Anderson Silva vs Andressa Mendonça


O Ultimate Fighting Championship (UFC) é a maior organização de artes marciais mista do mundo e nos últimos tempos caiu no gosto popular, o “herói” da modalidade desportiva é Anderson Silva, especialista em Muay Thai e atual campeão da categoria peso médio.

Entretanto, apesar do clima de Olimpíadas e de tantos outros atletas “heróis” que o Brasil coleciona e os mantém em sua estante fictícia, até que alguma mídia os mitifique para o grande público, o esporte mais interessante do momento é outro…

O golpe ao qual me refiro é a “chave de coxa mortal” da anti-heroína Andressa Mendonça, àquela que chamam de noiva e ostenta com orgulho o título de musa da CPI (MCPI) do empresário, bicheiro e contraventor Carlos Cachoeira, que usufruiu do seu direito constitucional de ficar em silêncio durante Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e quando finalmente abriu a boca, em plena audiência na 14ª Vara da Justiça Federal em Goiás, foi para pedir a mulher em casamento. 

Confesso que isso me deixou confusa. Se ela já era noiva dele, porque outro pedido de casamento? Mas, enfim… Esse não é o foco. 

A questão é que o cara está fo$%#& e só pensa em casamento. Como assim cara pálida? Depois não sabem para que serve aquele exercício de adutor de coxa interna. 😉

Hellen Cortezolli 

Poema de hoje: Sob o vazio do teu olhar


Sob o vazio do teu olhar

Insisto em olhar e vejo que não há nada lá a ser admirado.
Você desvia, e eu imagino que seja por medo.

Tua teoria é mais simples… É um não querer ser visto.
Um não querer prolongar o que acabará logo.

Penso no fim, só no fim.
Mas, não o espero.
Quero sempre mais de ti e mais de mim.

Não há conversa, só diálogo.
Frases sem acabamento e um silêncio…
Então do nada, penso em desistir.

Você então me toma.
Quando acordo, sinto a dor do teu do teu desejo de novo.
E, meu corpo nunca te rejeita.
Desta vez eu só não queria partir, nem que partisses.
Nunca quero te repartir.

Você diz para eu ficar e esperar a noite.
Não acho nada engraçado.

As minhas palavras duras e não ditas eram para me proteger de ti.
Meu olhar perdido, que não queria ser encontrado, era para me defender de ti.

Nada… nada a ser dito, sentido ou lembrado.
Mas, eu queria que tivesses ficado.

Hellen Cortezolli

Cumplicidade… acontece!


Hoje é mais um dia do amigo… É constrangedor porque você corre para agradecer a quem você realmente considera amigo seu. O que nem sempre é recíproco, mas isso não fará com que você deixe de amar ou ame menos o seu amigo ou amiga. 

Uma vez um amigo me respondeu que amizade não se agradece, porque é só retribuir, achei isso lindo. 

Então, penso que já que não posso agradecer a ele a amizade que me dedica, a confiança que corresponde e a cumplicidade que nos faz continuarmos amigos apesar da distância e qualquer outro contratempo, antes de deitar ou de levantar e entrar de cabeça numa rotina tediosa, ou de não ter rotina, vou desejar que energias positivas façam parte de seus dias e noites. 

Dos melhores momentos e nas circunstâncias em que ele mais precisar de mim e eu não puder estar presente, que ele (ela) sinta meu pensamento desejando sempre o seu bem. E, assim é!


Mesmo que eu esteja longe dos meus poucos (as) amigos (as) os sinto próximos a mim, porque sei quem escolhi para chamar de amigo me quer bem, e cumplicidade não é algo que se consegue com facilidade, ela simplesmente acontece.

Que seja feliz mais este dia do amigo, mas se não for que tenha um amigo por perto para apertar, cheirar, beijar, amassar nas gordurinhas principalmente se ele não curtir a ideia. Porém, se estiver longe como eu estou dos meus, que eles (elas) saibam que amo muito.

