Os 76 anos da Biblioteca Pública Elcy Lacerda e a importância dela para o Amapá – Por Paulo Tarso Barros – @paulotbarros

Biblioteca Pública Estadual Elcy Lacerda – Foto: Maksuel Martins

Por Paulo Tarso Barros

Uma das instituições educacionais e culturais mais tradicionais do Amapá completa 76 anos de existência. Afinal, são mais de sete décadas de funcionamento contínuo. Nela já atuaram, como gestores, nomes importantes da educação e da cultura do nosso Estado (Lauro Chaves, Aracy de Mont’Alverne, Ângela Nunes, dentre outros), pessoas que deixaram sua marca e que hoje são relembradas pelo muito que contribuíram com várias gerações de alunos que passaram pela Biblioteca, seja fazendo pesquisa ou lendo obras literárias, biográficas, ensaios, manuseando jornais, revistas e outras publicações.

Fundada em 20 de abril de 1945, desde então a Biblioteca vem cumprindo seu papel como entidade que abriga um valioso acervo responsável pela formação educacional de milhares de pessoas e de suporte à pesquisa. Aberta das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira, sempre recebeu os estudantes e a comunidade com muita atenção. Seus funcionários, a maioria oriundos da SEED, têm experiência e treinamento para orientar, apoiar e encaminhar todos os usuários aos locais mais adequados a cada tipo de pesquisa que se faz necessário, da mais simples à mais complexa.

Fachada principal da Biblioteca Pública Estadual Elcy Lacerda vista do alto do Teatro das Bacabeiras – Foto encontrada no site Literatura do Amapá

Atualmente, em pleno século XXI, a Biblioteca está cada vez mais sintonizada com as demandas da modernidade, sendo um dos points mais frequentados por escolas, entidades culturais e educacionais, associações, Academia de Letras, professores em busca de mestrado e doutorado e alunos de todos os níveis que encontram o espaço adequado para suprir as suas necessidades num mundo em que o conhecimento e a pesquisa ocupam cada vez mais um lugar relevante.

A Biblioteca conta com um acervo de aproximadamente 60 mil itens, entre livros, CDs, DVDs, revistas, panfletos, jornais (inclusive os primeiros jornais que circularam no Amapá, desde 1895 – no caso o Pinsônia) e os seguintes espaços: Sala Amapaense (livros e documentos com assuntos e temáticas do Amapá e da Amazônia); Sala Afro-indígena; Sala do Ensino Médio e Superior (que serve também como local de estudos e pesquisas); Sala Circulante (com obras literárias nacionais e estrangeiras disponíveis para leitura e empréstimo domiciliar); Sala de Artes; Sala Infanto-juvenil (que conta com o Grupo de Contadores de Histórias) e duas Salas com Jornais e Periódicos (com destaque para a Sala de Obras Raras); uma Sala de Braille e a Reserva Técnica (onde os livros são recebidos e distribuídos às salas).

A Biblioteca Estadual Elcy Lacerda é um espaço aberto, dinâmico, efervescente, muito democrático e o mais representativo das ações educacionais e culturais do Amapá. Seu atual gerente é o professor e escritor José Queiroz Pastana, que pela segunda vez ocupa o cargo.

*Paulo Tarso Barros é escritor, editor e professor e funcionário da Biblioteca há 17 anos.

Projeto incentivado pela Secult fará premiação para mulheres que mantém festividades tradicionais no Amapá

Foto: Cláudio Rogério

Com objetivo de valorizar e homenagear mulheres referências na manutenção de festividades tradicionais no Amapá, a Associação Cultural Berço do Marabaixo irá promover o prêmio “Natalina Costa- Mãos firmes de um legado”.

A premiação faz parte do projeto “Memória Cultural do Ciclo do Marabaixo no barracão da Tia Gertrudes” que é um dos contemplados pela Lei Aldir Blanc através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). De acordo com o titular da pasta, Evandro Milhomen, fomentar a cultura mesmo em tempos de Covid-19 é essencial para manter a cadeia produtiva da cultura e manter viva as manifestações tradicionais.

“O marabaixo é nossa maior expressão cultural, e parte da identidade de um povo. Essa iniciativa mostra o respeito e o nosso compromisso de manter tradição e memória ativas nesse cenário tão desafiador de pandemia”, pontuou o secretário.

Além da premiação o projeto propõe ações como rodas de conversa, exposição fotográfica, oficinas de dança e percussão, e apresentações de marabaixo que serão transmitidas pela internet.

A programação inicia nesta terça-feira (20) e vai até o dia 19 de junho. Todas as atividades serão transmitidas mas redes sociais do Instituto Tarumã e da Associação Cultural Berço das Tradições Amapaense – Berço do Marabaixo.

Prêmio Natalina Costa – Mãos firmes de um legado

Neta de negros que foram escravizados e filha de Gertrudes Saturnino e Raimundo Pereira da Silva, Maria Natalina Silva da Costa, nascida no Amapá em 27 de fevereiro de 1932, foi criada somente por sua mãe.

Construiu sua história com treze filhos, enfrentando na época o preconceito presente na sociedade brasileira, lutando contra o racismo e rompendo barreiras em busca de espaços para as mulheres.

Natalina herdou de sua mãe, o espirito de luta e de liderança, dedicando-se a manutenção das tradições e dos ritos de origem africana, participando ativamente do carnaval, dos ritos aos orixás e principalmente da cultura afro amapaense do batuque e marabaixo.

Seu amor pelo marabaixo foi tão forte, que a ela os poetas Val Milhomem e Joãzinho Gomes renderam homenagens na música “Mão de Couro” – “Natalina falou, gengibirra não é mole não” e ainda em 2008, foi enredo carnavalesco do Bloco Gaviões da BR.

