que são amantes do jogo.

Ganso é sempre objetivo em suas jogadas, e não economiza em talento nas disputas de bola, coisa rara no competitivo futebol de hoje.

Como um meia ofensivo clássico, daqueles da estirpe de Didi, Gerson, Dom Romeo e Conca, Ganso vai escrevendo com linhas e boas atuações sua historia no Tricolor das Laranjeiras.

É sem duvida alguma um dos melhores em atividade no futebol brasileiro hoje em dia, coloca no bolso qualquer concorrente na sua posição.

Dribles curtos, passes rápidos e certeiros, não a toa o camisa 14 do Fluminense, um certo Cano é artilheiro do Brasil, e nisso o Fluminense de Diniz vai galgando espaços cada vez maiores na tabela.

Hoje tem Fluminense X Bragantino e se Ganso estiver inspirado como costumas é bom os marcadores do “massa bruta” estarem de olhos abertos, pois o bom futebol geralmente esta do lado vencedor.

2022 é ano de copa, caso não aja um hecatombe nuclear é mais que provável que Ganso esteja fora da lista mais uma vez, só posso dizer azar da Copa.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Careca, Aldemir França e Tonhão do SBT e a Enfermeira de BH, Brasil uma fábrica de Heróis – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Macapá, terça-feira um encontro de dois jornalistas, redação de jornal ?. Não, reunião de trabalho, até que foi, local, Padeirinho. Um complexo de lazer localizado na frente da Assembleia de Deus, um local longe de tentações e com tudo que um ser humano coeso, trabalhador e oriundo de um mundo onde as entranhas da vida te empurram a mesmice precisa para relaxar, futebol, bilhar e cerveja gelada.

Em tal lugar estava eu e o Marco Antônio, no cardápio litrões de Brahma e jogo Vasco. Pra mim realmente é a perfeição.

Entre confabulações e histórias sobre politica, apresentamos soluções para tudo, menos para o ataque o Vasco que naquela noite realmente estava mais travado que eu, era bola na trave, era passando perto, o gol parecia ser realmente um santo graal a ser perseguido por atacantes que ate inspiração tinham, mas pareciam atuar pelo Botafogo, o tradicional não levou mais fez bonito.

Resultado do jogo um 1×1 com eu cogitando ser injusto pelo que o time apresentou em campo, arranquei gargalhadas de meu companheiro de mesa que simplesmente dizia, meu time joga amanhã, sabe Serie A, mal sabia ele que minha tese que o Botafogo é a atual fase bônus do brasileirão se confirmaria no jogo contra o Santos na quarta feira.

Entre goles de cerveja, cigarros acesos e idas ao banheiro, lembramos sabe se lá o porquê da enfermeira de BH, que em um ato heroico aplicou soro fisiológico nos músculos de ricaços mineiros, nem enfermeira era, chegamos a conclusão que tal mulher deveria ser canonizada pelo castigo imposto a quem pelo poder do dinheiro e ganância achou se no direito de furar a fila das vacinas, na moral ela foi digna de brinde e de nossa admiração.

A noite vai passando e o Marco, que longe de ser da geração “Enzo”, já é muito velho para isso, faz a seguinte pergunta:

“ Marcelo, vi o Ronaldo jogar, mas antes dele quem era o cara da 9 na seleção, já ouvi falar do Careca, mas confesso que não vi jogar e não sei muito”, ajeitei os óculos , que já são meus olhos, sabe idade, e cruzei as pernas, e do alto de minha alta intelectualidade futebolística expliquei ao cristão novo, que sim existia vida na camisa 9 do Brasil antes do fenômeno.

Careca foi um excepcional jogador, que garantiu o titulo do São Paulo em 86, sendo artilheiro do campeonato nacional, que fez a frente ofensiva do Napoli um sonho, do lado nada mais nada menos que MARADONA, dançou lambada na bandeirinha em 90 e foi imitado pelo deus negro Roger Milla, Careca foi um outro que pelo que fez em campo, principalmente no “Calcio”, a terra da bota (sim, aquela que chutou o pica pau) se rendeu ao talento dele. Outro herói.

Lá pelas tantas, nos vem o assunto do Garrincha, o anjo de pernas tortas, não sei se por que antes falamos da grande Elza Soares, que partiu para estrelas por esses tempos, mas o assunto era o jogo que o ponteiro da seleção fez em Macapá nos anos 70, no Glicerão, precisamos contar essa história, mas ouvindo alguém que estava lá, que jogou com ele ou contra ele.

