PRECE DOS COMUNICADORES

PRECE DOS COMUNICADORES

“Senhor dá-me a tolerância/e o dom da crítica que ergue a humanidade porque vivo sujeito ao curso dos contrários.
/Dá-me a sensatez e a voz que os inimigos que porventura tenho não possuem/ para que respeitem a opinião que teço diariamente/ e o valor que tenho, assim como sou e como mereço”

Fernando Canto

14º FIM – Audiovisual: arma e refúgio (filmes selecionados)

 

Por Alexandre Brito

Ao longo desses 14 anos de Festival, passamos a criar para cada edição do FIM um mote que norteia e perpassa todo o processo de organização do evento, nossas escolhas de convidados, o trabalho da curadoria, a identidade visual, o teaser… E para este ano de 2017, tomamos como mote “Audiovisual: arma e refúgio”. Entenda:

Se a disposição física necessária para vermos um filme é nos posicionarmos diante de uma tela, a forma cognitiva de perceber um filme nos liberta dessa dicotomia tela-sujeito e nos permite habitar um filme, tê-lo como um lugar, como refúgio. Por outro lado, assim como um papel em branco era considerado arma perigosa pelo estado no romance clássico de George Orwell, “1984”, a obra audiovisual, por vezes, revela sua face “arma”: atacando ideias ou as defendendo.

Em uma sociedade cada vez mais mediada por telas, entender o papel multiface do audiovisual é uma necessidade. Historicamente, construiu-se a narrativa do audiovisual como entretenimento e ele o é, inegavelmente. Mas não só. O audiovisual é polifônico, é discurso, é narrativa, é simulacro. O próprio conceito de multimídia já se mostra limitado demais para dar conta da tarefa de definir o audiovisual.

Por isso, a 14ª edição do Festival Imagem-Movimento traz uma perturbação: nesse mundo de diásporas, de conflitos declarados ou velados, de avanços que parecem nos levar a retrocessos, o audiovisual pode ser nossa arma e nosso refúgio, como queiramos. Mais um FIM se aproxima. Queira.

Depois de receber 75 inscrições provenientes de 17 estados brasileiros e dois filmes internacionais (Bélgica e EUA), a curadoria do 14ª FIM tem a honra de divulgar a lista dos filmes selecionados e convidados para sua programação, que acontece de 3 a 9 de dezembro. O audiovisual independente brasileiro tá bonito de se ver.

Parabéns e obrigado aos realizadores de todo o país por terem compartilhado conosco seus olhares!

14º FIM – Audiovisual: arma e refúgio.

A CHULA
Direção: Carlos Haussler
Origem: Macapá (AP)
A HISTÓRIA DE ZAHY
Direção: Otoniel Oliveira
Origem: Belém (PA)
APESAR DE TUDO
Direção: Janaina Dórea
Origem: Rio de Janeiro (RJ)
ALGO DO QUE FICA
Direção: Benedito Ferreira
Origem: Goiânia (GO)
ATRIUM
Direção: Auchentauler Campos de Lima
Origem: Belém (PA)
AZUL CARNE
Direção: Lucas Leônidas
Origem: São Paulo (SP)

BODAS DE PAPEL
Direção: Keyci Martins e Breno Nina
São Luís (MA)

CANDEIAS
Direção: Reginaldo Farias e Ythallo Rodrigues
Origem: Juazeiro do Norte (CE)
CARTA SOBRE O NOSSO LUGAR: MULHERES DO VILA NOVA
Direção: Rayane Penha
Origem: Macapá (AP)
CERCADOS PELA MORTE
Direção: João Vitor Ferian
Origem: Itapira (SP)
CINE IDEAL
Direção: Ricardo D’Almeida
Origem: Rondon do Pará (PA)
COXINHA
Direção: Cristiano Sousa e Ivan Martins
Origem: Goiânia (GO)
CLAUSURA
Direção: Mariana França e Gildo Antonio
Origem: São Bernardo do Campo (SP)
CLAMOR
Direção: Jomar Quaresma
Origem: Macapá (AP)
CURTIU?
Direção: Dominique Allan
Origem: Macapá (AP)

DANCER FASSBINDER
Direção: Felipe Cortez
Origem: Belém (PA)

ENTRE O LÁPIS E O PAPEL
Direção: Leo Collette
Origem: Rio de Janeiro (RJ)
EM TORNO DO SOL
Direção: Julio Castro e Vlamir Cruz
Origem: Natal (RN)
FREQUÊNCIAS
Direção: Adalberto Oliveira
Origem: Recife (PE)

HACKER
Direção: Rafael B. Silva
Origem: Belém (PA)
HIC
Direção: Alexander S. Buck
Origem: Vitória (ES)

