Tempos pandêmico e a Era do Rivotril – Crônica de Anne Pariz – @annepariz

Crônica de Anne Pariz

Andava na rua e notava a mudança no andar e nos olhares, afinal as máscaras escondem o rosto, mas intensificam os olhares.

Pessoas sorriem com os olhos, não só o olhar nos mostra tristeza e preocupação.

Em tempos assim a sobrecarga psíquica aponta uma realidade alarmante na saúde da população, sobretudo a mental. O crescimento nas vendas de medicamentos para transtornos de ansiedade, insônia e depressão denuncia uma população em sofrimento psíquico maior do que se imagina, segundo dados da Organização Mundial de saúde.

Conversava com um rapaz e ele relatava tranquilamente que com esse tempo pandêmico seu maior amigo, companheiro de cabeceira é o Rivotril, utilizado para problemas de insônia.

Não muito distante ouço a conversa de duas amigas confidenciando que não vivem hoje sem seus “remedinhos” para dormir. Algo preocupante, visto que, o Rivotril é um medicamento que deve ser receitado por médico especialista e em uso contínuo leva ao vício.

Que sociedade estamos nós tornando que temos que utilizar meios para adormecer diante da crise em que estamos vivendo, não só pandêmica, da crise da fome, do desemprego, da dor e do desamor.

A Era do Rivotril é perigosa mas afirmo que mais perigosa é a Era da descrença de uma sociedade mais justa, igualitária, equânime para toda nossa população.

PS: consulte um médico para consumo responsável de medicamentos

*Anne Pariz é cronista, fisioterapeuta e ativista social – 27 de agosto de 2021.

Sobre domingos de quando eu era moleque

Quando eu era moleque, nas manhãs de domingo, acordava com a MPB rolando no toca-discos de vinil, meu pai já tomando uma e minha mãe cozinhava (isso quando não íamos comer fora). O cheiro porreta da broca já exalava na casa. Meu irmão ainda tava na parte de cima do beliche, desmaiado. Eu o acordava pra começarmos a brincar, azucrinar e dominar o mundo.

Papai, sempre carinhoso, nos abraçava e cheirava. Mamãe, também amorosa, mas mais comedida, dava um beijo em cada um dos moleques. Uma vida vivida no amor. É assim até hoje, mas sem o velho Zé Penha. Que saudades!

Dedique-se a conhecer seus pais. É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez” – Trecho do poema “Filtro Solar”.

Elton Tavares

Mara Caldas gira a roda da vida. Feliz aniversário, broda!

Tenho alguns companheiros (brothers e brodas) com quem mantenho uma relação de amizade e respeito, mesmo a gente com pouco contato. Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Neste décimo nono dia de agosto, a amiga Mara Caldas gira a roda da vida e lhe rendo homenagens, pois trata-se de um baita cara menina porreta!

A Mara é professora, servidora pública, mestranda em Cultura Portuguesa na faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) – sim, lá na terra de Cabral – fã de boa música, livros, viajante do mundo e bons vinhos, além de queridona deste jornalista. Além de inteligentona e letrada em alto nível, é esposa apaixonada do Yurgel e mãe amorosa de um casal de crianças lindas. É bonito de ver/acompanhar o amor deles (entre  ela e o marido e deles com os filhos).

Yurgel, Mara e filhos.

Nem sei desde quando conheço a Mara, mas faz tempo. Ela é uma pessoa agradável, dona de vasta cultura geral, sorridente, gentil, entre outras tantas paideguices. Sobretudo uma mulher do bem. Como a maioria dos meus “brodis”, ela é safa e tem uma visão diferenciada de mundo. Faz parte de algumas das minhas memórias afetivas em relação à época do Colégio e festinhas na Macapá dos anos 90.

Sempre brinco e digo que a gente se ameaça, diz que vai tomar umas e bater papo, mas nunca rola. Não é culpa dela e nem minha, mas sim de nossas vidas (agora da pandemia). Já faz tempo que não nos encontramos, somente interagimos via redes sociais. Mas isso não diminui em nada o nosso “consideramento” recíproco. Noite dessas, fui tomar umas com a Clícia, prima/irmã dela e tirei onda com mensagem no celular ao dizer que ela não foi convidada. Mas logo o gordo aqui forma com ela e Yurgel também, afinal, me prometeram um vinho (risos).

Eu e Mara Caldas – Teatro das Bacabeiras – 2016

Mara, querida amiga, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa garra, sabedoria, coragem e talento em tudo que te propões a fazer. Que a Força sempre esteja contigo. Que tenhas sempre saúde (muita saúde) e sucesso em sua jornada. Que tudo o que idealizas como felicidade se concretize e que tua vida seja longa. Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Elton Tavares

Há 52 anos, rolava o Festival Woodstock – #Woodstock #Woodstock69

Há exatos 52 anos, rolou o Festival de Woodstock. O evento foi realizado, de 15 há 18 de agosto de 1969, em uma fazenda de 600 acres de Max Yasgur, na área rural de Bethel, no estado de Nova York (EUA). Com o objetivo de reunir lendas do rock, a festa levou milhares de jovens até lá. Foi o acontecimento mais importante da história da música.

Anunciado como “Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música”, o festival deveria ocorrer originalmente na pequena cidade de Woodstock, mas os moradores locais não aceitaram, o que levou o evento para a Bethel, a uma hora e meia de distância (160 km de NY).

