Jornalista Vanessa Albino gira a roda da vida. Feliz aniversário, broda!

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Também sempre digo que o jornalismo me trouxe muitos amigos. Alguns inimigos, é verdade, mas isso faz parte. Uma dessas pessoas é a Vanessa Albino. Ela gira a roda da vida neste décimo quinto dia de fevereiro e lhe rendo homenagem, pois além de profissional competente, é uma broda gente fina!

Vanessa Albino é jornalista, assessora de comunicação, fotógrafa, social mídia, cantora, gente boa, inteligente, responsável, trabalhadora, batalhadora e amiga deste editor. Além de competente profissional, ela é filha amorosa da Claudia e irmã parceira da Valeska. Uma pessoa dedicada à sua família.

Albino foi integrante da comunicação do Ministério Público do Amapá (MP-AP) e, na época, minha colega de trampo. Quando foi estagiária do MP-AP, fui seu chefe. E acompanhei sua vontade de aprender sempre e nada de preguiça de trabalhar (o jornalismo/assessoria de imprensa não tem hora ou dia, a gente trampa sempre que é preciso. Quem não entende isso nunca se garantirá nessa louca e linda profissão).

Conheci a Van em 2019, quando ela chegou para trabalhar conosco. De lá pra cá, ela se mostrou competente, comprometida, solícita, profissional e de bom trato. Desenrolada, boa de trampo e não tem medo do trabalho, além de um bom humor e sagacidade porreta.

Querida Van, sabes que te considero uma amiga. Nessa louca e feliz profissão é preciso parceria, e você já provou seu valor como pessoa inteligente, trabalhadora, batalhadora e sem frescura. Boto fé em ti como profissional e como pessoa.

Vanessa, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa garra, sabedoria, coragem e talento em tudo que te propões a fazer. Que a Força sempre esteja contigo. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. E que tua vida seja longa, repleta de momentos porretas. Parabéns pelo seu dia. Feliz aniversário!

Elton Tavares

Fotógrafo Márcio Pinheiro gira a roda da vida. Feliz aniversário, amigo!

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Alguns desses, encontro somente no trabalho, durante as coberturas jornalísticas. É o caso do fotojornalista Márcio Pinheiro, que gira a roda da vida neste décimo quarto dia de fevereiro.

Adoro fotografar, mas sou somente um apertador de botões. Tenho sorte de ser amigo de bons fotógrafos – o Márcio é um deles. Vez ou outra, preciso de fotos e recorro aos amigos, que sempre me salvam. Pinheiro já safou muitas vezes e sou grato por isso.

Márcio Pinheiro é um pai e um marido apaixonado. Um amigo de fala mansa, bem humorado, tranquilo e de área luminosa. Fotógrafo competente, foi integrante da equipe da Assessoria de Comunicação do Governo do Amapá e hoje em dia, é o fotojornalista oficial do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional do Brasil, Waldez Goés. Sim, o careca é um cara talentoso, parceiro e gente fina. Um retratista com olhar diferenciado e apaixonado pela fotografia. Dou muito valor nesse figura.

Não lembro quando conheci o Márcio, mas faz tempo. Ele era operador de áudio em uma rádio da cidade e, desde aquela época, sempre foi porreta comigo. Há cerca de duas semanas, encontrei com esse brother. Mais uma vez ele foi paid’égua e me ajudou. Na ocasião, lhe presenteei com meu livro, pois o “consideramento” é mútuo!

Márcio, mano velho, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com sabedoria e coragem. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. Saúde e sucesso sempre. Parabéns pelo teu dia, brother. Feliz aniversário!

Elton Tavares

Kledson Mamed gira a roda da vida. Feliz aniversário, amigo!! – @mamedmcp

Eu e Mamed, durante uma cobertura jornalística em 2023

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Também costumo dizer que o jornalismo me deu grandes amigos. Alguns inimigos também, mas faz parte. Neste décimo dia de fevereiro, Kledson Mamed gira a roda da vida e deixo aqui registrado que dou muito valor nesse cara, que chega aos 45 anos (tens durado, Lelis).

Kledson é meu colega de trabalho na Secretaria de Comunicação do Tribunal de Justiça do Amapá. Não lembro ao certo a época que conheci o Mamed, mas de certo faz mais de uma década. Em um ano de trampo juntos, o cara que era somente um conhecido, se tornou um amigo querido.

Mamed e amigos da Secom TJAP

Kledson é talentoso editor de imagens, bom fotógrafo e repórter cinematográfico. Um excelente profissional e um cara trabalhador. Também é fervoroso flamenguista, pirata da batucada, sócio remido do Bar Cajueirinho, apreciador de música amapaense e rock and roll e amigo fiel aos seus brothers.

Kledson é aquele tipo de pessoa que está sempre pronto para ajudar, para dar um conselho sincero ou até mesmo uma bronca quando necessário. Mamed é uma figura com autenticidade, gente boa demais, batalhador e parceiro.

Com o Mamed, em uma das nossas divertidas reuniões etílicas

Esse mano tem nome e cara de árabe, bruto, é sincero e às vezes até sem noção, mas com grande coração, bom humor, sacadas hilárias e totalmente sem limites. Ah, ele também é filho, pai e irmão dedicado e amoroso, do seu jeito, à bruta.

Em resumo, o aniversariante é um doido varrido porreta pra caralho. Mamed, mano velho, “tu saaaabes…” Que teu novo ciclo seja ainda mais feliz, produtivo, iluminado e paid’égua. Que tenhas sempre saúde e grana. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Elton Tavares

Inclusão e Acessibilidade: Rádio Web do TJAP agora tem intérprete de Libras durante a transmissão

Nesta segunda-feira (5), a JudiciRádio, rádio Web do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP), passa a contar com intérprete de libras durante suas transmissões. A iniciativa acontece em cumprimento à resolução nº 401/2021 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre o desenvolvimento de ações de acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência no âmbito do Poder Judiciário. O TJAP já possui intérpretes de libras nas transmissões das sessões de seus órgãos colegiados do Pleno, Secção Única, Câmara Única e Turma Recursal, bem como em eventos e solenidade, e agora expandiu para a Rádio, para promover a inclusão e um maior acesso à informação.

