um busto gótico à esconder-se pudico do olhar estrábico do um público[estático] um busto dúbio à mostrar-se ambíguo em flash mudo cadavérico [em cântico] oh, um busto! à insinuar-se mórbido em libido lógico no pórtico [átrio] em arroubo único [em pose] em morte
O homem de guarda-chuva Chovia pelos meus caminhos. Sem hora pra chover, Chovia de manhãzinha De tarde, à noite, Alta madrugada… Chovia por aí… Um dia, este homem choveu dentro de mim…
Levarei de ti o teu sorriso largo, O brilho de teus olhos, O doce de teus seios, O cheiro de tua alma. Deixarei contigo o meu pranto ardente, O meu passo torto, A minha escrita errada, O medo de tudo.
E te visitarei nos infortúnios, Em cada aumento de preço, Em cada árvore caída, Em cada topada surpresa, Em cada amor perdido. E arderemos juntos como bruxas nas fogueiras, Como livros nas fogueiras, Como dinossauros. E viajaremos por universos sem dimensão, Sem forma nem peso.
Eu estarei em teu sonho lúcido, Assombrarei tua paralisia do sono, Repuxarei tua perna em câimbras, Cansarei teu sossego. E me expulsarás.
Quanto tempo dura uma queda no sonho? Quantos séculos Ana Karenina passou consciente debaixo do trem? Quantas vezes morri e morrerei por ti, minha bem-amada, neste relógio de mil ponteiros?
Mundos que se cruzam, Vidas que se atraem, Histórias espelhadas – opostas e mesmas. Eu me conheço em ti, em mais nada. No sal do teu sorriso, Na preguiça dos teus olhos, No gelo dos teus seios, Na pressa da tua alma.
E chocamo-nos casualmente Num lance de dados mallarmaico, E a sorte nos definiu. Sei-te olhando nos meu olhos, Sei-te vendo minha sombra, Sei-te gota do meu sangue, Cheiro do meu suor.
Não importa com quantas vidas colidirás. Teus mundos paralelos são paralelos teus. Não me dizem respeito teus eus sem “eu”. És-me estranha o mais das vezes – sorte tua. Sorte é tudo. Tudo é sorte!
Eu seguirei apontando para a expansão, Viajando para o invisível, Ouvindo gritos, gemidos, gozos, explosões… E vendo em cada carcaça de estrela A tua mão se estendendo à minha E me chamando a sentar à mesa E me oferecendo um prato quente E me perguntando como têm sido as vidas.
“Residência Poética em Mulheres Poetas do Amapá” é um projeto que vislumbrou no Conjunto Habitacional São José um polo irradiador de escritoras/leitoras, de mulheres que leem, declamam, contam histórias e que produzem textos poéticos. Como desdobramento desse bom encontro, surgiram os “Mini Editoriais Poéticos” que reúnem os textos das participantes. A iniciativa é do Tatamirô Grupo de Poesia; quem coordena é a professora Dilda Picanço e quem assina o designer gráfico dos Editoriais é a poeta Thayse Panda.
Mini Editorial Poético é um suporte textual e digital que abriga a produção escrita e falada das participantes da “Residência Poética”. A poeta e designer Thayse Panda nos conta que a produção gráfica dos Editoriais foi um carinho nas criações das mulheres que engrandeceram o referido projeto. “Sentimos a necessidade de que esses textos fossem compartilhados com as referências do que construímos na imersão literária que promovemos. A partir da descoberta das mulheres, em seu sentido mais literal possível, conseguimos conduzir um estímulo, para que continuassem a se observar, a se permitir escritoras, leitoras, contadoras de histórias, poetas. Desejamos, assim, que elas passem a se dedicar mais à Literatura, bem como às manifestações artísticas plurais”, ressalta a poeta.
Além de Thayse Panda, duas outras escritoras foram colaboradoras, Thamyres Oliveira e Isabela Lima que, em conjunto, mediaram oficinas de escrita criativa e compartilharam suas experiências tanto com as moradoras do Residencial São José, quanto com as demais participantes. “Foi muito bom ler toda manhã poesia. Poesia é como uma caminhada pela manhã, me deixa ativa e leve. Eu ia para a casa da minha família no interior e já ficava com saudade, voltava toda animada com as novas aventuras que trazia para contar”, afirma Katilcy Santos, artesã e moradora do Conjunto São José, referindo-se aos contatos diários que a mulheres do projeto mantinham pelas redes sociais.
