Amapá celebra centenário de Alcy Araújo, ‘o poeta do cais e das borboletas’

O Amapá celebra neste domingo, 7, o centenário do nascimento do escritor e jornalista Alcy Araújo, conhecido como ‘o poeta do cais, dos anjos e das borboletas’ e que dedicou parte da vida a eternizar em palavras as histórias e as memórias amapaenses, sendo o único poeta do Norte do Brasil a integrar a “Grande Enciclopédia Brasileira Portuguesa”, editada em Lisboa.

Alcy Araújo foi umas das personalidades homenageadas na 1ª Folia Literária Internacional do Amapá, realizada pelo Governo do Estado, em 2023, para celebrar a literatura e a poesia, reunindo escritores de várias partes do Brasil e do mundo, no Parque do Forte. No evento, houve um memorial dedicado a Alcy Araújo, com um acervo literário disponibilizado para que o público pudesse mergulhar na arte do poeta.

Ainda em 2020, a Prefeitura de Macapá lançou o projeto literário “Letras de Ápacam”, idealizado e coordenado pelo poeta Joãozinho Gomes e pelo sociólogo João Milhomem. A iniciativa possibilitou a edição e a reedição de obras dos poetas modernistas do Amapá, entre eles, Alcy Araújo, com os volumes ‘Autogeografia’ e ‘Ave-Ternura’.

O talento e a memória de Alcy Araújo seguem sendo perpassados por suas filhas, Alcineia e Alcilene Cavalcante, também jornalistas, que continuam a levar poesia e esperança para a sociedade e para a cultura amapaense.

Trajetória

Nascido no distrito de Peixe-Boi no Pará, em 1924, Araújo despertou cedo para o talento literário e, ainda jovem, trabalhou como repórter, articulista, redator e chefe de reportagem nos principais jornais do Pará, incluindo a Folha do Norte, O Estado do Pará e O Liberal.

Em 1953, ele se casou e mudou-se para Macapá, onde seguiu com a carreira literária e jornalística e trabalhou em diferentes jornais impressos e emissoras de rádios, inclusive a Rádio Difusora. Neste período, também atuou como redator do gabinete do governador.

Araújo também construiu um vasto acervo literário dedicado à poesia. Seus livros, como ‘Autogeografia’, ‘Poemas do Homem do Cais’ e ‘Jardim Clonal’, são testemunhos de sua maestria poética. Sua partida em 1989 não silenciou sua voz, pois deixou inéditos vários livros, incluindo ‘Ave Ternura’, ‘Histórias Tranquilas’, ‘Cartas pro Anjo’, ‘Mundo Partido’, ‘Terra Molhada’ e muitos outros.

Alcy foi o primeiro jornalista amapaense a participar de um Congresso Nacional de Jornalistas, em 1957 e fez parte da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 25. Ao longo de sua vida, também deixou contribuições para a cultura e arte amapaense, após lutar pela criação da Escola de Artes Cândido Portinari e Teatro das Bacabeiras.

A poesia de Alcy Araújo era um reflexo de sua alma pura e cheia de esperança. Ele usou sua arte para lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. O poeta do cais e das borboletas’ continua a inspirar e a encantar com suas palavras que devem ser conhecidas por essas e pelas futuras gerações.

A conexão com a terra e com a dor dos aflitos, estava presente em suas palavras, assim como a esperança que, muitas vezes, parece inútil para os desesperados como ele retratou nos versos de um dos seus poemas ‘Canto a terra, a dor dos aflitos e a inútil esperança dos desesperançados’.

Texto: Cristiane Nascimento
Fotos: Arquivo familiar do poeta
Secretaria de Estado da Comunicação

Poema de agora: Rastro de estrelas – Pat Andrade

Rastro de estrelas

é tanta estrela
no céu da Amazônia
que – ai, meu Deus! –
nem cabe…

o menino ribeirinho
que com elas sonha
– ai, meu Deus! –
ele sabe
e conta pra gente
que o rastro de luz
que brilha
sobre as águas
é – todo ele – feito
de estrelas cadentes
que resolveram tomar
um caminho diferente.