Cerca de 400 mil pessoas invadiram a cidade de Bethel para o Woodstock, onde residiam somente 2.300 cidadãos. Como a organização esperava “apenas” 60 mil pessoas, somando o público de todos os dias, a saída foi improvisar postos de alimentação gratuitos quando eles se depararam com uma massa sete vezes maior. Cidades vizinhas doaram frutas, enlatados e sanduíches.

Até hoje, o Woodstock é considerado um marco na história da música mundial. Mesmo depois de 52 anos, os relatos sobre o festival são de que o mundo parou por três dias de agosto de 69 (número sugestivo, não?) para uma grande confraternização e celebração .

Quem encerrou a festa foi nada mais, nada menos que o maior guitarrista da história. Ele mesmo, Jimi Hendrix. Antes dele, grandes nomes do rock estiveram no palco do festival, como Janis Joplin , Joe Cocker, Santana, Grateful Dead, Joan Baez, The Band, Johnny Winter e The Who.

Além de reunir alguns dos artistas mais consagrados do rock dos anos 60, o Woodstock foi a maior contestação social da juventude da época.

Woodstock pode ser considerada também a festa que teve a maior quantidade de penetras da história mundial. Em contrapartida muitos artistas convidados pensaram duas vezes em participar, The Doors e Led Zeppelin são os exemplos mais famosos. Os produtores até tentaram os The Beatles, que não toparam porque não convidaram a banda da Yoko Ono, obviamente uma negação de John Lennon.

Os que entraram para a História foram aqueles que se arriscaram, público e artistas que participaram e fizeram sua parte. Ao todo foram 35 apresentações. Literalmente eles deram um show.

Setlist dos shows que rolaram em Woodstock:

Richie Havens – Here comes the sun (George Harrison)
Sweetwater – Join the band (Alex Delzoppo, Fred Herrera)
Joan Baez – Diamonds and rust

Santana Oye como va (Tito Puente)
Grateful Dead – Fire on the mountain (Mickey Hart, Robert Hunter)
Janis Joplin Maybe (Richard Barrett)
The Who – My generation (Pete Townshend)

Joe Cocker – With a little help from my friends (John Lennon, Paul McCartney)
The Band – Mystery train (Junior Parker)
Johnny Winter – I smell smoke (Roger Reale, Jon Tiven, Sally Tiven)
Jimi Hendrix – Wait until tomorrow

Fontes: revistas, jornais, sites e nossas conversas de mesa de bar sobre Rock and Roll.

Olimpíada despertando o que há na memória de uma quase atleta de voleibol – Crônica porreta de Gilvana Santos

A então jogadora de vôlei Gilvana Santos, de camiseta branca, do lado esquerdo da foto – Imagem: arquivo familiar.

Crônica de Gilvana Santos

As Olimpíadas de Tóquio chegaram ao final neste domingo (8), e para nós brasileiros a participação do país podia ter sido fechada com chave de ouro, mas não foi possível. A nossa última chance de ganhar a medalha mais cobiçada tinha que ser em um esporte que caiu no gosto popular, o voleibol. Não deu ouro para a seleção feminina de vôlei, ficou na prata, mas valeu para reavivar nas memórias as minhas incursões e tentativas vãs de me tornar uma atleta de vôlei.

O gosto pela modalidade começou na minha adolescência, nos anos 80, por influência dos meus irmãos Clemerson e Girlane, jogavam vólei. Eu sonhava em ser da Seleção Amapaense de Vôlei para disputar os Jogos Escolares Brasileiros (JEBs).

À época, pensar em viajar para outro Estado era quase impossível, devido às dificuldades financeiras. Meu pai Marçal Batista trabalhava no INCRA e minha mãe Maria Juracy era costureira, para ajudar no sustento dos cinco filhos, porque a grana nunca sobrava, pelo contrário. Nossa vida só melhorou depois que mamãe passou no concurso público da Justiça Federal, de onde é aposentada.

Então, passei a enxergar no vôlei um meio de conhecer outras cidades, com pessoas e culturas diferentes. A prática era incentivada nas aulas de educação física do extinto Território Federal do Amapá.  Clemerson e Girlane estudavam no CA, enquanto que eu e Girlei estudávamos no GM, onde por sorte, tinha uma das melhores treinadoras de vôlei do Amapá, a professora Marli Gibson. Com ela aprendi as técnicas do esporte, o difícil era colocar em prática (risos), mas ainda consegui participar de alguns jogos (foto).

A então dançaria Gilvana Santos, de preto, no centro da foto – Imagem: arquivo familiar.

Nesse período, também houve um grande impulso com a inauguração das quadras de voleibol e basquete na Praça do Barão, no Centro. Era perto de casa, no Laguinho, e todo final de tarde eu ia com minhas irmãs Girlane e Girlei, sempre acompanhadas do Clemerson para tentar uma vaga em um dos times formados para as disputas que se formavam naquele espaço. Meu irmão era da elite, junto com o Bianor, Alcinão e Negrão, só pra citar os que eram mais próximos da família. Era uma festa, juntava os melhores jogadores de todos os bairros. Na “grade” iam formando os times para disputar com os vencedores, e eu, claro, nunca era escolhida porque não tinha domínio da bola (ô coisa difícil essa tal recepção do saque).

Gente, já deu para perceber que eu fui uma péssima jogadora de vôlei, mas tentei, tentei muito. Entrei na escolinha da Marli, que treinava seu time no Ginásio Avertino Ramos. Os treinos eram um sobe e desce interminável das arquibancadas e muita repetição, mas apesar de ser uma levantadora mediana, eu era péssima na recepção, daí não tinha jogo. E o saque? Meu Deus, o meu saque era horrível, dando soquinho embaixo da bola kkkkkkkkkkkk Era tão ruim que a Marli, que também era professora e organizadora das apresentações de dança, na qual eu era beeemmmm melhor, chegou ao ponto de pedir, quase implorando, que eu permanecesse somente no grupo de dança.