IMBILINO VAI AO CINEMA
Direção: Samuel Peregrino
Origem: Goiânia (GO)
IMERSIO
Direção: Núcleo de Produção Audiovisual/Tiago Quingosta/Uliclelson Luís
Origem: Macapá (AP)
INTERMITÊNCIAS SOBRE MACAPÁ
Direção: Aron Miranda e Tami Martins
Origem: Macapá (AP)

LALU DE OURO – O PRIMEIRO MESTRE SALA
Direção: Becca Lopes
Rio de Janeiro (RJ)
LATOSSOLO
Direção: Michel Santos
Origem: Luís Eduardo Magalhães (BA)
LAMBES QUE GRITAM
Direção: Salomão Cardoso
Origem: Macapá (AP)
LOUÇA DE DEUS
Direção: Eudaldo Monção Jr.
Origem: Nazaré (BA)
LÚCIA VOLTOU A FUMAR
Direção: Iuri Bermudes da Silva Weinberger
Origem: São Paulo (SP)

MANIFESTO PORONGOS
Direção: Thiago Köche
Origem: Porto Alegre (RS)
MÃE DE OURO
Direção: Monica Palazzo
Origem: São Paulo (SP)
MÃES DE UMBIGO: HISTÓRIA DAS PARTEIRAS DO AMAPÁ
Direção: Vitória Gonçalves Pereira Greve
Origem: Macapá (AP)

NÃO É PRESSA, É SAUDADE
Direção: Camilla Shinoda
Origem: Brasília (DF)
NOITE PÚRPURA
Direção: Caroline Biagi
Origem: Curitiba (PR)

OBRIGADOS
Direção: Henrique Grise
São Paulo (SP)

PÁSSAROS NA BOCA
Direção: Gustavo Ribeiro
Origem: São Paulo (SP)
PEDAÇOS DE PÁSSAROS
Direção: Andrei Miralha e Marcílio Costa
Origem: Belém (PA)
PÉ NA TÁBUA… VIDA QUE SEGUE
Direção: Cervantes Sobrinho e Lucíola Figueiredo
Origem: Campos do Jordão (SP)
PISKA
Direção: Nelson Brauwers e Andruz Vianna
Origem: Braga (RS)
POR CONTA DA CASA
Direção: Flávio Costa
Porto Alegre (RS)
PRÓXIMA
Direção: Luiza Campos
Origem: São Paulo (SP)

VACA PARIDA
Direção: Diogo Cronemberger
Origem: Alvinópolis (MG)

SOBRE QUEDAS E QUEDARES
Direção: Carla Antunes
Origem: Macapá (AP)

KAYKA ARAMTEM: SABER E TRADIÇÃO DE UM SÁBIO ARUKWAYENE
Direção: Elissandra Barros da Silva e Carina Santos de Almeida
Origem: Oiapoque (AP)

FILMES CONVIDADOS
NOITE SUJA
Direção: Allyster Fagundes
Origem: Belém (PA)

LADO B – O ROCK PARAENSE DOS ANOS 80
Direção: Janine Valente
Origem: Belém (PA)

MESTRES PRAIANOS
Direção: Artur Arias Dutra
Origem: Maiandeua (PA)

MARAJÓ DAS LETRAS
Direção: Fernanda Martins
Origem: Belém (PA)

O CAMINHO DAS PEDRAS
Direção: Alexandre Nogueira e Fernando Segtowick
Origem: Ananindeua (PA)

ROSARIO
Direção: Renato Vallone
Origem: Brasil/Bolívia

DIVINAS DIVAS
Direção: Leandra Leal
Origem: Brasil

ERA O HOTEL CAMBRIDGE
Direção: Eliane Caffé
Origem: Brasil

PARA TER ONDE IR
Direção: Jorane Castro
Origem: Brasil

NÚMEROS DO FESTIVAL
– Total de inscritos: 75
– Selecionados: 44

– Origem dos filmes inscritos:
Nacionais:
ES: 1
SC: 1
CE: 1
SE: 1
RN: 1
MA: 1
BA: 2
MG: 2
DF: 3
PR: 3
GO: 3
PE: 4
RS: 6
RJ: 7
PA: 9
AP: 12
SP: 16
Internacionais:
Bélgica: 1
Estados Unidos/Brasil: 1

– Produções amapaenses inscritas: 12
– Selecionadas: 10

– Produções convidadas: 9

Fonte: FIM

Papo firme de William Bonner – @realwbonner

Algumas pessoas se imaginam no direito de agredir adultos que tomaram decisões sobre as vidas deles. O simples fato de o bem-estar dessas pessoas ser tão afetado pelos caminhos que os outros escolheram pra si é um indicativo de que elas precisam de ajuda. Seja psicológica, seja psiquiátrica, seja espiritual. Isso não é saudável. Saudável é viver a própria vida. Aproveitá-la como uma benção. Essas pessoas cheias de ódio e agressividade insultam e opinam sobre algo que não diz respeito a elas de forma nenhuma. O pior é que elas têm na cabeça uma interpretação amalucada daquilo que teria levado os outros a tomar as decisões que tomaram pra suas próprias vidas.