“Isso significa um respeito pelo direito linguístico da pessoa surda, que ela pode conhecer mais sobre as leis, ter mais informação e isso é de extrema importância. É mais um passo rumo à inclusão social que de fato nós queremos e que é uma luta nossa enquanto comunidade surda, intérprete de libras e, familiares e amigos de pessoas surdas”, ressaltou a intérprete de libras do TJAP, Iza Almeida, que foi umas foi estreantes desse novo formato, junto com a intérprete Jayanne Pontes.

A JudiciRádio foi inaugurada no dia 8 de março de 2023, com o intuito de aproximar o judiciário da sociedade amapaense. Ela conta com o Programa JudiciRádio Notícias, de segunda a sexta-feira, das 10h às 12h, com apresentação dos jornalistas José Menezes e Ricardo Medeiros, que trazem notícias do judiciário, gerais e de utilidade pública.

“O Poder Judiciário Amapaense não mede esforços para abranger e promover a inclusão em todas as unidades e, principalmente, para se aproximar e atender as demandas dos nossos jurisdicionados. Por isso, idealizamos a JudiRádio: para aprimorar ainda mais essa aproximação com o cidadão”, defendeu o desembargador-presidente Adão Carvalho.

“Por meio da rádio web, informamos os serviços e ações não somente do TJAP, mas de outras entidades, como utilidade pública e serviços relevantes para o cidadão”, acrescentou o magistrado.

“Como parte desse empenho para que todos tenham pleno acesso à informação, colocamos também intérprete de Libras na programação, para que possa contemplar todos os nossos públicos”, detalhou o presidente do TJAP, desembargador Adão Carvalho.

A programação da JudiciRádio pode ser acompanhada pelo canal oficial do TJAP no YouTube, (Clique aqui para acessar) ou pelo site https://www.judiciradio.com.br/.

– Macapá, 5 de fevereiro de 2024 –

Secretaria de Comunicação do TJAP
Texto: Rafaelli Marques
Fotos: Sérgio Silva
Central de Atendimento ao Público do TJAP: (96) 3312.3800

Liesap abre credenciamento de imprensa para cobertura dos Desfiles das Escolas de Samba 2024

A Liga Independente das Escolas de Samba do Amapá (Liesap) realiza no período de 29 de janeiro a 1 de fevereiro o credenciamento dos veículos de comunicação e jornalistas profissionais ligados a algum meio de comunicação de massa interessados em cobrir o Desfile das Escolas de Samba do Amapá, que ocorrerá nos dias 9 e 10 de fevereiro. A entrega das credenciais acontecerá no dia 8 de fevereiro a partir das 14h, na sala da Liesap, no Sambódromo.

Os assessores de comunicação das agremiações carnavalescas e dos órgãos institucionais também devem ser credenciados. Os interessados devem preencher um formulário manifestando o seu interesse em cobrir o evento. Estes devem preencher os dados do credenciamento informando nome completo, CPF, veículo que representa, função, telefone de contato e foto. Acesse o link para realizar o credenciamento : https://forms.gle/vFUcLa8GoHnhCjwX6 O pedido será feito somente via formulário, e o link também estará disponível na bio do Instagram de Liesap. A Liga tem até três dias para aceitar ou indeferir o pedido.

Identificação

Somente os profissionais devidamente identificados com a credencial terão acesso às dependências do Sambódromo. O acesso e o quantitativo de profissionais na Ivaldo Veras durante os dias de desfile será regulamentado e delimitado pela diretoria executiva da Liesap. Apenas repórter cinematográfico, fotógrafos e social media terão acesso a pista, de acordo com a quantidade estipulado pela comissão do desfile.

A credencial é intransferível e terá identificação com foto, nome, veículo e função. Se a organização detectar que a credencial foi transferida a terceiros, o profissional credenciado, será retirado da área do desfile e ficará impedido de se credenciar em eventos da Liesap por dois anos.

Diretora de Comunicação/ Liesap
Jornalista responsável:
Adryany Magallhães (96) 99144-5442

Meus parabéns à Rede Amazônica pelos 49 anos de jornalismo no Amapá

A TV Amapá completa 49 anos de fundação nesta quinta-feira (25). A emissora é afiliada da Rede Globo e a única com programação exibida nos 16 municípios amapaenses. O veículo integra a Rede Amazônica, um conglomerado de TV’s, rádios e portais de internet espalhadas pelo norte brasileiro , exceto no estado do Tocantins e Pará (somente CBN no Pará, veículo que integra o grupo).

A TV Amapá é o veículo de comunicação mais poderoso do Estado. Tive o prazer de trampar lá, por pouco tempo é verdade, mas foi um aprendizado. Em julho de 2008, por falta de espaço físico dentro da Rede Amazônica local, o Portal Amazônia funcionava na redação da TV Amapá. Fui estagiário na TV Amapá e Portal Amazônia. Observei e absorvi o que pude naqueles tempos.


De acordo com o jornalista Humberto Moreira, foi a Copa de 74, na Alemanha, que motivou o então governador do Território Federal do Amapá, Arthur Henning, a comprar os equipamentos de TV para a exibição dos tapes do Brasil naquele Mundial.

