Prefeito Clécio Luís recebe livros do projeto literário Coleção Letras de Ápacam

O prefeito de Macapá, Clécio Luís, recebeu do poeta Joãozinho Gomes os primeiros livros impressos do projeto literário Coleção Letras de Ápacam, idealizado e coordenado pelo poeta Joãozinho Gomes e pelo sociólogo João Milhomem. As obras editadas e reeditadas são de autoria dos escritores Manoel Bispo, Alcy Araújo e Isnard Lima, os dois últimos já falecidos.

A Coleção Letras de Ápacam tem o objetivo de editar e reeditar as obras dos poetas-pioneiros, classificados como poetas modernos que, na década de 1960, atuaram de forma definitiva para o desenvolvimento e engrandecimento da literatura amapaense. O encontro aconteceu no Palácio Laurindo Banha, no fim da tarde desta terça-feira, 11, e estiveram presentes os idealizadores do projeto, a diretora-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Marina Beckman e o músico Alan Gomes.

Em um dos momentos da reunião, Clécio fez uma chamada de vídeo para mostrar o material e comunicar a novidade para o escritor Manoel Bispo e para os familiares de Alcy Araújo, representados pelas filhas Alcinéa e Alcilene Cavalcante. Não conseguiu contato com os familiares de Isnard Lima, mas continuará tentando nos próximos dias.

Clécio destacou a importância do momento para a gestão e para a cidade de Macapá. “Nós acabamos de receber os primeiros exemplares do projeto literário Letras de Ápacam. O termo significa Macapá ao contrário, que está publicando ou republicando obras de escritores amapaenses e tem o propósito de revisitar as nossas obras literárias, como o Seiva da Energia Radiante, de Isnard Lima, Autogeografia e Ave-Ternura, de Alcy Araújo. Ave-Ternura é inédito e do autor que ainda está vivo, o Manoel Bispo, que preferiu fazer a sua Obra Reunida. O material está lindo, gostoso de manusear, de ver, ler e viajar na literatura amapaense, com uma qualidade jamais vista”, ponderou o prefeito.

“Que Maravilha! Estou emocionada, os livros estão lindos. O Ave-Ternura eu amo e era um sonho meu que ele fosse publicado”, comentou a jornalista Alcinéa Cavalcante. “O material ficou lindo, estou muito contente e agradeço a gentileza e o trabalho da Prefeitura de Macapá em valorizar o nosso trabalho”, destacou Manoel Bispo. “A Prefeitura Municipal de Macapá entrega à comunidade literária e à toda comunidade amapaense parte do mais valioso documento literário da sua história, por entender que a elas pertence tão precioso legado”, pontuou o poeta e compositor Joãozinho Gomes.

Nesta primeira etapa, serão lançados os seguintes títulos: Ave-Ternura e Autogeografia, do poeta Alcy Araújo; Seiva da Energia Radiante, do poeta Isnard Lima; e a Obra Reunida, do poeta Manoel Bispo.

Secretaria de Comunicação de Macapá
Cliver Campos
Assessor de comunicação
Contatos: 98126-0880 / 99175-8550
Fotos: Gabriel Flores

Livro sobre a Economia do Amapá será lançado nesta quinta-feira (13)

 


A coletânea “Economia do Amapá, desafios e perspectivas” será lançado nesta quinta-feira (13/08), às 18h, em live dos autores que pode ser na fanpage da obra na rede social facebook:  https://m.facebook.com/coletanea.economiadoamapa

A obra é organizada pela economista Cláudia Chelala e conta com capítulos escritos por Antônio Teles Júnior, Bruno Castro, Charles Chelala, Eduardo Tavares, Joselito Abrantes, Júlio Avelar, Marcelo Oliveira e Regina Célis Ferreira.

São sete artigos que abordam diversos aspectos da economia amapaense, como a transição de Território Federal para Estado, a presença do Estado na economia amapaense, a mineração no Amapá, o agronegócio, a Zona Franca Verde, o programa Tesouro Verde e o desenvolvimento da região metropolitana de Macapá.

Para a organizadora do livro, “o trabalho simboliza a desejável relação que se espera entre a academia e a administração pública. São reflexões referentes a temas absolutamente importantes para a caracterização da economia do Amapá, bem como para contribuir com o debate sobre os desafios e as perspectivas econômicas, especialmente no momento em que o país vivencia uma das mais significativas crises da sua economia”. A data do lançamento coincide com o dia do economista.

Serviço:

Lançamento do livro: Economia do Amapá, desafios e perspectivas
Data e hora: 13 de agosto de 2020 (quinta-feira) 18 horas
Local: fanpage da obra na rede social facebook:

https://m.facebook.com/coletanea.economiadoamapa
Preço do exemplar: R$ 25,00. Poderá ser adquirido diretamente com os autores

Assessoria de comunicação

Há 36 anos Fernando Canto lançou seu primeiro livro – @fernando__canto Via @alcinea

Alcineá Cavalcante e Fernando Canto. Poetas e escritores. Foto: Flávio Cavalcante.