É uma fantasia elaborada com base em preconceitos, fofocas, equívocos, invenções, inveja, sonhos frustrados. E isso não faz sentido nenhum. No espaço de comentários de uma foto de paisagem, essas pessoas expõem seus preconceitos, seus recalques, sua desinformação de uma forma deprimente. E palpitam sobre as vidas de outras pessoas de maneira absurda. Às vezes, até criminosa, em tom de ameaça. Um sujeito saudável e feliz consigo mesmo não faz isso. Pessoas que agem dessa maneira talvez se ajudassem muito se olhassem atentamente pra elas mesmas e identificassem suas próprias frustrações. Viveriam a vida delas, em vez de tentarem viver vidas de outros.

Saudável é trilhar o caminho pavimentado pelo respeito aos outros. Respeito às decisões que outras pessoas tomam sobre as vidas delas. Respeito ao direito que todo mundo tem de buscar a própria felicidade. Que só se completa quando também é encontrada por quem você ama, ou admira, ou simplesmente respeita. Todos com quem você construiu laços pra vida. Você só consegue a felicidade plena se essas pessoas também estiverem felizes. E, quando isso acontece, é mágico. Os sorrisos espontâneos se multiplicam, tudo ganha leveza e luz.

Os insultadores intrometidos não enxergam isso. São cegos pra felicidade dos outros porque não enxergam o quanto eles próprios são infelizes. Mas o porquê dessa infelicidade toda só eles podem encontrar. Que tenham boa sorte.

William Bonner – jornalista, publicitário, apresentador e escritor. É editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão.

Uma Crônica Otimista (Ou a distopia de uma distopia) – Por Jaci Rocha

Crônica de Jaci Rocha

Fazia tempo que não o via. O ”artista da fome” da minha cidade, como sempre ‘faminto’, caricato e mudo, com sua guitarra interior arranhando a paisagem, para receber aplausos da platéia, que aplaude como quem joga moedas ao chão, por piedade. Por piedade, aplaudo.

Foi talentoso e todo mundo enxerga nele ‘um figura’ com quem se parecia: Ele mesmo, quando tinha um nome. A maioria ao redor não olha de frente para seu rosto, observo. É quase respeitoso o gesto. E constrangedor, de ver a transmutação do artista.

Aos poucos, na sua própria cela interna, ele deixa de ser pessoa e vira apenas o espetáculo, o show. Não é mais. Deixou de ser, apagou seu nome de si, com a borracha do vício. Não é um maluco a se divertir e rir de nós, com nossos horários e rituais de socialização. Não se trata disso. Ele resiste de morrer enquanto desiste de viver.

Ultrapassou a linha. Foi além da margem e caiu no precipício.

Do vício de ser um espetáculo. Do vício da tristeza. Do vício no vício.

…mas, quase por instinto, reescrevo esta história em minha cabeça.

Ele levanta de dentro de si, sai da cela, olha todo mundo e diz: vou bem ali, fumar um

cigarro. Volta com a coluna reta. E novamente torna a ter alguma expressividade no olhar. Tem uma noite memorável com as pessoas ao redor, que chama de ‘amigas’. Fala que vai investigar gente ‘importante’ e fazer e acontecer com um pessoal aí. Volto a sentir antipatia por seu trabalho – sim, pois não se sente antipatia por espectros. Só desperta antipatia quem exerce a arte de “se ser”.

Ele sai de cena para uma matéria super secreta, que tempos depois, vai ajudar a desmanchar uma incrível rede de corrupção no Estado. A partir daí, não o veremos mais. Mas boatos espalharão que virou espião ou correspondente secreto e investigativo de uma emissora de televisão intergaláctica.

Academia Amapaense de Letras empossa 12 novos imortais

Foto: Dulcivânia Freitas

A Academia Amapaense de Letras (AAL) empossou, na noite desta sexta-feira (27), no Centro de Convenções João Batista de Azevedo Picanço, mais 12 membros. Agora a AAL possui 22 acadêmicos imortais.

Fundada em 21 de junho de 1953, data escolhida por conta de ser o mesmo dia do aniversário do escritor Machado de Assis, a Academia Amapaense de Letras surgiu como uma entidade civil, sem fins lucrativos e com o objetivo de promover o desenvolvimento literário, cultural, científico e artístico do Amapá. Seu primeiro presidente foi o professor de português e literatura Benedito Alves Cardoso.

