Defina: dança (sobre o filme Wall-E) – Crônica/resenha de César Cardoso

Crônica/resenha de César Cardoso

Muito mais que “bonitinho”, Wall-E é, pra mim, um filme que fala muito sobre transformação. Transformação de pensamento, comportamento e vida. Acho que é essa a parte mais interessante: as pequenas transformações que ele vai causando nos personagens ao longo da história. Assim como o robozinho, certas pessoas que passam pela nossa vida, acabam por ocasionar pequenas revoluções. Gestos simples que aparentemente não fazem o menor sentido em um primeiro momento, mas que depois de um tempo nos mostram que a vida é sempre maior do que imaginamos e, portanto, sempre nos guarda uma surpresa e nos deixa com aquela sensação de “pqp! como eu não sabia disso!?”. Acho que deve ser por isso que não gosto de dormir. A impressão que tenho é que, de alguma maneira estranha, estou perdendo algo importante.

De repente, Wall-e pede passagem para uma moça que estava em sua cadeira e ela, ao ter o seu monitor quebrado, descobre que dentro da nave tem uma piscina. Assim como, mais tarde, ela descobre quantas estrelas pode ver da janela e um mundo novo se abre diante dos seus olhos. Assim como abre a cabeça do comandante que, ao descobrir que o planeta terra é o seu verdadeiro lar e, portanto, algo que vale a pena lutar para ter de volta. Ele descobre também que, assim como todos os habitantes da nave, ele não vivia. Era apenas uma amostra de seres que sobreviveram e seguiram adiante depois de uma catástrofe ambiental ocasionada pelo excesso de lixo. 700 anos não foram suficientes para a limpeza do planeta, mas foram para uma mudança de comportamento. Antes tarde do que mais tarde.

Talvez as pequenas mudanças de comportamento sejam mesmo responsáveis pelas maiores revoluções em nossas vidas. Uma música que ouvimos, a palavra de um amigo, um cara estranho que nos dá um “bom dia” ou nos dá passagem… Esses pequenos “Wall-E’s” estão todos aí e raramente nos damos conta disso. Isso me lembra que, há um tempo atrás, escrevi aqui sobre quais foram os meus.

Quais formam os seus?

Fonte: Retratismo do Cotidiano.

Em defesa de “Mama Guga” e de vários outros escritos daqui – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Surpreso com a notícia que as obras “Mama Guga” e “O centauro e as Amazonas” teriam sido retirados de prateleiras de uma certa livraria da cidade, com a alegação que eram, pasmem, “não recomendável para leitura de jovens”. Em primeiro lugar eu ri, depois pensei com meus botões:

“Nossa nossos jovens amapaenses tão ricos culturalmente, com extensa e ampla programação cultural voltada para seu deleite e conhecimento, para que os mesmos se tornem cidadãos exemplares e continuem a espalhar conhecimento por gerações e assim mostrar a todos o nosso riquíssimo conhecimento intelectual”, nem preciso dizer que contem sarcasmo.

Mama Guga” é uma obra genial de autoria do grande Fernando Canto, digo grande por que uma figura dessas circulando por aqui é realmente um privilegio, Canto é um ser que inspira e transpira conhecimento, seja como excepcional sociólogo ou como artista que consegue transitar como poucos pela musica, literatura e pintura. O cara é realmente um exemplo que sem mais firulas não posso deixar de dizer que se estivesse no sul ou sudeste deste imenso país já teria seu reconhecimento. Sem exageros o cara pode ser comparado ao João Ubaldo e o imenso Darcy , os dois Ribeiros.

Fernando Canto, o maior escritor vivo do Amapá.

Na já citada obra, na qual eu me refiro neste texto o autor consegue com destreza impar reunir vários textos e contos com temática amazônica e que nada de pornográfico ou chulo que assustaria os nossos mais puros e incautos leitores jovens.

Quando soube do ocorrido, me lembrei dos saudosos “Catecismos” do Zéfiro ou as “Piadas do Costinha”, porra. Até pensei essa alegação sim foi a mais pura sacanagem.

O grande cabedal de obras do autor falam por si só, “O Balsamo”, “Quando o Pau Quebrar”, “Equino Cio” , “Os Tempos Insanos” e “Adoradores do Sol”, cito esses que já li e posso falar, uma leitura franca, que envolve o leitor por ser fácil e prazerosa para quem se aventura em escritos.

Gostaria de saber as graduações literárias de quem do alto de sua expertise ou salto alto conseguiu proferir tal desculpa esfarrapada para que os livros fossem devolvidos, será que apenas J.K. Rowling e George R.R. Martin estão autorizados a chegar nas cabeceiras e mentes dos nossos jovens .

No mais espero mais espaços para que a produção local possa ser apreciada, onde autores como o próprio Fernando Canto assim como o Júlio Miraguaia, Mary Paz e o Elton Tavares dentre os muitos outros possam ser apreciados e respeitados. Onde o conhecimento local chegue a os jovens e a cultura local seja repassada.

Espero que a programação cultural voltada para o publico jovem seja mais que a praça, boate e show do Gustavo Lima e que pessoas mais conceituadas se entreguem ao mercado literário local para que afirmações descabidas, preconceituosas e por que não burras sejam parte do passado.

Em tempo a internet já esta ai para desvirtuar os nossos jovens não joguem a culpa nos livros.

Como diria Paulo Freire “ A leitura é um ato de amor”.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia. Ainda não leu “O centauro e as Amazonas”.