Por Alcinéa Cavalcante

Há 36 anos Fernando Canto lançou seu primeiro livro: “Os periquitos comem manga na avenida”, uma obra maravilhosa que, inclusive, merece uma segunda edição. O lançamento foi na praça Veiga Cabral e contou com a presença dos mais expressivos poetas, músicos, escritores e demais artistas. Foi um sucesso. De lá pra cá Fernando já publicou mais de 15 livros (poesias, contos e crônicas), participa de importantes antologias nacionais e acumula premiações.

Fernando autografando o livro para o poeta Alcy Araujo, que fez o prefácio da obra – Foto: acervo da Alcinéa

Fernando autografando o livro para o poeta Alcy Araujo, que fez o prefácio da obra

Mas, voltando ao primeiro livro. O sucesso foi tanto que Fernando foi chamado para lançar também em outros estados como, por exemplo no Rio Janeiro, a convite do Sindicato dos Escritores daquele Estado. E foi notícia na imprensa carioca.

Em artigo publicado no “Jornal do País” em março de 1985 o poeta Ivo Torres escreveu que “Os Periquitos Comem Mangas na Avenida, a partir do saboroso título, é trabalho belo, colorido, seivado de amor”

Do meu baú, resgatei o artigo. Leiam:

“OS PERIQUITOS COMEM MANGAS NA AVENIDA
Por Ivo Torres (*)

Sereno, lídimo, aparentando timidez, porém vigorosamente desperto – como diz todo bom caboclo da Amazônia – o poeta Fernando Canto desceu no céu cultural do Rio, sobraçando, altaneiro, os “Periquitos Comem mangas na Avenida”, seu primeiro volume de poemas, editado em Macapá, Território do Amapá, e aqui lançado numa bonita e comovente festa promovida pelo Sindicato dos Escritores do Rio de janeiro.

Não só desceu como ascendeu. Porque Fernando canto estreia, entretanto não é estreante. Trata-se de valioso poeta: claro, apurado, instigante, esperto inventor. às vezes amargo, amargurado, triste; outras vezes alegre, cordial, amoroso. Mas sempre digno intérprete do chão e da chama da sortilégica região norte brasileira.

Os Periquitos Comem Mangas na Avenida, a partir do saboroso título, é trabalho belo, colorido, seivado de amor, perpassado de magias encantadas, decantadas por Fernando, com singelas ilustrações do artista plástico amapaense Manoel Bispo.

Mais ainda: o autor mergulha passional, responsável e competente, na temática amazônica, sem atoleimar-se contudo, na pieguice, na empáfia discursiva, tão comuns aos que se aventuram a cantar ou contar o regional.

E o poeta atinge outros pontos de fulgor:

“o mais difícil
É mastigar o eterno
E engolir a flor”.

Pontos de rubor: “É na decisão do nó
Que a corda aperta o laço”.

Pontos de sonhador:
“Ainda acredito que o sonho do gato
É pegar o pássaro”.

O lugar do poeta é à frente, na vanguarda do acontecer, na pulsação consciente do instante histórico. A poesia continua e continuará sendo o idioma natural e adequado para a compreensão e identidade dos homens.

No momento em que, nós brasileiros, estamos empenhados na construção democrática do nosso País, muito justo, portanto, registrar e louvar, um poeta do Amapá nos trazendo, solidário, sua contribuição ao necessário dever de amarmos a perenidade das nossas coisas e da nossa gente.”

Ivo Torres – Foto: Blog da Alcinéa

Ivo Torres é poeta, escritor e administrador. Autor dos 18 livros de poesia , entre os quais “Cromossomos”, “O Trono do Amor”. Participou da Antologia dos Modernos Poetas do Amapá (1960) e aqui no Amapá dirigiu e escreveu em várias revistas, juntamente com Alcy Araújo e Álvaro da Cunha. Foi um dos fundadores e diretor da Revista Rumo, Clube de Arte Rumo e Editora Rumo, foi presidente da Associação Amapaense de Imprensa e Rádio e da Sociedade Artística Amapaense.

No Rio de Janeiro foi subsecretário de Planejamento do Governo Brizola e é membro fundador do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, junto com José Louzeiro.

Aos 89 anos Ivo Torres continua super ativo no Rio Janeiro e está como novo livro para ser lançado ainda este ano.

Fonte: Blog da Alcinéa.

Bruno Muniz lança e-book “Cem Versos Putos Sobre Mim”

O escritor e autor do livro cult “Cem Versos Putos Sobre Mim“, Bruno Muniz, lançou recentemente a versão digital da obra. O livro físico, publicado em 2016, já atingiu a tiragem de 500 exemplares. Clique aqui para adquirir para adquirir o e-book.