Enfim que você tenha um ou muitos amigos e amigas para chamar de seu, seus ou suas. 😉

Hellen Cortezolli

As polêmicas e suas conseqüências



Pessoas com perfis polêmicos atraem não só a minha atenção como também a minha admiração, lógico que isso não é uma regra. 


Ontem (15), um cara que deu show na tv aberta, foi o ator Alexandre Frota. O ápice do quadro do Programa Tudo É Possível não foi o papo do ator ter participado de filmes porns, nem a vergonha de encarar a própria mãe, tão pouco o choro…  

Óbvio que não está em questão a natureza do programa nem do quadro, menos ainda o fato de rolar uma boa grana para quem topa a parada.

A polêmica mais bacana na minha opinião foi o confronto  com a “jornalista” do site de fofoca, que chegou a publicar na íntegra um email enviado pelo ator, assim como desmentida uma notícia sobre suposta briga do ator com a emissora de tv SBT. 

Massa mesmo foi ver a cara da tal profissional, que apesar do sorriso forçado, aparentemente tremeu nas bases, tanto que a apresentadora Ana Hickmann solicitou ao ator que não intimidasse seus convidados.  

Moral – Não basta gerar polêmica se os subsídios utilizados para embasar o tema abordado não forem sólidos o suficiente para que as premissas não caiam por terra, no primeiro tom de voz alterado.  

Hellen Cortezolli

Você é o que você come


O homem para de fato ser reconhecido como tal, além de precisar honrar com a palavra (fator em falta no mercado) e seus culhões, necessita deter conhecimentos extras.

Se em terra de cego, quem tem olho é rei… Os “exemplares” que tiverem o paladar mais apurado, provarão dos mais diversos sabores.

Em tempos de mulheres-frutas outras “iguarias” precisam ser apreciadas com sapiência ou pelo menos com atenção para distinguir cada “prato”. O “comer” deveria ser mais bem saboreado, de repente até ser transformado em religião. Contudo, há alguns tipos bem comuns: 

1.- Mulher aperitivo – o cara pode até comer a noite inteira, desde que acompanhada de muita cerveja.

2.- Mulher sanduíche – o cara come, mas, não se satisfaz.

3.- Mulher mortadela – pode comer no carro, convidar os amigos e as namoradas dos amigos ainda a idolatram, sem cogitarem que compartilham com ela bem mais que fotos de festas.

4.- Mulher arroz com feijão, o cara come todos os dias, se não enjoar, se acostuma e acredita ser o melhor apreciador do prato mais comum da culinária brasileira.

5.- Mulher sem tempero, a cara até parece boa e depois do cara comer com os olhos, quando finalmente prova, perde a vontade de continuar comendo.

6.- Mulher caviar – o cara não pode bancar, não sabe apreciar, acaba sem aprender a comer. E sai pedindo por mortadela.

7.- Mulher gostosa – o cara não sabe usar os talheres, se atrapalha, não come e pelo resto da vida sai sem saber que gosto tem, mas jura que já que todas são iguais.

É claro que é válida a hipótese dos tipos se misturem, mas vale do conhecimento adquirido pelo homem a afirmativa de “você é o que você come”. Pensar de um jeito cafajeste até que é bem divertido. 

Hellen Cortezolli

Teste do baphômetro


Se você até fez biquinho e imaginou seu posicionamento quanto aos limites alcoólicos antes de pegar no volante, trate de se desarmar, os baphos deste contexto se referem à fofocas ou sob nova roupagem “bapheenhos”.

Os baphos existem desde que o mundo é mundo e independente da força que fizermos para combatê-los, de algum modo sempre estarão inseridos em todo o tipo de conversa. 

Todavia, como todos os excessos, esse tipo de coisa cansa.

Tem pessoas que não vivem sem um bapho, porque de certa maneira (ou totalmente errada) saber sobre a vida alheia é tão necessário quanto o oxigênio.

Cuidar das próprias atitudes requer o mínimo de caráter, que infelizmente os viciados nessa prática não dispõem.
  
