Febre Facebookônica


Os sintomas da FF começam a ser perceptíveis a olho nu, após a permanência do “impaciente” por mais de 24 horas em frente à tela do computador. Outro fator importante é o número de guias com perfis variados abertos no mesmo navegador.

Calafrios quando não há novas atualizações de status dos amigos (e nesse meio leia-se amigos, inimigos, pretendentes, possíveis pretendentes, peguetes e derivados dessa natureza). Podem evoluir para febres altas com variações de 39° C a 41° C causadas pela ausência de comentários e a indiferença de “curtir” em fotos, vídeos e feeds compartilhados.

É comum dores de cabeça, estômago e irritabilidade muito fortes, seguidas de palpitações e ardência nos olhos, provocadas pela grande quantidade de sal contida nas lágrimas de descontentamento.

O indivíduo pode ainda, apresentar coriza e suor nas extremidades dos membros superiores e inferiores, ocasionada pela alteração de humor. A pele pode tornar-se quente e avermelhada, sobretudo nas bochechas.  As razões raramente se aproximam da vergonha.


Após 2 ou 3 dias a fraqueza mental e fadiga podem provocar spans de fotos com temas variados, tais como: dor de corno, suicidas, combate a inveja, demonstrações públicas de uma felicidade inexistente e humanamente impossível e principalmente de campanhas que não influenciarão em nada o tráfico de trollar pessoas, a deturpação de frases ditas por autores que nunca as disseram, a violência desnecessária nos comentários  e o uso excessivo de photoshop nas fotografias de celebridades e candidatos a mais anônimos ainda.

Tratamento

Por ter sido diagnosticada recentemente, a enfermidade ainda não tem tratamento eficaz. Alguns especialistas alertam que a desativação temporária de perfis, não diminui a possibilidade de contágio. 

Hellen Cortezolli

No calor das discussões


Toda discussão, arranca-rabo, confusão ou banzé é motivada por algum outro sentimento forte, que serve de combustível para que ela surja da caixa preta, protegida pelo medo de se expressar ou de magoar alguém com quem nos importamos.

Mas, o chamado discurso lúdico que sugere a maneira mais democrática de contrapor ideias, é um poderoso instrumento num universo desigual onde o voto ainda é obrigatório. E, o contexto se torna uma grande mentira muito bem contextualizada. Todavia, lúdico quer dizer jogo e ninguém entra em uma disputa para perder.

Assim, com base nessa frágil estrutura o sentimento forte é superficial só no nome, porque na verdade foi tímido ou pouco racional. Assumem duas personalidades a mágoa ou a dívida, nem vou citar a inveja, vou deixar se debater de ódio por pura maldade. 

A mágoa vem disfarçada de um conceito pronto, ou obviamente pré-estabelecido. Alguém diz algo que não convence e desperta à interpretação, quase sempre errada do tema em questão, tudo isso com elevado grau de persuasão. E, começa o lá e cá para ver quem está certo. 

Os argumentos tem a finalidade de ser fundamentados na razão, mas ela se perde depois da primeira esquina, na curva do sentimento real. Aquele que ficou escondido na quarto embaixo das cobertas e chorou esse tempo todo por simplesmente não ter tido força para reagir à altura no calor dos acontecimentos. 

Já a dívida é mais escancarada. Quem deve se morde logo, a natureza dessa discussão é mais violenta, não tem finalidade nenhuma de ser lúdica, longe disso. A ideia é que tome a forma de gritaria generalizada e ganhe os moldes dos homens das cavernas, até que prevaleça o mais bruto.

Bom, não importa se as estruturas ficaram estremecidas, formaram a base manipuladora ou ainda, quem prevaleceu como o mais importante, inteligente ou manteve o controle das emoções, não há nada mais triste do que a sensação de não ter dito tudo!

Hellen Cortezolli

Todo mundo é meio psicopata


Acredito realmente que somos arrogantes demais para admitir algumas coisas, costumo responder sobre questões religiosas da mesma forma, pelo menos até hoje colou: “creio em muita coisa e duvido de tudo”. Funciona como uma armadura para pregação que vem de qualquer lado. Sei lá, mas é verdade.

Gosto de imaginar outras possibilidades de ser eu mesma. Só para exemplificar, mudei radicalmente várias formas de encarar “meus mundos”, não sei até que ponto possa alterar a essência, contudo, ainda não fui confrontada e imagino que a honestidade sobre alguns comportamentos venham à tona a partir da pressão, do susto. Rs rs.

Baseada na “achologia”, não há como não criar expectativas, esperar alguma coisa de alguém, do dia, das horas, faz parte de estar vivo. Planejar vem em seguida… Assim como as frustrações.