Pat Andrade

Poema de agora: GRAVIDADE – Pat Andrade

GRAVIDADE

nasci lunar
e por isso mesmo
gostaria de pairar
de flutuar
gostaria de ser leve
mas nem sempre dá

a vida pesa
o tempo pesa
a verdade pesa
e o mundo me mantêm
grudada no chão

a contragosto
finco os pés na terra
enquanto o cérebro
me alerta para a gravidade
das coisas

às vezes um poema
me leva pro alto
me facilita um salto
e me arrisco

iludida
minha alma incauta
teimosa se atira

uma força quântica
se manifesta
o longe não se alcança

a alma volta
ao ponto de partida
atordoada
machucada e ferida
invariavelmente

mal se recupera
e antes que perceba
se arrisca novamente

Pat Andrade

Poema de agora: Expresso Postal – Luiz Jorge Ferreira

Expresso Postal

Todos os Natais da minha vida.
Estão nas Cartas que fiz para o Papai Noel.
Todas Cartas…abertas ou fechadas.
Estão sujas das minhas digitais.
Algumas tem lágrimas secas.
Outras têm xingos do avesso.
Muitas nada têm.

Todas as mães amam o Natal.
Guardam Cartas dentro d’alma…abertas ou fechadas.
Eternamente Cartas para o Papai Noel.

Todos os Papais Noel
ressuscitam no Natal.
São Mudos, São Surdos,
São Invisíveis a olhos nús.
São Analfabetos Poliglotas, não entram nas casas pobres, não leem cartas.
As minhas nunca leram.
Ou nunca as receberam.
Ou eu não sabia escrevê-las.
Ou um vento mau as escondeu sob o tempo do esquecimento.
E se não tinha endereço.

Porquê eu não desenhei minha cara.
Moleque…banguela.
Nariz escorrendo…fuligem no rosto…remela no olho…
Um muito de fome.
Inconsolável!
Chorando aos prantos por um carro de plástico, intensamente amado, guardado na alma tão profundamente…
Que nunca o ganhei.

Luiz Jorge Ferreira, em Natal um dia destes.
Osasco São Paulo Brasil.

Poesia de agora: PARA O POEMA – Patrícia Andrade

PARA O POEMA

aqui dentro da gente
o poema inquieta
desassossega
mas não sai

é necessário
a tristeza completa?
é preciso a angústia
habitar o poeta?

não precisa ser assim
não precisa da dor lírica
não precisa da aflição
e também é dispensável
o desespero da solidão

para o poema bastaria
uma serenata ao luar
ou uma canção popular

para o poema bastariam
os cabelos molhados de chuva
a boca úmida de desejo

para o poema bastaria
o orvalho da noite
o vento alegre
na folhagem

para o poema bastaria
uma manhã de sol
a tinta azul
a se espalhar pelo dia

bastaria para o poema
despertar do pesadelo
da folha em branco
deixar fluir a utopia

escrever rios de amor
navegar uma paixão
e desaguar em poesia

Patrícia Andrade

Poesia de agora: SAMAUMEIRA – Poema em prosa de Fernando Canto (muito legal)

Foto: Elton Tavares

SAMAUMEIRA – Poema em prosa de Fernando Canto

Poema em prosa de Fernando Canto

“Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs alma nos cedros… no junquilho.
Esta árvore, meu pai, possui minh’alma! ”
(In A Árvore da Serra, de Augusto dos Anjos)

Por te querer dançante Deusa da Paisagem eu te agradeço, Irmã do Vento/ cromo/ lastro/Fadário da Cidade.

Eu te agradeço Cosmo Vivo/Escada para o Céu, por seres generosa ao repartir tua água, ao espargir tua sombra e ofertar teus galhos e abrigar os entes em noites sonhadoras.