O mais lamentável é que dificilmente os baphos beneficiem de fato os envolvidos. 

Acredito que esse termo novo caiu como uma luva, porque “bapho” fede. 

Agora para fazer um teste do baphômetro eficaz, experimente contar algo nada interessante, mas com um tom envolvente e conclua com um sonoro “isso fica entre nós” ou ainda “em off tá?”.

Hellen Cortezolli

Vinho e uma nota assinada


Mais um dia comum, com jeito meio esquisito, de leitura difícil, como quem deve ou tem rabo preso. Não tenho álibi. Meu crime foi esperar que a vida fosse capaz de me surpreender e na tentativa de compreender isto lá se foi um litro de vinho e, do bom.

Não sinto mais nada, além da frustração de esperar por respostas que nunca chegaram… Como sempre, perdi a hora.

Queria um amor tranqüilo que me dissesse nas entrelinhas que sempre li tudo errado. Destacasse minha interpretação ruim. 

Talvez as conversas não tenham me ajudado. Hoje o álcool não fez nenhum milagre, além de me anestesiar. Porque a vida dói e ao contrário de meus desejos mais ocultos, nunca ei de me acostumar.

Não sei o que quero da vida. Pronto! Admito! 

Já desejei tanto e tudo que nem me pertenceu, me foi tirado. Agora o que vier é lucro. 

Fiz as escolhas com meus dedos podres e colhi frustrações. 

Conto em uma mão as verdadeiras amizades e no sorobã, as decepções.

Tive nome, reconhecimento, dinheiro e quis um amor maduro… Hoje não tenho nada. 

Muito vinho sim, e daí?

Quem se importa?

Quantas vezes você fez a pergunta certa? E quantas se convenceu com a resposta?

O não pertencer a lugar nenhum, o não ter paradeiro não me torna mais interessante, não atraio aventureiros.

A paz que senti em 25 dias me fez perceber que o pensar é uma tela em branco, não fui capaz de pichar, nem alterar com talento nato.

Os amigos vêem algo que não sei se tenho, os inimigos me dão um poder que sequer alcanço. 

Quanta besteira!

Deito, adormeço e enquanto a cama gira, amanhã nem reconheço.

Hellen Cortezolli

Para usar ou guardar na gaveta


Muitas coisas me dão prazer. Ao contrário do que meus amigos íntimos insinuam de que sou superexigente, difícil de agradar e outros comentários dessa natureza, eu sintetizaria com a segurança de que gosto do que é bom, me faz bem e me deixa mais segura. 

Lingeries me fazem sorrir, obviamente que as que adquiro para meu uso pessoal. Tinha comprado um presente para esperar minha mãe voltar de viagem. E, não havia observado uma loja de lingerie no caminho em direção ao banco… Então, caminhei mais alguns passos e uma força estranha me dizia: “Olhar não tira pedaço”.

Bom, para falar sinceramente não fiz muito esforço e diante dos últimos acontecimentos uma lingerie especialmente escolhida para uma possível e “imprevisível” ocasião, não seria má ideia. Enchi a paciência da atendente de nome Patrícia, simpatissíssima por sinal, a fim de elucidar todas as minhas dúvidas quanto aos produtos que havia disponíveis na loja. Mas, um comentário dela incitou este texto:

_ Ah, mas não é para usar todo o dia! 

Diante disso enquanto mexia na arara em busca da “minha peça especial” aquela frase martelava em meu raciocínio acintoso e por consequência, resmungava mentalmente: Como assim não é para todo o dia? Tem dia para usar isso? Não é atoa que as relações caem na rotina… Eca, do comentário infeliz! Se foi com intenção de que eu comprasse, se fosse um alguém não tão decidido como eu, teria ido embora e desistido a espera de uma ocasião específica.