Natalina Costa nos deixa em 09 de dezembro de 2017, e sem dúvidas, enraizou em nosso chão o legado de uma mulher aguerrida, referência do Marabaixo da Favela e uma das maiores incentivadoras daqueles que trabalham na solidificação da cultura afro-amapaense, no contexto da sociedade.

Ascom Secult, com informações do jornalista Cláudio Rogério

Favela realiza o Projeto Memória Cultural do Marabaixo

Uma viagem na história através de rodas de conversas, oficinas (cantoria, danças e percussão), lives de marabaixo, homenagens, exposição fotográfica e premiações, serão as principais atividades do projeto “Memória Cultural do Ciclo do Marabaixo no Barracão Tia Gertrudes”.

A formação da ideia tem como referência o Barracão da Tia Gertrudes, na Favela, no centro de Macapá, onde perpassa uma parte da história de Macapá nos aspectos sociais e culturais, e também, onde décadas ocorrem   histórias dos festejos do Ciclo do Marabaixo em louvor à Santíssima Trindade dos Inocentes.

Um dos principais pontos da programação, será o “Prêmio Natalina Costa – Mãos Firmes de um Legado”, que será destinado às mulheres marabaixeiras, que assim como Natalina, deram continuidade nas festas tradicionais do marabaixo. O objetivo do evento é valorizar e homenagear mulheres que têm ou tiveram referências na manutenção das festividades tradicionais dentro do Amapá.

Natalina Costa – Mãos firmes de um legado

Neta de negros que foram escravizados e filha de Gertrudes Saturnino e Raimundo Pereira da Silva, Maria Natalina Silva da Costa, nascida no Amapá em 27 de fevereiro de 1932, foi criada somente por sua mãe.

Construiu sua história com treze filhos, enfrentando na época o preconceito presente na sociedade brasileira, lutando contra o racismo e rompendo barreiras em busca de espaços para as mulheres.

Natalina herdou de sua mãe, o espirito de luta e de liderança, dedicando-se a manutenção das tradições e dos ritos de origem africana, participando ativamente do carnaval, dos ritos aos orixás e principalmente da cultura afro amapaense do batuque e marabaixo.

Seu amor pelo marabaixo foi tão forte, que a ela os poetas Val Milhomem e Joãzinho Gomes renderam homenagens na música “Mão de Couro” – “Natalina falou, gengibirra não é mole não” e ainda em 2008, foi enredo carnavalesco do Bloco Gaviões da BR.

Natalina Costa nos deixou em 09 de dezembro de 2017, e sem dúvidas, enraizou em nosso chão o legado de uma mulher aguerrida, referência do Marabaixo da Favela e uma das maiores incentivadoras daqueles que trabalham na solidificação da cultura afro-amapaense, no contexto da sociedade.

 A Programação

O evento inicia no dia 20 de abril, com atividades até o dia 19 de junho, e será realizado em transmissões ao vivo pelas redes sociais do Instituto Tarumã e da Associação Cultural Berço das Tradições Amapaense – Berço do Marabaixo, organizadores e executores do evento.

O projeto foi contemplado através da Lei Audi Blanc através do Governo Federal e Secretaria de Estado da Cultura.

Comunicação – Cláudio Rogério 99141-8420

Hernani Victor Guedes: 97 anos de paixão musical – Por Fernando Canto

Por Fernando Canto

Hoje uma das maiores personalidades musicais do Amapá completa 97 anos de existência. O ilustre cidadão Hernani Victor Guedes carrega no peso da idade avançada o leve fardo de um legado musical que se espalhou pelos quatro cantos desta imensa plateia que é o Amapá, terra que escolheu para viver desde o início do Território Federal.

Há quatro anos, a convite falei sobre sua vida musical e outros aspectos biográficos na sua casa. Foi algo terno e verdadeiro, que contou com a presença de outros depoentes como seu irmão Luiz Guedes, o cunhado Adamor Oliveira e músicos que fizeram parte de do conjunto Os Mocambos, que ele criou e liderou por muitos anos, nos quais diversos músicos o integraram, como o Joãozinho Batera, o Paulo Bezerra e eu.

Espero que o filme-documentário fique logo pronto para que possamos nos deleitar com as histórias contadas por todos, inclusive por seus filhos, meus amigos de longa data, pois a minha grande lembrança do seu Hernani é vê-lo tocando seu violino e comandando os músicos no prefixo musical “Sinfonia Nº 40 em Sol Menor de Mozart”, com arranjos super-contemporâneos que fazia ao misturar música erudita com ritmos brasileiros.

*Texto do ano passado adaptado e republicado.

Exposição on-line leva visitante a ‘passeio’ por diferentes tipos de arquiteturas em Macapá

A exposição pode ser acessada pela internet até 10 de abril – Foto: Divulgação

Por Victor Vidigal

Misturando fotografias e áudios, a exposição on-line “Arquiteturas de Macapá: entre o monumento e o cotidiano” faz um passeio por entre prédios, casas e construções históricas do Amapá, revelando diferentes tipos de arquiteturas presentes pelas ruas da capital.

O projeto foi apoiado pela Lei Aldir Blanc. A exposição pode ser acessada pela internet até 10 de abril e traz um mapa virtual indicando as localizações de arquiteturas neocoloniais, neoclássicas, art decó e modernistas.

O estilo neocolonial pode ser visto, por exemplo, no Mercado Central. Já o estádio Glicério Marques tem na fachada características da art decó. E as formas modernistas estão presentes numa das construções mais antigas de Macapá, o Colégio Amapaense.