Mesmo com esse desempenho sofrível, eu insisti, e ainda consegui ganhar uma medalha, foi no Torneio de Calouros do Cesep – atual Unama, em Belém-PA. Eu organizei o time das alunas do Curso de Economia e também era a capitã. Fizemos a final contra as meninas de Arquitetura, um monte de patricinha, e nós éramos meras mortais, que com humildade levamos o torneio. Claro que para ganhar eu tive que me colocar na reserva e fiquei só administrando de fora do campo.  Não tenho fotos, mas tenho uma testemunha de Macapá, a querida Jacira Gomes, uma das atacantes que fez a diferença nessa conquista.

É meus amigos, vida de atleta não é fácil, ainda mais quando não se tem o talento para a coisa. Então, que esse artigo ajude na reflexão que a Olimpíada de Tóquio deixa, não julgue aqueles que não tiveram êxito, pois só de chegar na disputa já é uma grande conquista. Parabéns aos nossos representantes, e especialmente parabéns às meninas do vôlei, que mesmo desacreditadas, subiram no pódio e ganharam a medalha de prata. Eu? Bem, vou continuar me aventurando, sempre que possível, a bater uma bolinha.

*Gilvana Santos é jornalista, assessora de comunicação e querida amiga medalhista de ouro nas olimpíadas dos corações de seus amigos como eu. (Elton Tavares). 

Pequena crônica raivosa – (Ronaldo Rodrigues)

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Gostaria agora de escrever uma crônica raivosa. Lá vai:

E nos metem pelas gargantas e neurônios adentro essa enxurrada de novidades que ainda serão velharias nos futuros museus dos futuros milênios.

Celebridades opacas, que jamais se aproximarão de mínima originalidade, cansam nossa já triste beleza e enchem o saco do nosso feed (ui, ui, ui, eu também uso esse tipo de palavreado…).

E haja influencer mostrando como é maravilhosa a sua medíocre vida, como seus amigos são desinteressantes, como são fúteis suas mais sérias preocupações, como suas mansões causam bocejo e cansaço. E correm para conferir a fatura dos likes.

A quintessência do universo virtual, famosos dos guetos culturais mais estreitos do mundo exibem seus sorrisos de acrílico, dirigidos aos seus fãs/tietes, hoje conhecidos pela inquietante denominação de “seguidores”.

Close no olhar blasé dos pets de famosos ex-bbb sei lá do quê embalados em seus modelitos de seda, adquiridos no último rolê em Paris, suspirando de tédio e arrogância.

Diante de termos como “cringe”, bate uma saudade dos termos “brega”, “cafona”, até o não nosso “demodê”, e vem a certeza de que, num passado nem tão remoto, éramos muito mais chiques. E já sabíamos disso.

Ufa! Desabafei! Já tô de boa!

Hoje é o ano novo particular de Elder Willott. Feliz aniversário, primo!

Eu, entre Ana e Elder, no casamento deles. Santarém (PA) – 2019. Queridos!!

É seis de agosto e Elder Willott gira a roda da vida. Gosto demais desse cara por isso, lhe rendo homenagens, pois ele é muito porreta!

Já contei aqui, mas repito por motivos de ser uma história firme: paraense natural de Santarém, Elder Willott largou a cidade natal, família, amigos e trampo para morar em Macapá há pouco mais de dois anos. Ao ler a primeira frase deste parágrafo, pode ser loucura do cara, mas não foi. Ele casou com a arquiteta Ana Paula Tavares (de quem muito me orgulho ser primo) e em nome do amor por essa maravilhosa mulher, mudou de mala e cuia para o meio do mundo, o nosso lugar neste planeta.

A nonagenária mais linda do mundo (saudades, vó), Aninha, Elder e este editor fazedor de selfies, em 2019.

Elder é advogado, operador do Direito, profissional competente e responsável, servidor do Judiciário e concurseiro determinado. Admiro quem se dedica de corpo, alma e coração. Esse bicho se trancou numa salinha de estudos (quando não tá trampando) e manda ver na absorção e aprimoramento de seus conhecimentos. Apelidei esse lugar de “Nárnia”, aquele mundo mágico cinematográfico, pois o brother some lá. Brincadeiras à parte, estamos todos torcendo muito para que ele alcance seus objetivos.

Willott, com esse nome de artista gringo, é um homem fiel aos seus afetos, pois é  um filho, irmão, sobrinho e marido amoroso, além de um bom amigo. Aliás, gosto do fato dele ser meu amigo, pois é um baita cara.  Elder é uma daquelas pessoas de áurea boa, tranquilo, culto, discreto, bem humorado, inteligente pra caramba e um figura sensacional em vários aspectos.

Com os primos, tomando umas cervas na Banca Rios Beer, em 2020.

Se todas as qualidades descritas acima não fossem suficientes, Elder é politizado do jeito certo. Sim, pois está mais que provado que existe a forma errada desde que os homens de bem elegeram o demônio (e ainda ameaçam seguir no erro) na terra para presidir esse país desgovernado.

Elder sempre tem argumentos fundamentados e coerentes para explicar o óbvio para essas figuras. Eu o entendo, pois faço o mesmo. Apesar de ser absurdo, nestes tempos trevosos que o Brasil passa, é extremamente necessário fazer isso. Para mim, uma questão de caráter e o aniversariante é um aliado nisso.