“Em campo o time não foi bem e perdeu para a Holanda nas quartas de final. Os jogos eram gravados em Belém (PA), que já recebia imagens por satélite. E um avião do Serviço de Transportes Aéreos do Território trazia a fita para ser exibida aqui com todo mundo sabendo o resultado, pois a Rádio Difusora de Macapá retransmitia as partidas.


Depois da Copa, o governo vendeu os equipamentos ao empresário amazonense Filipe Daou que inaugurou a TV Amapá em janeiro de 75”, contou Humberto. Ela se vão 49 janeiros!

Por lá passaram muitos profissionais feras do mercado local e que atuam fora do Amapá. Lembro bem do dia que cheguei lá e fiz o teste com o Arílson, meu primeiro chefe no jornalismo. Recordo do bom humor do Seles e aprendizado com ambos.

Antiga Redação da TV Amapá (esquerda) e eu fiz no jornalismo da Rede Amazônica, em 2008 (direita).

Também da parceria da Cleidinha, das histórias do Evandro Luiz, dos amigos da técnica, das sacadas do Edson Cardozo, da rabugice engraçada do Renato, da gentebonisse do Max, seriedade do João Clésio (na época) e da gaiatice dos cinegrafistas, enfim, do quanto fui bem tratado por lá. Sobretudo pelo então chefe de jornalismo.

Pela importância da emissora, contribuição para o crescimento do Amapá e talento dos colegas e amigos que trampam por lá (e sempre me dão apoio onde quer que eu trabalhe), parabenizo a TV Amapá e seus colaboradores. Congratulações, parceiros!

Elton Tavares

Continuo em frente e com a força de sempre! – Crônica de Elton Tavares – *Do livro “Crônicas de Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”

Eu continuo trabalhando muito, pois adoro minha profissão. Continuo sincero, contudo áspero. Eu continuo diferenciando puxa-sacos de profissionais, apesar de muitos não terem tal discernimento. Eu continuo honesto, apesar das propostas indecorosas. Continuo pobre, contudo sem telhado de vidro ou rabo de palha. Como sempre, não acompanho a moda convencional, mas fico ligado na underground.

Vivo a celebrar minha existência com a família e os amigos. Permaneço bebendo mais que o permitido, mas nunca fui ou sou um bêbado enjoado. Sigo boêmio inveterado, só que muito menos que antigamente. Continuo apaixonado pela boa música, mas extremista com alguns gêneros musicais. Sigo com meu amor pelo Rock and Roll, MPB e Samba. Continuo apaixonado pelo Carnaval, mas só na época mesmo.

Eu continuo exigente, mas sempre à procura da facilidade. Continuo antipático para alguns e paid’égua para a maioria. Continuo assumindo meus erros e brigando pelos meus direitos, custe o que custar. Continuo sem intenção de agradar a todos, mas acertando mais que errando. Ainda sou Flamengo, mas não brigo mais quando o time perde, até dou risada da encheção de saco dos adversários.

Eu continuo tirando barato de erros grotescos, mas aguento as consequências quando falho. Continuo escrevendo, mas com a consciência de nem sempre agradar. Continuo a me irritar com a necessidade de tanta gente de aparecer ou ser admirada, mas não sou totalmente desprovido dessa soberba.

Continuo convivendo com figurões e anônimos, sem deslumbre ou desdém, pois é assim que deve ser. Ainda faço mais amigos que inimigos, apesar dessa segunda lista aumentar consideravelmente a cada ano. Permaneço gordo, feio e arrogante, entretanto, respeitoso, justo, bom de papo e sortudo. Sigo “Eu Futebol Clube”, sem falso altruísmo e sempre aviso: se resolver encarar, é bom se garantir.

Continuo insuportavelmente ranzinza, mas incrivelmente querido pelos meus familiares e verdadeiros amigos. Prossigo acreditando nas pessoas, apesar de elas me decepcionarem sistematicamente. Continuo amando, odiando, ignorando, provocando, aplaudindo e vaiando. E sempre fazendo o que precisa ser feito pra manutenção da minha felicidade e do bem das pessoas que amo, mesmo que seja algo egoísta. Resumindo, continuo correndo atrás e com cada vez mais motivos pra permanecer sorrindo.

Elton Tavares

*Do livro “Crônicas de Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.

Mazagão Velho, a cidade que atravessou o oceano, completa 254 anos – Crônica/resgate de Elton Tavares

Mazagão Velho – Foto: Gabriel Penha. Ruínas de uma igreja construída no século XVIII – Foto: Hélida Penafort Mazagão Velho, no frame de vídeo (documentário em produção) cedido pelo amigo Aladim Júnior Antigo cemitério de Mazagão Velho, no frame de vídeo (documentário em produção) cedido pelo amigo Aladim Júnior Prefeitura de Mazagão – Foto: Elton Tavares

Crônica/resgate de Elton Tavares

Mazagão Velho completa 254 anos de fundação hoje (23). A minha família paterna veio do Mazagão, não do Velho, mas do “Novo” (que não tem nada de novo). Bom, vou falar um pouco da cidade e depois da relação do local com o meu povo.

O município de Mazagão tem uma história peculiar, rica em detalhes sobre o Amapá. Mazagão foi fundada porque o comerciante Francisco de Mello pretendia continuar com o comércio clandestino de escravos, mas pressionado pelo governador Ataíde Teive, resolveu cooperar, fornecendo índios para os serviços de construção da Fortaleza de São José, na capital do Amapá, Macapá.

Foto: Gabriel Penha

Em retribuição, foi anistiado e agraciado com o título de capitão e diretor do povoado de Santana; mas, por conta de uma epidemia de febre, que acometeu os silvícolas, foi transferido para a foz do Rio Manacapuru, e, pelo mesmo motivo em 1769, para a foz do Rio Mutuacá.

