31 anos sem Cazuza

Cazuza em foto pessoal – Divulgação/Viva Cazuza

Hoje (7) é aniversário da morte (estranho estes termos juntos) do cantor e compositor Agenor de Miranda Araújo Neto, o “Cazuza”. Lembro bem daquele 7 de julho de 1990. Eu tinha 14 anos e tava de férias com minha família em Natal (RN). E lá se vão três décadas e um ano(já!??!!).

O artista, filho de João Araújo, produtor fonográfico, e de Lucinha Araújo, nasceu em berço de ouro e conviveu, desde muito cedo, com grandes nomes da cultura brasileira.

Cazuza nos braços dos amigos de Barão Vermelho: Roberto Frejat, Guto Goffi, Maurício Barros e Dé – Foto: Diário do Nordeste 28/03/1985

Ele foi influenciado por Cartola, Dolores Duran, Lupicínio Rodrigues, Noel Rosa, Maysa e Dalva de Oliveira. Cazuza foi um privilegiado, por causa de seu pai, cresceu convivendo com grandes nomes da MPB, Gilberto Gil, João Gilberto, Novos Baianos, Caetano Veloso, Elis Regina e Gal Costa.

Cazuza apaixonou-se pelo rock and roll quando morou em Londres, em 1972. Passou no vestibular para Comunicação em 1976, mas abandou o curso, meses depois de começar a estudar. Cazuza participou de peças teatrais no Circo Voador, local que aglutinava a nata da cultura cênica e musical do Rio de Janeiro, na década de 80.

Logo depois, indicado pelo cantor Léo Jaime (que recusou os vocais do Barão), juntou-se a Roberto Frejat (guitarra), Dé Palmeira (baixo), Maurício Barros (teclados) e Guto Goffi (bateria). Nascia o Barão Vermelho, uma das maiores bandas do rock nacional.

O produtor musical Ezequiel Neves gostou do som da banda e convenceu o pai de Cazuza a lançar o Barão. Os maiores sucessos do Barão foram as canções “Todo Amor Que Houver Nessa Vida”, “Pro Dia Nascer Feliz”, “Maior Abandonado”, “Bete Balanço” e “Bilhetinho Azul”.

Sua carreira solo também foi fantástica; Cazuza flertou com a MPB, misturou-a ao rock e gravou as canções “Exagerado”, “Codinome Beija-Flor”, “Ideologia”, “Brasil”, “Faz Parte Do Meu Show”, “O Tempo Não Pára” e “O Nosso Amor A Gente Inventa”. O resto é história.

Literatura e cinema

Em 2004, foi lançado o filme “Cazuza – O tempo não pára”, baseado no livro “Só as mães são felizes”, de Lucinha Araújo, mãe do cantor – que, no longa foi interpretado pelo ator Daniel de Oliveira. O filme narra a vida de Cazuza pela ótica da mãe desde o início da carreira, até sua morte.

Em 1989, declarou ser soropositivo e a Aids o levou há exatos 31 anos. Cazuza foi um dos maiores artistas da música brasileira. O cara é um símbolo de rebeldia, pelo seu talento e sua loucura. Este post é uma pequena homenagem ao gênio da poesia. Viva Cazuza!

Elton Tavares

Secult/AP realiza “Projeto Papo de Museu”, coordenado pelo MIS, que discute função histórica de museus no Amapá

O Projeto Papo de Museu, coordenado pelo Museu da Imagem e do Som (MIS), em parceria com o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), que são vinculados à Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult/AP), acontece nesta terça-feira (6) e resgata temas históricos, que tratam da criação à função de cada museu do estado. O programa terá 15 minutos de duração e apresentação de forma quinzenal. A transmissão será realizada às 19h de hoje (6) pela página oficial do facebook da Secult/AP.

A apresentação está a cargo de Flávia Souza, diretora do Museu de Arqueologia e Etnologia do Amapá (MAE) e Bruno Masim, diretor do MIS. Cada programa conta com a participação de convidados par uma roda de conversa. Os primeiros convidados são o sociólogo e escritor Fernando Canto e o secretário de Secult/AP, Evandro Milhomen.