Curadora da exposição, Luana Rocha disse que a intenção foi mostrar tanto a arquitetural monumental, em lugares como a Fortaleza de São José, quanto a cotidiana, que é de menor poder, não projetada por arquiteto e muitas vezes desconhecida pela população.

Nós quisemos mostrar que ambas as arquiteturas possuem sua relevância histórica e cultural para a cidade de Macapá. Além disso, mostrar a apropriação cotidiana desses locais a partir das vivência, das fotos e dos relatos que estão no mapa“, explicou a mestre em arquitetura e urbanismo.

As fotos são do estudante de arquitetura, Luan Colares, de 21 anos, que explicou a escolha pela mescla de imagem e áudio como uma saída para o isolamento social provocado pela pandemia.

Foi uma tentativa de fazer a pessoa se sentir naquele lugar, principalmente considerando um período de isolamento social em que vivemos, criar essa sensação de “passear” pela cidade e provocar sensações diferentes de apenas observar as imagens na tela do computador“, disse.

O site da exposição também foi aberto para o envio de relatos de cidadãos sobre os locais. Além de Colares e Luana, participou do projeto o web design Danilo Pantoja.

Fonte: Portal Amazônia.

O Craque Dener – Por Marcelo Guido (republicado por conta que hoje, se vivo, o jogador faria 50 anos)

Por Marcelo Guido

Dos campos de terra, ao palco celeste. Os Deuses do futebol conspiram sempre nos terrões localizados nas várzeas, “campos” onde grama é algo raro, surgem talentos natos. Em um desses veio para o mundo da bola o genial Dener.

Negro, baixo, magro como muitos de seus pares, tinha o dom de comandar a pelota como poucos. Esguio, liso como peixe ensaboado, deixava para trás seus adversários, que ficavam a mercê de seu talento como míseros “Joões” sem pai nem mãe.

Dribles desconcertantes foram sua marca maior, tal qual Umbabarauma , o ponta de lança africano de Benjor. Dener era o arquétipo máximo do bom jogador.

Honrou em sua curta passagem pela vida três dos maiores pavilhões do futebol. Portuguesa, Grêmio e Vasco. Deixou boquiaberto o grande Maradona. Don Diego teve sua reestreia no futebol portenho ofuscada pelo desempenho maior do camisa 10 de São Januário.

Foram realmente poucos títulos, a Copinha de 91 pela Lusa, o Gauchão de 93 pelo Tricolor e a Taça Guanabara de 94 pelo Gigante. Mais sua contribuição foi eterna para o espetáculo. Até hoje quem entende um pouco de futebol, não importando a identificação clubística , coloca o garoto do Canindé entre os melhores que já pisaram em um campo de futebol.

Pepe, eterno canhão da Vila, rendeu-se ao Gênio comparando ao incomparável Rei do futebol :“ foi o mais próximo que chegamos de um novo Pelé”. Pegar a bola em uma linha central, sair driblando em zigue-zague com o objetivo máximo de levar a criança para dormir no fundo das redes adversarias era sua constante dentro de campo.

Dener era o suprassumo da coerência futebolística, para ele um drible bonito era sim, mais bonito que um gol. Ele era o espetáculo.

Calou críticos, que ousaram dizer que o campeonato gaúcho era muito pesado para ele, levou o Maracanã ao delírio em um inesquecível Vasco x Fluminense, onde a torcida Vascaína bradou em alto e bom som, “E cafuné , o Dener é a mistura do Garrincha com Pelé”, fez o gol mais bonito já feito no solo sagrado do Canindé , contra a Inter de Limeira, virou musica na voz de Luiz Melodia, “ se vocês querem um conselho vou dar, deixem o menino driblar” e literatura nas mãos de Luciano Ubirajara Nassar autor de “ Dener , o Deus do Drible”.

Sua vida passou como ele passava pelos beques , seu drible mais desconcertante foi com certeza na miséria e sua carreira foi rápida como um raio. Dener Augusto de Sousa deixou órfãos os amantes do bom futebol no dia 19 de abril de 1994, em um fatídico acidente automobilístico na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.

Talvez o próprio Deus, boquiaberto com tanto talento daquele menino negro, resolveu escala-lo para seu time celeste para o jogo de domingo.

Ficou a história de um dos que, em pouco tempo, provou ser um dos melhores no mundo da bola.

Dener, Deus e Drible, os “D” em caixa alta, atitude mais que correta.

* Marcelo Guido é Jornalista, Pai da Lanna Guido e do Bento Guido. Maridão da Bia.

**Republicado por conta que hoje, se vivo, o jogador faria 50 anos.

Programação virtual do Ciclo do Marabaixo 2021

A Comissão organizadora do Ciclo do Marabaixo 2021 divulgou a programação alusiva as atividades lúdicas e religiosas da tradicional manifestação cultural e religiosa do Amapá.

Para 2021, em razão da pandemia, as atividades serão de forma virtual através de lives que serão realizadas a partir do dia 03 de abril, indo até o dia 16 de junho, data que marca o dia estadual do marabaixo.

Para este ano os festeiros do ciclo do marabaixo estarão apresentando debates através de rodas de conversas para toda sociedade.

O Ciclo do Marabaixo ocorre na área urbana na comunidade da Favela (Centro e Santa Rita) e do Laguinho, e na área rural na comunidade de Campina Grande.

Acompanhe a programação

DIA 03 DE ABRIL – LIVE ABERTURA OFICIAL DO CICLO DO MARABAIXO DA FAVELA.