Samaúma, Mãe do Mundo, Escada para o Céu, tu que tens sapatos sapopemas e frutos painas-voadoras; que transitas enraizada entre as águas dos subterrâneos da floresta e a superfície, onde se arrastam ofídios primordiais e pássaros lendários se acolhem nas ramagens; tu que reténs a dimensão da verticalidade e a perpétua regeneração da tua evolução cósmica.

Samaúma, Samaúma, algum mistério escondeu teu rosto no dia da morte da tua mãe aflita. Inerte, talvez, ela te escondeu na bruma da manhã de abril em lírica magia. E te fez rainha, ainda que tuas folhas respirassem em agonia à beira do Rio-mar.

Yaaxche, Árvore Sagrada. Malpanka, Mãe da Humanidade. Lupuna, mafumeira, Rainha da Floresta. Pulin, ocá, kumaca, bongo, paina lisa, ora, kapok, poilão, pulin, algodoeira. Pelo planeta fincas tuas raízes tabulares ante os olhos espantados dos humanos e suas linguagens ternas de admiração por ti. Eles, que perdidos, se orientam tocando os tambores dos teus pés.

Da tua fronde avistas os troncos seculares na arrebentação dessas marés lançantes, onde avatares-pássaros revoam, inefáveis, sobre o Panorama do Mundo, o Araxá, o teu lugar. Então dominas toda a paisagem, inflexiva ao vento do Amazonas, que te brinda em libações diárias.

Se em ti habitam arcanjos, anhangas, curupiras e matintas, és a própria potestade a gerir um ecossistema interdependente, nunca, todavia, como tuas irmãs castradas na floresta pelo golpe das serras amoladas ou mortas pelo fogo da cobiça. E teu corpo, em plena luz, é fonte de óleo e essência vital para nós todos.

És Lírica Magia, Poste Xamânico, Templo da Alma Pura, Caminho do Céu. Teus galhos são degraus do sonho de Jacó, por onde transitavam os anjos. Serias também, crescente vegetal do sonho de tantos nabucodonosores?

Árvore da Vida, Campânula Gigante, tuas folhas trazem a sombra que precisam os entes da latitude zero do equador de cáustica estação. Tuas painas são almas que fluem pelo céu azul de setembro.

Lembro-me das tropas de amarelos tratores-caterpillas, dos comandantes suados, dos operários mandados rebentando argilas de civilizações passadas, dos homens que venceram na clivagem odienta de tantas sumaúmas do caminho.

Eu te agradeço, Samaúma.

Eu te agradeço por sobreviveres além da bruma da manhã. Eu agradeço a todos que te permitiram fecundar a terra com tua Semente-Alma, pois és, ainda, encarnação que nos une firmemente, após tantos átomos quebrados, como o carbono em um composto orgânico feito de tantas esperanças fraternais.

Eu te agradeço, Samaúma, por dançares sob o sol recoberta de um verde-encantador e por viveres sem cansaço sob a chuva, até quando te despojas de tuas folhas todo ano.

Eu te agradeço, Samaúma, por seres Coluna Axial deste lugar, onde tentas sustentar a alegria retida nos olhos dos que te querem viva e soberana no Panorama do Mundo.

Eu te agradeço, Samaúma, por me fazeres crer que a memória é um esteio que comemora o meu lugar no mundo, mesmo à revelia de uma procela intempestiva vinda do oceano, que me banha de amor para falar de ti todos os dias em que te vejo na paisagem.

Macapá, 13 de setembro de 2017.

*Fotos: Elton Tavares.

Poema de agora: Atrasando o Relógio para voltar o tempo – Luiz Jorge Ferreira

Atrasando o Relógio para voltar o tempo

…Não amo Dezembro como gostaria
Deitado no sofá onde cochilando embaralhei sonhos e pesadelos …
Ouço a chuva batucar nas telhas de zinco no pátio onde perambulam três tartarugas…
Aguardo Dezembro chegar assim que a Madrugada do dia 1°
descolar meia noite da sua posição de sentinela
entre Ontem e Hoje.