Bruno Masim e Flávia Souza

A proposta do programa é realizar um bate papo online sobre cultura e museus, visando levar o museu, nas suas mais diversas formas de serem pensados, até a casa das pessoas, compartilhando saberes entre os seus detentores e o público. O Projeto também visa mostrar a importância dos museus como difusores da cultura, bem como dar visibilidade tanto a mestres e mestras, como a estudos realizados por pesquisadores em torno da cultura amapaense.

“É importante o contato da população com seus museus, pois são os museus que guardam a memória de cada lugar. Neste momento de pandemia onde os museus tiveram que fechar suas portas, buscaremos através desse projeto levar um pouco de história, costumes e o que cada museu deste estado guarda em seu acervo”, declarou Masim.

O secretario de cultura contou que prepara ações importantes para cada um como revitalizações e novos espaços, com estrutura adequada para cada tipo de museu.

“Estamos qualificando mais os espaços de museu. Eles serão melhores espaços para o atendimento ao público, teremos mais projetos de inclusão dentro desses museus. Iremos profissionalizar cada vez mais o atendimento na atividade museológica do estado. Portanto, fique atento, comunique-se conosco através da nossa plataforma e logo teremos fisicamente atividades culturais de museu a sua disposição!”, completou o secretário.

Fernando Canto – Foto: arquivo pessoal

Sobre Fernando Canto

Fernando Canto é paraense nascido em Óbidos (PA), mas vive em Macapá desde sua infância. No início da década de 1960 sua família migrou para a capital amapaense. É sociólogo, trabalhou na Universidade Federal do Pará (UFPA), onde exerceu funções técnico-administrativas e de docência. Suas pesquisas e trabalhos acadêmicos são bastante ecléticos, mas enfocam basicamente a cultura popular do Amapá e a Fortaleza de São José de Macapá. Ganhou inúmeros prêmios literários. Fernando Canto também é Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal do Amapá, instituição na qual desenvolve suas atividades, tendo implantado e dirigido a Editora e a Rádio Universitária da UNIFAP. O autor de 17 livros também é músico e compositor, um dos fundadores do Grupo Pilão, e há 50 anos compõe e divulga a música amazônica. Participa de várias instituições literárias, entre as quais a Academia Amapaense de Letras e a Academia Literária e Artística de Óbidos (PA). Participou de várias antologias de poesias e contos em São Paulo, Macapá e Belém.

Sobre o MIS

O Museu da Imagem e do Som do Amapá atua no registro da história e da cultura amapaense, também reúne e mantem um acervo histórico e/ou artístico cultural do Estado. Com seus projetos e iniciativas ajuda a difundir a cultura histórica, técnica, científica e educacional de toda a população amapaense, incentivando a apoiando a produção artística do setor audiovisual.

O Museu foi fundado em 2007, a sua criação aconteceu quando a antiga Fundação de Cultura do Amapá (Fundecap) tornou-se Secult. A missão da instituição é preservar, mapear e divulgar registros audiovisuais referentes à história e à cultura do Amapá, através de ações de educação patrimonial, eventos que promovam elementos de nossa cultura e de formação de produtores audiovisuais.

Outra atribuição do MIS/AP é o tratamento adequado do acervo: catalogação, digitalização e facilitação do acesso às fotografias, slides, vídeos, filmes e áudios que compõem a reserva técnica do MIS, essenciais para a memória da cultura amapaense, como em qualquer sociedade.

O MIS fica localizado no térreo do prédio da Secult/AP, Avenida Pedro Lazarino, nº 22, no bairro Santa Inês, zona Sul de Macapá.

Pesquisadores do campus Mazagão publicam e-book sobre Agroecologia

Estudantes e pesquisadores de diversas áreas do conhecimento acabam de publicar o e-book “Ensino, pesquisa e extensão na Reserva Extrativista do Rio Cajari”. O livro é composto por quatro capítulos que abordam diferentes temas destinados às escolas e comunidades do campo, em especial as da Reserva Extrativista atendidas no projeto de criação do núcleo, por meio de Chamada Pública do CNPq (Edital N. 21/2016).

Segundo um dos organizadores Prof. Dr. Galdino Xavier de Paula Filho, o objetivo é restituir aos moradores com os resultados dos estudos lá promovidos. “Já foram formatados vários trabalhos de conclusão de curso, resultantes das pesquisas, e apoio para dissertações e teses. É conhecimento genuinamente local, com pessoas pertencentes a comunidade”, ressaltou.