Das 17h as 20h – Facebook – Berço do Marabaixo – Raízes da Favela e Campina Grande

DIA 04 DE ABRIL – LIVE ABERTURA OFICIAL DO CICLO DO MARABIXO DO LAGUINHO

Das 18h as 20h – Facebook – Associação Raimundo Ladislau e Marabaixo do Pavão

DIA 20 DE ABRIL – WEBNÁRIO RODA DE CONVERSA – “As potencialidades empreendedoras do Marabaixo”

Das 16h as 18h – Facebook – Coordenação do Ciclo do Marabaixo

DIA 01 DE MAIO – LIVE MARABAIXO EM HOMENAGEM AO TRABALHADOR

Das 18h as 20h – Facebook – Berço do Marabaixo

DIA 05 DE MAIO – LIVE QUARTA-FEIRA DA MURTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

Das 18h as 20h – Facebook – Marabaixo do Pavão – Associação Cultural Raimundo Ladislau

DIA 09 DE MAIO – LIVE MARABAIXO DO MASTRO E HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES

Das 17h as 19h – Facebook – Raízes da Favela

DIA 15 DE MAIO – LIVE MISSA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO E RODADA DE MARABAIXO

Das 17h as 18h – Facebook – Marabaixo do Pavão

DIA 21 DE MAIO – LIVE LADAINHA DA SANTÍSSIMA TRINDADE E WEBNÁRIO RODA DE CONVERSA SOBRE A IMPORTÂNCIA NA INSERÇÃO NA MANUTENÇÃO E DIFUSÃO DO MARABAIXO NAS FESTIVIDADES TRADICIONAIS E RODADA DE MARABAIXO

Das 17h as 19h – Facebook – Raimundo Ladislau

DIA 23 DE MAIO – LIVE LADAINHA DA TRINDADE E MARABAIXO DA MURTA DA TRINDADE

Das 17h as 19h – Facebook – Berço do Marabaixo – Raízes da Favela – Campina Grande.

DIA 30 DE MAIO – LIVE MISSA DA TRINDADE COM RODADA DE MARABAIXO

Das 09h as 12h – Facebook – Berço do Marabaixo – Raízes da Favela – Campina Grande

DIA 03 DE JUNHO – MARABAIXO DE CORPUS CHRISTI

Das 17h as 19h – Facebook – Campina Grande

DIA 06 DE JUNHO – LIVE ENCERRAMENTO DO CICLO DO MARABAIXO

Das 18h as 20h – Facebook – Coordenação do Ciclo do Marabaixo.

DIA 09 DE JULHO – WEBNÁRIO RODA DE CONVERSA -A REGIOLISIDADE NAS FESTAS TRADICIONAIS E RODADA DE MARABAIXO.

Das 17h as 18h – Facebook – Associação Raimundo Ladislau e Marabaixo do Pavão

DIA 16 DE JUNHO – LIVE DIA ESTADUAL DO MARABAIXO

Das 17h as 21h – Facebook – Coordenação do Ciclo do Marabaixo.

Fonte: O Canto da Amazônia.

Resgate Histórico: Pai da poetisa Cora Coralina atuou como juiz na comarca de Macapá em 1868

Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto foi um magistrado que atuou como juiz de Direito da Comarca de Macapá no ano de 1868. Os sobrenomes chamaram atenção dos servidores Michel Duarte Ferraz (museólogo) e Marcelo Jaques de Oliveira (historiador), do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP), que atualmente realizam a análise documental de processos judiciais antigos com objetivo de resgatar registros de valor histórico para justiça amapaense, desde o período do Brasil Império (de 1822 a 1889). Os sobrenomes parecidos com os da poetisa goiana, de renome nacional, Cora Coralina, batizada como Anna Lins dos Guimarães Peixoto, saltaram aos olhos dos pesquisadores, que analisaram a biografia da poetisa e constataram que ela descendia do magistrado.

Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto nasceu em Areias (PB),em 1821. Pela proximidade com sua terra natal, tudo indica que tenha se tornado bacharel em Direto estudando na antiga Faculdade de Direito de Olinda, instalada no mosteiro de São Bento. Em sua trajetória profissional consta que atuou como Chefe de Polícia nas províncias do Amazonas e Piauí. Exerceu a magistratura em comarcas vinculadas ao Tribunal de Relações do Pará, entre elas, Macapá, Manaus e no Termo Judiciário de Cametá. Foi também Auditor de Guerra da Província do Amazonas.

Em 1884, torna-se desembargador do Tribunal de Relações de Goyaz (hoje Goiás), tendo atuado interinamente como Desembargador Procurador da Coroa, soberania e Fazenda Nacional. Faleceu em 1889, aos 68 anos, na cidade de Goiás, hoje estado.

Segundo o museólogo Michel Duarte Ferraz, diante dos materiais pesquisados até o momento não é possível traçar com precisão um perfil da sua atuação profissional ou da sua personalidade. “Os jornais daquela época eram claramente parciais e distribuíam notícias e versões de interesse dos seus proprietários e dos partidos políticos a que estavam ligados. Alguns jornais das províncias em que atuou tratavam-no como magistrado exemplar, outros o acusavam de recorrente abuso de autoridade, de conceder favores indevidos aos seus aliados ou de ser um juiz “venal”. Percebe-se que sua trajetória profissional foi marcada por muitas polêmicas e isso pode ter ocasionado mudanças de funções ou mesmo transferência de comarcas”, analisou o museólogo.

Magistrado x questões políticas

O magistrado Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto atuou em Macapá entre 1868 e 1870 e, certamente, contribuiu com a prestação jurisdicional e com a consolidação da comarca. Além da função de magistrado, ele também exercia a função de Delegado de Ensino. “Ficaríamos felizes em encontrar em nosso acervo um documento original do período em que o juiz tenha atuado por aqui, mas ainda estamos em busca”, registrou.