Escrotos legais, falsos bacanas e a velha conveniência – Crônica de Elton Tavares (ilustrada por Ronaldo Rony)

Um dia, durante uma conversa com uma amiga, ela disse: “existem pessoas com grandes qualidades, que abafam seus defeitos, mas ninguém está imune de ser escroto”. Concordo plenamente! Não que eu possua conhecimento amplo sobre a natureza humana. É só meu achômetro mesmo.

Não sou santo. Procuro não fazer mal a ninguém. Meu falecido pai sempre dizia: “Não faça mal a ninguém e já estará fazendo o bem”, e tento me nortear por essa filosofia. Mas muitos me acham escroto – ledo engano. Só sou autêntico e sei dizer não. Também não faço média, não me iludo ou me empolgo facilmente.

Sei que é preciso respeitar a liberdade, seja das ideias, artística, comunicação, etc. Até aí, tudo bem. Pois discordar é preciso, afinal, o debate de ideias é que formula teorias e métodos para o desenvolvimento humano. O problema é a minoria impertinente e maldosa. Esses me deixam aporrinhado.

Acredito que existem pessoas más tentando ficar boas e que figuras que foram legais a vida toda se tornam babacas, da noite para o dia, muitas vezes por conta de motivos pífios.

Como eu já citei em outro texto, em um de seus contos, o escritor alemão Franz Kafka disse uma vez: “existem bestas-feras”, que detonam tudo, ferram com a sua vida. Mas mesmo sendo feras, não deixam de ser bestas”. Cirúrgico!

Por exemplo, muitos, que não me conhecem, pensam que sou um boçal. A quantidade de amigos que tenho (e me gabo sempre disso), que são muitos, desmente tal discurso. Tudo bem, às vezes sou insolente, pois nunca fui dado a hipocrisias e acredito que, em dadas ocasiões, uma porrada é mais do que justificável.

É com coração entrecortado de tristeza que vejo pessoas queridas embarcarem na onda desses vermes numa passagem subterrânea escurecida. Um dia esse show de horrores acaba por si só. Pois esse pessoal não consegue fingir pra sempre. Esse texto é um recadinho para os que acham que não sei das coisas. Detesto meias verdades e mentiras sinceras. E isso é coisa séria. Muito séria.

Conheço muitos escrotos legais, que são turrões, geniosos e até mal educados, mas possuem boa índole e falam tudo pela frente. Mas também saco falsos bacanas, que distribuem simpatia, fazem sala, capa e demais artifícios comportamentais para algum tipo de proximidade. Estes são verdadeiros mestres em sua escrotidão.

Enfim, bondade e maldade são trabalhadas de acordo com seus respectivos interesses e conveniências. Mas fica a dica: eu sei!

Quem só tem martelo pensa que tudo é prego.” – MARK TWAIN.

Elton Tavares

A infinitude da pressão estética: porque nunca vamos ser bonitas o “suficiente”

Por Fernanda Fonseca

Acho que muitas pessoas já devem ter escutado ou lido algo sobre o Mito de Sísifo, mas para aqueles que não estão familiarizados com o nome, vou tentar resumir a história: Sísifo era um rei da Grécia que após desafiar os deuses repetidamente (incluindo Zeus e a própria Morte), foi condenado a empurrar uma pedra até o cume de uma montanha por toda a eternidade – e eu falo em “eternidade” porque toda a questão desse mito é que quando Sísifo achava que estava chegando ao topo, a pedra rolava para baixo novamente. O que os deuses queriam era castigar Sísifo com uma tarefa fútil e sem sentido, já que não importava o que o rei fizesse, a pedra sempre rolaria para a base da montanha e ele teria que começar tudo de novo, dia após dia.

Esse mito pode ser usado como uma alegoria para várias coisas: relações de trabalho, capitalismo e etc., mas hoje eu quero falar de como a pressão estética também tem muito a ver com Sísifo e sua pedra.

Para começar, pressão estética é (resumidamente) os padrões de beleza que são impostos às pessoas – principalmente mulheres – de como sua aparência deveria ser. Esse falso ideal de beleza cria uma imagem do peso, pele, cabelo e altura desejáveis, tendo como referência o que está sendo disseminado pela mídia. Como eu já mencionei em um texto anterior sobre o livro O Mito da Beleza, da escritora americana Naomi Wolf, diariamente somos bombardeados por essas imagens de beleza que dizem como a nossa aparência deveria ser e o que devemos fazer para chegar lá. Dietas, remédios, cirurgias e produtos estéticos são apresentados como salva-vidas milagrosos capazes de sumir com todas as imperfeições que você nem sabia que tinha. E isso não tem fim. Constantemente, somos apresentados a novas tendências estéticas que dizem o que é bonito e o que deixou de ser, convencendo-nos a novamente sair em busca de algum padrão recém inventado.

E é nesse ponto que mora a similaridade com o Mito de Sísifo: a continuidade de uma tarefa que não tem fim e que mesmo depois de nossos esforços, obriga-nos a começar de novo. O que a pressão estética faz é se reinventar conforme o período e as mudanças do próprio mercado. Durante a década de 50, por exemplo, as revistas femininas enchiam suas páginas com anúncios de maquiagens, mostrando modelos extremamente produzidas e as associando com os ideais de feminilidade que eram esperados das mulheres nessa época. Hoje, o que a mídia anuncia são rostos com “menos” produtos, aplaudindo uma suposta beleza natural que se restringe apenas àqueles com a pele sem nenhum resquício de imperfeições – sem acne, sem manchas e sem falhas. E é através dessa narrativa que o ciclo da pressão estética se retroalimenta, desbloqueando novas inseguranças e alimentando um mercado que irá lucrar com esse processo.