Uma mulher pode ir a um encontro de um homem por quem ela sinta bem mais que amizade, com um jeans surrado, camisão e tênis allstar. E, se a coisa esquentar… Voilá: cinta-liga, lingerie rendada e meias 7/8… Mesmo que a relação não amadureça, não passe de um momento, a imagem vai ser absorvida pela íris dele e talvez haja espaço para uma lembrança quando não houver mais nada para recordar? Que tal experimentar?! 

Deste modo, como pode alguém dizer que não é para todo dia? Quando só se ouve brincadeiras ambíguas, que todas tendenciosamente pendem para o sexo? Fico confusa, compro tudo e mesmo sem estrear em seguida, saio feliz com minha lingerie na sacola. Eis uma coisa que realmente me deixa feliz. Não é só para mostrar que se deve usar algo lindo. Se ver tão feminina enquanto escolhe uma roupa qualquer ajuda a manter o amor próprio.

Pelo menos quando houver oportunidade ela irá servir. 

Viva a possibilidade! Viva!

Hellen Cortezolli

Fuja antes que Neruda te alcance


Quando bate aquela vontade de mudar o visual, se algo internamente não vai bem é uma ótima forma de ver a vida por outro ângulo, aquele que seja novo até para você mesmo. 

Às vezes olhar para o espelho e ver um rosto novo faz um bem danado que nem sempre fica só no espelho. Te dá um novo gás e talvez até segurança extra, um jeito sutil de dizer que as mudanças são bem vindas.

Porém, (sempre há “poréns”), não era para alguém em específico, mas o sentimento de estar tudo ok consigo sai pelos poros e os hormônios farejam coisas dessa natureza. Gostei dessa constatação bem “animal”.

E, sabe como é uma conversa legal, sem o frio na barriga e medo do que falar, nem a necessidade de agradar e quando menos se espera surge aquele pedido: “Me dá um beijo”?

Para tudo! Aquele silêncio tão comunicante… Por que as perguntas existem nesses momentos, não seria mais simples criar um clima e esperar rolar? São segundos que parecem minutos e você pensa no que pensar. Não seja uma estraga prazeres, não fale algo ambíguo, não estrague tudo. Pensar em algo rápido, mas não dá. Aff! Deixa fluir…

Beijo, beijo, beijo… Um beijo. Tá tudo bem, é um beijo. Como negar depois de uma conversa onde a ênfase foi “aproveitar as oportunidades que a vida te oferece”. “Viver o agora”… Qualquer comportamento contrário a essas colocações seria a total incongruência e vestida de hipocrisia para passear.

Abrir os olhos por segundos e perceber que o vidro embaçou! Nossa!!!! 

Mas, era para ser só um beijo. 

Melhor parar tudo, ainda estou no controle, no meu controle. Para o automóvel que quero descer. 

Neruda que me perdoe, mas por hora “morrerei lentamente por evitar uma paixão”. Por agora não. Vou me deleitar nas contradições que fazem parte das minhas elucidações. Ser pega de surpresa é um jeito que a vida tem de demonstrar que eu não mando em nada, que ela faz de mim o que quiser. Contudo, insisto em teimar, mesmo essa nova eu, não tem perfil de submissa… Num contexto geral, isso é tão bom.

Hellen Cortezolli

A crítica inversamente proporcional


Lia um artigo que me era muito interessante, enquanto outras páginas do site carregavam, fazia o que faço diariamente, abria links que levavam a novas guias no navegador. Em uma delas, havia um escrito de moda que mencionava uma não entrevista. 

O motivo original da minha pesquisa era sobre outro texto, e resolvi copiar descaradamente a ideia de “não fazer algo já o fazendo”. Então, não vou discorrer estas ideias de que de certa forma não continuamos agindo como descreveria Elis Regina no hit tão atual do momento, quanto às manifestações organizadas para protestarmos alguma coisa. “Como nossos pais”, sempre me fez chorar. Tudo bem anos 70, porque a moda agora é o supercool do vintage.