A cerimônia foi conduzida pelo presidente da AAL, professor Nilson Montoril de Araújo, com o auxílio do secretário da entidade, o sociólogo e poeta (além de queridíssimo amigo nosso) Fernando Pimentel Canto. Também compuseram a mesa de honra do Silogeu, o vice-presidente, Manuel Bispo Correa; e o diretor de biblioteca, Luiz Alberto Costa, todos membros da direção da Academia Amapaense de Letras.

A belíssima solenidade marcou uma nova fase na existência do Silogeu (Casa onde se reúnem associações literárias ou científicas) do Amapá, que é a vanguarda da cultura amapaense e representa respeito e reconhecimento por aquelas que produzem e reproduzem arte e conhecimento através de manifestações literárias no Estado. Ainda durante o evento, foi anunciado um futuro edital, para mais 18 vagas nesta Academia.

Foto: Aloisio Menescal

Os novos acadêmicos imortais são:

Cadeira nº 01 – Gilberto de Paula Pinheiro (Patrono: Acylino de Leão Rodrigues e Fundador: Heitor de Azevedo Picanço; Cadeira nº 07 – Benedito Rostan Costa Martins (Patrono: Deusolina Sales Farias e Fundador: Amaury Guimarães Farias); Cadeira nº 14 – Piedade Lino Videira (Patrono: Hildemar Pimentel Maia e Fundadora : Aracy Miranda de Mont’Alverne); Cadeira nº 15 – Fernando Rodrigues dos Santos (Patrono Janary Gentil Nunes e Fundador: Estácio Vidal Picanço); Cadeira nº 20 – César Bernardo de Souza (Patrono: João Távora e Fundador: Elfredo Távora Gonçalves); Cadeira nº 25 – Alcinéa Maria Cavalcante Costa (Patrono: Mendonça Júnior e Fundador: Alcy Araújo Cavalcante); Cadeira nº 28 – Cléo Farias de Araújo (Patrono: Júlio Maria de Lombaerde e Fundador: Jorge Basile); Cadeira nº 29 – Manuel Azevedo de Souza (Patrono Paulo Euletério e Fundador: Arthur Nery Marinho); Cadeira nº 31 – Paulo Tarso Silva Barros (Patrono: Paul Ledoux e Fundador: José de Alencar Feijó Benevides); Cadeira nº 33 – Francisco Osvaldo Simões Filho (Patrono: Roque Penafort e Fundador: Hélio Guarany Penafort); Cadeira nº 38 – José Queiroz Pastana (Patrono: Vicente Portugal e Fundador : Antônio Munhoz Lopes); Cadeira nº 40 – Carlos Nilson da Costa (Patrono: Walkiria Lima e Fundador: Isnard Brandão de Lima Filho.

Foto: Aloisio Menescal

Todos os membros da instituição são importantes, pois estão no olimpo da nossa cultura e são a representação da nossa literatura, mas neste texto, parabenizamos os queridos Fernando Canto (que já era acadêmico antes de ontem) e os amigos César Bernardo, Paulo Tarso Barros, Carlos Nilson Costa, Rostan Martis e, especialmente, Alcinéa Maria Cavalcante Costa.

O Amapá precisa preservar, reconhecer e homenagear seus grandes nomes em todas as áreas de atuação. Esse é um momento de reconhecimento.

Foto: Aloisio Menescal

Quanto à Néa, em um eufemismo poético, a bem amada do tio Alcy Araújo sentou no colo e na cadeira do pai, na Academia Amapaense de Letras, como Imortal.

O momento foi de grande deleite e emoção para nós, que militamos, sonhamos e vivenciamos a cultura deste Estado, que enraíza e frutifica a identidade Amapaense, permeada pelas mais diversas manifestações artísticas.

Alcinéa, jornalista, professora, poeta da segunda geração de poetas do Amapá, integrante e uma das criadoras do movimento Poesia na Boca da Noite e da Associação literária do Amapá (Alieap), entre outras tantas coisas fantásticas que é, sentou na 25º Cadeira como Imortal.

Foto: Paulo Tarso Barros

Ontem, a Academia Amapaense de Letras ganhou no céu dos imortais a linda Estrela azul da poesia, com sua Paisagem Antiga, versos de açúcar atemporais e leveza incomparáveis.

Nós aplaudimos e também nos emocionamos, pois além do imenso talento da Alcinéa, que já atravessou o Rio Amazonas e deu a volta ao mundo, temos por ela um grande amor e admiração.