Prefaciado por Gabriel Nascente, vencedor do Prêmio da Academia Brasileira de Letras de Poesia, em 2014, o e-book conta com poemas musicados pelos cantores amapaenses Osmar Júnior e Zé Miguel.

O próximo livro “Depois vá ver o mar”, está em fase de revisão e será lançado em breve .”Comecei a me interessar por literatura aos 11 anos e depois que comecei a escrever não parei mais”, conta. Além de escritor, o artista goiano, que mora em Macapá há cerca de três anos, é compositor, cantor e toca violão.

Integrante do grupo musical “Beatos Cabanos”, formado também pelo poeta Marven Junius e pelo cantor Osmar Júnior, uma de suas composições “Carpideira”, composta em parceria com Osmar, foi classificada na 16ª edição da mostra de música SescCanta Amapá, ocorrida no final de 2019.

Foto: Reprodução/Instagram.

Selecionado pela Antologia de Poesia Brasileira Contemporânea, da Editora Portuguesa Chiado, com o poema “Além-mar”, Bruno também faz parte de uma Coletânea de Contos e Crônicas, com o texto “Melhores Amigas” e foi selecionado para participar de um edital de uma editora goiana para novos autores goianos.

Em 2016 e 2019, o escritor foi agraciado com o diploma de Destaque Cultural pelo governo do Amapá por serviços prestados à literatura. Seus dois clipes, “Soneto da ilusão” e “Pra te ver passar“, já foram curtidos e visualizados nas plataformas musicais por quase 100 mil pessoas.

Suas próximas apresentações acontecerão ainda este mês, nos projetos Macapá Verão e Circula Amapá.

Fonte: Portal Égua, mano!

E se eu matasse alguém? – Crônica de Lú de Oliveira

Crônica de Lú de Oliveira

Nossa! Que pergunta mais “estapafúrdia”. Não é? É. Mas essa é ideia. Fiquei pensando muito na questão das amizades sinceras e nas pessoas com as quais podemos contar nos momentos mais difíceis das nossas vidas. Não achei nenhum exemplo melhor do que esse.

Vejamos: Quando ficamos doentes, muitas pessoas nos auxiliam: amigos, vizinhos, parentes, “aderentes”, conhecidos e até estranhos. Quando precisamos de dinheiro, sempre tem um parente mais abastado ou um amigo “bonzinho” e generoso que pode nos socorrer, sem contar que temos a opção mais simplificada de “socorro” que são os empréstimos, consignados e afins. Quando o assunto é coração partido, sempre tem um ombro amigo pronto para ouvir as lamentações e dar aqueles “valiosos” conselhos, sempre com prestimosos lenços para secar as lágrimas que nesses casos, teimam em cair. Mas e se você, por qualquer motivo, matasse alguém? Com quem poderia contar?

Fiquei imaginando aquele primeiro impacto da notícia. Quantas pessoas seriam capazes de perguntar como você está mesmo antes de perguntar porque você fez o que fez? Quantas seriam capazes de pensar na sua inocência mesmo antes de saber os detalhes do fato? Quantos iriam te acompanhar na delegacia, enfrentar a mídia, te visitar no presídio por anos a fio? Sem contar que, no início, quando acontece uma tragédia dessas, muitas pessoas aparecem para prestar solidariedade, no início, visitam, apoiam, conversam, mas com o passar dos dias, das semanas e dos meses, tudo vai caindo no esquecimento. A vida continua, pelo menos para eles.

Fiz essa pergunta para vários colegas, um deles, o Setúbal, disse que contaria apenas com três pessoas: seu pai, sua mãe e sua noiva, Adele. Não contente com a resposta inquiri: Será que sua noiva esperaria durante dez longos anos por você? Será que ela se satisfaria apenas com as visitas íntimas regulamentares? Ele titubeou. Balançou a cabeça. Senti que ele ficou com a “pulga atrás da orelha”.

Janete, outra colega, disse que apenas sua mãe seria capaz de aguentar um “calvário” desses. Foi categórica ao afirmar que seu companheiro *Oscar, certamente não iria nem apoiá-la nem esperá-la. Marílis, minha amiga, disse que analisaria cuidadosamente a situação, que antes iria avaliar em que circunstâncias tudo ocorrera, mas que de antemão adianta: só faria isso pelos filhos. Mais ninguém.

Eu, por minha vez tenho certeza que poderia contar em absoluto com três pessoas: meu filho mais velho, não que eu não confie nos outros, simplesmente por uma questão de idade, de maturidade, com meu irmão caçula, o Lúcio e com o meu marido, que, pelo que conheço, tenho certeza que, além de me apoiar incondicionalmente, me esperaria nem que eu passasse mais de vinte anos na prisão.