E coisas novas surgem o tempo todo. Você navega pelas redes sociais e descobre novos padrões de beleza a serem almejados e o que fazer para conquistá-los (e geralmente esse processo de conquista envolve dinheiro, poder de compra e tempo). Lembro de quando vi numa rede social que a nova característica física que estava na “moda” eram os chamados “fox eyes” (olhos de raposa), que incluía truques de maquiagem e até cirurgia para dar um aspecto mais alongado aos olhos. Além de todo o debate sobre racismo e apropriação de traços comuns em pessoas asiáticas pela mídia mainstream, a questão é que esse também é um exemplo de como o mercado está constantemente a procura de novas características para usar como um padrão estético a ser desejado. E a mídia é central em todo esse processo: segundo o site da revista Vogue, em 2020, vídeos com a hashtag “fox eyes” geraram mais de 74 milhões de visualizações para a plataforma do TikTok e o mesmo fenômeno também pode ser visto no YouTube, com tutoriais de maquiagem e vídeos que incentivam o procedimento cirúrgico reunindo milhares de curtidas e visualizações.

Constantemente, esses novos padrões aparecem na mídia e tentam nos convencer de que precisamos alcançá-los: ter aquele corpo, pele, cabelo, etc. Isso movimenta o mercado e também aprisiona as mulheres e todos aqueles que sofrem com a pressão estética em algum grau. Ela nos faz acreditar que se nos esforçarmos o suficiente – comprando produtos, fazendo regimes, etc. – vamos chegar lá, conseguindo, enfim, levar a pedra até o topo da montanha. Mas ficar presa em uma rotina que consiste em se esforçar para alcançar um padrão de beleza, para logo em seguida ter que começar novamente por que algo novo apareceu, é cansativo, desgastante e caro.

Então, assim como Sísifo, voltamos repetidamente para a base da montanha, olhando para o cume e imaginado se um dia vamos conseguir quebrar esse ciclo. Mas até lá, seguimos empurrando nossas pedras.

*Fernanda Fonseca é amapaense e acadêmica da Jornalismo na UnB.

Fonte: Escrevi Elas.

CNBB alinha-se aos que se repugnam com o discurso de Bolsonaro, que tenta solapar a democracia

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já deixou claramente explícito que a Igreja Católica rejeita enfática e solenemente quaisquer manifestações que pretendam, explícita ou implicitamente, fragilizar as instituições e, em consequência, solapar os pilares da própria democracia.

Num vídeo que até o início da tarde deste domingo já conta com mais de 50 mil visualizações, o presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, faz um apelo à concórdia (“somos irmãos inclusive daqueles com quem não concordamos”), manifesta sua preocupação com o “sentimento de raiva e intolerância” que domina o País, deplora quem incentiva o armamento da população (é o caso do Mitômano, que defende comprar fuzil, em vez de feijão) e exorta a adoção de políticas públicas que voltem sua atenção para as minorias (inclusive os índios, tidos como um estorvo pelo governo Bolsonaro).

Sobre as manifestações programadas para 7 de Setembro, dom Walmor registra uma advertência contundente. “Não se deixe convencer por quem agride os poderes Legislativo e Judiciário. A existência de três poderes impede o totalitarismo, fortalecendo a liberdade de cada pessoa. Impendentemente de suas convicções político-partidárias, não aceite agressões às instituições que sustentam a democracia. Agredir, eliminar, hostilizar, ignorar ou excluir são verbos que não combinam com uma democracia que busca cada mais se consolidar”, afirma o bispo.

Vejam, no vídeo, a íntegra da mensagem do presidente da CNBB.

Fonte: Espaço Aberto.

Só uma dose de felicidade  – Crônica de Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena

Crônica de Lorena Queiroz

Eu, como uma boa curiosa que adora enfiar o nariz nos caminhos inquietos da filosofia, nunca acreditei na felicidade como um estado permanente ou como algo que tivéssemos como certo ou incerto de se conseguir na vida. Sempre acreditei em pequenas, e se você tiver sorte, periódicas doses de felicidade servidas em um copinho de cachaça, horas sim e outras não. Uma dose de riso. Outro dia, uma dose de amor. Semana que vem uma dose de satisfação e raras vezes, uma dose de justiça. A situação humana atual é tão irônica que dividimos parte de nossa esperança em duas doses de vacina.

Existem dias que você terá um balde de tristeza, um copo americano de preocupação. E são nestes momentos que àquela dose, que parecem até amostras de propaganda de marcas de café oferecidas no supermercado, algo que parece tão irrisório quando medido em ml, mas que pode nutrir por mais algum tempo. E pra falar a verdade, quem pode determinar o que é essa tal dessa felicidade?.

O filósofo francês Pascal Bruckner disse que a felicidade não é algo que provocamos apenas pela força do desejo, pois se assim fosse, todos nós seríamos felizes para sempre. É importante lembrar que a felicidade não é algo padronizado, pois temos desejos, perspectivas e almas diferentes. Outro filósofo francês, Luc Ferry, disse em uma entrevista que: “a felicidade é uma ideia absurda e impossível, pois tudo que nos faz felizes nos torna infelizes também. Inteligência faz alguém feliz? Dinheiro faz? Voltar-se apenas para seu estado , faz?. Ou será que o que existe mesmo são os momentos de alegria e espaços de serenidade, entre uma perturbação e outra, inerentes à vida humana?”