Elton Tavares e Jaci Rocha

“Meu sorriso de Adeus” – Por @KiaraGuedes

Por Kiara Guedes

Amigo, vai comigo no rock da praça? Por favor, poxa. Papai não vai me deixar ir sozinha…

Depois de muito apelo, meu amigo de infância, em quem meus pais confiavam levar/acompanhar a filha adolescente no rock, chegou, pedi que me esperasse na “sala de música”, escutando música. Ser filha de músico, sobrinha, irmã de músicos me proporcionou ter uma sala, com uma televisão, quase nunca ligada, mas com muitos instrumentos musicais, e no decorrer do tempo, um sucessão de aparelhos reprodutores de música.

Estava tocando Luiz melodia, deixei, era um chorinho. Então eu fiquei pronta e a conversa foi sobre como eu me preparava pra ir ao rock escutando um chorinho, mas veja que só que pergunta, Luiz Melodia e principalmente Chorinho não tem hora pra ser escutado, amigo!, eu lembro da resposta.

Nem moda nem onda, Luiz Melodia continou a tocar, e hoje você o acha em mais um dos meus “aparelhos” de reprodução de música, “o sigo” na verdade, em meu spotify. As manhãs felizes inclusive, sempre tiveram basicamente uma trilha:

“Hoje eu acordei bem cedinho, estava preso num chorinho, falando de Amor e passarinho…”

Hoje a trilha pela manhã foi de tristeza para o país inteiro, e ouso usar mais um clichê e dizer que mais um gênio musical foi fazer um samba do outro lado. E embora o evento morte seja “Congenito” da vida, nunca “compreendemos mais… porque tudo que se tem não representa nada”, e deve ser mesmo porque somos incapazes de tomar o conselho de que “se a gente falasse menos…”.

Enquanto escrevo, meu menino aqui do lado me pede pra colocar um rock pra que os Dinossauros de brinquedo lutem, eu explico que gostaria que ele curtisse um Chorinho – Fadas – comigo e então eu coloco o rock. Ele aceitou e eu sorrio.

“Twist, eu sei que existiu
Rock’n’ Roll, não sei se eu vou
Não sei se a onda é samba
Se é moda ou tudo onda…”

MUNHOZ E A ARTE – Por Fernando Canto

Fernando Canto e o professor Munhoz – Última foto de velhos amigos

Prezados amigos, é um pouco difícil falar sobre o professor Munhoz neste momento doloroso de sua partida definitiva, sua última viagem. Ele deixará um vazio enorme na cultura amapaense, não só pela sua atuação no sacrossanto trabalho no magistério, mas sobretudo pelo homem que foi: um paladino das letras e das artes plásticas, que formou milhares de pessoas e que acreditava num mundo mais justo e melhor para todos.

Era um crítico ferrenho e um professor austero. Um cidadão justo, um católico intransigente .

Mas também era uma pessoa alegre, sempre disposta a ouvir os causos contados pelos amigos.

Mesmo não tendo sido seu aluno, aprendi muito com ele sobre História da Arte, matéria que falava com profundeza, arrematando estilos, escolas e artistas consagrados com a experiência de quem visitou centenas de museus em dezenas de países.

Fomos membros do Conselho Territorial de Cultura e nas últimas semanas estávamos reestruturando a Academia Amapaense de Letras, juntamente com seus ex-alunos Paulo Guerra, Manoel Bispo, Nilson Montoril e Antônio Carlos Farias.

Essa lacuna nunca será preenchida, pois Munhoz era ímpar no seu metier como crítico e intelectual das artes no nosso Estado.

Agora ele só precisa de preces e do nosso verdadeiro reconhecimento como insigne mestre que foi e um amigo mais velho que não parava de ensinar e de dignificar o que fazia.

Macapá, 23 de maio de 2017
Fernando Canto

Bicampeã pan-americana vende doces para disputar torneios

Por André Silva

Apesar do currículo invejável recheado de 28 títulos e medalhas no jiu-jitsu e no judô, a atleta amapaense Tainá Feijão é mais um exemplo de falta de apoio às modalidades individuais. Ela precisa de patrocínio para participar de duas competições este ano. Com 28 anos, ela começou a lutar para se livrar da depressão e do sobrepeso.

Tainá Feijão vai disputar o torneio Mundial de Jiu-jitsu Esportivo, que acontece entre os dias 5 e 9 de julho em São Paulo; e também o São Paulo Open, entre os dias 1º e 2 de julho.

“As competições vieram para me auxiliar. Começou como desafio pessoal. Os resultados se mostraram positivos e aí eu fui em busca de resultados melhores”, lembrou a atleta.

Tainá Feijão nasceu no Pará, mas foi criada no Amapá. A primeira conquista veio com a primeira competição, o Campeonato Brasileiro Região Norte, em Belém. Daí não parou mais. Ela é Bicampeã Pan-americana, medalhista em cinco campeonatos brasileiros, Bicampeã norte Brasil, vice-campeã paulista, campeã da Copa Osasco, entre outros.

