Poema de agora: Trombone Cobreado – Por Obdias Araújo

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TROMBONE COBREADO

O meu trombone
Polonês cobreado
Presente do
Maestro gaúcho
Clodomiro Martins caiu
Lá de cima
Do guarda-roupas
E rachou desde
A campânula
Até à volta
De afinação.

O meu trombone
Ágora caiu
De boca lá de cima
Do armário
E emudeceu.
De gritante agora
Somente o amor.
Apenas o imenso
Amor que sinto
Por ti

Obdias Araújo

Shows e gastronomia são atrações de luau ao redor de samaúma em Macapá

Programação será realizada ao redor de uma árvore samaúma no bairro Araxá (Foto: Anderson Melo)

Por Jorge Abreu

Em noite de lua cheia, uma programação pretende ocupar com cultura a praça localizada em frente ao prédio do Ministério Público Estadual (MPE), onde tem uma árvore samaúma. Com shows musicais, gastronomia e outras atividades artísticas, a primeira edição do evento será realizado no dia 8 de setembro, a partir de 17h30, no bairro Araxá, orla de Macapá.

O tema musical dessa edição será voltado para o gênero de música popular e instrumental brasileira chamado de “chorinho”, com apresentação do Lolito do Bandolim e convidados. Uma exposição automotiva de fuscas, jeep’s e outros carros antigos também deve fazer parte da programação, além de declamações do grupo de poesia Boca da Noite.

A proposta é realizar o “Luau da Samaúma” uma vez por mês. As edições devem contar com música popular brasileira e amapaense e até clássica e instrumental, além de teatro e poesia. Haverá também a comercialização de comidas e bebidas típicas, artesanato e exposição de arte em geral.

Voltado para famílias, o evento é promovido pela Promotoria Geral de Justiça em parceria com a prefeitura de Macapá. Garantia de limpeza de espaço público, segurança e a promoção de atividades à sociedade fazem parte da ideia do projeto.

Serviço:

“Luau da Samaúma”
Data: 8 de setembro (sexta-feira)
Horário: 17h30
Local: Praça Samaúma, em frente ao prédio do MPE, no complexo do Araxá
Entrada gratuita

Fonte: G1 Amapá

Poema de agora: BAÚ DAS BUGIGANGAS – Obdias Araújo

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BAÚ DAS BUGIGANGAS

Saiu de casa às quatro e quinze
Da tarde com sandália de dedo
E camiseta do Ypiranga no ombro.

– Vai sair
Benzinho?

– Nada não
Nêga. Vou só no boteco
Do Abdias comprar cigarro.

O diabo foi encontrar o Joel Elias
Com pianinho Yamaha violão e sede.

: – E aí
Camarada? Tô de chorinho novo.
Tás a fim de encarar?

Daí a encostar no Abreu
Foi um pulo.
:- Vandinha
Meu amor
Traz uma cu-de-foca
E uma lata de castanha. Põe na conta
Do Pedro Silveira.

A voz do Alcy
Chegou quatro comas
Acima do convencional

:-Afooonso!
Me tira deste caaaarro!!!
E tome chopp! E tome caipirinha!
Tome João Gilberto!

O Olivar Cunha pediu o cronômetro
Do Celso Meia-Noite.
Ele queria ver quantas vezes
Por minuto o Jacuraru
(Hexa-Campeão Mundial
De Cuspe à Distancia)
Punha a língua pra fora.

E tome chopp! E tome pinga!
E tome João Gilberto!

O certo é que
Já no sábado lá vinham os dois
Sem piano sem violão
Sem equilíbrio e sem vergonha
Escarrando gargalhadas para a lua
Mesmo sabendo que enfrentariam
A fúria de todas as Américas.

Obdias Araújo

Grupo de poetas mostra a beleza e a diversidade da poesia feita no AP

Cenopoesia foi o nome da primeira exposição realizada por esse grupo de diversificado e talentoso na arte de compor poemas. O nome da exposição acabou batizando o grupo, que tem em sua essência, a união de dez poetas amigos, que decidiram realizar exposição coletiva visual de alguns de seus poemas.

O grupo planeja para este ano ainda mais uma exposição, e para o próximo ano uma coletânea de poemas. Os trabalhos dos poetas são de temáticas diversas que vão desde o regionalismo a questões universais como o amor e o cotidiano urbano. A junção veio mesmo para mostrar a diversidade da poesia que é produzida do Amapá, e como o nosso regionalismo pode ser universal e também pop. Enquanto desejamos sucesso nesse novo projeto, vamos conhecer nossos artistas e suas obras:

Poemas:

Chumbo – Ana Anspach

Hoje o sol é cinza
E é esta a cor que invade
Meus olhos e tinge
Os rios, casas e flores
Meu coração pesa
Como chumbo
E plúmbeas são
As águas que escorrem
Da minha face.