O fato é que é muito difícil reconhecer a felicidade porque não existe em forma permanente, e como seres teimosos que somos, continuamos feito criança que corre atrás da pipa levada pelo vento. Almejamos sempre algo que ainda estar por vir. E quem sou eu para criticar qualquer falta?, não ouso, já que meus pensamentos sempre se processam como a narrativa epifânica de Clarisse Lispector.

Pintura “Alexandre e Diógenes”, de Nicolas-André Monsiau (1818).

Durante um tempo eu havia esquecido Diógenes e Alexandre, o grande. Quando em seu banho de sol, Diógenes, interrompido por Alexandre, lhe ofereceu metade de suas riquezas para que Diógenes o acompanhasse. E Diógenes, respondeu: – ‘’De você não desejo nada, apenas que saia da frente do meu sol pois estás me fazendo sombra”. A gente tem a tendência a procurar coisas em lugares errados, dificilmente valorizamos obviedades.

Uns dias atrás eu tive o vislumbre da dose. Ela pode ser singela, pequena, ou um milhão de outras coisas para as mais diversas pessoas, mas para a pessoa que tomou esta dose, foi necessário. Minha sogra acompanha o trabalho do senador Randolfe Rodrigues e tem um enorme carinho e admiração por ele. Claro, sua atuação na CPI merece todos os nossos aplausos.

Dona Chica

Sendo assim, através do meu melhor amigo, Elton Tavares, o senador tirou um pouco do seu tempo e gravou um vídeo extremamente carinhoso e atencioso para nossa Chiquita. Confesso que me emocionei com a reação dela ao carinho inesperado. Ali eu vi, uma dose de felicidade. A felicidade simples de Mário Quintana. A felicidade como gota de orvalho numa pétala de flor, como disse Agostinho dos Santos e Jobim.  Fui dormir me nutrindo com a dose alheia e, quem sabe, outro dia, a vida e Epicuro lhe tragam outras doses, brindemos.

*Lorena Queiroz é advogada, amante de literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site.

Eu não ligo…

Geralmente me incomodo se uma roupa aperta, pois sou gordão e o mundo de hoje cobra cada vez mais corpos malhados e gente na moda. Duas coisas que não tenho, a boniteza corporal e nem vontade de acompanhar moda alguma. Mas no fundo, no fundo, não ligo. Mesmo. Se ligasse realmente, tinha emagrecido e andava todo na pinta, como a maioria dos quarentões/cinquntões chatos e “fitinex”.

Outra coisa é papo de música…Eu realmente não ligo para o que toca na rádio e nem se fulano gosta de sertanejo, beltrano gosta de axé, cicrano gosta de pagode ou zé mané curte funk, toada e afins. Eu só não escuto, não frequento locais ondem tocam essas merdas e nem julgo quem gosta. Ah, também não ligo se a pessoa não gosta do meu gostar.

Carrego vários rótulos nas minhas costas largas. Alguns com razão de ser, mas muitos nada a ver. Mas realmente eu não ligo.

Não ligo para o que acham que sou ou que faço. Sei dos meus atos e quem sou. O resto é doidice de quem pira por qualquer motivo. Minha consciência segue tranquila, pois sempre fui literal quanto ao meu comportamento e honestidade para com todos.

Não preciso provar nada para quem sabe quem eu sou. Muito menos para quem não sabe, pois estes não me importam.

Se você liga e não é feliz por conta dos outros, você é uma pessoa totalmente desligada de si mesmo, o que pode custar caro, já que é certo dizer que o caminho da paz interior passa obrigatoriamente pelo autoconhecimento.

Não que eu ligue. Não ligo. Não mais. É isso.

Elton Tavares

Datas curiosas: hoje é o Dia Internacional do Blog

Arte: Ana Beatriz Santana

Este site, que já foi um blog e mantém esse nome, possui uma sessão intitulada “datas curiosas”. E vejam só, hoje é o Dia Internacional do Blog, este espaço virtuais que reúne imagens e relatos pessoais e institucionais, sobre os mais variados assuntos. Essas ferramentas on-line são, em sua maioria, locais criativos no mundo cibernético.

A origem da data se deu por conta de que, na língua portuguesa,  existe uma relação visual (3108), com a palavra “Blog”(português brasileiro) ou Blogue (português europeu). Daí, foi estabelecido de forma informal o dia 31 de agosto como o Dia Internacional do Weblog, Blogue ou simplesmente Blog.

O De Rocha! foi um blog por cinco anos – de 2009 a 2014. Depois virou site, mas mantivemos o nome da antiga plataforma: “Blog De Rocha! – Elton Tavares”.

Manter uma página virtual atualizada, com credibilidade e conteúdo interessante dá um trabalho danado. Me empenhei nisso e acho que consegui ser um blogueiro, à época, e um editor, agora – de razoável a bom. Agradeço a todos que ajudaram nessa trajetória.

A proposta desta página foi segue uma mistureba, mas com foco na cultura. Além de expor meus pontos de vista, críticas leves e pesadas ou elogios amenos e exagerados aos que merecem. Sempre digo que, quanto mais páginas, melhor.

Arte: Marcelo Corrêa.

O problema é a megalomania de sapato alto (desculpem a redundância) de alguns, que possuem uma poquequinha de leitores, mas já boçalizam pensando serem os Escolhidos da Internet Celestial. Bom, deixa eles pra lá.

Por aqui, seguimos na humildade, com muita colaboração, graças à Deus.

Para o sucesso, as parcerias são essenciais. Além de fontes de informação, fortalecem o mercado virtual, ainda fracote nessa terra no meio do mundo. Amo divulgar cinema, teatro, poesia, atrações musicais, arte; enfim, cultura e todas as suas vertentes. Além de informações relevantes para a sociedade onde vivo, no caso minha Macapá e meu Estado. Ou seja, serei um eterno blogueiro.