Dos vinte Editoriais que serão lançados no site do grupo, alguns não são inéditos porque foram feitos sob encomenda para a biblioteca virtual do “Clube de Leitura Amoras” da Escola Estadual Lucimar Amoras Del Castillo. “Assim atingimos mais uma meta do projeto que foi dar visibilidade às mulheres autoras com atividades ligadas à formação e mediação de leituras no desdobramento desse contexto que é o de chegar onde o povo está”, afiança a coordenadora Dilda Picanço.
Segundo os realizadores, o empreendimento, contemplado pela lei Aldir Blanc – Prêmio de Cultura e Arte/PMM (Edital 004/2020), teve todas as suas etapas concluídas: o fomento à leitura, o estímulo à escrita, o incentivo à produção de conteúdos veiculados na web. Tudo feito com acessibilidade em Áudio-Descrição (AD) e em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Os Editoriais Poéticos são um bônus que destacam as mulheres da Amazônia-Amapaense.
Mais uma obra de Fernando Canto será apresentada ao público nesta sexta-feira, 29/10. Trata-se do livro “Fortaleza de São José de Macapá: Vertentes Discursivas e as Cartas Dos Construtores”, Edições Senado Federal, v. 293. É a 16ª publicação de diferentes gêneros literários, entre contos, poesia, ensaios, crônicas, dissertação de mestrado e tese de doutorado.
Desde “Os Periquitos Comem Mangas na Avenida” (DIO/AP, 1984), Fernando Canto trabalha sua verve literária no sentido de contribuir para a cultura amapaense. Alcy Araújo, prefaciador do livro ali expressou:
“A poesia de Fernando Canto escoa como um rio. Tem curvas, encontros, remansos, pororocas. Tem mistura de liamba, peixes, danças negreiras e segredos ameríndios que se mesclam com a paisagem urbana, cimentada pelos que chegaram depois com suas máquinas e ferramentas para modificar a geografia há milênios inconclusa, implantada por Deus. Um Deus que se esqueceu ou se cansou no sexto dia. (Alcy Araújo – Prefácio).
Fernando, nesta obra que apresentará ao público, escoará pelo rio não só a poesia que o permeia, mas a necessidade visceral que o acompanha desde a infância, de compreender e compartilhar seus escritos sobre a representatividade da Fortaleza de São José de Macapá para a formação da identidade do povo amapaense.
Esta necessidade e curiosidade o levou a contratar, em 1996 o paleógrafo Luiz Carlos Lima Júnior para coligir o maior número de documentos sobre a construção da Fortaleza.
Sobre a pesquisa, inserta na presente obra, Fernando Canto, generoso, pontua:
“Na época eu tinha a intenção de usá-los como informações para a escritura de um romance histórico. Entretanto, vieram a ser utilizados mais tarde para subsidiar minha dissertação de mestrado (UNIFAP) e minha tese de doutorado (UFC).
Agora os entrego aos pesquisadores para que possam deles fazer uso como referência, já que utilizei menos de 10% do total em meus trabalhos acadêmicos. Com isso estou certo de que terão relevância nas mãos dos historiadores, sociólogos, geógrafos e demais interessados que poderão imergir cientificamente no tempo e no contexto da construção da Fortaleza de São José de Macapá.” (Pag. 205)
Para Fernando, há uma simbologia iminente na própria estrutura física da Fortaleza que vai além dos limites de uma simples construção. Emerge como a gênese da ocupação territorial da cidade e representa no imaginário da população a consolidação do desenvolvimento regional através da cultura, do turismo e da história, com a elevação consequente da autoestima dos cidadãos amapaenses.