“Podemos destacar que em Macapá ele estava no meio das questões políticas criadas e potencializadas pelos aliados dos partidos Conservador e Liberal”, relatou o servidor Michel Duarte.

Um dos incidentes envolvendo o nome do magistrado foi noticiado pelo jornal O Liberal do Pará, de 17 de janeiro de 1869. O periódico relatava que o juiz seguia viagem para Belém com objetivo de defender-se das acusações que lhe eram imputadas. O fato teria acorrido no ano anterior e envolvia ameaça à vida do Capitão Fernando Álvares da Costa. Segundo relato anônimo: “O sr. dr. Peixoto, armado de um punhal, que trazia em uma bengala, provocou o nosso amigo de um modo inaudito e tentou feri-lo, depois de haver empregado todos os meios para espancá-lo. Não tendo o dr. Peixoto, nem sequer ao menos, procurado em lugar retirado e solitário, muito do seu propósito quis que a sua façanha fosse decantada por todo mundo.”

Outros casos de questões políticas envolvendo o juiz Peixoto podem ser encontradas em jornais da antiga província do Piauy (hoje estado do Piauí).

Transferência para Goiás

Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto constou na lista dos juízes mais antigos, aptos a ocupar vaga para desembargador no Tribunal de Relações de Belém. No entanto, em 15 de novembro de 1884, acaba sendo nomeado desembargador do Tribunal de Relações de Goyaz. Estabelecido em Vila boa de Goyaz (atual cidade de Goiás), aos 66 anos de idade, ele se casa com Jacintha Luiza do Couto Brandão e da união nasce, em 1889, a pequena Anna (Cora Coralina).

Relação pai e filha

A poetisa não conviveu com seu pai, já que ele faleceu dois meses depois do seu nascimento. Entretanto, sua ausência parece ter deixado marcas na sua vida. Isso fica perceptível na foto póstuma ao pai colocada por ela na parede da casa velha da ponte (antiga residência da família e atual museu Cora Coralina) e mesmo nos seus versos, como no poema “Meu pai”. Cora Coralina inclusive reformou o túmulo do pai, adquiriu espaço contíguo e construiu no local seu próprio túmulo.

Meu pai
Meu pai se foi com sua toga de juiz.
Nem sei quem lha vestiu.
Eu era tão pequena,
mal nascida.
Ninguém me predizia – vida.
Nada lhe dei nas mãos.
Nem um beijo,
uma oração, um triste ai.
Eu era tão pequena!…
E fiquei sempre pequenina na grande
falta que me fez meu pai”
Cora Coralina

Texto: Fernanda Picanço
Assessoria de Comunicação Social

100 anos de Barbosa: O goleiro mais vitorioso da história do Vasco da Gama

Foto: Folhapress Folhapress

Por Vinícius Leal

No mês de março, comemoramos o centenário de Moacyr Barbosa, um dos maiores goleiros do futebol brasileiro. Após tantos títulos emblemáticos e atuações impecáveis seu nome certamente está eternizado na galeria de ídolos imortais do Club de Regatas Vasco da Gama.

Moacyr Barbosa iniciou seu percurso profissional em um clube modesto de São Paulo. ( Clube Atlético Ypiranga) – O atleta ganharia visibilidade, pois sempre que enfrentava as principais equipes da cidade, se destacava por fechar o gol. Em sua primeira temporada, o time era comandado por um italiano, o técnico Caetano de Domênico.

O atleta foi sondado pelo Corinthians, que fez uma proposta interessante para comprar o passe do goleiro. O presidente do Ypiranga, Carlos Jafet, confessou a Barbosa que a diretoria não abriria qualquer negociação com a equipe paulista. A negociação já estaria bem encaminhada com o clube rubro-negro carioca, quando a equipe de São Januário entrou na negociação.

Sua ida para o clube cruzmaltino foi possível graças ao zagueiro Domingos da Guia, que recomendou o “guarda-metas” ao técnico uruguaio Ondino Vieira. No final de 1944, o assinaria contrato para reforçar o Vasco da Gama. O arqueiro assumiu as traves em momento áureo. A equipe havia alcançado o ápice da fama e o “Expresso da Vitória” viria a se tornar a base da Seleção Brasileira.

Barbosa vivenciou grandes momentos defendendo o sagrado manto vascaíno, sua principal conquista foi o Sul-Americano de Clubes. (1948) A competição recebeu o apoio da Confereración Sudamericana de Fútbol (CONMEBOL) e serviria de inspiração para a formatação de outras duas competições: a UEFA Champions League e a Copa Libertadores da América.

Na grande decisão, o cruzmaltino precisou apenas de um empate contra o poderoso River-Plate, para sagrar-se campeão, uma vez que o torneio era por pontos corridos. A equipe argentina contava com grandes craques que formavam aquela seleção, entre eles, José Manuel Moreno, Ángel Labruna, Félix Loustau, Néstor Rossi, e o grande gênio Alfredo Di Stéfano.

Na seleção brasileira, o goleiro alcançaria destaque e inúmeros títulos de expressão, porém, ele seria lembrado por muitos anos por uma possível falha na final da copa do Mundo de 1950. O imaginário popular não perdoou e tratou de construir a figura do defensor negro como anti-herói.

Em sua trajetória, quiseram lhe imputar a cruz do calvário, mas a única que Barbosa carregou foi a de malta. O lendário arqueiro, também defendeu as cores do Santa Cruz, Bonsucesso e Campo Grande. Barbosa era simplesmente magistral ao realizar milagres na pequena área.

Como diria Nelson Rodrigues, em sua crônica publicada na Manchete Esportiva no dia 30/5/1959.