Ao mencionar as caminhadas que garantem nossos direitos adquiridos, ou de pelo menos bradarmos por eles, recordamos que não se assemelham a outras tantas marchas constituídas por mentes politizadas de uma outra época, movidas bem mais que pela vontade de se autopromover, ou não, imagina?!

Também não irei provocar que depois do combate ao “conceito de mulher estuprável”, de aversão à homofobia e em favor do amor livre, agora teremos a marcha do parto em casa. “Porque toda a mulher tem o direito de parir aonde quiser”, e não é “preciso conselho para parir”. Devo considerar que a organização que escolheu estas frases para liderar essa reivindicação não me sugeriu, (mesmo que antes de formular qualquer entendimento), a súbita vontade de recomendar que fossem visitar à tão conhecida “puta que pariu” para saber o que ela pensa sobre isso. Me dei ao luxo de refletir melhor.

Não vou me posicionar contra, por crer na importância como cidadã e sem fugir a minha responsabilidade como profissional de abordar outras óticas sobre o tema. 

Se de fato os números não mentem, os índices de mortalidade infantil em UTI’s neonatais além de ser uma triste realidade, foram alarmantes no último biênio nos Estados de PE, PA, AP, DF, SP, RJ, MG, PR, SC, RS e sem deixar de citar as demais siglas da federação. Na verdade não importa o número de bebês que morreram, se a morte de um bebê for provocada por infecção, ou más condições de atendimento de saúde, já é um absurdo. 

E, falam sobre “humanização do atendimento hospitalar”. Ah, tudo bem! Nesse item em diante deveria mencionar também a “desumanização de salários dos profissionais de saúde”, mas acho que não irei fazê-lo, sob a pena de perder o foco.

Nosso comportamento “vanguardista” quanto aos posicionamentos que precisaríamos tomar se tornaram senão obsoleto, no mínimo retrógrado. São releituras ou novas roupagens para o velho. Acrescentamos novas palavras ao vocabulário para maquiar velhas condutas. Mas, o retrô voltou com tudo para nossos figurinos biodegradáveis. E as t-shirts com os temas ficam lindas concorda?

A seguir as cidades onde ocorrerá a marcha, fundamentada na pesquisa desenvolvida na Holanda, que comprova a segurança do parto domiciliar: Rio de Janeiro – RJ, São Paulo – SP, São José dos Campos – SP, Campinas – SP, Ribeirão Preto – SP, Sorocaba – SP, Ilhabela – SP, Vitória – ES, Brasília – DF, Belo Horizonte – MG, Recife – PE, Fortaleza – CE, Salvador – BA, Maceió – AL, Curitiba – PR, Florianópolis – SC e Porto Alegre – RS. Mais uma prova de que a “moda europeia” dita as tendências nos países em “desenvolvimento”. 

Isso dispensa a menção das noventa parteiras tradicionais, ribeirinhas, quilombolas e indígenas, das etnias Karipuna, Paliku, Galibi Marworno, Wajãpi, Tiriyó Kaxuyana, que participaram da oficina de trocas de práticas tradicionais e conhecimentos técnicos preparatórios para o 2º Encontro Internacional de Parteiras no Amapá, realizado em maio de 2012. Não mencionarei isso, porque valorizar a cultura local no próprio país é tão démodé!

E finalmente, parafraseio novamente Elis, com o trecho que mais me abala: “Minha dor é perceber, que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”… Porém, devo acrescentar, com internet e redes sociais. 

Crucifiquem-me se puderem!

Hellen Cortezolli

O título é a cereja do bolo, mas também pode ser o começo do fim.


Vivemos e convivemos com títulos, rótulos, status, coisas do gênero.

O ideal é não julgar o livro pela capa, contudo, não confie em quem discorde de que o título desperta a atenção e interesse, a menos que seja o contrário, nesse caso a culpa é dele também.

As pessoas em suas relações buscam títulos: única, oficial, reserva, substituta, não importa. O relevante é que assim como os atletas e profissionais em geral tudo de alguma forma, gire em torno do título.  