Dezembro chega arrastando consigo uma melancolia azeda que embaralha meus sentimentos, então eu quero ser Cristo para perdoar os tristes, quero ser vinho para embriagar as dores, quero ser o Papai Noel para povoar os corações de prendas, ‘ Pingos de Amor’ como cantava Paulo Diniz.

Mas de súbito para de chover, paro de estalar os dedos da mão, fixo meu olhar nas minhas mãos tolas bailarinas, que trôpegas tem a sina de se cruzarem em um vai e vem de adeus.
Dezembro nem bem chegou envelheceu..
Eu nem bem envelheci desamei o Sol.
Emudeci para a lua…

E desenhando borboletas azuis cada vez mais anêmicas, contei tantos Dezembros…
Que dos que me lembro…
Espalhei na chuva para o pânico das tartarugas…
Assustadas com as mágoas, tristezas e melancolias vestidas de Renas, correndo as dezenas, saindo zonzas de dentro de minha alma vestida de
Natal.

Luiz Jorge Ferreira

Poema de agora: Alguns Pecados Meus – (Paulo Tarso Barros) – @paulotbarros

ALGUNS PECADOS MEUS

Deixei de escrever cartas:
sou um tolo,
porque só um tolo não escreve cartas,
só um néscio não gosta de cartas.

Deixei de ler e escrever poemas:
sou um infeliz,
porque só um triste não gosta de ler
ou de poder escrever poemas,
só um desventurado não gosta de poemas.

Deixei de acordar mais cedo:
sou um indolente,
porque só um apático e tolo
permanece dormindo
e priva-se das auroras.

Deixei de tomar banho nos rios:
sou um sujo de espírito,
um impuro de alma,
pois somente pessoas assim deixam
de tomar banho e de nadar nos rios.

Paulo Tarso Barros

Poema de agora: TEMPO CINZA – Fernando Canto

TEMPO CINZA

Por esperar
como eu espero
nada se perde
ou se esconde

Todo aço
se desgasta

Qualquer papel
se recicla

Espero.
Meu tempo passa
como as águas
deste rio.
É uma inscrição
no granito,
é uma paixão
que não dorme

Espero.
Meu tempo é cinza
sobre o fogo
que jaz brando,
oculto,
mas vivo e bruto
tal como a fera
à tua espreita

Fernando Canto

Poema de agora: A poesia pode ser um grito – Pat Andrade

A poesia pode ser um grito

eu faço poesia
para gritar no meio da noite
e acordar a madrugada
para espantar o sol
e ninar os galos
nos quintais antigos

eu faço poesia
para estilhaçar o dia
para aquebrantar
cansaços embriagados
no bar do cais

eu faço poesia
para tirar sons
do aço do violino
para ecoar nas caixas
de Marabaixo

eu faço poesia
para assustar os fortes
e saltar das torres
para consolar os fracos
e entender suas dores

eu faço poesia
para tentar
viver tranquila

Pat Andrade

Escritora amapaense na ExpoFavela Innovation Brasil

A escritora Pat Andrade foi selecionada pela Curadoria da Favela Literária Nacional para participar da ExpoFavela Innovation Brasil, que acontece em São Paulo, no início do mês de dezembro deste ano.

A Expo Favela Innovation Brasil é uma feira de negócios, cujos expositores são empreendedores de varios segmentos e startups da favela de todo o Brasil. O objetivo é dar visibilidade para estas iniciativas e, assim, promover um palco para este encontro com investidores que possam acelerar estes
empreendimentos e gerar negócios, a partir das oportunidades que nascerão nos eventos.

Para Pat Andrade, essa é uma oportunidade única, uma vitrine para a literatura amapaense e uma oportunidade de ampliar os seus horizontes como escritora. “Estou feliz demais, porque dentre inúmeras obras de todo o Brasil, as minhas foram selecionadas e estarão lá também”, conclui.

Sobre a autora

Pat Andrade é escritora, artista plástica e produtora cultural. São mais de 30 anos atuando na literatura. Tem pelo menos 30 publicações artesanais, seis livros virtuais, participação em coletâneas e revistas literárias. Publicou seu primeiro livro impresso em 2021: O avesso do verso, através de edital da Lei Aldir Blanc. Em 2023, publicou O peso das borboletas.