O capítulo “Falando de flores e polinizadores na Reserva Extrativista do Rio Cajari – Amapá” expõe o desenvolvimento do projeto de extensão “Para não dizer que não falei das flores… E dos polinizadores também”, vinculado ao núcleo, além de conceitos básicos sobre reprodução de plantas com flores, polinizadores e conservação ambiental.

A obra ainda aborda conceitos e diferenças entre sementes e grãos, formas de propagação das espécies, segurança e soberania alimentar, manutenção da qualidade das sementes, desde a semeadura até o armazenamento destas, entre outros temas que são apresentados ao logo de 108 páginas.

Ascom Unifap

Poesia de agora: Poema Desencanto – Pat Andrade

Poema Desencanto

perplexo paro
diante do desconhecido
realidade desconexa

me separo
de minha natureza
preparo minha reza

o desamparo
o desrespeito
o desencanto

seca a boca
queima o peito
cala o canto

Pat Andrade

Livro ‘Rio Amazonas sua riqueza e problemas’ será lançado no Sebrae, nesta sexta (2)

Cadeias produtivas da fruticultura, açaí e da construção civil, são afetadas pelo conteúdo da obra. É uma pesquisa que pode ser aplicada diretamente ao pequeno produtor, na micro e pequena empresa, para que possa otimizar a produção e ser mais competitivo

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Amapá (Sebrae), apoia lançamento do livro ‘Rio Amazonas: sua riqueza e problemas’, do engenheiro agrônomo Cristóvão Tertuliano de Almeida Lins, que ocorre na sede da instituição em Macapá, nesta sexta-feira, 2, às 10h. A publicação apresenta como conteúdo um descobrimento científico sobre a coleta e aplicabilidade dos sedimentos contidos nas águas do Rio Amazonas, bem como o método correto para coleta de grandes volumes existentes na natureza.

Segundo o presidente do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae (CDE) e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amapá (Faeap), Iraçu Colares, o Sebrae é uma instituição que apoia a inovação e tecnologia, e a sustentabilidade e que faz chegar o conhecimento para os públicos, tanto o produtor rural, de várias cadeias como a fruticultura e do açaí, enfim da agricultura orgânica.

“São públicos que podem se beneficiar do conhecimento exposto na obra, assim como, outras cadeias produtivas como a construção civil, pois é uma cadeia afetada diretamente pelo conteúdo. A obra é uma difusão de conhecimento científico e tecnológico porque é uma pesquisa que pode ser aplicada diretamente no pequeno produtor, na micro e pequena empresa, no nosso cliente Sebrae para que ele possa otimizar a sua produção e ser mais competitivo”, disse o presidente do CDE/Sebrae e da Faeap, Iraçu Colares.

Obra

O livro demonstra a utilização socioeconômica dos sedimentos transportados em suspensão nas águas do rio Amazonas, desde a nascente na Cordilheira dos Andes, até a foz no estado do Amapá; bem como uma forma eficiente e ambientalmente correta para coleta dos sedimentos, na obra, denominados ‘silte tucujuara’.

Diferencial

Com os estudos e pesquisas realizados o autor conseguiu desenvolver uma metodologia muito simples, de baixo custo, eficiente e ambientalmente correta para coletar grande volume de sedimentos ao longo do curso do Rio Amazonas e utilizá-los em terra firme em atividades econômicas como a agricultura de subsistência e construção civil em toda a Amazônia.

Público-Alvo

Instituições de Ciência e Tecnologia, Universidades, Institutos de Pesquisa, Pesquisadores, Docentes, Discentes, Líderes de Governo, Empresários, Investidores, Populações Tradicionais (incluindo ribeirinhos), Agricultores Familiares e interessados.

Autor

Engenheiro Agrônomo formado pela Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP) Cristóvão Tertuliano de Almeida Lins, possui especialização nos Estados Unidos da América em Reprodução Animal pela Escola de Garnett, Kansas. Foi Diretor da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos do Brasil, tendo visitado Várias Regiões do Brasil e da Itália (Caserta, Salermo, Napolis) e na Amazônia peruana (Jurimaguas e Iquitos).