Para Fernando, a Fortaleza de São José de Macapá:
“Embora tenha perdido o vínculo com as permanências, que vivem apenas na lembrança dos poetas, escritores, artistas, moradores antigos da área, ribeirinhos e canoeiros, ela (e sua imagem) tem uma representação simbólica muito elevada, porque é referência em todos os planos de desenvolvimento urbano. Neles, é para a fortaleza que todas as setas se dirigem, como se ela fosse o coração da cidade e marca indelével de toda a sua estrutura urbana. Por isso mesmo deve-se pensar o planejamento urbano considerando as diferentes formas de compreender o espaço. Observar sua imagem externa é uma delas.” (Pag. 128)
Por tudo o que foi explanado, esta obra é um marco na literatura amapaense, pois traz em seu bojo, conceitos, contextos e embasamentos para estudos posteriores sobre a Fortaleza que está ali, estática, preservada, de frente para Rio Amazonas, no aguardo de outras mentes que complementem e aprofundem outros aspectos sobre a importância do monumento. Mentes como a do Senador Randolfe Rodrigues, que, sensibilizado com o conteúdo e importância da obra, abraçou o projeto de publicação e assim se reportou na apresentação:
Ao nos resgatar para o universo da memória, lugar de inclusão e reconhecimento de todas as narrativas – Mimesis –, Fernando Canto ilumina caminhos e restitui os sentidos de pertencimento que podem nos fazer, no futuro, uma sociedade mais coesa e mais justa. (Randolfe Rodrigues, Senador pelo Estado do Amapá).
Seguramente são vertentes antigas e contemporâneas – uma contribuição de peso – que correm para um desaguadouro de novas perspectivas para a pesquisa acadêmica do Amapá.
Convido, então, todos para abrilhantar o lançamento desta grande obra de Fernando Canto que acontecerá no dia 29/10, sexta-feira, no Auditório do Museu Sacaca, a partir das 18h, com a presença do senador Randolfe Rodrigues.
Hoje (29) é o Dia Nacional do Livro. A data foi regulamentada pela Lei nº 5.191, de 1966. Por que foi neste dia, em 1810, que a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil, quando então foi fundada a Biblioteca Nacional.
A Biblioteca Nacional começou com um acervo de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, moedas, medalhas, etc. trazidos de Portugal com a vinda da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808.
A Biblioteca Nacional é a maior biblioteca da América Latina. É considerada pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco) uma das 10 maiores bibliotecas nacionais do mundo.
Apesar de não ter lido nem metade do que deveria e gostaria, ainda acredito na velha máxima: ler para ser! Pois sei que é fundamental para fertilizar as ideias, principalmente na minha profissão. Que tal começar ou terminar um livro hoje?
Um químico explicaria Que o ser humano é composição séria: Somos feitos, basicamente, de oxigênio e carbono. Um poeta como Shakespeare já diria Que o ser humano possui outra matéria: Somos feitos, essencialmente, de sonhos.
A Biblioteca Central da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) está realizando uma campanha em comemoração à Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, que ocorre no período de 23 a 29 de outubro.
A campanha tem como objetivo conhecer e dar visibilidade ao que a comunidade acadêmica está lendo atualmente, o livro favorito que marcou a jornada universitária ou o último livro que emprestou para leitura.
Por conta da pandemia da Covid-19 a campanha ocorre de forma online, como explica Mário Lima, diretor da Biblioteca Central da UNIFAP: “como estamos ainda enfrentando a pandemia e a biblioteca está com seus espaços de estudo fechados, resolvemos fazer a semana que homenageia o livro e a biblioteca de forma remota, assim todos podem interagir mostrando através da hashtag suas preferências literárias, livros que marcaram ou que estão sendo apreciados no momento”, destaca.
Para participar os interessados devem publicar uma foto do livro que faz uso na graduação ou na pós-graduação, usando a hashtag #LerUnifap. Podem participar todos os que compõem a comunidade universitária, alunos, professores e técnicos. Ao final da campanha será realizado um sorteio de 3 prêmios surpresas através do Instagram da Biblioteca Central da UNIFAP (@bcunifap).
Semana Nacional do Livro e da Biblioteca
Instituída pelo Decreto n. 84.631, de 9 de abril de 1980, o objetivo da data é incentivar a leitura e a construção do conhecimento através da difusão do livro, da informação e do acesso às diversas formas de manifestações artísticas e culturais. Além disso, a comemoração também visa divulgar a profissão d@ Bibliotecári@ e possibilitar a atualização e o desenvolvimento desses profissionais.
A poeta Pat Andrade iniciou esta semana o projeto “Parada Literária”, ao lado do músico Marcelo Abreu. A iniciativa consiste na intervenção poética em vários pontos da cidade, incluindo paradas de ônibus e praças. O objetivo é disseminar a poesia em todos os cantos de Macapá.