Não vou incluir minha mãe porque ela tem uma visão diferente da vida, não iria dar-se ao trabalho e acharia humilhante uma visita desse tipo. Não iria, eu sei. Tenho certeza que receberia apoio irrestrito também, surpreendam-se, da minha sogra. Isso mesmo. Além dela me visitar quantas vezes a distância permitisse, sei que me sustentaria em orações e me escreveria incontáveis cartas de próprio punho, como se fazia antigamente. Na questão dos filhos, tem um outro porém: com o passar dos anos, cada qual vai buscar seus horizontes, cuidar da mulher, da sua prole…e pronto!

Sei que essa é uma postagem polêmica e bastante questionável, mas vale como uma reflexão, como um “pit stop” na vida atribulada que levamos para pensar nas pessoas que nos amam verdadeiramente. Serve para darmos valor nas suas existências e principalmente para olharmos a situação por outro prisma: E se alguém que julgamos amar matasse alguém? Para quem seríamos um porto seguro e por quanto tempo? Por quem estaríamos dispostos a sacrificar nosso domingo, nosso lazer, nosso “arzinho refrigerado”, nosso churrasquinho com amigos para “encarar” uma cadeia fétida para cumprir o ritual da visita?

Entraríamos no presídio de cabeça erguida? Nos sujeitaríamos com naturalidade às revistas indiscretas? Faríamos isso por anos e anos sem reclamar? Sem lamuriar? Seríamos capazes de esperar nosso amor por 10, 15 ou 20 intermináveis anos? Perguntas. Respostas. Dúvidas. Certezas. Incertezas. Pelo sim e pelo não… Melhor não matar ninguém! Beijos da Lu!

Pai – Crônica de Lulih Rojanski

Senhor Casemiro, pai de Lulih. Foto: Arquivo pessoal da escritora.

Crônica de Lulih Rojanski

Meu pai tem nome de poeta: Casemiro. Nasceu no Rio Grande do Sul, na década de 1930, mas não chegou a se antenar nunca na efervescência cultural da época, na Revolução Industrial, na nova poesia modernista, nos romances regionalistas, na popularização dos automóveis et cetera. Morava nos mais longínquos rincões gaúchos e precisava plantar e criar o que ia comer. Mas ouvia rádio nas altas oito horas da noite, cansado da roça, espiando pela janela a cadência das estrelas sobre o matão e com a cama já preparada para dormir. O arado à espera para a madrugada do outro dia.

Por isso sei que os ouvidos de meu pai foram educados pela mais pura música sertaneja de raiz, aquela que cantavam Cascatinha e Inhana, Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho… Aquela mesma que ele teimava em continuar ouvindo em discos antigos quando eu já era adolescente e morria de rir de seu gosto pré-histórico.

Um dia, muito tempo depois – eu já era bem adulta – surpreendi meu pai encantado com uma música que eu costumava ouvir nas ocasiões em que tentava desvendar o que fazer para unir o fio das minhas saudades à presença real do objeto de minhas saudades… Era Louis Armstrong cantando What a wonderful world.

Dia desses entrei no supermercado no justo momento em que no sistema de som ambiente Louis Armstrong iniciava: I see trees of green, red roses to / I see them bloom for me and you / and I think to myself/ what a wonderful world… A música de meu pai, pensei, e então de repente me lembrei que era o dia de seu aniversário: 13 de julho. Seu Casemiro estava fazendo 86 anos.

Deixei lá na cestinha o pacote de arroz com brócolis que fui comprar. Saí do supermercado para chorar de saudade do meu pai no meio do sol do meio-dia, pois já era tempo de me arrepender das tantas vezes que zombei do sertanejo que havia em sua alma, as mesmas vezes em que ele desligou o disco de suas poucas manhãs de folga somente para me agradar.

Poesia que não se esgota (Por Fernando Canto) – @fernando__canto

A poesia não se esgota no pensamento porque ela é o esforço da linguagem para fazer um mundo mais doce, mais puro em sua essência;

A poesia procura tocar o inacessível e conhecer o incognoscível na medida em que articula e conecta palavras e significados;

Cada imagem representada, projetada pelo sonho, pela imaginação ou pela realidade, é um símbolo que marca o que sabemos da vida e seus desdobramentos, às vezes fugidios.

Mas nem sempre é o poeta o autor dessa representação, pois tudo o que surge tem base social e comunitária, depende da vivência de realidade de quem propõe a linguagem e a criação poética.

Quando isso ocorre estamos diante da autenticidade do texto poético. E todos somos poetas, embora nem sempre saibamos disso. E ainda que nem tentemos sê-lo.

Ao leitor do futuro – Crônica de Lulih Rojanski

Crônica de Lulih Rojanski

Eu quero ter leitores, muitos leitores no futuro. Quero ter leitores agora também, aos milhares, mas hoje, particularmente, penso no leitor do futuro, aquele que tomará o livro nas mãos como uma relíquia de um passado distante, e que me lerá, com especial estranhamento às frases líricas, à linguagem poética, ao modo pretensioso de dizer coisas que todo mundo sabe como se fossem grandes novidades.