Parceiro

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amapá (Sebrae/AP).

Serviço:

Denyse Quintas
Unidade de Marketing e Comunicação do Sebrae no Amapá
Contato: (96) 3312-2832
Central de Relacionamento: 0800 570 0800

Poema de agora: Valete de Espadas – Luiz Jorge Ferreira

Valete de Espadas

Estou feliz com a minha felicidade
Não preciso gritar em Mandarim
Para não assustar o Guaxinim estampado na folhinha.
Julho vem aí, ja escuto os seus passos…
Sobre a neve dos Andes
Os pássaros na gaiola, os que libertei em um Dezembro destes , estão de volta e de dentro da gaiola sem portinhola…
Lêem meu olhar risonho
Nos meus pés de tantos mil passos…sobem lentamente as três tartarugas…
Impedem assim que eu retorne a andar sem rumo…
O cão deitou lá no portão
Perto das aranhas criando teias e as lagartixas esperando as ceias

Estou feliz…há um silêncio entre as folhas verdes que se embriagam de clorofila e Sol.
Eu farei alguma nova data…
Brindarei com minha sombra na parede da sala…
Depois ensaiaremos um monólogo…
Eu a ensinarei a postura…
Ela me imitara a dicção postada.
Por fim eu a abraçarei…
Trarei um calice de saliva, o que sobrou do esforço de declamar…
E lhe oferecei.. como um que cuida, como o Pequeno Príncipe.

Poderia lhe ofertar a flor do vaso, vermelha e rutilante…mas alérgica a poléns agradecera.

Então voltarei a Julho que pula com dificuldade pela janela entreaberta junto com o frio.

Ambos a vêem…respeitosamente dizem alô…
Mas Julho comenta em alta voz…
Olhando a sombra de cima a baixo.
…Nossa!…Como você engordou.

Luiz Jorge Ferreira

A Beleza de Ser Negro: Secult/AP recebe doação de antologia financiada pela Lei Aldir Blanc

O secretário estadual de cultura, Evandro Milhomen, recebeu nesta quinta-feira, 1º de julho, a doação de exemplares do livro “A Beleza de Ser Negro” que foi lançado com o apoio da Secult por meio da Lei Aldir Blanc. A obra, por meio da poesia, busca elevar a autoestima da população afrodescendente.

Organizado pelo escritor Ivaldo Sousa, o livro é uma coletânea de antologia poética que será distribuída gratuitamente aos 16 municípios do Amapá. “É previsto em lei que todas as escolas recontem a história da população negra, partindo desse pressuposto obras como essa não só atendem a este objetivo, como ajudam no resgate da cultura e expressam e enaltecem a grandiosidade de ser negro, ajudando não só na afirmação cultural como na quebra de preconceitos”, disse Milhomen.

O organizador acredita que a arte tem um papel fundamental para romper o preconceito e fazer com que as pessoas aceitem as diferenças de forma leve. “Precisamos sim nos preocupar em vencer o preconceito étnico-racial, sabemos que o preconceito pode afetar todo o desenvolvimento de uma pessoa, e a poesia é uma forma simples e prazerosa de ajudar nas construções da subjetividade do ser humano”, ressalta o organizador da Antologia.

As próximas doações estão previstas para acontecer nos municípios de Laranjal do Jari, Cutias, Amapá e Pracuuba.

Sobre o livro:

A obra conta com 20 autores que trazem como proposta principal ajudar, por meio da poesia, a elevar a autoestima da população afrodescendente fazendo do universo da poesia um veículo para ajudar a vencer o preconceito étnico-racial.

O livro foi selecionado e financiado pelo edital Nº 009/ 2020 – SECULT – “PIMPOLHO SANCHES” Seleção e Fomento a Programas, Projetos e Ações Artísticas e Culturais Continuadas, com recursos da LEI ALDIR BLANC, apoiado pela Secretaria de Estado da Cultura do Amapá, SECULT/ AP, com recursos provenientes da Lei Federal nº 14.017, de 29 de junho de 2020.

Joca Monteiro e o “Amapá que Empreende”: Na Baixada Pará, escritor amapaense cria editora artesanal para lançar os próprios livros

Com um olhar poético, Joca Monteiro, procurou escrever buscando suas raízes baseados na força da sua ancestralidade inspiradas nas avós, tataravós, bisavós, mãe.