Você sabe quem é, mas se tiver um título os outros também saberão. Ele é a sacada genial, o golpe de mestre, o xeque-mate, o crachá, o diferencial. 

Se fosse personificado o título seria o cara. Assim como as pessoas, também há títulos ruins. 

Mas, essa paranoia toda é pra protestar contra a propaganda enganosa, capaz de iludir qualquer  um com um título atraente a ponto de adquirir uma revista e nas 273 páginas não ter sua curiosidade suprida sobre o título que ela vendeu.  Anotou?

Hellen Cortezolli

O condenado mês de junho


O mês de junho é um tanto condenado, ou se entra de vez no clima romântico ou adere ao estilo Chico Bento de ser.

A coisa é toda comercial. Não vamos entrar no mérito do capitalismo selvagem, tão pouco da apologia hipócrita de se opor a isso. 

Focalizemos o raciocínio no “amor romântico” que vende bem nessa época. As boas relações amorosas (que estão cada vez mais raras) devem ser cultivadas diariamente. Sabe aquele filme com Adam Sandler e Drew Barrymore, “Como se fosse a primeira vez”? Então, isso realmente é o que se espera do tal conceito para este discurso. 

O longo e infinito “saia da rotina”. Só que ninguém sinceramente pode viver conquistando o mesmo alguém. Esse gerúndio infinito deve anular o outro. Talvez, mas só talvez, seja por isso que muitas pessoas tem um comportamento considerado volúvel. Conquistou, provou, pulou fora, antes que estrague.

Enfim, é impossível. Mas, parece fidedigno.  Que tal a tentativa?

Não custa usar uma roupa íntima nova sempre que sair para namorar. Esse negócio que não será notado ou usar o truque de apagar luz não cola de jeito nenhum!  Depilação só no verão, jamaaaais! Ficar bonita para si mesma é se amar acima de todas as coisas, básico antes de amar o outro. Então, precisa estar com isso sempre atualizado. Isso vale para o resto também, unhas, cabelo. Vale para o homem também, banho, barba, roupas limpas. Não dá para ir atrás de propaganda de tênis, e achar que todas as mulheres curtem um cheiro de suor.

Se joias, roupas, calçados, carrões e coisas do gênero fossem provas de amor a Elise Matsunaga seria a mulher mais feliz e bem casada do mundo.

O problema é que existe o monopólio das relações, e falo isso com conhecimento de causa, já fui assim, possessiva, ciumenta, não sei se ainda não sou. Só não tenho mais paciência pra começar nenhuma relação do zero. Nem esquentar a cabeça com velhas bobagens.

Aquele início todo perfeitinho, acompanhado de um meio chato e encerrado com um final patético, não rola mais.  Era nesse ponto que queria chegar, ufa! O estar sozinho parece ser incômodo para muita gente. Algumas pessoas lamentam não ter alguém especial principalmente nesse período. Como passar o dia dos namorados só? Óh, que trágico!

Daí rola aquele monte de frases de efeito: “Antes só do que mal acompanhado” – “Antes só do que um mala do meu lado”. Para quê? É necessário provar alguma coisa para alguém?

Em contrapartida, tem os amigos e amigas que não se conformam com a sua solteirice, e tendem a empurrar qualquer coisa para “ocupar a vaga”. Particularmente, o encaram como intimidação. 

Os solteiros ameaçam os comprometidos com seu excesso de liberdade. Não ter que se preocupar em dar satisfações a ninguém, empatar os fins de semana com programas obrigatoriamente especiais, reuniões de família (na casa do par), abdicar de viagens e afins, despertam um considerável nível de invídia. 

Arrumam qualquer pessoa para provar a si mesmo que não é tão desinteressante se tornou quase estratégia de combate aos possíveis constrangimentos.  O melhor seria abandonar essa catarse e lembrar que em junho tem 30 dias e além do dia 12 temos mais 21 dias de comemorações para os mais diversos temas e gostos.