Além de jiu-jitsu, a atleta luta também judô. Até agora foram duas participações em competições e dois pódios.

Ela se queixa das mesmas coisas que a maioria dos atletas do Estado: falta de patrocínio. As dificuldades para manter os treinos e custear as viagens são os maiores desafios que ela enfrenta. A família de Feijão se juntou à causa e vende doces para ajudar nos gastos com suplementos e academia. Segundo a atleta, a ajuda vem dando resultado.

O grande empecilho para ir às grandes competições é sair do Estado. É muito difícil e caro. Os atletas do Pará, por exemplo, têm mais facilidade porque eles conseguem chegar de carro até os grandes polos de competição que são Rio de Janeiro e São Paulo”, comparou a atleta.

Ela pretende embarcar no próximo dia 28 para ter mais uns dias de treino no local da competição. A atleta disponibilizou um número de telefone para quem puder e quiser ajudar nesse projeto: 98133-6424 (Gê Publicidade).

Fonte: SelesNafes.Com

Sobre aprendizado, trabalho, amizade e gratidão: valeu, Vales!


Quem lê este site, desde que ele era um blog há 8 anos, sabe: independente se são figurões ou não, falo dos meus amigos. Hoje contarei um pouco da experiência porreta que foi trabalhar com um deles.

Era março de 2013. Eu era assessor do prefeito Clécio, eram os meses iniciais do primeiro mandato dele à frente da Prefeitura de Macapá. A gente tava trabalhando mais que garçom de formatura. Tocou o meu celular e a Marilene (assessora do desembargador Raimundo Vales, mas eu não sabia quem era ela) disse: “Elton Tavares?”. Eu: “sim, em que posso ajudar?”. Ela prosseguiu: “aqui é do Gabinete do desembargador Raimundo Vales, você pode vir aqui”. Meio confuso, disse que iria.

Ao chegar lá, tive uma breve conversa com o desembargador, que de cara mostrou logo seu perfil direto e alegre. Bom, aí começou um capítulo importante da minha carreira como jornalista e assessor de comunicação.

Vales, além de desembargador no Tribunal de Justiça do Amapá, era à época presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP). Naquele encontro, após entrevistar outros colegas jornalistas e aceitar a sugestão da querida Bernadeth Farias (jornalista chefe da comunicação do TJ Amapá e querida amiga deste gordo) me convidou para assumir a comunicação do TRE. Topei na hora.

Trabalhar com ele e sua equipe foi um aprendizado e tanto. Justo, bem humorado e coerente, Vales sempre soube cobrar, mas dava condições para o trabalho ser feito. Além disso, escutava técnicos e especialistas entes de tomar decisões, assim como deve ser. Nunca dado a floreios ou coisas não práticas. Sempre fazia o que era necessário para resolver, dentro do possível e legal. Às vezes, ele botava pra quebrar, quando necessário, mas na maioria das situações, seguia pela via mais contemporizadora. Trampar dois anos com ele foi muito legal. Um aprendizado e tanto.

No alto dos seus 63 anos, destes 26 de magistratura (17 de desembargo), Vales presidiu o TJ e o TRE do Estado. Também foi professor de Direito na Universidade Federal do Amapá (Unifap).

Em seu perfil na rede social Twitter, ele disse: “sempre admirei quem soube sair: a circunstância certa, o momento adequado, o motivo correto. Afinal, sair é verdadeiramente uma arte!”. Aliás, ele sempre disse isso. Falava sobre “a roda” da vida, uma analogia sobre a importância das mudanças.

Fazendeiro e homem que curte agricultura e pecuária, Vales vai curtir a família, sua fazenda e seus cavalos. Enfim, descansar.

Nunca tinha escrito um texto sobre o Vales. Nem nas passagens de seu aniversário, pois tinha medo de ser jogado pelos idiotas de plantão na vala comum dos puxa-sacos, mas deixei de bobagem.

De acordo com o Tratado sobre Gratidão de São Tomás de Aquino, existem três níveis de gratidão: superficial, intermediário e profundo. O primeiro pelo o reconhecimento. O segundo do agradecimento, do dar graças a alguém por aquilo que esse alguém fez por nós. E o terceiro e mais poderoso é o do vínculo, é o nível do sentirmos vinculados e comprometidos com essas pessoas.

Agradeço ao Vales no segundo nível, pela oportunidade do aprendizado e pelo crescimento profissional que aquele momento significou.

Ele é um cara porreta mesmo e este breve depoimento é pra registrar meu apreço e satisfação que foi trabalhar com ele. Valeu, Raimundo, tu és um baita cara porreta!