Usando o bordão já conhecido “Vai passando o homem do livro”, o contador de histórias Joca Monteiro, morador da Baixada Pará, usou um dos cômodos de sua casa para planejar a pequena editora que conta com estrutura de impressora, computador, prensas e outras ferramentas. Os livros que ele vende vem numa embalagem charmosa e colorida, ideal para os apaixonados por leitura, e são vendidos pelos preços de R$20 a R$ 50.

A iniciativa, além de fomentar a arte do escritor, também gera oportunidades para outras pessoas, como a escritora e poetisa Patrícia Andrade, que compõe a equipe, cuidando da revisão dos livros produzidos na editora. Além de Patrícia, o projeto conta com seus dois irmãos, cunhada e sobrinha, todos envolvidos no projeto na produção dos livros artesanais.

“Depois que coletei as histórias, eu saí pelo Brasil em busca de uma editora, mas todas as propostas que recebi eram muito aquém do que eu imaginava, pois ganharia uma porcentagem tão pequena dos lucros que achei impossível alimentar o sonho de viver dessa arte, então decidi estudar um formato de livro artesanal e cheguei no livro de vinil. Com a criação da editora em casa e o sucesso que o livro está fazendo, já posso dizer que o sonho virou realidade”, comenta com orgulho o artista, Joca Monteiro.

Entre livros do autor da iniciativa e livros de outros escritores, a Editora na Baixada já produziu 21 títulos em mais de 500 exemplares e pretende aumentar a produção utilizando a mão de obra da própria comunidade. “Minha arte sempre está voltada em benefício do outro, há tempos que eu desenvolvo ações sociais com as crianças daqui, hoje muitas crianças atendidas pelos meus projetos já cresceram, são jovens em busca de uma oportunidade. Comecei a treinar alguns desses jovens, mas ainda estou em busca de parcerias para realizar esse outro sonho”, contou o artista.

Joca percorreu todo o território amapaense em busca de conhecer os 16 municípios e coletar as narrativas da cultura popular amazônica, histórias contadas pelos antigos e quase esquecidas na memória do amapaense. Situada no bairro Cidade Nova I, a Baixada Pará é uma comunidade sob área de ressaca, conhecida por um grande índice de violência e criminalidade. Mesmo em meio a todas as mazelas encontradas no local, o trabalho do jovem escritor e contador de histórias, Joca Monteiro que é militante da cultura no estado, está mudando o cenário e realidade do lugar que está respirando arte.

”Minha intenção é registrar as histórias coletadas, então escolhi o lugar em que moro desde a infância para criar um Editora Artesanal, onde confecciono os livros com ajuda de familiares e outros moradores do lugar”, contou o escritor.

Das 16 histórias da pesquisa do escritor, 8 delas já viraram livros e estão sendo distribuídas não só no Amapá como para vários lugares do Brasil e até para o exterior. O último livro lançado por Joca, foi “As filhas da Matinta”. Sendo uma história coletada no município de Oiapoque, o livro fez sucesso nas escolas locais e também na Guiana Francesa, país que faz fronteira com município, por onde Joca passou com seus livros, visitando as escolas e participando de eventos locais.

Perfil de Joca Monteiro

Palhaço, ator, multifacetado, contador de histórias, Josias Monteiro, conhecido como Joca, de 39 anos, produz livros artesanalmente fabricados com material de alta qualidade. Os livros são de grande durabilidade e resistentes a água, uma forma também de se lidar com clima quente e úmido amazônico.

Novo Livro

Joca Monteiro está com o novo livro, o Pintinho Piu. Mas também voltou a contar as histórias na escola, no entanto, através de live, por conta da pandemia. Ele também montou uma biblioteca comunitária no interior de Breves. Além disso, ministra aulas pelo Google Meets sobre contação de histórias.

Livro de outros autores

Recentemente a editora na Baixada passou também a produzir livros para outros autores como o Poeta Jiddu Saldanha, um curitibano que atualmente reside em Cabo Frio/RJ. Jiddu assistiu a um vídeo nas redes sociais onde Joca apresenta seu livro e imediatamente entrou em contato, solicitando os serviços da editora. Intitulado “Paisagem da Alma – Tankas e Haicais de Jidduks” o livro já foi lançado.