Não vou arriscar maiores projeções para esse futuro, não sei como serão os automóveis, a arquitetura das cidades, o figurino das criaturas. Apenas imagino que um dia teremos que nos render às mais inimagináveis tecnologias, e que nesse tempo incerto, nenhum livro impresso em papel fará parte do inventário de quem quer que seja.

Quem sabe de algum colecionador propenso à nostalgia. Só. E se meus escritos fizerem parte de sua coleção, certamente terá sido por pura distração, pois a lista será composta por vencedores do Nobel de Literatura. E eu lá, plebeia e vulgar, no meio de Gabriel García Márquez, Faulkner, Bob Dylan…

Pois ao leitor do futuro eu quero dizer que aqui estamos, em 2017, crentes de que já vimos de tudo, e que tudo o que vier pela frente será variação sobre o mesmo tema. Que temos árvores em abundância, de todos os tamanhos e espécies, mas que as cortamos para dar espaço à construção de casas, edifícios e condomínios. Que temos rios imensos, povoados de milhares de espécies de peixes, mas que jogamos em suas águas grande parte do lixo que produzimos. Que hoje as ondas do Amazonas nos trazem frascos de bebidas, pacotes plásticos de alimentos, restos mortais de móveis domésticos. Que não nos interessamos mais pelo cultivo de jardins, e em cada quintal, em vez de arbustos e samambaias, há churrasqueiras nobres ou precárias, esculturas artísticas ou grosseiras. Que colocamos garças de cerâmica no lugar dos pássaros que costumavam voejar por entre os verdes. Que não sabemos e não procuramos saber reciclar quase nada. Que somos permissivos com quem destrói rios inventando barragens, com quem saqueia florestas nativas, com quem mata nascentes criando búfalos, com quem contamina águas e terras com resíduos de minério, com quem não reconhece a humanidade e a posse da terra dos povos indígenas…

Imagino que o leitor do futuro saiba exatamente tudo o que fizemos, mas talvez não saiba como nos sentimos. Pois saiba, leitor, que somos indiferentes. Na verdade, temos um magnífico discurso, de preservação, de sustentabilidade ambiental, escrevemos belos manifestos e os lemos publicamente, incitamos a atitude conservacionista, depois amassamos o papel e o jogamos ao pé da acácia que começa a florir, entramos no carro e rodamos por toda a cidade com o escapamento quebrado, distribuindo fumaça e panfletos e despertando ódio, lavamos o carro com a água tratada das torneiras, queimamos as folhas secas do quintal, jogamos fora as mangas caídas durante a noite, soltamos numa rua distante um pacote de gatos quase recém-nascidos, mandamos arrancar o jambeiro cuja raiz quebrou o concreto da varanda, espantamos os passarinhos que vêm comer os mamões, e finalmente vamos ao restaurante e comemos peixes de outra estação. À noite, temos a desfaçatez de dormir o sono dos justos.

Enquanto pensamos e escrevemos, espécies como o rinoceronte-de-java, o orangotango-de-sumatra, a tartaruga-gigante, o gorila-da-montanha e o tigre-siberiano estão dando seus últimos suspiros antes de desaparecer para sempre. Num futuro distante terão se conservado pelo menos as suas fotografias? Araucária, pau-brasil e jequitibá são árvores que não sobreviverão para dar sombra a gerações futuras.

Leitor do futuro, há coisas dessa sua época que você não entende? Pois seja o que for, saiba que faz parte do legado que lhe deixamos, nós, daqui do moderníssimo ano de 2018. Fizemos descobertas incríveis e talvez por isso você até esteja livre de doenças que conseguimos erradicar. Descobrimos a cura para males dos quais você só sabe pelos documentos históricos. Entretanto, nem todos os nossos feitos somados podem compensar o que destruímos e o que provavelmente continuaremos a destruir.

Estou longe de saber como será o planeta e a humanidade daqui a 500 anos… Mas diante do que exponho, não é difícil imaginar que cada gota de água será disputada, assim como cada palmo de boa terra e cada vão com ar puro. Por outro lado, quem sabe se os pequenos humanos já não recebam, ainda no ventre, uma injeção de consciência, um dos inventos do futuro, e cresçam sabendo se portar como seres evoluídos… Do tipo que saiba praticar as mais profundas teorias da preservação e da fraternidade. Aquelas que nestes tempos relegamos ao plano das ideias.

O leitor de 2517 se perguntará por que quisera eu ser lida por alguém de sua época. E eu tenho a responder que é unicamente para que ele tenha a singular satisfação de folhear um livro de papel e encontrar, lá pela página 80, uma pétala quase pulverizada da extinta rosa branca e um sincero e sentimental pedido de perdão.