E ai já na quarta feira, entra nosso terceiro herói, Aldemir Furtado França, uma lenda do futebol local, nas próprias palavras o 10, entendam o cara foi 10 no time que tinha o Garrincha na frente, porra bichos, em 58 e 62 na seleção o 10 era o Pelé. Estávamos naquela tarde de quarta na frente da história viva, um ser que esteve em campo a favor e contra um dos maiores de todos os tempo, guardando comparações Nilton Santos, a enciclopédia do futebol, jogou uma vez contra saiu de campo e ordenou a os dirigentes do Glorioso “ Contrata, não jogo mais contra ele”, todo o futebol de grande Nilton Santos, não o impediu de tomar uma bolada na cabeça do meu amigo Alex Rodrigues na escolinha, mas essa é outra história.

Então, estávamos eu e Marco frente a frente com Aldemir, hoje um senhor de boa conversa, que deixou a gente radiante com suas histórias não só do jogo, mas de como ganhou o Copão da Amazônia pelo Macapá, de como levantou o caneco pelo Ypiranga, clube pelo qual foi o camisa 10, presidente e técnico, uma vida dedicada ao negro anil, ele estava lá nos altos dos seus 68 anos, trajando uma camisa do time da paroquia com as cores da Inter de Milão, terra do Padre Vitório, que de certo gostava do Calcio, vencido pelo careca. A camisa era bonita, mas não entra na minha coleção, sou torcedor do Trem, e o campeonato de 92, está atravessado na minha goela, gol do Miranda é o caralho.

Saímos de tão grata entrevista e no Orós, depois de um litro de garapa (caldo de cana, seus criados em apartamentos e bebedores de Gatorade) e 6 pastéis 3 pra cada atacante, firmamos compromisso de estarmos consolidados financeiramente em 10 anos para que ?

Para assumir um clube desses e ganhar o estadual. Tem que ser louco que nem a gente para ter tal objetivo na vida.

Enfim, na noite de quarta procurando algo na TV, sem netflix como faziam os velhos maias, coloco no SBT, já puto da vida querendo saber por que compram a Libertadores e não passam a porra do jogo ou um programa esportivo, ficam passando sei lá “A procura de Poliana”, es que me aparece um gincana do programa do Ratinho.

Tal brincadeira consistia em colocar com um chute certeiro a bola em um gol, fórmula manjada, maestro Júnior já fez isso mas na globo, es que Carlos Massa promove o último herói deste texto, Tonhão do SBT, um cara que de certo foi escolhido por ser diferenciado no futebol da firma. A figura padrão do trabalhador brasileiro, bigode, gola polo surrada, cara crachá no peito, rosto de quem fuma plaza. Desafiado por Ratinho que lhe prometera 100 mil reais por um chute certeiro, na gaveta, onde a coruja dorme.

Tonhão de primeira deu uma senhora chapada, no ângulo, 100 mil na conta, festa geral, eu vibrei, faltou Tonhão no Vasco na noite de terça, falta Tonhão no Botafogo, ele deveria ter jogado com Careca, Maradona, Garrincha e Aldemir, ele deveria ter vacinado os ricos de BH. Foi sério, aquele chute sem dúvidas deixariam com inveja Rogério Ceni, Zico, Marcelinho , Craque Neto, Juninho Pernambucano não, esse é o maior de todos, esse fez o gol monumental.

Um adendo, o prêmio vai ser repartido com quem disse que ele era diferenciado, Tonhão do SBT, mais um exemplo de herói.

No fim eu chego a real conclusão que o Brasil, apesar de tudo é sim uma grande fábrica de heróis. E esta foi uma terça e quarta feira na minha vida.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Ah, o Futebol – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Catarse imensa da vida, 90 minutos que decidem quem é herói ou vilão. A cada partida uma história de glória, tristeza ou as duas. Rivalidade imersa em um amor desigual por bandeiras, cores e símbolos, o futebol é a mágica essência da humanidade.

Os deuses da bola brincam com sentimentos humanos, que são os mais obtusos, a raiva se limita ao fulgor do alívio exacerbado de gol. Uma virada heroica no campo adversário.

Levantar um troféu e aplaudir um lance que desafia física. A perfeição de um passe que rasga o gramado verde e encontram atacantes ávidos por fazer sorrir quem torce a favor.