Onde encontrar o homem do livro

Para saber mais sobre as obras do artista você pode procurar nas redes sociais a hashtag #olivrodojoca ou buscar por @jocamonteiro que você será direcionado à sua fanpage. Contato ainda pelo whatsapp (96) 99131-7042.

Fonte: Repiquete no Meio do Mundo.

VIVIDA – Crônica de Fernando Canto

Crônica de Fernando Canto

Parem de jogar coisas sobre meu túmulo. Parem, parem, parem. Parem de escrever palavras vãs em cima dessa pedra de mármore tão quente do sol do meio do mundo. Parem de chorar, parem de lamúrias sobre o túmulo deste ex-pobre sofredor, chorão até à alma: que chorou por mulheres, chorou por amor, chorou por seus amigos e por causas perdidas, chorou por falta de dinheiro, mas nunca chorou de fome porque não tinha fome ao ver criancinhas raquíticas passarem fome na periferia da cidade quando foi candidato a um cargo público. Só chorou por elas. Por Deus.

Parem. É uma ordem. Parem de chorar sobre meu túmulo porque nele só estará o lugar da alma presa e um velho corpo que se diluirá em gotas destinadas a um poço artesiano no Japão.

Ainda é tempo de parar. Morte, ó morte!

Não me irritem. Este corpo aqui embaixo foi feliz. Apesar de sua cara às vezes brava, às vezes rabugenta, cantou, tocou, gozou, ironizou e riu de ouvir e de contar piadas. Parem de falar em morte e tragam-me uma vitória do meu time no campeonato nacional, debaixo de um sol alegre de domingo e com o sabor de uma cerveja impecavelmente gelada.

*Do livro EquinoCIO – Textuário do meio do mundo, Paka-Tatu, Belém, 2004.

Lançamento de livro sobre a caracterização das imagens digitais

Assistir filmes televisivos ou cinematográficos, ou mesmo apreciar uma esplêndida fotografia, está cada vez mais realístico, principalmente com a evolução no processo de captação e exibição de imagens em pós-alta-definição. Com o intuito de proporcionar a reflexão aprofundada sobre o tema, o doutor em Arte e Cultura Visual e professor do curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Amapá (Unifap), Aldrin Santana, estará lançando o livro Caracterização das Imagens Digitais.

Segundo o autor, a ideia é destacar o processo evolutivo pela imagem de altíssima definição e seus processos técnicos de produção. “Desde o surgimento das primeiras televisões com capacidade de exibir imagens em alta-definição (HD), nos meados da década de 2000, a preocupação com a qualidade de apresentação e visualização é uma constante”, elucidou Aldrin.

O livro traz um breve, mas detalhado histórico da evolução das imagens digitais ao longo dos anos. “O cotidiano expresso nas paredes das cavernas, de forma pictográfica, representa os primeiros registros de imagens. Contudo, a evolução das técnicas e de suas tecnologias, juntamente à evolução da captação de imagens, beneficiou a humanidade com representações cada vez mais próximas da realidade visível”, destaca a obra.

Aldrin ressalta ainda que o livro tenta desmistificar dúvidas que ainda perduram quando se fala sobre o assunto. “Muito se fala sobre 4K, 8K, mas pouco se sabe sobre o tema. Na obra Caracterização das Imagens Digitais versamos de uma maneira mais aprofundada sobre todas essas tecnologias”. Vale a pena conferir.

O livro possui o selo da Editora IXTLAN – Letras Científicas e suporte da coordenação de Artes Visuais da Unifap e da Duas Telas Produções. Será lançado no dia 3 de junho de 2021 no canal da TEFT Lives no YouTube. As inscrições devem ser feitas para ter o direito ao certificado de participação.

Inscrição: https://forms.gle/bHMkr7YCo4k1hxKv8

Participação: https://www.youtube.com/watch?v=XQPC9pAxoxQ

Ascom Unifap

Nesta segunda-feira (28), acontece o lançamento da Antologia Poética: “A beleza de ser negro, elevando a autoestima e a subjetividade do ser”

Nesta segunda-feira (28), às 19h, na Escola Estadual José Bonifácio, no Distrito do Curiaú, será lançado o Antologia Poética: “A beleza de ser negro, elevando a autoestima e a subjetividade do ser”. A obra, que tem como organizador o escritor Ivaldo Souza, conta com 20 autores. A proposta do livro  é, ´por meio da poesia, elevar a autoestima da população afrodescendente.