Essa alternatividade de certa forma traz conforto. Os psicopatas não sentem remorso e culpa é um negócio que não combina com nada que se tenha novo no guarda-roupa. Às vezes fingimos nos importar e essa empatia construída é proposital.

Trago comigo outra regra básica, desconfiar ainda mais de quem se desculpa com facilidade.  Admitir o erro é doloroso e, creio na dor.

Há quem leve isso tudo muito a sério, e resolva procurar “amigos caros”, não é para ir a balada não, uso essa expressão para psicólogos/psiquiatras/ terapeutas/guias espirituais/charlatões, enfim… 


Alguém que ouça suas lamúrias por prazos definidos, faça cara de inteligente (leia-se também que não se assuste com suas teorias maquiavélicas) e finja estar tudo bem. 

Talvez a sensação no final daqueles minutos intermináveis seja de que você psicopata que é, não teve culpa de nada e “a vida dói, é bom se acostumar” – (adoro essa frase, tirei de um filme com a Geena Davis).

Quem não tem grana ou tempo, repete várias vezes para si mesmo como uma espécie de mantra coisas que não fazem sentido, mas sabe como é… Uma mentira contada várias vezes pode se tornar uma verdade. E, é tão fácil ser vítima das circunstâncias.

Então, mesmo que por um instante essas linhas tenham provocado surpresa, duvido que você nunca utilizou de charme, dramatização, tenha manipulado um pouco as coisas em benefício próprio, intimidado alguém (adoro essa), se valido de sexo ou violência para controlar uma situação ou alguém. 

Convenhamos, todo mundo é meio psicopata, só acredita chamar de outro nome.

Hellen Cortezolli

O equilíbrio subliminar


Gostamos muito de reclamar do clima e Deus deve perder a paciência conosco. Então, num momento seria bom que no fim de semana chovesse porque assim seria melhor para namorar, com sol para organizar um churrasco com os amigos…  (Se você estiver em Macapá tem o privilégio de optar, só depende da sua vontade de se deslocar para a zona norte ou sul, se estiver com sorte).

Reclamar do trânsito é preferência nacional, isso é racionalmente impossível, mas aparentemente vivemos em uma fábula onde o trânsito é um serial killer. Tem vida própria e se levanta todos os dias pela manhã para fazer vítimas em qualquer lugar do mundo. Isentamos as pessoas responsáveis por guiar seus automóveis, bicicletas, passos ou animais de estimação pelas vias públicas. Não é culpa delas, é do monstro! 

O que seriam das manchetes dos jornais paupérrimos sem criatividade com letras garrafais se não fossem as atrocidades cometidas por esse cara, o trânsito?

Protestamos contra mulheres, por serem gordas, outras magras demais, feias ao extremo, bonitas em excesso, bem vestidas, gastadeiras, na última moda, “démodé”, mãos de vaca, mal amadas, invejosas, deslumbradas, ingênuas… 

Resmungar sobre os homens com sua visão além do alcance para dirigir e olhar as pernas e bundas que desfilam pelas calçadas, das manias e gostos sobre tudo, pelos interesses no que não nos provoca interesse algum. O pior é nos interessamos seriamente por esse tipo… 

E, quando discorremos negativamente em frente ao espelho sobre nós mesmos, do peso, emprego, das rugas, dos cabelos, da falta de experiência, do medo de envelhecer, da bunda e peitos grandes ou pequenos, depende do que temos vontade de usar, blá, blá, blá. 

Ah!… Cansei de imaginar do que reclamamos todos os dias.

A força das iniciativas dos defensores das causas igualitárias é válida, e era disso que conversava a boca pequena com um amigo muito amado. Mas, desde a faculdade percebi que as coisas não tão boas, assim como os profissionais ruins e toda aquela lista quilométrica que você tem aí guardada em lugar seguro do seu modelo ideal de mundo, são o mal necessário. 

Os sentimentos verdadeiros que instigam o raciocínio lógico, as paixões avassaladoras, aquilo que te move rumo à realização dos seus sonhos, a vulnerabilidade das relações, tudo precisa acontecer para se ter noção do que é certo ou errado, ideal ou imperfeito, bom ou ruim e, mesmo que tenhamos isso de ter isso em mente, sempre arrumaremos algo para reclamar.

Faz parte de um todo no qual somos insignificantes.

Se tudo e todos fossem sempre tão perfeitos, com os mesmos propósitos, pensamentos, manias, cores preferidas e diálogos, seria algo muito parecido com o céu ou o paraíso. 

Que saco! 

PS – Rs rs.

Hellen Cortezolli