Em 10 de março de 1769, D. José I, Rei de Portugal (POR), desativou a cidadela de Mazagão, na então colônia do Marrocos (MAR); eram 340 famílias sitiadas pelos mouros. Elas foram transferidas para Belém (PA). Para alojar estes colonos, o governador mandou construir um povoado às margens do Rio Mutuacá. Em 7 de julho de 1770, começaram a ser transferidas 136 famílias para a Nova Mazagão, hoje cidade de Mazagão Velho, como já se denominava o lugar, pois desde o dia 23 de janeiro de 1770, havia sido elevado à categoria de Vila.

Acervo familiar.

Na verdade, meu saudoso avô paterno, João Espíndola Tavares, nasceu na região do alto Maracá, no Sítio Bom Jesus – localidade de difícil acesso. Para chegar ao local, as embarcações precisavam passar por muitas cachoeiras do município de Mazagão. E minha santa vó, Perolina Tavares, bisneta do senador do Grão Pará, Manoel Valente Flexa (que foi manda-chuva em Mazagão, no tempo em que lamparina dava choque), também nasceu naquelas bandas. Ah, meu vô foi prefeito do Mazagão (preso pelo golpe de 1964, a então “revolução”).

Lá eles namoraram, casaram e constituíram família. Meu pai, Zé Penha e meus tios Maria e Pedro, nasceram no Mazagão. Os filhos mais novos do casal, Socorro e Paulo, nasceram em Macapá, onde minha família paterna é uma das pioneiras. Meu avô partiu em 1996 e meu pai depois dele, em 1998. Mas a família Tavares preserva a dignidade, o respeito e a amizade – fundamentais para a vida – aprendidos no Mazagão e trazidos para a capital amapaense.

Eu, com vó e vô. Gratidão! – Mazagão (AP) – 1978

Quando criança, fui ao Mazagão, mas não tenho essas lembranças na cachola dessa época. Retornei ao município em 2009, quando meu avô foi homenageado na Loja Maçônica da cidade, por ter sido um de seus fundadores. Depois, em 2010,  para cobrir a Inauguração da Ponte sobre o rio Vila Nova, na divisa da cidade com a vizinha Santana. Em 2012, para a cobertura do aniversário de fundação da antiga vila e em 2022, quando nos despedimos de nossa matriarca, a vó Peró, ao jogarmos suas cinzas no Rio Mutuacá.

É, minha família paterna veio do Mazagão (na década de 50). De lá trouxe uma nobreza que admiro e muito me orgulho. Não sei explicar a sensação de ir lá, mas a senti todas as vezes. Parece um lugar em que já estive há muito, muito tempo. Quem sabe noutra passagem por aqui. Do que tenho certeza, é que tais raízes nos deram muita cultura, histórias legais e respeito às tradições. Meus parabéns, Mazagão!

Arte: Secom/TJAP

*Este texto, atualizado para hoje, é parte da monografia que escrevi para o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Comunicação. E também é um entre os 60 escritos do livro “Crônicas de Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em 2021.

Ainda sobre Mazagão Velho, assistam a reportagem do programa “Repórter da Amazônia | Mazagão”:

Estádio Glicério Marques completa 74 anos (minha crônica sobre o “Gigante da Favela”) – Por Elton Tavares

O Estádio Municipal Glicério de Souza Marques completa hoje 74 anos de fundação. O local foi idealizado pelo governador Janary Gentil Nunes e fundado em 15 de janeiro de 1950. A arena teve momentos de glória e ainda hoje é palco de jogos do Campeonato Amapaense, Copão da Amazônia e amistosos. Ali foram disputados grandes clássicos com a participação de craques amapaenses.

O estádio possui as alcunhas de “Gigante da Favela” e “Glicerão”, como o estádio foi apelidado pela crônica esportiva. Lembro-me da minha infância com alegria. Eu e meu irmão fomos agraciados com excelentes pais, que nos proporcionaram tudo de melhor possível (e muitas vezes impossível, mas eles fizeram mesmo assim).

Entre tantas memórias afetivas estão as idas ao Glicerão. Meu pai, o saudoso Zé Penha, também jogou no estádio quando foi goleiro amador dos clubes São José e Ypiranga, no time do coração, o “Clube da Torre”. Eu e o mano dávamos muito trabalho ao pai, sem falar o pede-pede. Era pirulito de tábua (aqueles marrons em forma de cone que são puro açúcar), picolé, pipoca, refri e churrasquinho. Era tão porreta!

Como já disse, quando garotos, meu pai e tio Pedro Aurélio, seu irmão, jogaram no Glicerão. Assim como muitos jovens da geração dele. A qualidade do futebol era tão boa que a galera que não tinha grana até pulava o muro para assistir às partidas. Sem falar que o Glicério já foi palco de vários shows locais e nacionais. Afinal, o velho estádio está no coração de Macapá.

Aliás, lembro daquele muro desde que me entendo por gente, pois a casa da minha amada avó fica lado do Glicério, na Rua Leopoldo Machado.

Naquele tempo rolava a charanga do Antônio Rosa, o Paulo Silva e o Humberto Moreira (lembro bem dos dois, pois sempre falavam com meu velho) faziam a cobertura dos jogos. O José Carlos Araújo exagerava na narração das partidas via rádio (a gente ia pro estádio com radinho na mão). Bons tempos!

Em 2023, após reforma e adequação do espaço (que virou um complexo esportivo), o velho estádio foi reinaugurado, com melhores condições. Que bom, pois com 74 anos de existência, a arena local que revelou jogadores como Bira, Aldo, Baraquinha, Marcelino, Jardel, Roxo (o primeiro amapaense que fez gol), Zezinho Macapá, Jasso, Miranda, entre tantos outros nomes importantes do futebol regional, segue como palco para futuros craques.