Ao Vivo Lá Em Casa: Última sexta do mês de julho terá programação virtual nas redes sociais da Secult/AP

Com ótima aceitação do público, o projeto Ao Vivo Lá Em Casa, da Secretaria de Cultura do Amapá (Secult/AP), encerra sua primeira etapa de exibições virtuais, nesta sexta-feira (31). Mais sete atrações locais se apresentam pelas redes sociais da pasta (Facebook e Instagram), entre elas, a banda de rock Tia Biló, DJ Netinho Popular, Workshop de Balé e Histórias da Quadra Junina. A programação inicia às 18h.

Desde o dia 10 de julho, mais de 80 produções de artistas locais já foram transmitidas virtualmente para os amapaenses, de forma totalmente acessível, garantindo a interação entre o trabalhador da cultura e seu público. Com a iniciativa, o Governo do Amapá (GEA) – por meio da Secult/AP – enaltece a classe artística do Estado, possibilitando também que pessoas de outras regiões ou países conheçam um pouco da cultura tucuju.

Uma programação diversificada foi oferecida, com shows musicais, recitais poéticos, espetáculos, performances, exposições, exibições, contação de histórias, demonstrações técnicas, entre outras. Na quarta-feira (29) e quinta-feira (30), teve música com Heber Lemos, Brenner Pinheiro, Ezequias Monteiro, Cleverton Nélio, Mariele Maciel, Artur Loran e Amado Amâncio. Completaram a programação, os artistas Jansen Rafael (Artesanato), Rafael Lacerda (Teatro), José Inácio (Audiovisual) e Luiz Alberto (Capoeira).

“Os artistas locais precisaram se adaptar para poder continuar trabalhando nesse período de pandemia; coube então a nós, da Secretaria, criar os mecanismos para que a produção cultural não fosse totalmente afetada. Acredito que o projeto Ao Vivo Lá Em Casa foi uma excelente experiência para os produtores culturais e o público amapaense que, mesmo dentro de suas casas, pôde apreciar a riqueza dos segmentos culturais presentes em nosso Estado”, enfatizou o titular da Secult/AP, Evandro Milhomen.

Programação:

31 de julho (sexta-feira)

18h – Ademir Barbosa (Artes Visuais); 18h20 – Luana Mira (Dança); 18h40 – Letícia Rosa (Cultura Popular); 19h – Kleber Luiz (Música); 19h20 – Júlia Medeiros (Música); 19h50 – Banda Tia Biló (Música); 20h20 – Dj Netinho Popular (Música).

Nota da Secretaria de Estado da Cultura do Amapá

A Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult/AP) vem à público prestar esclarecimentos sobre o Edital nº 001/2020, referente ao Convênio nº 887106/2019 – “ Projeto Circula Amapá”. A pasta divulgou, na última segunda-feira (27), a lista de habilitados e inabilitados da chamada pública, abrindo prazo para a apresentação de recursos a respeito do resultado preliminar divulgado. No total foram analisadas 253 propostas de diversos segmentos culturais, sendo 119 consideradas aptas pela comissão avaliadora formada por técnicos da pasta e profissionais da cultura convocados.

Por essa razão, a Secult/AP resolveu tornar pública a prorrogação da entrega de recursos, que deverão ser submetidos para a análise pela Comissão, bem como a consequente homologação do Resultado Final dos habilitados no Edital. O encaminhando do formulário, que está disponível no site da Secretaria (www.secult.ap.gov.br), deve ser realizado para o e-mail [email protected].

Para tal, o cronograma será:

– O prazo para recursos iniciou na última terça-feira (28) e encerrará nesta sexta-feira, dia 31 de julho de 2020.
– A divulgação dos projetos selecionados após Recurso ocorrerá no dia 5 de agosto de 2020.
– A entrega de documentos (somente premiados) ocorrerá do dia 6 ao dia 7 de agosto de 2020.
– Homologação final do edital será realizado no dia 11 de agosto de 2020.

A Secult reafirma o seu compromisso com a lisura e transparência de todos os processos relacionados e à atual gestão, que têm buscado contribuir um melhor atendimento nos princípios da legalidade para com os segmentos e fica à disposição para quaisquer esclarecimentos no que for necessário.

No que lhe concerne, a Secretaria se compromete em cumprir todos os trâmites necessários para que, tão logo, os trabalhadores da cultura possam ser atendidos pelo edital Circula Amapá.

Evandro Milhomen
Secretário de Estado da Cultura

Secult/AP encerra mês de julho com 18 atrações virtuais do projeto Ao Vivo Lá Em Casa

Com mais de 40 horas de programação virtual, o projeto Ao Vivo Lá Em Casa, da Secretaria de Cultura do Amapá (Secult/AP), encerra sua primeira etapa de exibições artísticas online. Fechando o mês de julho, serão 18 atrações: artesanato, teatro, música, audiovisual, capoeira, artes visuais, dança e cultura popular. Os artistas apresentam-se de quarta (29) à sexta-feira (31), pelas redes sociais da pasta de cultura do Estado, sempre iniciando às 18h.