——–

amor pra ser pássaro – Mary Paes

eu quero um amor
que não seja desses
de chamar de meu

amor pra ser pássaro
dividir o ninho…
jamais, a gaiola.

——-

Relações II – Cláudia Almeida

O liquidificador quebrou,
Já não há mais nada na despensa,
Tudo acabou antes do fim de dezembro.
A toalha molhada sobre a cama não é mais motivo de nada,
Agora a casa é motivo de tudo, até mesmo do fim de nossos beijos.
E o cachorro…?
− Não quero. Nunca o quis. Ele suja toda a casa.
O gás acabou,
O feijão subiu,
O arroz azedou,
O café esfriou,
E o Amor…?
Ele ainda resiste, insiste, persiste.
Mas custa caro, bem mais que um maço de cigarros.

——–

Caixa Postal – Thiago Soeiro

Mudo as estações do rádio
Na esperança de te achar
Em alguma canção
Ou anuncio publicitário
Há dias te procuro nos letreiros da cidade
Entre as linhas da minha mão
Mas parece que você brinca
De esconde-esconde comigo
Quando chego você já saiu
Nem nos meus sonhos aparece mais
Fugiu até a última página de um romance velho
Tuas inicias em tinta vermelha
Teu nome guardado para sempre
Na estante do quarto
E esse telefone que não toca

——–

Só tu – Bárbara Primavera

Eu te quero
Muito além dos “quereres” de Caetano
Junto com flores brancas na praia
E beijos cheios de “te amo”
Debaixo do lençol bordado
Do teu abraço apertado
Da tua boca sorrindo
Ah, mas como eu te quero!
No balanço da rede nas noites de domingo
Sob a luz da televisão
No refrão daquela bossa nova
Em uma foto 3×4 tua no meu coração.

——

SAFENA – Pedro Stkls

dedo ferido
na rosa espinho
sem vagas para
perdoar um coração
quase morto
em protesto
na av. fab
espalhando sua foto
com legendas em capslock:
PRECISA-SE DE SAFENA
PARA SOFRER MELHOR.

——-

INSPIRAÇÃO – Marven Franklin Júnior

a inspiração surge em mim
num relampejar de auroras setentrionais

amadurece num cardume
de supermassivos/densos quasares

e morre esbraseada
a colidir com extintas estrelas colapsadas [no fim do mundo]

a inspiração em mim
oh, é apenas poeira cósmica
que orbita universos paralelos [em que habito!]

——

A tua falta – Celestino Filho

Sinto falta das tuas mãos
A despir meu corpo.
Sinto falta da tua boca
Navegando na minha pele.
Sinto falta das palavras
Sussurradas no ouvido,
Derretendo minhas resistências.
Sinto falta das flores
Que marginavam
Nossas fugas.
Sinto falta dos perfumes
Que exalavam
Dos nossos corpos suados,
Embebecidos no desejo
De nunca parar.
Sinto falta do horizonte
Pintado em teu olhar
Que me seduzia
A cada encontro
Dos meus
Com os teus olhos.
Sinto, a tua falta.

——-

MINHA VERDADE – Carla Nobre

Nessa altura da minha vida
Se eu tiver que botar silicone
Para conquistar um homem
Nada valeu muito a pena

Tenho sim minhas vaidades
Por exemplo: exercer com plenitude
Minhas verdadeiras vontades
Ser mulher de 40 e com atitude!

Nessa altura da vida
Já não basta casa, comida
E boa roupa lavada

Nessa altura, quero ser amada
E nem saia jeans vale mais
Do que ser feliz de verdade

Serviço:

Thiago Soeiro
Contato:
(096) 99155 – 6451 (whats app)
(096) 98140-4994

Poema de agora: MEU SIM! (Maria Ester)

MEU SIM!

Gosto dessas coisas
Sem nome
Nome complica as coisas simples
Gosto quando a chuva
Toma conta da gente
Assim totalmente sem explicação
Os banhos de chuva
Tem sabor de infância
Cheiro da terra e dos sonhos de amor
Amo e dou vexame
Não tenho medo da chuva
E nem do sol
Não quero teus dilemas
Mas faço arruaças
Por teu coração
Meu céu. Meu sol. Meu sal.