Porém, nada disso que contei aqui sobre o amigo que troca de idade hoje é mais firme do que o fato dele  fazer a nossa Aninha feliz. E que a gente ama demais essa moleca!

Em resumo, Elder Willott se tornou um brother querido, um primo postiço e alguém que gosto de dividir momentos porretas. Vez ou outra, eu, ele, Aninha e Pedro Júnior (nosso primo) nos reunimos para tomar uns vinhos e conspirar (risos). Sim, é “nóis” na resistência!!

Elder, manão, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa garra , sabedoria, coragem e talento. Que a Força esteja contigo. Saúde e sucesso sempre. Parabéns pelo teu dia. Feliz aniversário!

Elton Tavares

Hoje é o Dia Nacional do Homem (parabéns aos que são bons)

Hoje é o Dia Nacional do Homem. Data curiosa, pois para mim, todo dia é dia do homem, da mulher, da criança, do amigo, das mães, das avós, etc. Mas já que existe e neste site temos uma sessão chamada “Datas Curiosas” e algumas são justas homenagens a profissionais de determinada área ou de utilidade pública, vamos lá.

A data foi criada com o objetivo maior de reforçar os cuidados com a saúde dos homens (inclusive fazer exame de próstata). O Brasil é o país onde mais se comemora esse dia, porém, ele não tem uma repercussão tão grande e nem é tão comentado quanto o Dia das Mulheres (nem deveria, pois sabemos que para mulheres TUDO é mais difícil).

Bom, sobre o objetivo da data, nunca fui de me cuidar muito. Sobre os homens, conheci muitos de grande valor nessas quase quatro décadas e meia de vida. E alguns que não valem a pena nem lembrar.

Aliás, na minha família, tenho bons exemplos de como ser um bom ser humano. Meu irmão Emerson costuma dizer que nosso pai, que hoje em dia vive em nossos corações e memórias, nos ensinou a ser caras bacanas. É verdade!

Porém, uma mulher me ensinou – mais que qualquer cara – a ser um homem de verdade, a minha mãe. Sou grato aos meus pais pelo que sou. Graças a eles, não sou desonesto, traidor, caguete, vadio, entre outras tantas vertentes de pilantras.

Mesmo não sendo – com o perdão do gerúndio – politicamente correto, faço o que é preciso para tal, dentro das normas, leis e valores que absorvi durante minha educação.

Sou um homem do bem. Ou pelo menos tento, com todas as forças. É verdade que não me dou muito bem com os canalhas, mas acredito ser uma boa pessoa.

Enfim, levo a vida dentro do meu conceito de justiça e coerência, sempre agindo de forma correta. Aliás, conheço muitos homens (assim como mulheres, mas hoje é Dia do Homem…) que não são exatamente “normais”, mas são caras porretas.

Os caras da família Tavares. Meus parentes e amigos. Todos homens bons.

Feliz Dia do Homem aos caras que valorizam a família e os amigos. Que trabalham e batalham sem lesar ninguém, que respeitam seus iguais, sejam figurões ou pessoas menos favorecidas. E aos que não fogem à luta e que são homens de verdade.

Elton Tavares

O discurso discriminador do Marabaixo – Texto/Resgate histórico de Fernando Canto – @fernando__canto

Foto: Márcia do Carmo

Por Fernando Canto

Não é de hoje que o Marabaixo é discriminado. Aliás, as manifestações culturais de origem africana sempre foram vistas como ilegais ao longo da história do Brasil. Do samba à religião, seus promotores foram vítimas de denúncias que os boletins de ocorrências policiais e os processos judiciais relatam como vadiagem, prática de falsa medicina, curandeirismo e charlatanismo, entre outras acusações, muitas vezes com prisões e invasões de terreiros.

Essa discriminação ocorreu – e ainda ocorre – em contextos históricos e sociais diferenciados, e veio produzida por instituições que tinham o objetivo de combater o que lhes fosse ameaçador ou que achassem associadas às práticas diabólicas, ao crime e à contravenção.

Foto: Max Renê

No caso do Marabaixo, há anos venho relatando episódios de confronto entre a igreja católica (e seus prepostos eclesiásticos e seculares), e os agentes populares do sagrado, estes que, por serem afrodescendentes, mestiços e principalmente por serem pobres, foram e são discriminados, visto o ranço estereotipado de que são “gente ignorante” e supersticiosa.

No caso do Marabaixo, há anos venho relatando episódios de confronto entre a igreja católica (e seus prepostos eclesiásticos e seculares), e os agentes populares do sagrado, estes que, por serem afrodescendentes, mestiços e principalmente por serem pobres, foram e são discriminados, visto o ranço estereotipado de que são “gente ignorante” e supersticiosa.

Foto: Gabriel Penha

É do século XIX a influência do evolucionismo que tomava como modelo de religião “superior” o monoteísmo cristão e via as religiões de transe como formas “primitivas“ ou “atrasadas” de culto. Para Vagner Gonçalves da Silva (Revista Grandes Religiões nº 6), nesse tempo “religião” opunha-se a “magia” da mesma forma que as igrejas (instituições organizadas de religião) opunham-se às “seitas” (dissidências não institucionalizadas ou organizadas de culto).

É do século XIX também os primeiros escritos sobre o marabaixo. Em um deles um anônimo articulista o ataca, dizendo-se aliviado porque “afinal desaparece o o infernal folguedo, a dança diabola do Mar-Abaixo”.