Desde o dia 10 de julho, mais de 70 produções de artistas locais já foram transmitidas virtualmente para os amapaenses, de forma totalmente acessível, garantindo a interação do trabalhador da cultura com o seu público. Com a iniciativa, o Governo do Amapá (GEA), por meio da Secult/AP, enaltece a classe artística do Estado, possibilitando também que pessoas de outras regiões ou países conhecessem um pouco da nossa cultura tucuju.

Foi oferecida uma programação diversificada, com shows musicais, recitais poéticos, espetáculos, performances, exposições, exibições, contação de histórias, demonstrações técnicas, entre outras. Nessa última semana do mês de férias, por exemplo, vai ter a banda Tia Biló e o cantor e compositor Amado Amâncio, além de quadra junina, experimento cênico e oficina de artesanato com grafismo maracá, cunani e palikur, e muito mais.

“Os artistas locais precisaram se adaptar para poder continuar trabalhando nesse período de pandemia; coube então a nós da Secretaria criar os mecanismos para que a produção cultural não fosse totalmente afetada. Acredito que o projeto Ao Vivo Lá Em Casa foi uma excelente experiência para produtores culturais e o público amapaense que, mesmo dentro de suas casas, puderam apreciar a riqueza dos segmentos culturais presentes em nosso Estado”, enfatizou o titular da Secult/AP, Evandro Milhomen.

Programação:

29 de julho (quarta-feira)

18h – Jansen Rafael (Artesanato); 18h20 – Rafael Lacerda (Teatro); 18h40 – Heber Lemos (Música); 19h – Brenner Pinheiro (Música); 19h20 – Ezequias Monteiro (Música); 19h40 – Cleverton Nélio (Música).

30 de julho (quinta-feira)

18h – José Inácio (Audiovisual); 18h30 – Luiz Alberto (Capoeira); 19h – Mariele Maciel (Música); 19h30 – Artur Loran (Música); 20h – Amado Amâncio (Música).

31 de julho (sexta-feira)

18h – Ademir Barbosa (Artes Visuais); 18h20 – Luana Mira (Dança); 18h40 – Letícia Rosa (Cultura Popular); 19h – Kleber Luiz (Música); 19h20 – Júlia Medeiros (Música); 19h50 – Banda Tia Biló (Música); 20h20 – Dj Netinho Popular (Música).

Secult/AP divulga resultado preliminar do edital “Circula Amapá”

A Secretaria de Cultura do Amapá (Secult/AP) divulgou, na última segunda-feira (27), a lista de habilitados e inabilitados da chamada pública “Circula Amapá”. No total foram analisadas 253 propostas de diversos segmentos culturais, sendo 119 consideradas aptas pela comissão avaliadora formada por técnicos da pasta e profissionais da cultura convocados. Com a publicação, os proponentes indeferidos na seleção terão até o dia 29 de julho para interpor recurso, encaminhando formulário disponível no site da Secult (www.secult.ap.gov.br), para o e-mail [email protected].

Após a fase de recursos, a Secretaria realocará as vagas restantes para os demais segmentos pontuados na análise preliminar, totalizando 137 propostas habilitadas pelo edital. O resultado final dos projetos selecionados está previsto para sair no dia 30 de julho.

Os avaliadores analisaram as propostas considerando critérios técnicos e artísticos, além da coerência no uso dos recursos disponíveis; qualificação do proponente e ficha técnica; interação artística com a diversidade cultural do Amapá; e a contrapartida oferecida para a população e/ou artistas locais. Deste modo, o edital alcançou projetos artístico-culturais dos segmentos de cultura popular (marabaixo, grupos juninos e capoeira), teatro, circo, dança, artes visuais, artesanato, audiovisual, literatura e música.

A iniciativa tem como principal objetivo premiar projetos da cadeia produtiva da cultura e das artes em todo Estado. Os recursos para execução são provenientes de emenda federal articulada pelo senador do Amapá, Davi Alcolumbre, com o intuito de valorizar e fortalecer a cultura amapaense, incentivando a produção local com políticas ampliadas para os projetos que favorecem a circulação de bens, produtos e serviços artísticos e culturais em âmbito local, estadual, nacional e internacional.

De acordo com o titular da Secult, Evandro Milhomen, a iniciativa promoverá a cultura amapaense de forma integral, com os diversos segmentos contemplados com recursos que lhes garantirão movimentar a produção local, oferecendo ao público do Estado acessibilidade aos meios culturais.