Porém, o futebol amapaense encolheu depois do “profissionalismo”, a política entrou em campo e deu no que deu: tanto o Glicerão quanto seu irmão mais novo, o Zerão, vivem vazios. Clubes tradicionais desaparecem das competições.

Para mim, há tempos o futebol amapaense perdeu o encanto, o brilho, a mágica. Nem no rádio escuto as partidas. Bom mesmo era na época em que o Zé Penha nos levava para assistir aos jogos no antigo Estádio Glicério, eu e Merson (meu irmão) assistíamos as partidas, brincávamos e nos divertíamos a valer. Quando lembro de tudo isso, a alegria entra naquele campo, escalada pela nostalgia.

Elton Tavares

*Texto adequado/atualizado do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.

Amadurecer pelas ruas de Belém – Por Dulcivânia Freitas – @DulcivaniaF – (publicado hoje em razão dos 408 anos da capital paraense)

Foto: Celso Lobo – Alepa.

Por Dulcivânia Freitas

Durante 10 anos amadureci nas ruas de Belém. Quando se trata de falar sobre a Belém dos anos 1990, me gabo em dizer que sou de casa. Deixei a cidade há quase 18 anos, mas mantenho laços afetivos fortes, que me dão a honra de contar com guarida em várias residências. Tenho ciúmes de Belém, tomo as dores de Belém. Hoje, com um olhar de turista, aponto vários desafios. Mas, se perceber preconceito regional, fecho a cara e reajo com direito a sotaque paraibano.

Belém sabe se defender. Diante de uma lente fotográfica, é fotogênica e faceira. O povo de fora sabe bem dessa habilidade de Belém, é só buscar na web para comprovares. Por sinal, essa conjugação perfeita do verbo na segunda do singular eu aprendi em Belém. Percebi essa beleza na linguagem oral do povo de Belém logo ao desembarcar na cidade, em 16 de abril de 1996, às 20 horas. Sim, era véspera do massacre de trabalhadores sem-terra em Eldorado do Carajás, e eu não tinha noção da importância desse tema.

Foto: Bruno Cecim – Agência Pará

O saudoso taxista, seu Leonardo, sereno no seu chamativo chevette vermelho, me levou direto para a Igreja da Conceição, na Cidade Velha, onde o saudoso e generoso padre David Larêdo me aguardava. Me apresentei com um diploma de jornalista, nenhum medo, muito calor e uma valentia que se esvaiu nos últimos anos. Os primeiros passeios, roteirizados pelo Larêdo, foram o terminal petroquímico de combustíveis no Miramar, onde ele ressaltou que o fluxo de movimentações, em Belém e no Pará quase todo, dependia do perfeito funcionamento das operações naquele lugar. Neste momento conheci também a Praça Brasil e a inesquecível sorveteria Tip Top, onde degustei sabores que nem imaginava existirem.

Amigos da Paraíba comentaram que Belém era uma cidade de comidas esquisitas e recomendaram experimentar com boa vontade. A mente e o coração ficaram tão preparados, que tem dias que não sei se estou vivendo ou temperando frango com tucupi e jambu. Meu Deus, perdoa a soberba por ter a sorte de conhecer o que é açaí de verdade, sem leite condensado. Porém, contudo, pupunha foi um dissabor à primeira vista. Quem tomar um café comigo vai saber detalhes dessa história e vai me dar razão. Comentei com os parentes que chopp em Belém era barato demais. Sabe nada, inocente. O chopp dos paraenses é o dindim dos paraibanos. Ainda como parte das memórias – cada vez mais são lampejos – lembro que arregalei os olhos diante do prédio suntuoso de O Liberal. Não houve deslumbramento patético, mas fiquei contente por trabalhar num lugar espaçoso, chique e cheiroso.

Foto: Celso Lobo – Alepa.

Passar a viver em Belém foi o equivalente a nascer de novo. O que eu trazia em comum com o belenense era somente a moeda e a língua. Foram quatro semanas para aprender a soletrar Ananindeua. Obrigada aos envolvidos pela paciência. O novo, na parte assustadora, me mostrou uma Belém toda pichada. Em relação aos aluguéis, não existia bom e barato na mesma frase, era chegada a hora de me embrulhar nos classificados do jornal, procurando moças para dividir custos de moradia.

No trabalho, caí de paraquedas diante de sumidades do mundo artístico paraense, que se espantavam quando eu lhes perguntava o nome. Em Belém, meu rosto ganhou as primeiras rugas. Surgiram os primeiros fios de cabelo branco. Estava em Belém quando passei a chamada de senhora. Viver em Belém, com o passar de alguns anos, finalmente me fez sentir-me no contexto da Amazônia. Aprendi a valorizar a cultura e o conhecimento amazônida. A amar ainda mais a chuva. Curti as ondas de rio em Mosqueiro, uau, que impressionante. O carimbó é um capítulo à parte. Pensei que jamais na vida me emocionaria com outra dança que não fosse o forró. A expectativa era encontrar na cidade espaços temáticos sobre o carimbó, sua história, exposição de instrumentos, folderes, shows com frequência. Já temos?!