Foto: Márcia do Carmo

Ele afirma que “será uma felicidade, uma ventura, uma medida salutar aos órgãos acústicos se tal troamento não soar mais…”. Na sua narrativa preconceituosa vai mais além ao dizer que “Graças ao Divino Espírito-Santo, symbolo de nossa santa religião, que só exige a prática de bôas acções, não ouviremos os silvos das víboras que dansam ao som medonho dos gritos dos maracajás (…), que é suficiente a provocar doudice a qualquer indivíduo”. Assevera adiante “Que o Mar-Abaixo é indecente, é o foco das misérias, o centro da libertinagem, a causa segura da prostituição”. E finaliza conclamando “Que os paes de famílias, não devem consentir as suas filhas e esposas frequentarem tão inconveniente e assustador espetáculo dessa dansa, oriunda dos Cafres”. (Jornal Pinsonia, 25 de junho de 1898).

Foto: Mariléia Maciel

Discursos de difamação do Marabaixo como este e a posição em favor de sua extinção ocorreram seguidamente. O próprio padre Júlio Maria de Lombaerd quebrou a coroa de prata do Espírito Santo que estava na igreja de São José e mandou entregar os pedaços aos festeiros. O povo se revoltou e só não invadiu a casa padre para matá-lo graças à intervenção do intendente Teodoro Mendes.

Com a chegada do PIME – Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras – em Macapá (1948) o Marabaixo sofreu um período de queda, mas suportado com tenacidade por Julião Ramos, que não o deixou morrer. Tiraram-lhe inclusive a fita da irmandade do Sagrado Coração de Jesus, da qual era sócio fiel.

Nesse período os padres diziam que o Marabaixo era macumba, que era coisa ruim, e combatiam seus hábitos e crenças, tidos como hediondos e pecaminosos, do mesmo jeito que seus antecessores o fizeram no tempo da catequização dos índios. Mas o bispo dessa época, D. Aristides Piróvano, considerava Mestre Julião “um amigo” (Ver Canto, Fernando in “A Água Benta e o Diabo”. Fundecap, 1998).

O preconceito dos padres italianos com o Marabaixo tem apoio num lastimável “achismo”. Os participantes são católicos e creem nos santos do catolicismo, tanto que a festa é dedicada ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade e não a entidades e voduns como pensam. Nem ao menos há sincretismo nele.

Colheita da Murta Foto: Fernando Canto: Arquivo pessoal

E se assim fosse? Qual o problema? Antes de emitirem um julgamento subjetivo sobre um fato cultural é preciso conhecê-lo. É preciso ter ética. Ora, sabe-se que todos os sistemas religiosos baseiam-se em categorias do pensamento mágico. Uma missa ”comporta uma série de atos simbólicos ou operações mágicas” (Vagner Silva op. cit.). Observem-se as bênçãos, a transubstanciação da hóstia em corpo de Cristo, por exemplo. Um ritual de umbanda comporta a mesma coisa. O Marabaixo tem rituais próprios, ainda que um tanto diferentes. Por isso e apesar do preconceito ainda sobrevive. Valei-nos, Santo Negro Benedito!

(*) Do livro “Adoradores do Sol – Novo Textuário do Meio do Mundo”. Scortecci, São Paulo, 2010.

O dia em que esquentei a cerveja do Arnaldo Antunes na B*****ta – Por Jack Carvalho – @JackeCarvalho_

Por Jack Carvalho

2013 foi um ano incrível para todo macapaense fã de música. O Festival Quebramar, maior evento de música do norte do país totalmente free, trazia nada menos que Arnaldo Antunes, Emicida, Curumin e muitos outros artistas massa. E nesta edição, eu fiquei responsável por coordenar o funcionamento dos camarins.

Aos poucos, cada produtor foi mandando a lista de exigência que tínhamos que providenciar para atender aos pedidos dos artistas. Emicida, por exemplo, pediu chá verde. Outros pediram Red Bull. O Edgar Scandurra pediu whisky. E o Arnaldo pediu cerveja. Muitas packs de cerveja. O problema era adequar esses pedidos ao orçamento disponível para o camarim. Em alguns casos, eu mesma preparei em casa diversos itens das listas, como suco, bolo e o chá.

Público da primeira noite do Festival Quebramar – Foto: Cobertura Colaborativa

Assim consegui equilibrar os gastos e garantir todos os itens. Faltando 1 dia pro início do festival, peguei as listas e fui ao supermercado comprar o que não dava pra fazer, pra no dia seguinte já ter tudo pronto pra quando o festival começasse. Tudo certo na sexta e sábado. Todos os pedidos foram e atendidos e os artistas ficaram satisfeitos.

No domingo era o dia de tocar Curumin e Arnaldo Antunes. Cheguei cedo no palco no pé do muro da Fortaleza de São José e comecei a limpar e arrumar as mesas dos camarins. Coloquei todas as bebidas no gelo, arrumei as pedras pras doses de whisky, petiscos, entre outros detalhes. As primeiras bandas começaram a tocar logo cedo, umas 19h40. Em seguida começaram a chegar os integrantes da banda do Arnaldo. Recepcionei o grupo me apresentando como responsável pelo camarim e que caso precisassem de algo era só chamar. E chamaram!