Desavisados, mal amados dizem ser “só um jogo”, se esquecem de que se trata do “Jogo”, não é esporte. Futebol não é exato, não é previsível, futebol é jogado.

Onze contra onze, levando nas costas a responsabilidade de fazer milhões sonharem, de construir um caminho rumo a vitórias, títulos e ao coração do torcedor, futebol é vida.

Um guarda metas que assegura com a própria existência  que a pelota não vai balançar suas redes, zagueiros duros como pedra, meio campo habilidoso, laterais corredores e atacantes com faro, a receita ideal para se seguir sorrindo.

A bola, a senhora de tudo, a donzela a ser disputada, que esteja sempre a nosso favor e que não se atreva nunca a entrar na baliza errada, que os ventos sempre a levem a área adversária e que nunca seja contra a gente.

O gol, o momento sublime de todas as realizações, não se tem registro maior de uma carga de adrenalina do que tal momento a ser gritado, aplaudido, comemorado ou sonhado.

O futebol une pessoas, para guerras, transforma vidas. Desafia a lógica e desmente os fatos.

Não tem favorito, dá crédito científico a superstição e banha em fé quem está presente.

Quatro linhas que delimitam o espaço, dois tempos de 45 e uma infinidade  de emoções postas a prova a cada ano, a cada rodada. Seja peleja, seja pelada seja o que for, nada é mais emocionante que uma partida de futebol.

19 de Julho é o dia nacional do Futebol.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Raí: o genial 10 do Morumbi – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

A lógica imponente que dois raios não caem no mesmo lugar não é respeitada pelos deuses da bola, seguindo esse preceito os ditos senhores celestiais do futebol concederam para outro membro da família Vieira de Ribeirão Preto o dom quase místico de jogar futebol.

E foi assim que Raí Souza Vieira de Oliveira, o irmão do Sócrates veio ao mundo, recheado de talento futebolístico e simplesmente predestinado a grandes conquistas.

Escreveu com muito talento uma história incrível com as camisas do Botafogo de Ribeirão, Ponte Preta e PSG da França, mas escalou o olimpo com o manto listrado tricolor do São Paulo Futebol Clube.

Alçado muito cedo aos profissionais do glorioso de Ribeirão, com apenas 15 anos já demonstrava o talento diferenciado no meio campo. Sua visão de jogo e domínio de bola o faziam se destacar perante seus companheiros, passes precisos que faziam com que a torcida não poupassem comparações com seu já famoso irmão, suas atuações chamaram a atenção dos dirigentes da Ponte Preta e já em 86 ele estreou no Brasileirão. Na volta para Botafogo durante o Paulistão de 87 marcou 3 gols contra Corinthians , tal atuação quase o fizeram a vestir a camisa alvinegra, o destino quis que o São Paulo o contratasse para o campeonato nacional de 87.

Sua chegada ao Morumbi foi cercada de expectativas, pois tratava-se de um jogador que já tinha mostrado seu talento, inclusive com uma convocação para a disputa da Copa América pela seleção Brasileira em 86, quando ainda atuava pela “Macaca”.

Em 89, veio o primeiro título com o São Paulo o campeonato paulista e uma campanha contundente no brasileirão, onde Raí era um dos destaques do time que foi vice-campeão do torneio, em 90 já consolidado como craque, Raí comandou o meio campo do tricolor que mais uma vez disputou a final do nacional. O título mais uma vez escapou, mas a chegada de Telê Santana já mostrava a nova colocação do jogador.

Se até a chegada do mestre Raí tinha marcado apenas 26 gols, atuando mais avançado marcou 28 apenas em 91, sendo 20 e no paulista os que lhe rendeu a artilharia da competição e o Titulo com direito a três gols na final contra o Timão, e após 2 anos consecutivos de derrotas em finais do nacional, o São Paulo com Raí como capitão levantou o troféu do Brasileirão.

Em 1992 um ano mágico tanto para o time como para o jogador, o gol que levou o São Paulo para a disputa de pênaltis na final da Libertadores da América foi marcado por ele, que ainda marcou o seu gol nas cobranças finais, resultado, mais de 120 mil tricolores que estiveram presentes ao Cícero Pompeu de Toledo, comemoram até o dia raiar.