A obra traz a composição poética de vários autores, que fazem do universo da poesia um veículo para ajudar a vencer o preconceito étnico-racial. O livro possui uma rica seleção poética com composições de vários escritores, favorecendo assim, seus esquemas mentais e contribuindo para a internalização de suas subjetividades.

Esta obra conta com apoio da Secretaria de Estado da Cultura, por meio da Lei Aldir Blanc. O livro foi selecionado e financiado pelo edital Nº 009/ 2020 – SECULT – “PIMPOLHO SANCHES”, sendo agenciado pela OCA produções.

De acordo com a lei, 11.645/08, todas as escolas devem recontar a história da população negra e mostrar o verdadeiro potencial, a verdadeira capacidade que temos em desenvolver nosso cognitivo, partindo desse pressuposto, selecionamos poemas que pudessem expressar toda a grandiosidade de ser negro.

“Precisamos sim nos preocupar em vencer o preconceito étnico-racial, sabemos que o preconceito pode afetar todo o desenvolvimento de uma pessoa, e a poesia é uma forma simples e prazerosa de ajudar nas construções da subjetividade do ser humano, assim digo: as palavras são armas poderosas capazes de mudar nossas ações, nossos esquemas mentais, nossa autoestima e nossas emoções subjetivas”, ressalta o organizador da Antologia.

Vídeopoema de agora: Ana e Noite – Patrícia Andrade

Ana e a noite

ninguém duvidava;
era claro que Ana sofria…

mas quando a noite caía,
Ana simplesmente sorria…

banhava-se de felicidade,
arrumava os cabelos em festa,
e pintava-se de alegria…

daí por diante, minha gente,
só Deus é quem sabia

Patrícia Andrade

Poema de agora: Rascunho – Luiz Jorge Ferreira

Rascunho

Filhão…
Peça notícias atuais do Guilherme, antes que ele se embrenhe lá no Céu.
Organize a troco de brisas a Prefeitura de Osasco City…
Ande pela Praia Grande desejando boas vindas a vida.
Embrulhe o vento na areia.


Aprisione o Vírus no Calendário pálido de 1918.
O resto na face peluda dos Gigantes da Groelândia.
Prepare um Sanduíche descomunal e doe as Baleias Orcas do Cabo Canaveral.
E diga em Braile a todos os todos que o Imposto de Renda que devo pagar…
Transformarei em Ações Boas, tal como lavar os dentes do Mar com Kolynnos.

Foto: Manoel Raimundo Fonseca

Eu assino com a minha digital queimada do polegar com que segurei o Sol a puxa-lo desde Sirius até o Amapá…
Nada mais a dizer, as palavras querem chorar.
O tempo desatento mergulhou no Tietê da marginal.
Eu confesso… de mim…
Nem sei!

Luiz Jorge Ferreira

 

*Do livro “Defronte a Boca da Noite, ficam os dias de Ontem” – Osasco (SP) – 25.06.2021

Poema de agora: A culpa – Bruno Muniz

A culpa

A culpa é da colombina
que briga com o arlequim;
a culpa é da bailarina
que esconde os passos de mim;
da rosa que fere o cravo,
da chuva que molha o chão;
a culpa é da atiradeira
que fura São Sebastião;
das folhas que vão o outono
perdendo-se ao meu jardim;
das horas que se adiantam
fechando o botequim;
a culpa é da primavera
que ofusca o sol do verão;
daquela cor amarela
que faz do sorrir em vão;
a culpa é da chapeuzinho
que engana o Lobo-Mau;
A culpa é da Cinderela
que esquece o pé de cristal;
da Cuca que assusta o sítio,
da pulga que coça o cão;
a culpa é da purpurina
que cola na nossa mão.
E pra acabar o poema,
antes que eu cause um tufão,
mulheres que aqui me lerem,
saibam logo, de antemão:
não há homem neste mundo,
em qualquer rumo ou estrada,
que consiga existir
longe da mulher amada.

Bruno Muniz