Poema em homenagem a Macapá (@PedroStkls1)

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Foto: Tatiana Jacome

 

Poema em homenagem a Macapá 

quando a cidade quase submerge
agarra-se numa bóia
um tronco de árvore sonâmbulo
que vagueia pelas águas
no mapa sublinho a palavra Macapá
que quer dizer:
senhora de óculos sentada de costas para o portão
com 257 primaveras floridas
em uma saia de marabaixo
a coisa mais bonita do mundo
aquilo que vem enfiado nos pés
uma ponta de madeira, uma dança
o meio do mundo
uma fortaleza nunca usada
lugar de muitas bacabas
boêmios, laguinho
por onde um trem nunca para
em nenhuma estação
há sempre de seguir viagem
é um trava língua pronunciar: buritizal
é inevitável sobretudo não dizer:
“cidade morena ou linha do equador”
desconfio que a palavra Macapá
não vem do tupi como dizem os historiadores
surpreendente seria se Macapá
tivesse sido extraída do barro escuro
que estranhamente se espreguiça
no rio amazonas.

Pedro S.

Poema de agora:RETRATO DE MARIA LÚCIA (Vinícius de Moraes)

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Rosto da minha mãe, Maria Lúcia, tatuado na minha perna esquerda desde 2009. Arte de Edricy França

 

RETRATO DE MARIA LÚCIA (Vinícius de Moraes)

Tu vens de longe; a pedra
Suavizou seu tempo
Para entalhar-te o rosto
Ensimesmado e lento

Teu rosto como um templo
Voltado para o oriente
Remoto como o nunca
Eterno como o sempre

E que subitamente
Se aclara e movimenta
Como se a chuva e o vento

Cedessem seu momento
À pura claridade
Do sol do amor intenso!

Vinícius de Moraes

Poema de agora: Preso na Saudade (Weverton Nelluty)

Preso na Saudade 
 
Hoje meu coração foi imperado pela saudade, como um monarca sem escrúpulos, sem dó, quase um tirano, me deixando a mercê da tristeza e do julgamento da suprema corte,
Que sem corte me deixou chorar, estagnar, me atar na lembrança de você, fui preso em pensamentos, meu julgamento assim se fez, perdendo a causa e a razão
E o decreto foi dado, não poderei te alcançar, ficarei preso aqui, esperando a liberdade de te encontrar outra vez.
 
Weverton Nelluty

Poema de agora: Grito (Andreza Gil)

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Grito

Essa injustiça solta pelas esquinas
Essa pressa que passa por cima
Esse povo que chora e grita.
Grita pela dor que corrói
A esperança de justiça.
A rosa branca erguida
No meio da multidão que grita:
-Justiça! Justiça!

Andreza Gil

Poema de agora: PARTILHA (Pedro Stkls)

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PARTILHA

na partilha dos bens
me dê a parte que compreende o mar
as tantas vezes que assistimos
o sol aquecendo as ondas
os castelos que erguemos
grãos de areia
os naufrágios de barcos pesqueiros
em dias sem peixes
a queimadura das águas-vivas
queimando a falta de amar
quero as ressacas que inundam
que bebem num só gole as calçadas e as ruas
vou guardar o mar na minha sala de estar
como um quadro na parede
pintado com tinta azul-salgada
que nunca seca.

Pedro Stkls

Poema de agora: Tinturas e Texturas (Lara Utzig)

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Tinturas e Texturas

Conheci no meio do caos
as madeixas da cor do sol
que afastaram espíritos maus
e todo o agouro da volta do anzol.

Vi em meio à biblioteca
as mesmas madeixas solitárias
e hoje minha sorte não seca:
ocupa mil hectares e áreas.

As madeixas agora são acobreadas
e as vejo sempre espalhadas pela minha memória
como se cada fio fosse uma linha deixada
para manter-me ebriamente sóbria.

Ela possui todas as cores
e nos olhos uma imensidão
que afasta todas as dores
e se infinita em meu coração.

Lara Utzig

Poema de agora: Ao dono dos olhos encantados (Andreza Gil)

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Ao dono dos olhos encantados

És um brilho de ser,
Um ser de brilho.
Um ser que passa e ilumina.
Ilumina seu espaço,
Ilumina as outras vidas.

Teu canto encanta
Com a paz e alegria dos sentimentos que tu regas
As rosas brancas da tua vida.

Teus olhos,
Uma fonte de amor e confiança no homem.
O sorriso e os olhos
De um ser de encanto e encantamento.

Andreza Gil

Poema de agora: Belém dos meus encantos (em homenagem aos 399 anos da capital paraense)

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Belém (PA) completa 399 anos hoje. Já fiz muitas ondas legais nessa cidade. Foto: Ewerton França.

Belém dos meus encantos

Lá vem Belém,
moreninha brasileira,
com perfume de mangueira,
vestidinha de folhagem.
E vem que vem,
ligeirinha, bem faceira,
como chuva passageira
refrescando a paisagem.

Lá vem Belém,
com suas lendas, seus encantos,
seus feitiços, seus quebrantos,
seus casos de assombração.
E vem que vem,
com seu cheirinho de mato,
com botos, cobra Norato,
com rezas, defumação.

Lá vem Belém,
recendente, feiticeira,
no seu traje de roceira,
na noite de São João.
E vem que vem,
com seus banhos de panela,
alecrim, jasmim, canela,
hortelã, manjericão.

Lá vem Belém,
a Belém dos meus encantos,
dos terreiros, Mães de Santo,
das crendices, do pajé.
E vem que vem,
com sobrados de azulejo,
vigilengas, Ver-o-Peso,
na enchente da maré.

Lá vem Belém.
No dia da Trasladação
vela acesa, pé no chão,
sempre firme em sua fé.
E vem que vem,
o povo implorando graça,
sempre que a Berlinda passa
com a Virgem de Nazaré.

Lá vem Belém,
junto de Nossa Senhora,
dia do Círio ela implora
saúde, paz e dinheiro.
E vem que vem
o povão, o povo inteiro
porque Deus é brasileiro
e Jesus nasceu em Belém.

Sylvia Helena Tocantins
Escritora e membro da Academia Paraense de Letras
Contribuição do jornalista Ewerton França.

Poema de agora: LITERATURA (Luc Araújo)

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LITERATURA

E a leitora
ainda hoje está perdida
em meio às histórias
de tantas gentes e mundos.
Tornou-se fonte e devaneio
para quem não quer ser mais
somente aquele da referência,
quer ser presença
na imaginação de quem lê.

Luc Araújo

Poema de agora: AMANHE-SER (Lara Utzig)

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AMANHE-SER

Ano novo, novo ano…
A vontade de traçar um distinto plano
Está dentro de nós:
Em cada despertar soturno,
Em cada pensamento noturno,
Cabe o desejo de mudar.
Em todo amanhecer
É um ano novo que está a nascer.
Não precisa esperar 365 dias,
Pois o réveillon é mera simbologia:
A disposição de seguir em frente
E fazer tudo diferente…
Depende somente da gente.

Lara Utzig

Cortar o tempo – Carlos Drummond de Andrade

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Cortar o tempo

“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente…

Para você, Desejo o sonho realizado.
O amor esperado. A esperança renovada.
Para você, Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
que sua família esteja mais unida,
que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas…
Mas nada seria suficiente…
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes…
e que eles possam te mover a cada minuto,
no rumo da sua FELICIDADE!!!”

Carlos Drummond de Andrade