A linguagem urbana da poesia cotidiana de Pat Andrade vem acompanhada dos sons da caixa de marabaixo – tocada por Marcelo Abreu, trazendo a força ancestral da música tradicional do Amapá.
A realidade que choca, a crítica social, o amor e a exuberância da natureza tucuju também estão presentes nos poemas escolhidos para cada apresentação.
O projeto conta com apoio da Secretaria de Estado da Cultura, por meio da Lei Aldir Blanc, que contemplou o “Parada Literária” através do EDITAL Nº 009/2020 – SECULT – “PIMPOLHO SANCHES” Fomento a Programas, Projetos e Ações Artísticas e Culturais Continuadas.
Siga o “Parada Literária” nas redes sociais para mais informações e apoie a iniciativa poética-cultural:
A culpa é da colombina que briga com o arlequim; a culpa é da bailarina que esconde os passos de mim; da rosa que fere o cravo, da chuva que molha o chão; a culpa é da atiradeira que fura São Sebastião; das folhas que vão o outono perdendo-se ao meu jardim; das horas que se adiantam fechando o botequim; a culpa é da primavera que ofusca o sol do verão; daquela cor amarela que faz do sorrir em vão; a culpa é da chapeuzinho que engana o Lobo-Mau; A culpa é da Cinderela que esquece o pé de cristal; da Cuca que assusta o sítio, da pulga que coça o cão; a culpa é da purpurina que cola na nossa mão. E pra acabar o poema, antes que eu cause um tufão, mulheres que aqui me lerem, saibam logo, de antemão: não há homem neste mundo, em qualquer rumo ou estrada, que consiga existir longe da mulher amada.
É de tirar o fôlego Ver você se movimentar Como se pisasse Nas nuvens Com certeza Seus movimentos São orquestrados Por anjos Que movem Os cordéis Que te ligam Ao céu Teu corpo É a ferramenta Perfeita Criada por deuses Para despertar desejos E arrebatar corações Enquanto dança A lua para de brilhar Para não ofuscar Seus olhos E as estrelas Tentam sem sucesso Acompanhar Suas piruetas Tu és feita De sonho E fantasia Eternizada Na imaginação Dos homens Que sonham Em decifrar Seus gestos Quando a cortina Cai.
Na próxima sexta-feira (29), às 18h, no Museu Sacaca, o escritor amapaense Fernando Canto fará o lançamento do seu mais novo livro “Fortaleza de São José de Macapá: vertentes discursivas e as cartas dos construtores”. O livro foi incentivado pelo senador Randolfe Rodriguespor meio da Editora do Senado.
“A publicação desta obra é fundamental para a manutenção da nossa memória, como professor de história acredito cumprir meu dever, contribuindo o contato do povo amapaense com essa obra ”, disse o parlamentar que possibilitou a existência do livro.
No livro, o escritortraz a Fortaleza de São José de Macapá vista na extensão da paisagem urbana, conta que lá foi o palco das explosões emocionais daqueles que a fizeram. “A Fortaleza ficou quase dois séculos intata, sobrevivendo aos rigores das condições climáticas amazônicas até sofrer radicais transformações e reformas na sua estrutura de pedra e no entorno”, afirma no livro. “Imprimir esse livro e poder dividir com o povo macapaense é sem dúvida um marco na nossa história”, explica o escritor.
Com o apoio do senador Randolfe Rodrigues, por meio da editoria do Senado Federal, também já foram impressas as seguintes obras, contidas e lançadas recentemente no box de livros “Amapá: história, imagens e mitos”:
Fernando Cantonasceu em Óbidos (PA), mas é amapaense de coração. Já publicou livros de contos, poesia, crônicas, artigos e outros textos acadêmicos, é jornalista, sociólogo da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará. Também é um dos compositores mais atuantes do estado, sendo membro fundador do Grupo Musical Pilão, que há mais de 40 anos divulga a música da Amazônia.
É vencedor de festivais de música e premiado escritor literário. É autor dos livros “O Bálsamo e outros contos insanos”, “O Marabaixo através da história”, “Os periquitos comem manga na avenida” e “Adoradores do sol – novo textuário do meio do mundo” e “Mama Guga – Contos da Amazônia”.
Assessoria de comunicação do senador Randolfe Rodrigues