O importante é que os nós, jornalistas profissionais, editores de sites e blogueiros, agilizam a velocidade da notícia e divulgação da cultura. Claro que é preciso ter responsabilidade e checar sempre a veracidade da fonte, pois não faltam disseminadores de boatos e mentiras, no afã de agradar o chefe ou dar a notícia em primeira mão.

Arte: Ana Beatriz Santana

Ah, um feliz Dia do Blog para todos os favoritos listados no layout desta página. Em especial aos jornalistas Alcinéa Cavalcante; Alcilene Cavalcante;  Mary Paes;  João Lázaro (Porta Retrato); Ivan Carlo (Ideias Jeca Tatu); Chico Terra (página homônima); Jaci Rocha (A Lua não dorme); Flávio Cavalcante (Pedra Clarianã); Cléber Barbosa e todos blogueiros brothers. E, por fim, mas não menos importante, parabéns aos meus colaboradores, companheiros que ajudam esta página com poemas, fotos, causos e etctera. Obrigado!

Elton Tavares – Jornalista, assessor de comunicação, ex-blogueiro, escritor e editor-proprietário do site Blog De Rocha!

Comunicação regional e o direito à informação e à cultura – Por @danalvesjor

Por Daniel Alves

Para haver uma boa comunicação é necessária reciprocidade entre os agentes envolvidos. O falante e o ouvinte devem estar atentos e familiarizados com as mensagens, com o risco da formação de ruídos prejudiciais a interlocução. Entretanto, a informação, no mesmo caminho do entendimento, encontra-se afetada quando olhamos na perspectiva da cultura regional.

O mundo cresceu e com ele as estruturas sociais se globalizaram, estabelecendo homogeneidades das práticas culturais, econômicas, dos padrões de produção e consumo. O local tornou-se também global. A evolução tecnológica elevou a comunicação a outros patamares, quebrando barreiras territoriais da informação.

Com todos esses avanços informacionais, fica difícil conceber as velhas dificuldades para uma comunicação voltada ao regional. Na verdade, é possível perceber que atualmente conhecemos o mundo pelas ondas digitais, no entanto, somos ignorantes na percepção da nossa realidade local. Mas por que isso acontece?

Regionalidade em Segundo Plano

Notamos que os meios de comunicação como o rádio e a televisão, tradicionais elementos de difusão em massa, ainda são os principais obstáculos para o acesso aos conteúdos inerentes de grupos sociais com menor representação na sociedade. É perceptível a dificuldade desses agentes de se comunicar sobre seus fundamentos, mas é ainda pior na esfera global, onde poucos conseguem difundir suas realidades.

Já em atividade mais recente, foi com o surgimento da internet e, principalmente, das redes sociais, que alguns grupos começaram a mostrar-se, mas o que não garantiu a eles o conhecimento expandido dentro do próprio ambiente regional, já que no meio de tantas informações esses conteúdos acabam ficando sempre em segundo plano. Dessa forma, a liberdade de expressão e informação, como previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, continua limitada.

Os conflitos de interesse e falta de representação

Esse impasse, encontra motivações no modelo de distribuição de mídias no Brasil, concentradas nas mãos de pequenos grupos econômicos que não atendem o direito à comunicação e à cultura em sua plenitude. A legislação brasileira define os meios de radiodifusão como concessões públicas, pela natureza fundamental à cidadania, ainda assim, não vemos a diversidade brasileira representada nas grades de programação.

Na região norte do Brasil, temos uma tentativa encampada pelas redes nacionais de televisão em produzir conteúdos locais, a partir das emissoras afiliadas. Seria o mais próximo que chegamos de uma comunicação regionalizada, pois dentro desse grupo são produzidos conteúdos direcionados a região. Infelizmente, somente parte da programação atende a questão noticiosa dos Estados, sem amplitude para o desenvolvimento das culturas e histórias das relações sociais locais.

O Monopólio do Rádio

No rádio, veículo de comunicação com vocação natural para a regionalização, ingressei estudo em 2017 sobre as rádios comunitários do Amapá. Naquela época, segundo dados do Ministério das Comunicações, o Estado tinha o registro de 19 entidades autorizadas a exercer o serviço de radiodifusão comunitária nos 16 municípios.

Na programação desses meios havia um predomínio de programas religiosos e musicais, sendo que os de caráter informativo apareciam em poucos casos. Esses instrumentos se mantinham nas mãos de igrejas e grupos políticos, mesmo a lei 9.612/98, que regula o setor, determinando um cunho educativo, artístico, cultural e informativo da região atendida.

Nesse caso, nos pontos onde a comunidade deveria participar no processo de produção do conteúdo, notamos a presença dos interesses individuais dominantes. Esses veículos, que deveriam cumprir um papel fundamental de difusão das existências locais, quase não promovem mudanças onde estão inseridos. No mundo atual, o direito à comunicação é fator primordial para a cidadania, pois garante a todo indivíduo a oportunidade de opinar sobre os contextos sociais.

Globalizar vs Regionalizar

Nesses tempos, é muito difícil o regional resistir ao global, mas ainda observamos alguns casos. Em 1967, o brasileiro Luiz Beltrão propôs a teoria da folk comunicação, que define os elementos folclóricos como o caminho para grupos populares desenvolverem sua comunicação, chegando de alguma forma aos veículos de massa.