“Temos trabalhado muito. Nosso objetivo é, dentro de nossas possibilidades, fomentar a cultura mesmo em tempos de Covid-19. Entendemos que isso é fundamental para ampliarmos as possibilidades de valorização e fortalecimento cultural do Amapá em todas as suas vertentes, bem como gerar renda para a classe artística”, pontuou o secretário Evandro Milhomen.

Confira a lista completa AQUI:

https://editor.amapa.gov.br/arquivos_portais/publicacoes/SECULT_d54689e4188c86fff93e4130b0693e97.pdf

Porque escrevo (Fernando Canto) – Por Fernando Canto

O grande Fernando Canto – Foto: João Canto

Escrevo porque o ato de escrever é aprendizado “imparável”, constante, é forma de enclausuramento voluntário, evocação de mistérios que instigam a (re)criação da (i)realidade. É como navegar, no dizer de Pessoa. Mas necessariamente, contatar o estranho, rir do absurdo e ultrapassar barreiras que o real não permite. O escritor tem passaporte para qualquer lugar porque escrever é processo conduzido pelo voo imaginativo. É flecha, é corredeira, é bólido que tem destinação. É paradoxo porque cada frase sua pode ser recriada ou refeita pelo leitor.

Escrevo porque posso fotografar na minha mente formas, ambientes e personagens; diluir e transformar sonhos e expressar várias visões de mundo através deles.

Escrever é ato libertário. Deve-se escrever para ser lido, óbvio, mas, sobretudo para ser debatido, criticado, odiado, amado; para provocar reações e sentimentos diversificados. Escrever é como produzir fluidos no corpo e fazê-los sair pelos poros da alma.

Fernando Canto – Escritor (o maior escritor vivo do Amapá), jornalista, compositor, sociólogo, meu amigo e um cara paid’égua. Republicado por hoje ser o Dia Nacional do Escritor. 

Eu literarizo, tu literarizas… – Por Lulih Rojanski

Sem meias palavras: eu não quero nem saber do dia do escritor, dia da poesia, dia do poeta, dia do raio que o parta. Dia disso ou daquilo nada me dizem. Eu vivo a literatura com tudo o que ela arrasta consigo: poesia e prosa carregadas de amor, de sangue, de magia, de tesão, de realidade, de ilusão, de invenção… E vivo de um modo que já não posso dizer que da literatura minha vida possa vir a ser dissociável. São e sempre serão uma coisa só. “Escrevo para poder criar um mundo no qual eu possa viver”* e leio para ter a possibilidade de viver em outros mundos já criados. Portanto, não me perguntem onde estou ou porque sumi. Estou por aí, com a cara em algum livro. Ou escrevendo qualquer coisa que nem sempre se aproveita. Ainda agora, estava a assistir ao último voo de um flamingo, debruçada no derradeiro barranco de um país engolido pela ambição de outrem, segundo Mia Couto. Daqui a pouco poderei me perder nos labirintos de Clarice, de Calvino, de Garcia Márquez, ainda que varra a casa, que lave a louça, que dobre a roupa, que prepare café. Não é possível me encontrar em outro lugar. Sinto muito se você precisa de mim para algo, se requer minha presença, se acredita que realmente estou presente quando estou lá. Não me convide, pois não irei. Se eu for, estarei lhe enganando. Meus gatos são testemunhas, pois, no fim das contas, estão sempre comigo, onde quer que eu esteja de alma. De corpo, não garanto a presença dos gatos.

Sou dominada pela criação, a ponto de dar a algumas línguas adestradas a oportunidade de dizer que literarizo minha vida. Pouco me importa também. Não reclamo pelo domínio da literatura. Au contraire. Sou apaixonada pelo coronel Aureliano Buendia, e não se passa um dia em minha vida em que eu não lhe dedique um fundo suspiro. Ando por sua casa em Macondo, assim como percorro carreiros poeirentos e terras sonâmbulas em Moçambique, onde Mia Couto esconde seres estranhos e onde minha noite habita. Vivo apequenada pela tristeza das vidas de Saramago e engrandecida por transformar meu namorado em príncipe todas as vezes em que o beijo. Não posso explicar isto de um modo engenhoso: minha vida e a literatura são a mesma coisa.

Escritores Lulih Rojanski e Fernando Canto durante o lançamento do livro Pérolas ao Sol – crônicas – em2017

Ano após ano, estão aí os poetas se agrupando em panelas que grudam no fundo, explodindo o peito a céu aberto, berrando que existem, experimentando chapéus anacrônicos de escritores do passado, chamando Pessoa para uma mesa de bar, às vezes enfiando um punhal de gelo no peito de Maiakovski, quando lhe atribuem um poema que não escreveu. Não condeno ninguém. Mas prefiro berrar sozinha em todos os outros dias do ano. No fundo, ou nem tão ao fundo, estão todos tão enredados nas teias invencíveis da literatura quanto eu. Sofrem da mesma desordem. Quem vai saber?

Lulih Rojanski – Escritora.