Belém me preencheu de amadurecimento profissional, paixões e experiências pessoais transformadoras. Belém me revelou uma parte bonita e “invisível” do Brasil. Décadas depois me valho dos versos de Celso Viáfora para expressar minha inquietação “será que o Brasil nunca viu a Amazônia?”. Sempre soube que Belém é a cidade do Círio de Nazaré. Mas marquei as férias de 1997 justamente para outubro, e não entendi a estranheza dos meus colegas. Mas depois de 1998 a ficha caiu, porque vivenciei pela primeira vez a grandiosidade do “Natal dos paraenses”.
Este ano, voltei às ruas de Belém. Comecei a caminhada pela avenida Nazaré e paralelas. Fotografei mentalmente paisagens feitas das belas mangueiras, limo nas calçadas, bancas de revistas que incrivelmente sobrevivem, o tacacá, os velhos ônibus de sempre. Muita gente sorridente. A melancolia deu as caras ao sentir falta do grande Cinema Nazaré (1 e 2). De rua em rua, na próxima viagem a Belém chegarei ao bairro da Pedreira, onde vivi 9 dos meus 10 anos em Belém. Ouso me achar uma pedreirense, com pouco samba, mas muito amor. Tenho certeza que a COP 30 trará articulações para aprimorar Belém. Meus parabéns e minha gratidão!

* Dulcivânia Freitas é jornalista. 
**Publicado originalmente no jornal O Liberal de 12/01/2024

Jornalista Aloísio Menescal gira a roda da vida. Feliz aniversário, amigo!! – @AloisioMenescal

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Neste oitavo dia de janeiro, Aloísio Menescal gira a roda da vida e deixo aqui registrado que dou muito valor nesse cara e lhe rendo homenagem, pois o brother chega aos 45 anos.

Aloísio é um jornalista cearense que escolheu o Amapá como lar, servidor do Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap) e meu colega de trampo. Trata-se de um assessor de comunicação qualificado, competente, ético, prestativo e experiente. Ou seja, senhor do seu ofício. Além disso, inteligente, bem humorado e gente boa demais. Mas acredito desempenha melhor ainda o papel de bom filho, irmão, marido da Lívia Parente e pai dedicado do pequeno Cauê.

Aloísio é nerd, adora fotografar plantas e insetos da Amazônia. Fã de quadrinhos, cinema, séries, música boa e arte, possui vasta cultural geral. Ele também aprecia um bom uísque de vez em quando, Ah, Menescal é hipocondríaco (sempre está com dor de cabeça, estômago ou coluna). A gente ri disso.

Conheci o cara na cobertura das Eleições 2016, quando ele chegou com a equipe do Tjap para me dar uma força (na época eu era responsável pela comunicação do TRE-AP). De lá pra cá foram muitas pautas e parcerias. Juntos, também participamos de um congresso de jornalistas em Cuiabá (MT), em 2018. E em 2023, entrei pra equipe da Secom do Tribunal de Justiça e Aloísio, que era somente um colega, se tornou um amigo querido.

Este texto é para registrar meu apreço, amizade e respeito por Menescal (apesar dele recusar meus convites pra gente tomar umas cervejas). Aloísio, mano, que tenhas sempre saúde e sucesso junto aos seus amores. Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Em resumo, Menescal o é um cara tranquilo de mente barulhenta inteligentão observador, trabalhador, talentoso, perspicaz, antenado e inventivo. O figura que é tão competente, quanto gente boa. Dou valor no sacana.

Aloísio, mano velho, que teu novo ciclo seja ainda mais feliz, produtivo, iluminado e paid’égua. Que tenhas sempre saúde, grana, paz e essa sabedoria que lhe é peculiar. Que sigas pisando firme e de cabeça erguida em busca dos teus objetivos. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Elton Tavares

Centenário de nascimento do poeta Alcy Araújo – Texto de Fernando Canto

Fernando Canro e Alcy Araújo – Foto: Blog da Alcinéa

Texto de Fernando Canto

Hoje, dia 08 de janeiro de 2024, Alcy Araújo nascia do município paraense de Peixe-Boi. Mas foi aqui no Amapá que realizou suas utopias, fabricou sonhos e vislumbrou grandes especulações que iriam beneficiar o povo amapaense que tanto amou em vida e nos seus escritos imorredouros. Alcy era imortal da Academia Amapaense de Letras, cujo patrono é o jornalista Mendonça Júnior, jornalista como ele. A sua cadeira é ocupada atualmente pela jornalista e também poeta Alcinéa Cavalcante, filha dele.

Até hoje o poeta Alcy Araújo vive no imaginário dos escritores e leitores que queriam ser como ele. Nós da AAL, que o reverenciamos sempre, criamos para este ano o “Concurso de Poesia Alcy Araújo”, como uma forma de homenagem ao seu centenário. Alcy nos deixou em 1989, mas sua permanência é um fato espiritual que inspira a todos pela beleza única de sua literatura.

Abaixo o texto sobre os 50 anos de publicação do seu primeiro livro, o “Autogeografia”. Preferi deixa-lo na íntegra, pois este era o quadro quando foi escrito.

TRIBUTO A ALCY ARAÚJO PELO SEU “AUTOGEOGRAFIA”

Cinco escritores amapaenses realizaram ontem uma homenagem sui generis ao cinquentenário de lançamento do livro “Autogeografia”, do poeta Alcy Araújo. Esse livro foi o primeiro do mais importante autor que passou pelo Amapá, lançado em julho de 1965.

A homenagem foi feita exatamente às 12h00, em quatro pontos da cidade e sob o monumento Marco Zero do Equador, quando todos leram ao mesmo tempo trechos da obra Alcyniana. Os escritores escolheram esse momento místico para fazer a leitura de textos do livro a partir de quatro lugares da cidade, em direção ao Marco Zero do Equador, a fim de realizar uma Pirâmide Mental direcionada ao vértice desse extraordinário ponto de convergência, receptor de energia astral da cidade de Macapá, que tanto o poeta amava.

Alcy Araújo foi pioneiro do Território Federal do Amapá e aqui trabalhou como jornalista e servidor público, exercendo altos cargos no decorrer de sua vida profissional. Como escritor incursionou pelo campo da poesia, do conto e da crônica, entre outros. Era compositor e chegou a ganhar festivais de música por aqui. Mas foi a poesia que lhe marcou definitivamente e de forma gloriosa a sua carreira. Boêmio e amigo de todos, Alcy influenciou dezenas de poetas em suas criações, desafiando-os a produzirem e se aprimorarem. Era conhecido nas rodas boêmias como “Tio” Alcy. Deixou uma quantidade incontável de textos e poemas que precisam ser publicados e divulgados, pois sua poesia não perde a atualidade.