Colaboradora do Site De Rocha! e membro do coletivo Urucum, do Sarau do Recomeço e da Associação Literária do Estado do Amapá, Pat se considera uma militante da Literatura: realiza oficinas de literatura e de livro artesanal nas comunidades, escolas e universidades; participa de eventos literários e culturais, os mais diversos, como Concertos de Verão da Confraria Tucuju, Luau da Samaúma, Sarau da Lua – MA, Arte da Palavra – Rede Sesc de Leituras, Folia Literária Internacional do Amapá, Feira de Literatura Infantil Tucuju, Festival Literário de Macapá – FLIMAC, I Feira do Livro Artesanal da Amazônia, entre outros.

Assessoria de comunicação

Poesia de agora: FOLIA – Jorge Herberth

FOLIA

Neste torrão
Tenda folia
Habitava
Amor escondido
De pedras vigilantes
Protegido

Escórias
Do império urdido
Vigiadas pelos séculos
Saque a´dor

Lá fora
Vento
Tambores
Ruabaixo
Rio acima
Onde se ouve
Odes
O n n n D a a s s S

O gemido das rochas
Banho de encantados
No quebr´amar
No amor daluacheia

No torrão dos cantares
Ecoa
Liberdade
De luas negras
Marabaixo
Negros livres
Como rio
Que corta vidas
Em travessias noturnas
Traiçoeiro
De travessuras sexuais

O rio que fecunda flores
Afogamores
Em tardes de sol à pino
De dias nus

Aquidentrofolia
Poesia
Pulsa oriomar
O sexo
A terra
Dançaroda
Dorsaudade
D´água que fugiu
Para outro continente
Onde foi chorar
Uma Fortaleza

Foto: Richard Ribeiro

De sonhos e mágoas
Amor
D´águas passadas
Lua morta
Alvejada
Porcupidestúpido
Duende forasteiro
Marroquino
Em ardenteluar

Jorge Herberth

Poema de agora: Valete de Espada – Luiz Jorge Ferreira

Valete de Espada

Tudo escuro e eu com medo do gato preto de porcelana
…temendo o assovio da Matinta Perera.
E o Merengue da Guiana Francesa, e assim mesmo eu calço com algodão uma unha encrava que me impede de dançar fazendo todos os remelexos, de Oriximiná..
E tu com um par de olhos tipo jabuticabas maduras, tens mais fome que eu agora.
Faltou luz, e eu sem celular estou exangue.
Estou fanhoso, não declamo audível, nenhuma letra inteira do Samba de Noel.
Nem cito diálogos de Romeu e Julieta…em Portunhol.
Nem narro a artimanha do vaqueiro do bumba-meu-boi…
revendendo ao dono o boi morto.
Nem o riso sensual de Gioconda olhando de longe o lustrador de móveis nú no Museu fechado.
Estou a prova de encantos… a escuridão me esconde o pranto.
Choro por luz!


Chove …lama artificial no rosto da atriz…na foto que dela fiz de um Posters no Hotel.
Eu repasso a chave da porta tanto que fica torta.
Ninguém vive em uma gaveta.
Mas nela me escondo.
Sou parte de um livro terrível, de histórias incríveis…
Chamado Pequena História de um pequeno homem que se prometeu ser feliz…mas falhou.
Agora tudo escuro…
Como achar luz.


…se a chuva precisasse de luz elétrica para chover.
Eu amarraria os punhos no fio descascado dependurado na escada.
E cairia chuva… proparoxítonas, virgulas, tremas, hifens e compassos dodecafônicos em um Bolero Latino Americano. …Perfídia ou Resposta ao Tempo…e que fariam os cães vendo brilharem meus cabelos.
Sexo…Entre eles…
Sim…
Que é muito mais simples e não dói…

Luiz Jorge Ferreira

*Do livro Defronte a Boca da Noite ficam os dias de Ontem.