A teoria surgiu da impossibilidade do acesso aos instrumentos comunicacionais massificados e de uso exclusivo das elites, assim, fortalecem-se os laços interpessoais dos grupos vulneráveis socialmente. Desta forma, o autor defende outro complexo de procedimentos para o intercâmbio de mensagens dessas classes, mais próximo de suas vivências.

Daí partiria um caminho para a comunicação e o conhecimento das classes que não detêm espaços ampliados na grande mídia para expressarem-se. Os instrumentos da cultura popular serviriam para a intermediação da informação produzida de fora para dentro e vice-versa. Esses meios são aqueles artesanais, elementos que muitas vezes já são considerados primitivos, sem uso por aqueles que controlam os instrumentos de informação pública.

Ao mesmo tempo que a comunicação se ampliou, muito do regional se perdeu. O uso dos elementos locais vem servindo mais para a publicidade e o mercado, que buscam a aproximação com suas audiências. É urgente a necessidade de expandir a cultura e a informação produzida nos bairros, pontes e locais de acesso popular. Talvez, desta forma, conseguiremos manter as identidades coletivas, além de propor um olhar para dentro das realidades que nos cercam.

*Daniel Cordeiro Alves é jornalista por formação, assessor de comunicação e especialista em Estudos Culturais e Políticas Públicas pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).

Entre Alguém e Ninguém, Regina tem razão! – Por @yurgelcaldas

Por Yurgel Caldas

Não. Regina Duarte – a ex-atriz e agora secretária especial de cultura do governo Bolsonaro – não é uma surtada, nem maluca, nem insana, nem doida, nem fora de si ou qualquer ideia que a retire de seu lugar de um ser que goza de perfeita racionalidade.

Regina Duarte não precisa ser interditada ou necessita de qualquer tratamento de cunho psicológico ou algo que o valha. Regina Duarte tem razão, e isso não significa que ela esteja certa, pois que apenas mostrou, como muitos nesse governo, que possui a racionalidade de que os humanos são dotados.

Regina Duarte apenas mostrou seu lado mais lúcido e claro de alguém afinada com a necropolítica do atual presidente: minimizou as mortes na ditadura militar brasileira e justificou o a omissão de sua secretaria em razão das mortes de artistas brasileiros que recentemente se foram – inclusive disse não conhecer Aldir Blanc, o Aldir Blanc, um dos letristas mais geniais da história da Música Popular Brasileira.

Além disso, Regina Duarte (agora, mais do que nunca, sem o filtro da representação teatral que envolve as personagens de sua vasta carreira, consagrada, aliás, como a Namoradinha do Brasil) não sabe conviver com o contraditório quando ficou ainda mais nervosa, na antológica entrevista concedida à CNN Brasil ao ter que discutir com sua colega, a atriz Maitê Proença, que cobrava uma atuação mais próxima da classe artística – afinal, estamos lidando com a Secretaria Especial de Cultura, que não é mais Ministério.

Regina Duarte, de posse de toda a sua racionalidade, teve todo o tempo do mundo para analisar o convite feito pelo próprio presidente para assumir esta dita Secretaria, e resolveu entrar para o Governo porque foi perfeita para o cargo e se alia a todo o planejamento desse grupo que tem assolado a economia do Brasil, tentando apagar a memória artística e cultural de seu povo. Regina Duarte, como ela mesma declarou, depois de um namoro, resolveu “casar” com Bolsonaro assumindo a Secretaria.

Ainda durante a campanha para presidência, Regina Duarte, em um encontro privado com o candidato Bolsonaro, declarou que ele “é um doce de pessoa”, e que as atrocidades que ele sempre disse eram “apenas da boca para fora”. Lá atrás, na campanha de 2002, Regina Duarte, durante o segundo turno das eleições, participou de uma peça do candidato José Serra, declarando que ela tinha medo da eleição do Lula, que acabou se concretizando. Aquele medo da Regina Duarte era o temor das elites econômicas e o medo da visão patriarcal e colonialista, que nunca deixou de lado os privilégios escravocratas, como o que pauta, por exemplo, o prefeito de Belém a declarar como “serviço essencial” o das empregadas domésticas.

 

Regina Duarte se arrisca a ser Ninguém quando deixar o governo, e isso será breve– ela será alguém que apaga sua própria biografia ao entrar para este governo, que se elegeu sem qualquer plano para a cultura do país. Regina Duarte sabe muito bem o que faz. E não se enganem: Regina Duarte, aquela dotada de razão, logo será uma Ninguém que terá passado por este governo, mas ainda há milhões de Reginas desfilando sua ignorância por esse Brasil afora.

*Contribuição do amigo Yurgel Caldas, que é professor de Literatura da Unifap e do Programa de Pós-graduação em Letras (PPGLET) da mesma instituição.

Amor nos tempos das “LIVES” – Por @Orlando_Fla_Jr

Por Orlando Júnior

Eu revisitei um clássico de García Marquez pra tentar entender o que vivemos, e agora acho que cheguei a uma conclusão: nós não nascemos pra viver juntos.

O amor que nos une, nos separa. A vida em um confinamento só te ajuda a saber que você não nasceu para estar junto, calma, não estou fazendo propaganda de separação de casais, mas a conclusão é tão óbvia que não vemos porque queremos forçar uma união que não temos.

Nós precisamos de espaço, de um lugar só nosso (nem que seja o banheiro), ninguém precisa que o outro esteja te olhando fazer o almoço, tirar o lixo ou lavar o tênis. E quando chega a noite e você vai ficar pensando no chulé do tênis que ele/ela não sabe lavar ou que não lava igual a você?