” Ora, eu comecei a desconfiar da eternidade de Barbosa quando ele sobreviveu a 50. Então, concluí de mim para mim: Esse camarada não morre mais!” Não morreu e pelo contrário: — está cada vez mais vivo Nove anos depois de 50 (…) E foi trágico, amigos, foi trágico! Começa o jogo e, imediatamente, Pelé invade, perfura e, de três metros, fuzila. Fosse outro, e não Barbosa, estaria perguntando, e até hoje: — “Por onde entrou a bola?” Barbosa defendeu e com que soberbo descaro! (…) Foi patético, ou por outra — foi sublime. E porque, na sua eternidade salubérrima, ainda fecha o gol, eu faço de Barbosa o meu personagem da semana.

*Vinícius Leal é historiador e escritor amapaense. 

Nossa Pérola hoje virou rosa no jardim de Deus (um texto sobre amor e gratidão)

O escritor Ariano Suassuna escreveu uma vez: “No Sertão do Nordeste a morte tem nome, chama-se Caetana. Se ela está pensando em me levar, não pense que vai ser fácil, não. Ela vai suar!“. Pois é. Assim como com o autor da frase, a “Caetana” suou, e muito, para levar Perolina Penha Tavares, minha mais que maravilhosa avó. Mas hoje, as portas do jardim de Deus se abriram para receber a nonagenária mais linda do mundo, que fez a passagem neste décimo quinto dia de março.

A Páscoa da Peró nos deixa tristes, muito tristes, mas sabemos que ela seguirá na luz que sempre emanou aqui, com sua existência inesquecível e a bondosa força do amor que tanto construiu e regou em nós.

Peró, apelido carinhoso pelo qual nós a tratávamos, foi e é a nossa “Pérola”, como meu saudoso avô, seu marido, João Espíndola, a chamava. Vovó viveu 94 anos. Com toda a certeza, além de longevidade, foi uma mulher muito feliz. Casou, teve cinco filhos. Dividiu amor e multiplicou em nós, somou forças na construção de uma família unida e feliz.

Dia desses, brincando com uma amiga, após a vovó dar entrada no hospital, eu disse: “quando o velho dos outros morre, a gente sempre diz: tava velho, viveu muito”. Mas quando é o nosso, a parada é diferente. Pois é. Posso viver muito, mas nunca vou me acostumar com a partida de alguém que amo. Quando chega o momento, sempre concordo com o escritor Mario Quintana: “a morte chega pontualmente na hora incerta”.

No filme “Amor Além da Vida”, Albert Lewis (personagem interpretado pelo ator Cuba Gooding Jr.) disse: “O inferno verdadeiro é a vida que deu errado”. Vovó é o avesso e disso temos orgulho, pois a dela deu muito certo! Perolina Penha é exemplo de pessoa bem sucedida, mulher extraordinária, uma pessoa sensacional, sábia, ponderada, discreta e bem humorada. Sempre teve muita força em toda sua delicada forma de existir.

Vovó foi acometida pela Covid-19, essa doença que nos leva os afetos e parte nossos corações há mais de um ano. Para nossa família e todos que a amavam e admiravam, é momento de uma breve despedida, pois vovó fez a passagem. Seguimos aqui, certos do amor que recebemos e que sempre honramos.

A Peró é a personificação do amor familiar. Essa lição deixou em nós, aprendemos muito bem. A gente vai sentir uma falta danada dessa elegante e educada senhora cheirosa. Mas depois que parar de doer, vão ficar as inúmeras lembranças felizes e saudade gostosa de nossa matriarca.

Li em algum lugar que “Recordar’’, vem do latim Re-cordis, que significa ‘passar pelo coração’. E todas as passagens da minha vida passam pela tua, Vó. Amei a Peró por toda a minha vida e fui correspondido. Agradeço a Deus a honra de ser o mais velho entre seus nove netos e três bisnetos. Em resumo, já disse, sou razoavelmente bom em escrever textos de parabéns, mas as despedidas são difíceis. Sobretudo, de pessoas que são partes da gente.

Nossa Pérola virou uma rosa no jardim de Deus, e como disse Cartola: “ Que Deus e a natureza, as aves nos seus ninhos, as flores pela estrada perfumem todos os caminhos. E eu ficarei por aqui. Por você, rezarei”.

À Peró, dedico este texto, minha profunda gratidão e amor. Um beijo em ti, vovó. Estejas tu nas estrelas ou em qualquer lugar, além do meu coração. Agradeço à Deus por ter a tua vida ligada à minha, que honra! Amo-te, pra sempre. Até a próxima vez!

Elton Tavares

Da brincadeira de escolinha à licenciatura em pedagogia

Rosilene Vinhas Bandeira Silva – Foto: Ifap

Na sala de aula, a filha recém-nascida no colo foi, por muito tempo, a principal companhia de Rosilene ao ir de Serra do Navio para Pedra Branca do Amapari em busca de seu objetivo que era concluir o nível superior. O curso escolhido? Licenciatura em Pedagogia. A garotinha que brincava de escolinha, ensinando os amiguinhos a ler e escrever, agora estava ali vendo, já quase adulta seu, sonho sendo materializado no mundo real. Esse e outros momentos de superação são narrados por ela neste quinto relato da série “História de vida de mulheres do Amapá: lembrar, contar e resistir”.

Meu nome é Rosilene Vinhas Bandeira Silva e tenho 31 anos. Minha história começou quando, ainda na infância, sonhava em ser professora. Ensinava meus amigos a ler e escrever, brincando de escolinha. Sou de família pobre, meus pais são analfabetos e não possuíam condição alguma de pagar uma faculdade para mim em Santana, onde eu morava. Passei muita dificuldade com minha família.

