Poema em homenagem a Macapá (@PedroStkls1)

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Poema em homenagem a Macapá

quando a cidade quase submerge
agarra-se numa bóia
um tronco de árvore sonâmbulo
que vagueia pelas águas
no mapa sublinho a palavra Macapá
que quer dizer:
senhora de óculos sentada de costas para o portão
com 257 primaveras floridas
em uma saia de marabaixo
a coisa mais bonita do mundo
aquilo que vem enfiado nos pés
uma ponta de madeira, uma dança
o meio do mundo
uma fortaleza nunca usada
lugar de muitas bacabas
boêmios, laguinho
por onde um trem nunca para
em nenhuma estação
há sempre de seguir viagem
é um trava língua pronunciar: buritizal
é inevitável sobretudo não dizer:
“cidade morena ou linha do equador”
desconfio que a palavra Macapá
não vem do tupi como dizem os historiadores
surpreendente seria se Macapá
tivesse sido extraída do barro escuro
que estranhamente se espreguiça
no rio amazonas.

Pedro S.

Poema de agora: Teu nome (para a minha mãe) – Vinicius de Moraes

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Teu nome

“Teu Nome”
Teu nome, Maria Lúcia
Tem qualquer coisa que afaga
Como uma lua macia
Brilhando à flor de uma vaga
Parece um mar que marulha
De manso sobre uma praia
Tem o palor que irradia
A estrela quando desmaia
É um doce nome de filha
E um belo nome de amada
Lembra um pedaço de ilha
Surgindo de madrugada
Tem um cheirinho de murta
E é suave como a pelúcia
É acorde que nunca finda
É coisa por demais linda
Teu nome, Maria Lúcia…

– Vinicius de Moraes, in “Para viver um Grande Amor”.

Poema de agora: Vem comigo! (@alcinea)

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Vem comigo!

Vem comigo!
Vamos sair por aí plantando alegrias.
Traz um pincel, eu levo a tinta
e pintaremos de verde-esperança
todas as venezianas daquela ruazinha
por onde tantas vezes
passeamos de corações dados.

Vem comigo!
Vamos plantar dálias, rosas e poesias na velha praça
onde dividíamos algodão-doce no arraial do padroeiro.
Naquele tempo a infância era tão doce
e a gente tinha medo de pecar.

Vem comigo!
Vamos plantar papoulas vermelhas e amarelas
nos canteiros da ladeira
para enfeitar a cidade
e alegrar os passantes.

Depois – cansados e felizes – tomaremos um sorvete.
Eu te darei um beijo sabor tucumã
tu retribuirás com um beijo sabor açaí.

E o Anjo que nos acompanha
ficará cheinho de ciúme e disfarçando dará de asas
(tu sabes, poeta, os anjos nunca dão de ombros)
mas Deus sorrirá e acenderá estrelas na nossa estrada.

(Alcinéa Cavalcante)

Poema de agora: Honrosa herança (@idanielsa)

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Honrosa herança

O homem sabe que não morre
quando percebe a luz e a esperança
emergindo, elevando-se do íntimo
em ânimo perfeito.

O homem sabe que não morre
porque uma chama é acesa,
inaugurando a busca e a certeza
de respostas.

O homem sabe que não morre
porque suas idéias ficam,
e a natureza segue
em seu ritmo cíclico.

O homem sabe que não morre,
principalmente,
quando ele alcança nos filhos
a expectativa concreta
de representação maior
da sua existência.

Ivan Daniel Amanajás

Poema de agora: Entrega (Obdias Araújo)

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Entrega

Quando teu desejo
abrir-se em direção ao meu
teu corpo me terá inteiro
à luz do dia da noite das velas
e teus compassos serão meus
assim como teus anseios estão
contidos por minha presença.

Quando teu olhar penetrar o oceano
lá no fundo eu estou
para reanimar-te.

Pois o vinho que entorpece a alma
é o mesmo que aquece o corpo
e a luz que acende minhas dúvidas
também ilumina
o túnel de teus olhos.
As nossas bocas
olhos adeuses lenços beijos
berram nossos sofrimentos.

E assim me fortefaço
e continuo (e) vivo.

Pois o pensar em ti é minha alma
– mesmo nas distâncias
ao teu lado.

Obdias Araújo

Poema de agora: Lilás – Obdias Araújo

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Lilás

Papel
Caneta
E a Pedra TDC.

Aproveitar esta rara
Manhã sem chuva
A 24 de março de
2014 e gestar o poema.
Engendrar o poema.
Conceber o poema.

Parir sem dor
A poesia de tua
Lembrança.

É avassaladora
A tua lembrança.

E a voz de Gonzaguinha
Fere
Ternamente
Os meus auriculares.

Obdias Araújo

Poema de agora: Fight – Lara Utzig

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Fight

No ringue, jazia;
luva vazia
de um tapa sem mão.
Um soco no estômago
levou-me ao chão
e no primeiro round
já sofri um nocaute.
Peso pena,
que pena!
Não sou grande
o bastante:
nunca fui boa em lutas,
competições e disputas.
Entre meios e fins…
Saudades wins.

Lara Utzig

Poema de agora: Plano para o futuro – @ThiagoSoeiro

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Plano para o futuro

Anoiteço escrevendo cartas e ninguém lê
Guardo todas debaixo do colchão
Faço planos para o dia que serão abertas e lidas
Você vai vir
Sentará ao meu lado na sala
E lerá todas as cartas que te fiz
Vamos rir juntos
Vou perguntar porque demorou
E o som da sua voz vai ecoar pela casa
A tanto acostumada com meu silêncio
‘Tava te esperando chegar’.

Thiago Soeiro