Quem necessita saber que ela/ele faz tudo cantando (muito desafinado), acabando com aquela música que você gosta tanto? Porque isso é importante? Nunca foi.

Rápido, pensa, agora, nos tempos de vírus, qual a necessidade de você saber detalhes da pessoa que é tão querida, mas que também tem tantos adjetivos (bons ou ruins) que você, apesar de estar junto há 5, 10, 15, 30 anos, não conhecia, e não é legal? Nenhuma.

O amor vai prevalecer, mas, seja honesto com você: vai ser PH…ficar lembrando essas merdas. Esse vírus é destrutivo; destrói vidas, não só fisicamente, derruba teu emocional e, pior, acaba com o resto do encanto do outro.

Ele separa, não para sempre (ele é o oposto do juramento do casamento), mas te faz querer estar em outro quarto, sala ou cozinha, porque é impossível sentir tesão por uma pessoa na qual tá se esfregando o dia inteiro.

Porque rememorei o clássico da literatura? simples, em “Amor nos tempos do Cólera”, Gabriel Garcia Márquez cria um triângulo amoroso pra mostrar a complexidade das relações. Essa complexidade é que faz o amor interessante; quando o confinamento torna isso simples, quando mostra, nos mostra a olho nu o outro, fica meio, sabe, sei lá.

Ainda bem que somos mais que um romance do Gabo, e a gente continua se amando, com as lives sertanejas, pagodeiras e melosas (nem vou falar do Big Brother).

No próximo vírus, espero que os chineses, mexicanos, americanos, ou quem quer que seja o responsável, avise, quero fazer um bunker e ficar sozinho com as lives; mas de vez em quando voltar pro aconchego do meu quarto, porque quem gosta de solidão é jogador de paciência.

*Orlando Júnior é professor universitário, bacharel em Direito e servidor de carreira da Justiça Eleitoral, além de figura gente fina e amigo deste editor.

Nelson Teich tem atuação patética à frente do Ministério da Saúde

 


Tem sido patética, para dizer o mínimo, a performance de Nelson Teich como ministro da Saúde.

Ele tem sido uma espécie de ministro das platitudes – aquele que todo dia, o dia todo, só diz coisas óbvias, banais, triviais, como se tivesse um repertório fechado de limitadíssimas respostas para mil e uma perguntas que lhe são feitas.

Teich, uma entrevista sim, outra também, repete que faltam informações sobre a Covid-19 para que se possa saber como lidar com ela.

Gente, isso é de uma obviedade solar.

E enquanto não temos as informações, o que ele vai fazer de concreto? Teich não diz.

Há pouco, em entrevista, indagado sobre o aumento recorde de mortes em 24 horas, o ministro disse não saber o motivo.

“Não sabemos se representa um esforço para fechar o diagnóstico ou se é uma linha de tendência de aumento. A gente avalia todo dia”, avaliou, acrescentando que, “se for uma linha de tendência de aumento, os números vão aumentar cada vez mais”.

Hehehe.

Entenderam? Eu não, sinceramente.

Na mesma entrevista, Teich voltou a dizer que “tem que mapear no dia a dia” para definir critérios e estratégias de flexibilização das medidas restritivas. “A gente defende o que é melhor para a sociedade”. Sim, mas e daí?

Teich é patético.

Fonte: Espaço Aberto

OS ZUMBIS E O MENTECAPTO – Por Fernando Canto

PREÂMBULO

Escrevi o texto abaixo na véspera da eleição do segundo turno para presidente da República (28 de outubro de 2018) e por isso mesmo fui muito criticado pelos bolsonaristas de então que festejaram a vitória do seu candidato por dias e noites, até a posse e depois dela.

Por eu ser um democrata que sempre se manifestou contra qualquer governo tirano, seja ele de qualquer viés ideológico, vi que fiz uma análise sobre o quadro eleitoral que se interpunha entre o caminho democrático do país e as possíveis ações políticas de extrema direita propostas pelo então candidato que ela representava. Com sua vitória foram inevitáveis as críticas expressas nos sorrisos irônicos dos meus colegas de trabalho, de bar e até de familiares.

O quadro eleitoral de então não me fez vidente, mas me fez vislumbrar sociologicamente o que seria o país na mão de um homem despreparado como o eleito, que chamavam até de “mito”.

Hoje, após seus pronunciamentos infelizes nos meios de comunicação, vejo que eu estava certo ao escrever o texto abaixo, sendo que sua fala, ontem, em rede nacional, me fez considerá-lo mais que um mentecapto e ter a certeza que sua imbecilidade diante da grave condição epidêmica do corona vírus que grassa no país, é o top da irresponsabilidade política contra os cidadãos brasileiros. Sobre os seus seguidores zumbis arrependidos, que engulam o seco de seus interesses políticos e econômicos.

Para terminar este prólogo, informo que por todos estes meses aceitei o novo presidente, mesmo sabendo que ele não é o ideal para o Brasil, pois sempre fui a favor da alternância dos poderes, desde que eles não se tornem formas espúrias de governar nosso país, como me parece agora, se transformando de forma negativa nas mãos de um maluco e seus apaniguados políticos. Isso nunca mais, ainda que o vírus da ignorância continue grassando nos pulmões dos brasileiros pela contramão da História (F.C.).

Darth Sidious – Filme Star Wars

OS ZUMBIS E O MENTECAPTO

Por Fernando Canto

A palavra opinião tem a ver com conceito, ideia, doutrina, crença, capricho, juízo, reputação, parecer e até modo de pensar. Filosoficamente é uma atribuição de verdade ou falsidade, mas não é certeza. É uma asserção não-objetiva nem subjetiva. Entretanto, também é um ponto de vista que pode se tornar ideologia a partir de sua frequente manifestação entre grupos que se ligam sem a presença física e que se sustentam mais pela propaganda que lhes é incutida do que pela certeza ou pela objetividade dos seus valores implícitos.