Aos 15 anos, tive minha primeira filha e aos 17 tive minha segunda filha, cada uma de um pai. Mesmo com toda a dificuldade em ter que levar minha filha para a escola, não desisti de meus estudos, pois ainda existia um sonho na minha vida. Hoje moro em Serra do Navio, sou casada com um terceiro marido, já tenho quatro filhos e em 2018 fiz um processo seletivo e fui aprovada no curso de Licenciatura em Pedagogia, já grávida do meu quarto filho.

No meu primeiro dia de aula, lembro como se fosse hoje, eu estava de resguardo. Fui para Pedra Branca do Amapari enfrentando muita chuva, a quase 20 km de onde eu moro, e assim foi minha rotina nas aulas – ia pra estudar e precisava levar minha filha recém-nascida.

Em 2019, passei em outro processo seletivo para o curso Técnico em Administração. Todas as aulas eram uma aventura para mim, pois quando encerrava elas terminavam eu ficava na parada de ônibus e, por muitas vezes, cheguei em casa 1h da madrugada. Hoje sou acadêmica de Licenciatura em Pedagogia, cursando o quinto semestre e já encerrado o curso técnico.

Essa foto simboliza uma nova história para mim, pois hoje eu consigo ver a realização do meu sonho. Lembro que, nesse dia, pedi para professora Natália bater uma foto comigo, pois disse ao professor que estava me atendendo que um dia iria ser igual a ela, ser professora, saber ser psicóloga, saber Libras, saber um pouco de tudo na área educacional. Hoje entendo que estou quase lá.

Diretoria de Comunicação – Dicom
Instituto Federal do Amapá (Ifap)
E-mail: [email protected]

Minhas dezenas de fitas K7 e a nostalgia – Crônica de Elton Tavares – (Republicado em homenagem a Lou Ottens, inventor da fita K7, que morreu dia desses).

Ilustração de Ronaldo Rony

Crônica de Elton Tavares

Certa vez, há alguns anos, ao procurar meus livros dentro do armário do quarto, dei de cara com minhas duas caixas de sapatos repletas de fitas cassete. Constituída por dois carretéis de fitas magnéticas, a fita cassete é popularmente abreviada como K7. Esse tipo de “tecnologia” foi desenvolvida pela empresa Phillips, em 1963, para substituir a fita de rolo e o formato 8-track, que eram semelhantes, mas muito menos práticos e mais espaçosos.

A tecnologia desse artefato traz uma fita de áudio de 3,15 milímetros de largura, que rodava a uma velocidade de 4,76 centímetros por segundo. Antigamente a gente ouvia tudo na fita K7, no vinil e, muito depois, CD. Hoje, apesar de alguns ainda usarem o “Compact Disc”, quase tudo é no MP3 e MP4.

Minhas caixas, com quase 40 fitas, têm de tudo: Sony, Maxell, Bulk, Basf, Phillips e TDK, de 40, 60 e 90 minutos. A maioria não possui mais capa, mas as que ainda têm estão com os nomes das músicas ordenadamente anotadas no papel interior da fita.

Naquela época, nós caçávamos sons novos como as bruxas eram perseguidas durante a Inquisição, ou seja, incansavelmente. Época de micro system Sanyo (Alguém aí se lembra do que é “rewind”?), walkman Sony e festas de garagem.

Dentro das caixas os velhos companheiros: Depeche Mode, The Smiths, New Order,The Cure, Iron, U2, A-ha, David Bowie, Queen, Pearl Jam e Nirvana (muito Nirvana) Titãs, Ira!,Paralamas, Legião Urbana (muito Legião), Barão Vermelho, Engenheiros… todos esses e outros heróis da juventude. Além de umas do velho Chico Buarque.

Fizeram sucesso no final de 80, todos os 90 e início dos anos dois mil. Não tenho vergonha de ser tão antiquado. Meu brother André fala sempre, em tom pejorativo, que todo mundo já gravava CDs em 1999 e eu fitas. Bons tempos!

Aliás, gravar fitas era porreta. Quando curtia muito um som, todo um continha somente uma música (podia ser 30 ou 45 minutos de cada lado, com a mesma canção). Às vezes, ficava com o dedo no tape deck, esperando o locutor da FM calar a boca e soltar o som para que eu o tomasse. Oh, saudades!

Enrolar e desenrolar fitas com lápis ou caneta, sem falar em limpar cabeçotes do tape deck, isso sim é nostalgia.

A fita cassete não voltou como o vinil, que hoje é objeto cult. No máximo, estão em forma de adesivos de smarthfones (que acho legal pra cacete).

Minhas fitas. Tenho dezenas até hoje. Sei que são inúteis, mas é o apego notálgico.

É, minhas velhas e empoeiradas caixas de sapato não estão somente repletas de fitas cassete, mas de ótimas lembranças. Eu as olhei por dezenas de minutos e as guardei novamente no armário, na memória e no coração…

Elton Tavares

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bençãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria,lançado em setembro de 2020. A obra tá linda e está à venda na Public Livraria ao preço de R$ 30,00 ou comigo. Contato: 96-99147-4038.
**Republicado em homenagem a Lou Ottens, holandês inventor da fita K7, que morreu no último sábado (6), aos 94 anos.

27 anos da morte de Charles Bukowski, o genial velho safado! – Por Elton Tavares

O saudoso escritor marginal, bebum e pervertido em tempo integral, também conhecido como “velho safado”, Charles Bukowski, subiu há exatos 27 anos. Ele morreu em 9 de março de 1994, em decorrência do excesso de goró, vítima de pneumonia, na cidade de San Pedro. O genial poeta sacana tinha 74 anos e é considerado o último escritor “maldito” da literatura norte-americana.