Elton Tavares

Cronovisor: minha resenha do incrível show “Renato Russo, de corpo e alma”

Foto: Manoel Raimundo Fonseca

Ontem (16), fomos assistir ao show “Renato Russo, de corpo e alma”, da turnê Cronovisor, realizada pelo psicólogo, músico e cantor pernambucano Samuca Luna. A incrível apresentação ocorreu no Teatro das Bacabeiras, no centro de Macapá e mexeu com os sentimentos do público.

O artista, multi-instrumentista (o cara tocou violão, ukulele, teclado, pedais de bateria, além de técnico de som, mexendo em mesa digital) declamou parte da obra de Renato, ídolo de nove entre 10 fãs do Rock Nacional oitentista e noventista. Samuca também discorreu sobre fatos e curiosidades da vida do líder da Legião Urbana.

Foto: Manoel Raimundo Fonseca

Segundo o psicólogo-artista-boa-praça, a apresentação é originária do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em 2010.

Durante o show, foram exibidas entrevistas marcantes de Renato, além de acontecimentos influenciaram sua obra, assim como relatos da infância traumática do artista. Tudo dentro de um feliz esquema de projeções canções à altura da beleza do conteúdo musical, poemas e muita criatividade. Simples e bem produzido ao mesmo tempo (que realmente não foi perdido).

Entre os pontos altos do show, destaco a execução de “Que País é Este” (com todos os sórdidos presidentes do Brasil exibidos no telão); a junção de “Love Of My Life” (canção da banda inglesa Queen) e “Os Barcos” (música da Legião Urbana), que foi fantástica, genial e tocante mesmo, além de Faroeste Caboclo (com direito a letra em arte na tela) e Tempo Perdido (pois sempre temos que seguir em frente).

Foto: Manoel Raimundo Fonseca

Samuca nos fez viajar para 20 e poucos anos no passado. Ele fez com que velhas emoções dessem o ar da graça de dentro de antigas memórias afetivas. É incrível como coisas assim nos emocionam. A interação carismática com o público é outro ponto positivo no show.

Foto: Manoel Raimundo Fonseca

Em resumo, o primoroso show é uma preservação da memória e grandeza que Renato Russo representa para a cultura nacional. Além disso, com uma extraordinária apresentação musical com canções de amor ou crítica social. Para a maioria dos presentes, também trilhas sonoras de amores bem sucedidos e de corações partidos. É foi assim.

Força sempre!

Elton Tavares

Festival Lollapalooza 2017 – EU VOU!

Neste final de semana, eu, meu irmão, Emerson e nossos queridos Anderson e Adê (nosso casal preferido de amigos e companheiros de muitas viagens) embarcaremos para mais uma aventura rocker na babilônia: o Festival Lollapalooza 2017. O evento gringo ocorrerá nos dias 25 e 26 de março, sábado e domingo, respectivamente. A versão brasileira sempre é realizada em São Paulo (SP). O local do evento Rock and Roll será o mesmo de 2014, 2015 e 2016 (só não fomos no ano passado): o Autódromo de Interlagos.

O festival terá várias atrações, entre bandas de Rock e Música Eletrônica, divididas em tendas e vários palcos. Mas além de viajar com o meu irmão (o meu principal parceiro na vida) tenho quatro fortíssimos motivos para enfrentar 6h de voo de Macapá até a capital paulistana. São eles:

No sábado sobe ao Palco Onix, às 19h40, o grupo indie The XX e fechando a primeira noite, no Palco Skol, a lendária banda de heavi metal, Metallica. Já no domingo, no Palco Onix (16h30) rola show da a clássica banda oitentista Duran Duran. No Palco Skol, fechará a segunda noite, o renomado grupo alternativo The Strokes  (às 20h30). Isso sem mencionar aqui outros tantos artistas gringos e nacionais.

Tá, é caro pra caralho, ainda mais que a gente sempre fica na área vip (momento boçalidade mesmo), mas é pra isso que trabalhamos tanto. Afinal, “não viemos ao mundo só para pagar contas”.

Já realizei alguns dos meus sonhos, como assistir a apresentações assim. Estamos no extremo oposto de onde essas coisas acontecem, por isso é preciso esforço e planejamento (pra não dizer coragem e loucura se você não é rico, assim como eu) para coisas assim.

À exemplo dos shows de Radiohead (2009), U2 (2011), The Cure (2013), Lollapalooza’s (2014 e 2015Pearl Jam e Morrissey (2016), a ansiedade já me corrói. Para finalizar, quem já foi a um grande festival, sabe: é uma onda caralhenta de porreta. É isso e bora viver o Rock and Roll, mais uma vez!!