MEU SIM!

Maria Ester

Poeta amapaense Maria Ester participa do II Festival de Poesia de Lisboa

Maria Ester

A escritora e poetisa amapaense Maria Ester Pena Carvalho foi convidada a participar do II Festival de Poesia de Lisboa, que será realizado no dia 9 de setembro de 2017, no Centro cultural de Belém, em Lisboa (POR).

O evento tem o objetivo de preservar a Língua Portuguesa na Europa e também de alcançar integrantes da Comunidade Lusófona que gostem de poesia e se interessam em criá-la de diferentes modos, estilos e estéticas. Além disso, busca contribuir para a difusão cultural do Português em todo continente europeu. O encontro contará com oficinas, mesas redondas, palestras e lançamento oficial da antologia do Festival.

“Quem vê a Maria Ester mais de perto, consegue perceber a matéria lúdica da qual ela é feita. Sonhando com um mundo poeticamente sustentável, esta socióloga tucuju (apelido dado aos nativos do Amapá) se dedica às suas histórias, com o mesmo carinho e dedicação com que cumpre sua missão de mãe, funcionária pública e eterna estudante. Levanta a bandeira do mundo melhor, a partir da literatura”, é o histórico da poeta amapaense na fanpage do Festival.

Maria Ester Carvalho

Maria Ester é amapaense, funcionária pública estadual, socióloga, membro da REBRA, do movimento Boca da Noite e Pena e Pergaminho.

Obras

A escritora lançou os livros: As Aventuras do Professor Pierre na Terra Tucuju; François, o boto. Participou das antologias: Faz de Conto II; As Melhores Obras deste Século; O Protagonismo Feminino em Verso e Prosa; Assim Escrevem as Brasileiras; Poesia na Boca do Rio e Ainsi Écrivent Lês Brésiliennes.

Elton Tavares, com informações do Festival e do site Editais e Afins.

Poema de agora: Tenho um mar – [@ThiagoSoeiro ]

Tenho um mar

quando a gente segura um choro
é como se segurasse o mar inteiro
e é tão difícil segurar o mar
às vezes sinto ele agitado
revolto em meus pensamentos
fazendo ondas em minha cabeça
já me afoguei nele algumas vezes
e deixei naufragar alguns problemas
tenho um mar em meu peito
e convivo com ele
e todos os seus seres marinhos
criaturas que ainda desconheço
em uma vida repleta de mistérios e medos
seguro o mar em meus dedos
e toda fúria dos dias de tempestade
e toda a calmaria dos dias de sol
e sei que ninguém nunca desconfiou disso
que eu era feito de mar
que tenho corais em meus pés
peixes em minhas costas
que tenho o mar inteiro
preso em meus olhos
prestes a transbordar.

Thiago Soeiro

Poema de agora: VAGAMUNDO – Obdias Araújo

VAGAMUNDO

A gente pode ir para qualquer lugar do universo enquanto pensa..
Posso amarrar as rédeas de meu puro-sangue árabe
Nos anéis de saturno ou escapar dos Piratas do Caribe
Envergando a mezena da carangueja
Do mastro de ré do meu iate de 18 metros.

Enquanto penso encontro em meu quintal uma gema
Que faz o Espírito De Grisogno parecer agulha de vitrola.
Enquanto penso bebo uísque escocês com limão da Sardenha
Mel de Japuto e gelo do Himalaia.

Enquanto penso levo nos ouvidos
O assobio dos quatro ventos do mundo
Assobiando em meus auriculares
Enquanto pensando voo
E penso
Em ti.

Obdias Araújo

Poema de agora: ORDEM DO DIA – Obdias Araújo

ORDEM DO DIA

Um dia atípico.
Nem mais nem menos.
Apenas atípico.

O rapaz que passa
Às cinco e trinta
Vendendo pão caseiro
Hoje dormiu um pouco mais
E passou às nove em ponto
Gritando pamonha.

A mocinha
De uniforme plissado
Escolheu outra rua
E ninguém hoje
Ouviu seus passos na calçada.

Fernando Canto
Pontual à beça
Não passou hoje
Perseguindo a crônica cotidiana.

Já o Osmar Júnior
Este veio.
Passou por aqui agora mesmo
Rebocando um
Carrinho de bebê
Com um imenso rabecão a bordo.

E uma vontade insana
De cometer poemas.

Obdias Araújo