Henry Charles Bukowski Jr. nasceu em 16 de agosto de 1920, na cidade de Andernach, na Alemanha, filho de um soldado americano e de uma jovem alemã. Ele foi levado, aos três anos de idade, para morar nos Estados Unidos. Espancado pelo pai, viciado em birita desde adolescente e formado na marginalidade de Los Angeles, onde morou por mais de 50 anos, Buk escreveu sobre sua própria e longa vida (boemia e desgraça).

Obsceno como poucos, Buk fez a alegria de muita gente, pois possui milhões de fãs ao redor do mundo. Seus livros são cheios de situações inusitadas e chocantes, sempre com muita birita, aflições, jogos de azar, sexo e putaria. Vários devaneios e realidade do dia-a-dia dos malucos.

Há anos, minha prima Lorena me apresentou ao poeta e romancista americano. Sua obra tarada, anticonvencional e ofensiva a moral e bons costumes é genial. Sobretudo para fãs da literatura sacana e escrachada como eu. Li somente quatro livros do velho Buk, “Numa Fria”, “Misto-quente”, “Hollywood” (1989) e “Pulp”. Mas me deleitei com vários artigos e crônicas do cara.

O que se pode dizer? Citar Bukowski é trazer todos aqueles bares pelos quais passou, seus bêbados e seus problemas que eles afundam no copo. Como ele mesmo gosta de se vangloriar em suas histórias, um médico disse que, se ele não parasse de beber, morreria em trinta dias: nada aconteceu. Depois desse episódio, Bukowski deu a guinada na sua vida literária, começando a escrever poesia. Dizer Bukowski invoca ao leitor o sabor de cerveja, vinho e outras coisas; citá-lo nesta lista não é uma obrigação, é uma honra.

Claro que o goró estimula a criatividade, é só lembrar dos fascinantes papos que batemos durante uma simples reunião etílica. Ainda não sou escritor, quem sabe no futuro? Mas sou um biriteiro assumido e já que berber e escrever tem tudo a ver, sigo na esperança de um dia publicar um livro (risos). Um brinde ao velho safado, esteja ele onde estiver!

A gente devia encher a cara hoje, depois a gente fala mal dos inúteis que se acham super importantes” – Charles Bukowski

Elton Tavares

 


Como ser um grande escritor, por Charles Bukowski

você tem que trepar com um grande número de mulheres
belas mulheres
e escrever uns poucos e decentes poemas de amor.

não se preocupe com a idade
e/ou com os talentos frescos e recém-chegados;

apenas beba mais cerveja
mais e mais cerveja

e vá às corridas pelo menos uma vez por
semana

e vença
se possível.

aprender a vencer é difícil –
qualquer frouxo pode ser um bom perdedor.

e não se esqueça do Brahms
e do Bach e também da sua
cerveja.

não exagere no exercício.

durma até o meio-dia.

evite cartões de crédito
ou pagar qualquer conta
no prazo.

lembre-se que nenhum rabo no mundo
vale mais do que 50 pratas
(em 1977).

e se você tem a capacidade de amar
ame primeiro a si mesmo
mas esteja sempre alerta para a possibilidade de uma derrota total
mesmo que a razão para esta derrota
pareça certa ou errada

um gosto precoce da morte não é necessariamente uma cosa má.

fique longe de igrejas e bares e museus,
e como a aranha seja
paciente
o tempo é a cruz de todos
mais o
exílio
a derrota
a traição

todo este esgoto.

fique com a cerveja.

a cerveja é o sangue contínuo.

uma amante contínua.

arranje uma grande máquina de escrever
e assim como os passos que sobem e descem
do lado de fora de sua janela

bata na máquina
bata forte

faça disso um combate de pesos pesados

faça como o touro no momento do primeiro ataque

e lembre dos velhos cães
que brigavam tão bem?
Hemingway, Céline, Dostoiévski, Hamsun.

se você pensa que eles não ficaram loucos
em quartos apertados
assim como este em que agora você está

sem mulheres
sem comida
sem esperança

então você não está pronto.

beba mais cerveja.
há tempo.
e se não há
está tudo certo
também.

É proibido peidar dentro do Empório do Índio, diz aviso no balcão – Crônica de Elton Tavares (ilustrada por Ronaldo Rony)

Peido é ruim. Incomoda tanto o flatulento quanto sua vítima. Mas no Empório do Índio, pasmem, é proibido peidar na parte interna do estabelecimento. O Jorge Ney, conhecido popularmente como “Índio”, proprietário do bar, é conhecido por comentários diretos e francos. E foi taxativo no aviso em seu estabelecimento: “Proibido Peidar”.

Portanto, se você resolver tomar umas no balcão do Empório, é melhor conter a flatulência. Quem quiser se aliviar tem que sair e peidar. Nem mesmo os sócios remidos do Bar como Cleomar, Cuca, Kleber, Gilvana e outros amigos, têm permissão para bufar no recinto.

Afinal, tá lá, escrito.

Dou razão ao Índio, afinal, a temperatura de um peido quando é criado é de 37º. Se o metano é fruto de uma carne com chicória então, sai de perto que, se pegar no olho, cega. A proibição é justa, pois tem gasoso que parece descer abraçado na merda, de tão potente. Se silencioso então, é um ataque surpresa muito covarde.

Sobre o Empório do Índio

O Empório do Índio é um espaço democrático que abriga todas as tribos e pensamentos. A Cerveja é sempre gelada, tem tira-gosto de charque e outros petiscos. Localizado no bairro Santa Rita, próximo ao Fórum de Macapá, o bar possui um ótimo atendimento e preço justo.

Mas peidar lá dentro? Não, pode não.

Elton Tavares