Ah, sobre o estilo Chico Bento de ser, quer pular fogueira pule, só não vá se queimar.

Hellen Cortezolli

Esclarecer ou desdenhar? Eis a provocação…



Por que não gosto de discutir futebol? Pra responder mais honestamente possível seria necessário retroceder alguns anos… 


Um dia preenchi o perfil correspondente àquelas pessoas que não discutem muito, e partem logo para os “finalmentes”, falar a língua dos punhos, sacomé?
Mas, isso não ficava muito bonito pra uma menina.

Meu pai, muito machista, não admitia a única filha envolvida com futebol. Como sempre impus minhas convicções, a ele só restou fazer muita cara feia a me ver chegar com minhas primeiras contusões. As reproduzia quando comentava os escanteios, cruzamentos, bolas no ângulo, pênaltis e cobranças de faltas.

Eu jogava futsal e acredito que mulher não cava falta, mete o tênis nas canelas das “vacas” adversárias. E, chegar de salto alto e subterfúgio indispensável de intimidação. 

A prática mais anti-desportiva ainda é comemorar na cara das jogadoras do lado de la’… Minha especialidade.

No sul a disputa mais acirrada acontece entre dois times estaduais, apesar de ter outros dois em ótimas condições de disputa. O que não vem ao caso. Só pra constar o nível da “guerra” entre as torcidas, já deixei de azarar gatinho por ser torcedor do time adversário, não sou apenas gremista, sou anti-colorado. 


Com o tempo me desliguei do futebol. A última vez que derramei lágrimas apaixonadas pelo meu time foi numa disputa de pênaltis do Grêmio com o Emelec, se não me falha a memória, a dupla de ataque era Jardel e Paulo Nunes, e perdemos!

Como todas as minhas paixões depois de me decepcionar, perco o interesse. 

De volta as razões de não gostar de discutir futebol… Posso enumera-las dessa forma: 

1- A postura duvidosa da Fifa; 
2- Os sucessivos escândalos que envolviam jogadores;
3- O deslumbre da profissão. (Pode chamar de despeito, mas não são todos que precisam de estudo pra ganhar rios de dinheiro);
4- As Marias Chuteiras;
5- A tal mala preta dos árbitros (por falar nisso, saudades do juiz Margarida) com seu apito que causava, pura comédia; 
6- Os altos investimentos… Blá, blá tudo isso deixou o futebol arte de lado e sucumbiu ao capitalismo selvagem. Que hipócrita conclusão, essa minha! 


Hoje, quando assisto aos jogos concluo que antes era um esporte coletivo e passou a ser tratado como individual. Se vencedor o discurso se da’: “o fulano passou para o cicrano que deu show de habilidade”. Se perdedor “tem que mudar o técnico, não passaram a bola para o estrelinha que usa as marcas de seus patrocinadores porque as adora e não porque investem nele”…  

Isso sem falar nas técnicas de teatro que devem constar no currículo de qualquer jogador, sem o teatrinho na hora de cavar falta ou pênalti, não é chamado de profissional. 

Acho engraçado quando os entendidos no assunto criticam o futebol europeu e o tacham com esse ou aquele adjetivo depreciativo. Na boa, rio sozinha. 

Do auge da minha ignorância até assisto a alguma partida de clássicos europeus, se não tiver nada melhor pra fazer. Acredito que ainda haja nele a coletividade da qual sinto falta no futebol brasileiro, que já foi de Romário, Ronaldo Fenômeno e hoje é do Neymar. 

É por isso que não discuto futebol. 

Hellen Cortezolli

Pênis que fala


O pênis é a definição para o órgão sexual masculino. Contudo, o falo, do latim phallus, do grego phallós, também é a representação de pênis, como símbolo da fecundidade. 

Talvez essa seja a cínica confusão, que o falo, de que falamos no título, só que sem conjugação, sugira. Não queira exprimir nada, declarar, dizer, palavrear, tagarelar, discursar, conversar, nem se opor, com o silêncio e finalmente, calar.