Foto: blog Galera do Rock (http://glrdorock.blogspot.com/2013/12/resenha-festival-quebramar-2013.html)

Minutos depois que a banda se instalou na sala reservada pra eles, a produtora do Arnaldo Antunes perguntou: – Cadê as Heinekens naturais? Eu dei uma de João sem braço e disse que não tinha sido especificado. Ela puxou a lista do bolso e mostrou: – Olha aqui, são 6 long necks naturais. Ele não pode beber nada gelado antes e durante o show. Ou seja: FUDEU!

Foto: blog Galera do Rock (http://glrdorock.blogspot.com/2013/12/resenha-festival-quebramar-2013.html)

Minha primeira reação foi de sair e ir comprar nos bares da Beira Rio. Mas eu estava muito distante pra deixar tudo e ir comprar cerveja. O jeito foi tirar as 6 long necks da cuba e tentar “amornar” as cervejas. Olha o trampo da porra. Nisso, eu e mais duas pessoas que auxiliavam no camarim, cada uma pegou uma long e começou a esfregar na mão. Essa porra não vai esquentar.

Então tive a ideia de botar a cerveja entre as pernas. Isso mesmo: na B****ta pra ajudar a esquentar mais rápido. E aja esfregar a garrafa igual o Aladdin. E eu pensava: esse porra vai ter que tocar O Pulso. E aí dele que não faça um show bacana. Bicho, essa porra tá queimando feio aí embaixo. Foram longos minutos gelados aonde se costuma a ser bastante quente, diga-se de passagem. Ainda ligamos ventilador do carro no modo quente pra ajudar o processo. Da feita que a cerveja ia amornando, alguém levava no camarim e ele bebia.

Foto: blog Galera do Rock (http://glrdorock.blogspot.com/2013/12/resenha-festival-quebramar-2013.html)

Conseguimos esquentar as 6 heinekens antes dele entrar no palco. Confesso que algo ficou dormente por alguns minutos, mas depois que ele começou a tocar A Casa é Sua, o corpo esquentou e tudo voltou ao normal. E lá estava o Arnaldo Antunes tomando cerveja quente, no copo on the rock que meu pai tinha ganhado de brinde da Monte Casa e Construção um zilhão de anos atrás. E tudo pra dizer que: missão dada é missão cumprida!

*Jack Carvalho é jornalista e Mestre em Ciências da Comunicação.

Sobre malandragem, doenças e a autossugestão – Por Fernando Canto

Norman Cousins e Albert Schweitzer – Fotos: Wikipédia

Por Fernando Canto

Nesta pandemia tem muito malandro e espertalhão querendo se dar bem, passando fórmulas e orações a pessoas incautas. Por isso resolvi que a informação abaixo deva chegar até vocês. É uma velha anotação que colhida por mim, para uma pequena reflexão.

Doutor Estranho, o médico e feiticeiro dos Quadrinhos e Cinema.

“O jornalista Norman Cousins, do Saturday Review perguntou a Albert Schweitzer como alguém poderia melhorar após uma consulta com um feiticeiro. Schweitzer respondeu:

– O feiticeiro tem sucesso pela mesma razão que nós (médicos) temos sucesso. Cada paciente traz um médico dentro de si. Ele vem até nós sem saber desse fato. E o melhor que podemos fazer é dar condições para que esse médico interno possa trabalhar”.


Possivelmente vem daí o Efeito Placebo, que é autossugestão. Placebo é, também, todo remédio receitado mais para agradar o paciente do que por sua eficácia terapêutica. É mal visto pela medicina moderna. Vem do latim. Significa agradarei.

Hoje é o Dia Nacional da Imprensa

Hoje é o Dia Nacional da Imprensa no Brasil. Até 1999, essa data era comemorada no dia 10 de setembro, quando começou a circular no país o primeiro jornal publicado em terras brasileiras, “A Gazeta” – do Rio de Janeiro, no ano de 1808. Sob a proteção do governo de D. João VI, a publicação se caracterizava pelo forte viés oficial. Embora a imprensa já tivesse nascido oficialmente no Brasil em 13 de maio, com a criação da Imprensa Régia, seu início foi marcado pela primeira edição do periódico.

Tal celebração foi alterada com a lei 9831/99, criada pelo deputado Nelson Marchezan e sancionada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, que definiu a data oficial da Imprensa Brasileira no dia 1º de junho.

A data escolhida marca a primeira publicação do Correio Brasiliense, jornal de caráter ideológico editado pelo brasileiro Hipólito José da Costa em Londres, também em 1808. Esse periódico foi lançado três meses antes do jornal A Gazeta, com o intuito de informar a população brasileira sobre os eventos da Europa, sem a censura da Coroa Portuguesa.

A mudança no calendário oficial de duas datas, em função de duas publicações lançadas no mesmo ano, mas com linhas editoriais totalmente diferenciadas, mostra a síntese da Imprensa Brasileira: ora defensora dos interesses da população e das liberdades políticas e individuais, ora porta-voz do poder sem relação com esta mesma população.

Até o século XV não existia o que hoje chamamos de imprensa. Um alemão, João Gutemberg, foi o inventor do processo de impressão com tipos móveis, e dessa evolução nasceu a verdadeira imprensa, que tem sido mais e mais aperfeiçoada até os nossos dias.

A imprensa é um dos esteios da Ordem, da Democracia e do Progresso. Por seu intermédio – ou através dela – se propagam as boas e generosas causas, se difundem conhecimentos e advogam e pregam princípios e ideias.

Sou fã de muitos bons jornalistas do Amapá e do resto do Brasil, que investigam, apuram e publicam informações de forma livre e sem censura.

Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultos. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. E crítica, às vezes é estúpida. O leitor que julgue. Acho que quem ofende os outros é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado”, disse o jornalista Paulo Francis.