Na final do Intercontinental, uma atuação de gala, como se estivesse jogando de terno, Raí garantiu o título mundial para o São Paulo, com dois gols, um de barriga , outro uma verdadeira pintura, de falta deixou boquiabertos os catalães do Barcelona. Melhor jogador da partida, capitão, o mundo era tricolor. Na volta para o Brasil, mais um troféu, o Raí e o São Paulo levantam pela segunda vez o paulistão, neste campeonato Raí marcou 5 só de uma vez contra o Norusca de Bauru (Noroeste).

Em 93, fez um dos gols na final da Libertadores o que lhe fez levantar mais uma vez o maior troféu das américas o São Paulo era bicampeão, vendido ao PSG ganhou o campeonato francês no seu ano de estreia, além de 2 vezes a copa da liga, 2 vezes a copa da França , 1 vez a supercopa e 1 vez a recopa europeia, 7 títulos, no período de 7 anos no solo francês, em 2020 foi coroado como o melhor jogador da história do Clube.

Pela seleção nacional, foi 10 da amarelinha na seleção tetracampeã, mas perdeu espaço e atuou como titular nas 3 primeiras partidas da campanha do tetra de 94, era o capitão até passar a braçadeira para Dunga.

Em 98, na sua volta para o Brasil, o caminho natural era Morumbi, ai um fato que só os maiores conseguem, Raí fez um gol e ganhou o paulista novamente contra o Corinthians , no dia que desembarcou em solo paulista, só os maiores fazem isso.

Seu faro de gol, sua excelente colocação na área o fizeram ser colocado na galeria dos maiores do futebol, é sem dúvida alguma no panteão maior de heróis tricolores ao lado com certeza de Ceni, Careca e Chulapa.

Foram 17 títulos em 16 anos de carreira, mas sem dúvida alguma foi o rosto que cunhou a história vencedora do São Paulo.

Raí é sem contradições um dos maiores jogadores que vi jogar.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Torcer pro Vasco – Crônica porreta de Marcelo Guido

Crônica porreta de Marcelo Guido

Torcer pro Vasco é receber o batismo da Cruz de Cristo e ver o vermelho do sangue se confundir com o vermelho de malta. É uma tradição herdada de pai para filho, a fim de unir raças e povos em prol da vitória.

É ter um título nobre de ser Vascaíno e estar do lado do Chico Anysio, Chacrinha e de muitos outros seres relevantes que fizeram e fazem a história.

Ser Vascaíno é antes de tudo ser um lutador, mas nunca desleal, é olhar os problemas com afinco e saber que as bênçãos de São Januário estarão a seu lado por todo sempre.

É ter uma bomba no pé tal qual Dinamite, é ter a segurança de Barbosa e a frieza de Galvão.

Um orgulho inexplicável de viver dentro de uma grande família, que lota estádios por onde passa, é saber que nem a fantástica língua portuguesa não criou um adjetivo para cunhar a torcida do Vasco.

Torcer pro Vasco é não se curvar as dificuldades e cair e saber levantar.

É lembrar os feitos fantásticos do Expresso da Vitória, é ter a genialidade de Romário e a raça de Edmundo.

É nascer sabendo que vai ter que superar os desafios impostos pelos ditos poderosos e responder historicamente a quem tenta reduzir os seus.

O Vascaíno celebra com orgulho os feitos já conquistados e tem a esperança de saber que o melhor ainda está por vir, pois já nasceu gigante. Por isso, vitorias, taças e títulos são sempre guardados na memória como serão aguardados sempre de peito aberto.

Ter construído a própria casa, ter agregado os pobres, pretos e operários, sabendo ser mais que ninguém mais povo que elite.

É incomodar a todos, com sua classe e sagacidade para se superar é ter o nome do heroico português cravado na alma e saber que um conquistador dentro da terra e do mar.

É ter orgulho de sempre está do lado certo da história, e saber que ela continua sendo escrita e que o Vasco nunca vai acabar, pois enquanto bater um coração infantil o Vasco será imortal.

O Vascaíno enfim é um ser coberto de glórias e luz que tem como objetivo as conquistas, sabendo que a sua imensa família é bem feliz, e que sua estrela estará lá sempre a brilhar.

Texto dedicado aos meus pais que me fizeram Vasco, ao meu filho que já nasceu com a cruz no peito e a minha mulher que me reparte igualmente com o Gigante da Colina.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia, além de vascaíno.