Elton Tavares

Monólogo Mundo Moderno – Texto genial e saudoso Chico Anysio

E vamos falar do mundo, mundo moderno marco malévolo mesclando mentiras modificando maneiras mascarando maracutaias majestoso manicômio meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres miscigenação morticínio, maior maldade mundial madrugada, matuto magro, macrocéfalo mastiga média morna monta matumbo malhado munindo machado, martelo mochila murcha margeia mata maior manhazinha move moinho moendo macaxeira mandioca meio-dia mata marreco manjar melhorzinho meia-noite mima mulherzinha mimosa maria morena momento maravilha motivação mútua mas monocórdia mesmice muitos migram mastilentos maltrapilhos morarão modestamente malocas metropolitanas mocambos miseráveis menos moral menos mantimentos mais menosprezo metade morre mundo maligno misturando mendigos maltratados menores metralhados militares mandões meretrizes marafonas mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente modestas moças maculadas mercenárias mulheres marcadas mundo medíocre milionários montam mansões magníficas melhor mármore mobília mirabolante máxima megalomania mordomo, mercedez, motorista, mãos magnatas manobrando milhões mas maioria morre minguando! moradia meiágua, menos, marquise mundo maluco máquina mortífera mundo moderno melhore melhore mais melhore muito melhore mesmo merecemos maldito mundo moderno mundinho merda!

Chico Anysio

Amapaense coordena primeiro projeto de acesso à internet em aldeias afastadas de Moçambique

O Instituto de Investigação portuguesa Fraunhofer Portugal AICOS irá implementar uma solução para o acesso à Internet nas zonas rurais de países em desenvolvimento, permitindo melhorar a qualidade de vida das comunidades e reduzir a exclusão digital. Durante uma semana, uma equipe de profissionais visitou a província da Zambézia, onde será implementado o projeto Aldeias Sustentáveis para o Desenvolvimento em Moçambique (SV4D-MZ). O pesquisador amapaense, Waldir Aranha Moreira Júnior, de 36 anos, é gestor e coordenador do projeto.

A maioria das aldeias em áreas remotas de países em desenvolvimento ainda não tem acesso a serviços de Internet banda larga, o que limita sua capacidade de crescimento social e econômica. Muitas aplicações podem resolver problemas particulares nestas aldeias, mas dependem da Internet. A Fraunhofer Portugal AICOS, em parceria com a Associação de Reguladores de Comunicações e Telecomunicações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (ARCTEL-CPLP) e o Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM), está a trabalhar no primeiro piloto de aldeias sustentáveis para o desenvolvimento com acesso à Internet banda larga. Os distritos de Mocuba e Alto Molócuè, na província da Zambézia, vão receber algumas praças digitais no contexto deste projeto.

Enquanto alguns cidadãos nestes locais têm smartphones e possuem conhecimento suficiente para usar a tecnologia e entender o seu propósito, a maioria da população desconhece completamente o uso da tecnologia. A marcação de uma consulta médica ou o acesso a e-books são apenas dois exemplos de serviços que podem ser implementados através da infraestrutura de comunicação fornecida pelo SV4D-MZ, permitindo que qualquer utilizador acesse facilmente os serviços, independentemente do nível de conhecimento tecnológico. As Aldeias Sustentáveis para o Desenvolvimento permitirão aos cidadãos o contato com a Internet, provando que a barreira entre dispositivos digitais e acesso à informação pode ser superada. Além disso, a qualidade de vida dessas populações será melhorada.

A avaliação do local de implantação é a primeira etapa do projeto. Locais de alta densidade de usuários, como escolas, centros de formação, campus universitários, hospitais e mercados, estão entre os locais considerados para implantação das praças digitais, que fornecerá conectividade à Internet aos cidadãos de Mocuba e Alto Molócuè. Soluções de Pesquisa e Desenvolvimento podem então ser testadas e implementadas, aplicando Tecnologias de Informação e Comunicação para o Desenvolvimento (ICT4D) e projetos como o Malaria Scope, Vigilância Epidemiológica, Agricultura Hidropónica e Bibliotecas Digitais.

A equipe SV4D-MZ foi apresentada às autoridades locais, a fim de compreender as necessidades específicas das zonas rurais em Moçambique. O objetivo destas reuniões era adaptar o projeto às condições reais dos locais, visando aumentar a taxa de sucesso da implementação.

Waldir Aranha

Waldir Aranha

Local de trabalho: Fraunhofer Portugal Research Center for Assistive Information and Communication Solutions (Fraunhofer AICOS), Porto, Portugal.

Waldir é um brother das antigas e um profissional competente. Ele, que é PhD em Telecomunicações pelas Universidades do Minho, Aveiro e Porto, reside há oito anos em Portugal (POR). Aranha foi contratado em setembro de 2016 pela Fraunhofer AICOS para atuar na área das tecnologias da informação e comunicação para países em desenvolvimento (ICT4D).

Parabéns e sucesso, mano velho!

Elton Tavares, com informações do Waldir Aranha.