Filme Guerra Mundial Z

Na minha opinião, grupos de opinião que estão à direita da História, que cultuam valores odientos do passado, estão fadados a cair como as pedras de dominó enfileiradas após a queda da primeira ou como as balizas de madeiras em feitio de garrafas, do jogo de boliche ao primeiro toque sutil da bola. E é exatamente nesses grupos que me detenho para falar das eleições que amanhã vão mover o país, já crucificado por um governo espúrio, que se move sub-repticiamente em suas últimas ações de conchavos políticos no palácio do Planalto e entre os que saem e os que entram no Congresso Nacional. É a espera de um novo palimpsesto histórico que se repetirá mais uma vez como farsa, se por acaso venha a ganhar o pleito.

Filme Guerra Mundial Z

Porém, a ordem hoje é superar dialeticamente o que pode vir de ruim daqui para a frente, pois Lord Vader e os outros prepostos do Imperador estão na linha de frente, no front de uma saga indubitavelmente cruel para o nosso país, onde os influenciáveis soldados vão a loucura com as “propostas” emanadas por um pretenso líder de um exército de zumbis. E de um mentecapto tudo pode se esperar, principalmente se no seu grupo disseminador de ideias estão presentes outros paranoicos que em tudo veem a possibilidade de destruir para tentar construir novamente a seu modo.

Darth Vader – Filme Star Wars

Entretanto e por outro lado, o contágio pode ser do vírus da esperança, do vislumbre de novos avanços e de uma democracia onde as aporias fiquem apenas no campo filosófico e do diálogo e não no estouro de um disparo que poderá ferir o sonho conquistado e transformá-lo em pesadelo permanente.

Filme Star Wars

A tensão visceral provocada pelas falsas notícias não poderá abalar as mentes lúcidas, a não ser que penetrem a fundo naquelas predispostas a terem vertigens provocadas pelo impacto esterilizador da vontade. E isso o mentecapto e seu grupo de lobos faz bem, diga-se assim.

Filme Star Wars

Mas não será por isso que serei impedido de sempre sonhar com a evolução da nossa democracia à brasileira, impermeável que estou às agruras políticas, e reflexivo diante do “espelho da fraternidade cósmica, que é a sociedade humana”, ou de um poema, no dizer de Octávio Paz.

Photo Illustration by Elizabeth Brockway/The Daily Beast

Dos discursos de resistência dos difíceis tempos em que fui guardião, com meu canto solitário e quase anônimo, hoje também estou diante do nascimento de um poder ameaçador com suas engrenagens reificadoras que deterioram a natureza humana e as potencialidades dos homens. Entretanto, tenho a ESPERANÇA de milhões de homens e mulheres e crianças que acreditam que ela seja fundante, construtiva e alicerçante, e que é capaz de ser partilhada com os eleitores sensatos, meus semelhantes brasileiros, amanhã, ainda que o barulho das armas de fogo ensurdeça os zumbis do mentecapto.

Filme Star Wars

Pela liberdade, que a Força esteja conosco!

Hoje é o Dia do Leitor

Hoje é o Dia do Leitor. Li que a data surgiu por conta de ser o mesmo dia do aniversário do jornal cearense “O Povo”, fundado em 7 de janeiro de 1928, e foi uma sugestão do poeta e jornalista brasileiro Demócrito Rocha.

Quanto a data, vale a pena celebrar a nobre prática, pois sigo a velha máxima “ler para ser”. Sei da importância da Leitura, de devorar um livro e sorver conhecimento, mas o advento da internet enfraqueceu a prática. Atualmente, a maioria das pessoas lê somente o resumo, a sinopse, a crítica e por aí vai. Isso, quando o faz.

Nunca fui um leitor inveterado, mas aprendi muito com os livros e, sempre que posso, leio. É fundamental na minha profissão. Por meio da leitura, viajamos, aprendemos, voltamos ao passado, imaginamos o futuro, exercitamos o cérebro.

Para os que não gostam ou tem preguiça de ler, digo: já fui como vocês. Cada um com seu tempo e aptidão. Porém, acreditem, não é legal ficar calado numa roda de leitores. Ademais, é muito prazeroso, estimula nosso raciocínio e criatividade. Quando você para de ler livros, você para de pensar.

Detesto os pseudointelectuais medonhos, que pagam de safos e não leem nem bula de remédio. Também não gosto dos que são leitores crônicos, mas por conta disso são “posers” (metidos a besta que se acham mais que os outros). Porém, as pessoas do segundo caso são uma minoria.

Os malucos mais interessantes que conheço são leitores. Já dizia Cícero, “uma casa sem livros é como um corpo sem alma”. Escrever de forma correta, abrir as ideias e convencer pessoas com bons argumentos são frutos da leitura. Ler fertiliza a cachola, assim como música, filmes e viagens.

Se você não se satisfaz com explicações fajutas e sempre vai atrás de conhecimento por meio da leitura, mesmo que não seja somente nos livros, meus parabéns. A mente do leitor pode ir até as estrelas ou além delas, ao lugar onde o livro e a imaginação nos permitirem ir.

Estou em uma fase de aumento das leituras e recomendo a todos o mesmo.

Feliz Dia do Leitor a todo o leitorado que visita este site diariamente. É isso!

Elton Tavares