O Amapá tem o dever de preservar a memória criativa e cultural dos seus escritores, a fim de que eles possam ser conhecidos pelas novas gerações e pelas vindouras. O livro “Autogeografia” merece urgentemente uma reedição, bem como os outros livros que o poeta chegou a publicar como “Poemas do Homem do Cais” e “Jardim Clonal”. Seus contos e crônicas e contos precisam ser reunidos e estudados, entretanto nem a Universidade nem os setores culturais oficiais mexem sequer um dedo para reacender essa memória escrita, preferindo a cultura de massa em detrimento da nossa formação intelectual.

Poetisa Alcinéa Cavalcante, filha de Alcy Araújo, no Marco Zero do Equador – Foto: Fernando Canto

A pirâmide é o símbolo da ascensão. Ela, invertida sobre a ponta, é a imagem do desenvolvimento espiritual: quanto mais um ser se espiritualiza, mais sua vida se engrandece, se dilata à medida em que ele se eleva. Do mesmo modo no plano coletivo: quanto mais um ser se espiritualiza, maior é a sociedade de seres personalizados na vida dos quais ele participa. Convergência ascendente, consciência de síntese, a pirâmide é também o lugar de encontro entre dois mundos: um mundo mágico, ligado aos ritos funerários de retenção indefinida da vida supratemporal, e um mundo racional, que evocam a geometria e os modos de construção. Na pirâmide há, ainda, uma pulsação dinâmica que pode ser vista como o símbolo matemático do crescimento vivo, expressão esta que melhor exprime o simbolismo da pirâmide. Atribui-se a Hermes Trimegisto uma ideia análoga: o cume de uma pirâmide simbolizaria o Verbo demiúrgico, Força primeira não engendrada, mas emergente do Pai e que governa toda coisa criada, totalmente perfeita e fecunda.

O ato realizado pelos cinco escritores não objetivou caracterizar uma liturgia mística ou religiosa, mas uma ação respeitosa àquele que foi nossa maior referência poética e que precisa ser reconhecido cada vez mais pelo que fez e pelo legado intelectual e artístico que deixou. Os escritores foram: Manoel Bispo, Fernando Canto, Paulo Tarso Barros, Osvaldo Simões e Alcinéa Cavalcante (filha do poeta).

Uma forte emoção tomou conta de todos os cinco participantes na hora de realização do ato piramidal e poético, com a leitura dos textos abaixo. Em setembro, por ocasião do Equinócio da Primavera, novo ato será realizado, desta vez com a participação de grupos poéticos e teatrais.


MENSAGEM – (Alcy Araújo)

O mar está ficando cada vez mais distante.
Já quase não divulgo o cais enevoado
que o mar vai levando
e o navio desapareceu em direção
ao outro lado do hemisfério,
deixando meus olhos inertes, sem lágrimas,
dentro da paisagem estacionária do espelho.
………………………………………………………………………………………….
Voltarei a me encontrar com o Mundo.
E, quando terminar este descanso, Amada,
será chegada a hora bíblica de enviar,
por um verso em demanda,
uma mensagem de encorajamento
ao povo nascente que habita
a terra em formação
na Latitude Zero.

TEXTO 2.

Estou nu, como o sou diante do meu Anjo, desde a minha inauguração até o agora. Amanhã, talvez, terei mudado. Metamorfose ou metempsicose. Mas aí estas palavras e estes carinhos terão passado, por ser só este pouco o muito pouco que posso oferecer: o meu humílimo gesto de poeta.

A você, poeta Alcy Araújo, a nossa gratidão!

FERNANDO CANTO
PRESIDENTE DA ACADEMIA AMAPAENSE DE LETRAS

Reverência ao poeta Alcy Araújo (que faria 100 anos hoje) – Por Fernando Canto – @fernando__canto

Hoje – Centenário do nascimento do poeta e jornalista Alcy Araújo – Fotos: Blog da Alcinéa

O Amapá precisa preservar, reconhecer e homenagear seus grandes nomes em todas as áreas de atuação. Sou fã de escritores, compositores, músicos, poetas e artistas. Por conta disso, republico aqui o texto do escritor Fernando Canto, em homenagem ao poeta Alcy Araújo, que faria 100 anos hoje, 7 de janeiro (Elton Tavares).

Reverência ao poeta Alcy Araújo

Por Fernando Canto

Alcy Araújo foi um dos nossos mais importantes poetas, e intelectual militante da cultura. Ele foi pioneiro do Território Federal do Amapá e aqui trabalhou como jornalista e servidor público, exercendo altos cargos no decorrer de sua vida profissional. Como escritor incursionou pelo campo da poesia, do conto e da crônica, entre outros.

Era compositor e chegou a ganhar os primeiros festivais de música realizados em Macapá. Mas foi a poesia que marcou definitivamente e de forma gloriosa a sua carreira. Boêmio e amigo de todos, Alcy influenciou dezenas de poetas em suas criações, desafiando-os a produzirem e se aprimorarem. Era conhecido nas rodas boêmias como “Tio” Alcy. Deixou uma quantidade incontável de textos literários que precisam ser publicados e divulgados, pois eles não perdem a atualidade.

Seus livros “Autogeografia” e “Ave-Ternura” foram publicados em 2020, pelo projeto literário “Letras de Ápacam”, da Prefeitura Municipal de Macapá. Contam com apresentação e prefácio meus e do poeta paraense João de Jesus Paes Loureiro.