Ou como frisou Eça de Queirós: “O jornalismo não sabe que há o abatimento moral, o cansaço, a fadiga, o repouso. Se ele repousasse, quem velaria pelos que dormem?” . É isso!

O ofício de informar e fiscalizar não é fácil. Para tal, é preciso que muitos entendam: a liberdade de imprensa é essencial. O jornalismo somente de aplausos ocorre só na China, onde não existe oposição ou divergência de ideias. E fim de papo!

Elton Tavares

Frases, contos e histórias do Cleomar (primeira Edição de 2021)

Tenho dito aqui – desde fevereiro de 2018 – que meu amigo Cleomar Almeida é cômico no Facebook (e na vida). Ele, que é um competente engenheiro, é também a pavulagem, gentebonisse, presepada e boçalidade em pessoa, como poucos que conheço. Um maluco divertido, inteligente, gaiato, espirituoso e de bem com a vida. Dono de célebres frases como “ajeitando, todo mundo se dá bem” e do “ei!” mais conhecido dos botecos da cidade, além de inventor do “PRI” (Plano de Recuperação da Imagem), quando você tá queimado. Quem conhece, sabe.

Assim como as anteriores, segue a primeira Edição de 2021, cheia de disparos virtuais do nosso pávulo e hilário amigo sobre situações vividas em tempos pelo ilustre amigo. Boa leitura (e risos):

Hulk Pão

“Capinar um quintal pra arranjar dinheiro pra casar tu não quer né HP, rezar pra tu não emprenhar essa pequena, capaz de tu querer que a gente crie também”.

Futebol

“Hoje eu torci pra o Vasco e definitivamente, isso não é vida”.

Carnaval

“Uma hora dessas eu já tava muito a toa na vida”.
“Eu já tava muito gambá uma hora dessas no ano passado”.
“Ano que vem, só pra descontar, vou dar duas voltas no percurso da Banda”.
“Uma hora dessas no ano passado, eu já tinha prometido parar de beber dez vezes”.

Defeitos

Um brinde aos nossos defeitos, já que as qualidades, nós tem pouquinho mesmo.

Bolsonaro & Bolsonetes

“Não vejo problema em bolsominion querer se vacinar, só acho que deveriam ser os fonas”.
“Biroliro acha que comprou o Centrão, problema é que o Centrão vai “afubitar” ele. Espera pra ver”.
“Enche tanto o saco defendendo Bolsonaro que esqueci te perguntar, já arrumastes um emprego?”
“Complicado esse negócio de acreditar em Deus e no Bolsonaro numa mesma vida, queria saber como conseguem”.
“Impressionante, todo Bolsominion tem um parente ou conhecido que quase morreu após tomar a vacina”.
“Época terrível pra se ter um presidente filho de puta”.
“A felicidade de destruir um Bolsominion no argumento não tem preço”.
“Aquele papo de “se fizer merda a gente tira” ainda tá de pé, ou tá pouca merda?”

BBB 2021

“Uma vez fiquei com uma “pequena” numa festa de São João lá no Pacoval, no outro dia não quiz mais ficar com e ela e ela mandou os malandros da rua dela me darem uma surra. Acho que eu era o Arcrebiano”.
“Sou parece a Sarah, fraco velho pra quebrar uma promessa”.
“Koncá podia passar lá no São Paulo Saldos e comprar uma beca pq tá difícil, se veste parece eu na Banda. Demais jegue”.
“Se a Carla Diaz que é morta de gata tá nesse nível de carência, faço uma ideia tu, com essa feiúra toda!!”.
“Esse papo de tirar o cara pq é homofóbico, machista e racista só serve pra o Rodolfo? Bolsonaro tá cagado por acaso!?”
“E eu, que meu apelido era Urso do Cabelo Duro”.
“Quando tu pensas que és otário, me vem o Gil”.
“Fiuk poderia ter sido garoto propaganda do cigarro Hollywood na década de 80. “Hollywood, O Sucesso”.
“Se ta ruim pra o Fiuk, que é filho do Fábio Jr, imagina pra nós !!!”

Profético

“Quando mais novo tu olhas pra uns caras e pensa, esse aí quando crescer vai ser babaca. 30 anos depois tu encontra os caras e eles não te decepcionam, são muito babacas mesmo”.

Amapalidade

“Energia voltando: a
Macapaense: liga a bomba misééééria!!”

Páscoa passada

“Quero só ver minha cara de surpresa amanhã, quando eu ganhar o ovo de Páscoa que eu comprei pra mim mesmo”.

“Sábado de Aleluia: Uma hora dessas eu já tinha rodado na porrada”.

Nostalgia

“Fui ao supermercado mais cedo, me bateu uma saudade do tempo que eu era filho”.

Depois da pandemia

“Quando isso tudo passar, vai ter tanto churrasco e cerveja aqui em casa que vcs vão dizer: Galera, na casa do Cleomar hoje não, já enjoei de lá!”

Família

“Aqui em casa temos uma tradição, a gente compra um jogo de copos, na outra semana quebra os que já tínhamos”.

Realeza

“Toda família tem um membro metido a príncipe Harry, que arruma uma mulher e sai da casa onde vivia escorado, falando mal até da avó”.

18 de Maio: Dia Nacional da Luta Antimanicomial – Por Janisse Carvalho

Por Janisse Carvalho

Quando uma luta se torna um cotidiano de práxis e libertação!