Já era tarde e a fadiga ocular, mental e aquele sentimento de ter empobrecido intelectualmente após mais um dia eram as melhores companhias. Quem sabe alguma leitura minimizasse a sensação? E lá estava aquele desabafo raivoso, com todo o sentimento do mundo, que apenas merecia atenção.  Teve a minha.

Descrito com riqueza de vocabulário, com todo o cuidado para não ser banal. Sem repetições, com começo, meio e fim. Que final! “Não sou um pênis que fala” – me atrevo a parafrasear.

Não sei como a história que motivou os brados sinceros de origem tão particular foi finalizada. Isso na verdade não importa. A frase final ficou na minha mente por mais tempo. 

Veio-me a mente rostos conhecidos de outros homens que percebi /imaginei serem capazes de ter algum bom sentimento, honesto que fosse, num contexto onde havia uma mesa de bar, cerveja gelada e citavam ratos de laboratórios. Ninguém inveja o lugar dos ratos de laboratórios. Porém, todos fazem testes e planejam conquistar o mundo. Não o fazem?

Em outra conjuntura, onde um tom mais ácido os ofendeu. Apenas retiraram-se. Silenciosos, ambos. O ele em questão e seu pênis. Pena lembra-lo com seu olhar doce. Deveria esquecer.

Nossa sociedade é talhada por conceitos preestabelecidos que se disfarçam do politicamente correto, numa necessidade grosseira de criar modelos de indivíduos atualizados e com as respectivas capacidades em evolução. Porém, a liberdade e igualdade defendidas não são assim tão simples nas relações. O homem não aceita o mesmo tratamento que faz uso às vezes. Ele usa, não é usado. A marcha das vadias que não me deixa mentir.

Sugerir uma relação sem compromisso, onde o sexo é uma convenção social sem cobrança ou rótulos, pode insinuar modernidade em demasia. Há àqueles que resguardam seus membros, para que não sofram danos e ofendidos se emudecem, porque o silêncio também comunica. Desaparecem.

Em contrapartida, há os que se considerem bons demais para restringir a oferta. Porque sucessivamente haverá tempo e um lugar quente em algum ventre carente. Por que escolher um?

Os bons pagam pelos maus. As pessoas não são iguais, deveríamos lembrar-nos disso. Nunca o fazemos. Mesmo assim confundimos. Um pênis que fala?

Nessas mesmas conversas de bar, lembro de alguém ter sido ovacionado quando disse algo muito parecido com: “vagina é muito bom, pena que a mulher vem junto”.  Membros ganham personalidades próprias, nomes, apelidos. Falar seria um novo sentido. E as duas cabeças vulgarmente mencionadas, não faz ninguém mais inteligente, nem menos. 

Há pessoas além de seus membros sexuais, que sentem, sofrem, pensam. Algumas até são realmente capazes de amar, de ter sentimentos sinceros por outras pessoas. 

Outras são obsessivas não gostam de verdade de ninguém, apenas querem provar para si e para quem servir de plateia que conseguem fazer com que os outros gostem delas. Se apaixonem perdidamente, para que elas possam esnobar. Você conhece alguém assim. Se não, vai conhecer, lamento informar.

Esse tipo sempre terá um truque na manga, para fingir não estarem interessados, por necessidade de se sentir desejáveis. Essas pessoas não têm problemas em lidar com a rejeição, apenas não admitem em hipótese alguma que ela aconteça. Se seus membros de fato falassem, o que diriam?

Sei que o homem de fortes valores que originou essa reflexão não quis dizer a fala em sua forma literal, se disse mais do que apenas um objeto sexual. Dotado de emoções, considerações, raciocínio, personalidade, crenças, brio. Isso está cada vez mais raro. Não se identifica fácil em classe social, nem em lugares onde tecnicamente se deveria instigar inteligência… 

Durmo com essa agora, enquanto mulher independente, de que não devo usar ninguém. 😉

Hellen Cortezolli