Entretanto, suas produções literárias precisam ser reunidas e estudadas em várias estâncias do conhecimento, já que nem a Academia (Universidades) local, que tem o dever de preservar a arte e a memória dos escritores não o faz.

Alcy Araújo foi nossa maior referência poética. Precisa ser reconhecido cada vez mais pelo que fez e pelo legado intelectual e artístico que deixou. Por isso o Amapá tem o dever de preservar a memória criativa e cultural dos seus escritores, a fim de que eles possam ser conhecidos pelas novas gerações e pelas vindouras.

É preciso reverenciar seu legado, pois o “Tio Alcy” influenciou várias gerações de artistas e colaborou decisivamente para a formação cultural e intelectual de vários deles.

A você, poeta Alcy Araújo, a nossa gratidão!

* Alcy Araújo faleceu em 22 de abril de 1989.

O folclore por mar abaixo – Por Hélio Pennafort

Foto: Max Renê

Por Hélio Pennafort

O outrora imponente Marabaixo está reduzido a exatamente o que você está vendo na foto. A sobrevivência daquilo que já foi a mais importante manifestação folclórica do Amapá e hoje cuidada por dois pequenos grupos, o do Laguinho e o do Curiaú. Teimosamente, eles garantem vida a uma tradição que começou a existir com a própria Macapá. Quando o Marabaixo foi tocado durante uma conversa do repórter com a folclorista Maria Brígido, ela procurou justificar o desaparecimento paulatino, tanto do Marabaixo quanto de outras festas folclóricas, com o ajuste dos grupos de folks à evolução da comunidade, ao progresso da região.

Foto: Chico Terra

Os pais, os ancestrais – disse -, eram promotores de grandes Marabaixos, festas caseiras na base do pau-e-corda, faziam pastorinhas, participavam de batuques. Os filhos, porém, começaram a não mais prestar atenção aos volteios e as cantigas dos velhos desde quando ouviram, pela primeira vez, o som de um tocadisco substituir a plangência da viola. Disso se queixa Osmundo Barreto, o vibrante maestro do conjunto Mucajá, de Mazagão Velho. “hoje em dia a juventude não quer mais dançar com a música do meu clarinete”. Do mesmo modo os tambores do Francisco e o querequexé do Joaquim também ficam meses sem batucar noite a dentro, nem tampouco mexer com o assoalho de ninguém. Com o descaso dos legítimos herdeiros, começam a aparecer estilistas pensando em transferir a herança folclórica para grupos de jovens que adoram uma curtição diferente. É difícil acertar.

Foto: Fábio Gomes

Os fatos folclóricos só são autênticos quando feitos pelo povo. Quando os seus folguedos, os seus culons, enfim, sua vida, todo o equipamento mental desse povo é considerado folclórico. A interferência erudita desvirtua e dó serve mesmo para aguçar protestos interiores, como o do artista plástico Olivar Cunha, que pintou o “Marabaixo das loiras”. Esse negócio de palpite em folclore é papo furado. Não adianta modificar o tipo de roupa, a colocação do chapéu, o tom da viola. Tudo pode ficar até mesmo mais vistoso. Culturalmente, no entanto, fica mais leve. Só serve para turista e olhe lá.

Foto: blog Amapá, minha terra amada.

Que fazer então para preservar o folclore? Existem segundo Maria Brígido, dois caminhos. Um seria, por exemplo, como a atitude de um médico para um cardíaco: dar paliativos, ajudá-lo mesmo financeiramente – mas sem mexer na bagagem cultural -, para que ele aumente mais um pouco a sua vida, até um certo tempo, quando os mais antigos desaparecem e os jovens não quiseram mais fazer o mesmo, porque estão integrados ao novo estágio da comunidade. Outro – imediatamente – seria procurar uma turma que tenha conhecimentos folclóricos. Esse registro pode ser feito através de filmes, fitas e fotos. Também são necessários depoimentos de como vive aquele grupo economicamente e como se comporta socialmente. Como não se pode eternizar os fatos folclóricos, que pelo menos procure-se guardá-los, seja em celulose ou em fita magnética.

Dança do Coatá – Fotos: Elza Lima

Com a facilidade eletrônica de hoje, isso não é difícil. Basta ter disposição e elementos. O que não foi possível fazer com a dança do Coatá, que há muitos anos deixou de alegrar as barrancas do Araguari e os furos do Bailique, graças a singeleza dos seus versos e beleza de seu ritmo. O que restou dela está guardado apenas na cabeça de embarcadiços como este homem que já ensinou a muitos a melhor maneira de se conviver com a natureza, isto é, transmitiu cultura. Pena que no seu tempo de jovem não havia gravador e nem tampouco interesse urbano por aquelas cantigas e aqueles caboclos que serviam de coarador para o espírito dos canoeiros do salgado.

O “turé”, em Oiapoque – Foto: MUSEU DO ÍNDIO

O “turé”, dos índios caripunas, também é outro que está tomando o mesmo caminho do Marabaixo. E é até humorístico a influencia que os índios receberam. Aconteceu porque a presença constante das missões religiosas minimizou tanto a figura do Pajé, que há pouco mais de um ano assisti uma exibição dessa dança no Oiapoque, já sem participação desse personagem fundamental, justamente a que dava as ordens. Fiz esta foto e nela vocês podem observar que de índio mesmo só restaram a penas. Minto a música ainda é original. Talvez porque seja bastante complicado e até humilhante para um maestro da civilização tentar mudar o som de um mísero cano de taboca. Se fosse fácil e oferecesse status, não tenham duvida de que tentariam.

*Publicado no jornal “A província do Pará” – caderno do Amapá – 28 de novembro de 1981.
**Contribuição de Fernando Canto.