O dia 18 de maio é o dia em que comemoramos o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, a luta contra os manicômios, uma luta em que queremos destruir, descontruir, colocar a baixo todo e qualquer modelo de asilamento, exclusão e isolamento. É uma luta em que acredita-se na pratica da liberdade, do cuidar em liberdade, do respeito às diferenças pela premissa da igualdade: que a loucura é condição humana e portanto todos nós estamos sujeitos a uma vivencia intensa ou aproximada com ela.

A loucura é tudo aquilo que não conseguimos definir (uns até tentam, mas sinceramente, não convencem!). Por isso ela ora faz sofrer, ora faz libertar. A fronteira entre um e outro é tênue, eu diria quase que imperceptível. Daí a necessidade de aprendermos a lidar com ela.

Em nossa sociedade aprendemos a nos distanciar de tudo o que desconhecemos. Nos distanciamos nos afastando fisicamente, negando, isolando, racionalizando. A mente esquece mas o corpo lembra! Nos acomodamos em padrões, em relações sem sentido, em trabalhos adoecedores, em diversões que viciam. Nos isolamos. Temos medo de expressar sentimentos, nos fechamos, não nos permitimos. Mantemos coisas e ideias pois mudar é sempre mais difícil! Mudar com fundamento digo. Por isso, nos tornamos conservadores.

Por não entrar em contato com o que desconhecemos, nos distanciamos de nós mesmos!

Nesse movimento de estranhamento, rotulamos, estigmatizamos, preconceituamos. Reduzimos pessoas, sentimentos e pensamentos a termos, palavras, nomes, siglas, partidos. Partimos!

Produzimos soluções “deus ex machina”, imediatistas, reacionárias do tipo “vamos liberar as armas pois os bandidos nos matam” (mesmo pregando o amor de Cristo e pedindo perdão aos domingos!), “vamos pagar menos às mulheres pois elas engravidam” (já que trabalho em casa não é trabalho!), “bandido bom é bandido morto” (já que sou o exemplo de retidão e cidadão de bem!) e por ai vai…

Nos comportamos como seres sem intelecto. Automaticamente, mecanicamente, reacionariamente!

A função do intelecto nos dá a noção de tempo e espaço que, em tese, é o que nos faz mais evoluídos do que os outros animais… não sei não! Ela deveria nos colocar em posição de atores e não de reagentes. Foi assim que a luta antimanicomial começou a fazer parte do meu cotidiano: me provocando a pensar.

Estou longe de ser a pessoa mais consciente no mundo. Nem sei se isso um dia acontecerá. Só sei dizer que não sou mais aquela Janisse de 1993, quando comecei a estagiar num hospital psiquiátrico de Belém (PA).

Nesses anos em que o lema da sociedade sem manicômios penetrou na minha alma, por meio do meu intelecto, me fez construir uma prática espiritual cotidiana da reflexão (quase chata!) e isso mexeu com meus preconceitos, feriu meu ego, tornou o inconsciente em mim tão presente quanto o consciente. Minha vista mais límpida, meus alerta interior gritante como um choro de bebe. Comecei numa reflexão de fora para dentro. Hoje a grande mudança que vejo, é um olhar de dentro pra fora.

Quando temos algo pelo qual lutar, algo que nos faz transcender a nós mesmo, algo que amplia nossos horizontes, somos capazes de olhar pra nós mesmo! (Ou pelo menos deveria ser assim!)

Quando lutamos por algo, nos indignamos ao ponto de explodir. Nem sempre é a melhor saída eu sei… meu amigos conhecem as minhas explosões! (Perdão por isso!)

Mas quando lutamos por esse algo maior, compreendemos que a vida é muito mais do que só adquirir bens, muito mais do seguir preceitos religiosos, muito mais do que competir, muito mais do que ser fiel a uma teoria acadêmica. Transpomos as fronteiras sem relativiza-las: entre o bem e mal, moral e imoral, entre teoria e prática, material e espiritual. Entendemos as conexões, pois as vemos, as sentimos, as vivemos dentro de nós!

A luta antimanicomial foi uma luta que me transformou. Ou melhor, iniciou algo dentro de mim o qual eu vivo intensamente hoje.

A luta antimanicomial não diz respeito só às reformas no campo da saúde mental, na política ou nos serviços e práticas clinicas. A luta antimanicomial diz respeito a uma revolução silenciosa que acontece dentro de nós, isto é, quando nos permitimos a isso, quando usufruímos inteiramente do dispositivo do intelecto, quando percebemos, mesmo sem como saber dizer, que a unidade do universo habita em nós!

A luta antimanicomial é a luta dos negros, das mulheres, das crianças e adolescentes, dos índios, a luta dos oprimidos. Mas é também a luta dos que se sentem vazios, solitários, infelizes. É a luta dos que, mesmo vivendo e reproduzindo o que a sociedade prega, desconfiam, se incomodam, percebem que há algo de podre no reino. Cuja a miséria humana, não só a material, fede.

Mas que ao mesmo tempo conseguem ver que também há algo de belo no reino e contraditoriamente, acreditam no ser humano!

Janisse Carvalho

Entender que a luta antimanicomial, ou qualquer outra luta pela dignidade e solidariedade entre humanos e não humanos, se dá no cotidiano e nos faz ficar sempre alerta para os manicômios que construímos, ou deixamos construírem, dentro de nós! Só com essa ciência, digo com-ciência, caminharemos para a congruência da teoria posta em prática!

Viva a luta antimanicomial!

Viva a luta pela liberdade de ser quem somos!

*Janisse Carvalho, psicóloga, professora universitária e militante antimanicomial.