Na paz ou no ardor, És paixão, Emoção,És a definição dos extremos entre nós, A tecedura mais fraca no laço mais forte, A força exata que o ponto mais fraco precisa.
És o atar que prende, És o atar que deixa ir…
És tu quem teces, És a corda por inteiro E todos os laços, És tu quem me segura, Nos teus laços, Entrelaçados.
Meu coração é louco. Eu sou destro, ele é canhoto. Olha sempre para o alto, é míope, mas quer enxergar Andrômeda. Domingo diz que vai estar em Janeiro. Eu sou Julho.
Meu coração é cabisbaixo quando recorda do passado. Anunciou aos muros em ruínas que tem uma máquina do tempo. E jorra sangue para meu cérebro.
Para que eu enxergue a alma. Ama as Músicas das outras décadas. Dança sozinho quando eu me aproximo do espelho.
Meu coração é louco. Já criou Deuses, já desceu ladeiras, já fez monólogos, para pulgas Norte-americanas, falado em Esperanto.
Hoje me pregou uma peça…quis sair de mim batendo descompassado,ao Som de uma Canção do Jards Macalé.
Onde vais?…perguntei. Gritei …Quo Vadis. Em latim. …se tu fores de mim.
Nunca mais eu serei eu. Ameacei gritando aos ventos que sacudiam as venezianas. Ele riu…e voltou…escondendo um par de Asas, que só me mostrou quando choveu sal em Outubro.
Luiz Jorge Ferreira
* Do livro de Poemas “Nunca mais sairei de mim sem levar as Asas” – Rumo Editorial – 2019 – São Paulo.
sou fênix em cada amanhecer uso restos de cinzas para pichar poemas num muro imaginário transformo em tinta a fuligem que adeja no ar apago as falsas cores do pseudo-mundo esfrego minhas verdades na cara de quem apenas me suporta e continuo a arder pelas madrugadas
Durante todo o mês de Outubro, o espaço Cultural Sankofa abraça a Campanha do Outubro Rosa. Nesta quarta, dia 9, artistas e especialistas em saúde estarão juntos na Quarta de Arte da Pleta, edição Ei, mana, se toca! – uma clara referência ao exame de toque de mama, que ajuda a identificar possíveis sinais de câncer de mama.
Para esta edição, haverá um bate-papo com Rosa Natália Carneiro Muniz Mota, coordenadora do Programa Saúde da Mulher da PMM (Prefeitura Municipal de Macapá), performance poética com Pat Andrade e um som com a convidada especial Ana Paula Araújo, de Santarém, além de Os De Sempre, fazendo a festa: Fernanda Canora, Kassia Modesto, Wellem Monte, Erick Pureza, Wendel Cordeiro, Tico Souza, Ladio Gomes.
O projeto também tem ponto de arrecadação de brinquedos e água, para o Dia das Crianças e Círio, respectivamente .
Sobre Pat Andrade
Poeta da Amazônia, publica e vende seus poemas em pequenas revistinhas, feitas por ela de maneira artesanal. Circula pelas noites da cidade declamando em eventos, cafés, bares e restaurantes. Acabou de lançar o seu vigésimo quinto trabalho, intitulado Subverso – editado e ilustrado por ela mesma. A poesia é para ela arma de ataque e defesa. É meio de vida e prazer.
Sobre Ana Paula Araújo
Vinda de Santarém, esta mocoronga tem duas paixões: a música e a enfermagem. Vive hoje em Macapá, estuda enfermagem obstétrica. A paixão pela música vem do pai, que tocava teclado e sempre a levava para cantar algumas cações nas festividades de igreja. Desde de os dez anos que toca violão e a paixão só aumenta. Passou a tocar sozinha nos eventos: igreja, universidade, show de calouros. Hoje sua música é sua existência.
Sobre Fernanda Canora
Paraense, nascida em Vigia de Nazaré, veio muito pequena para Macapá. Sua vida na música começou com a mãe, que escutava muita MPB nas vozes de Betânia, Gal, Caetano, Elis e outros.
Aos 16 anos ganhou um violão do pai e soltou a voz, representando a turma numa feira da escola, o antigo GM. Daí para os bares, foi um passo. A seguir, veio sua paixão pelo reggae, que lhe deu a liberdade de expressão. “Foi pelo reggae que consegui mostrar que, mesmo com todas as dificuldades, eu sou mulher e tenho meu espaço. Posso colocar o meu som à disposição da nossa luta feminista”, afirma Fernanda.
Serviço:
Data: 09/10/2019
Local: Sankofa, localizado na Rua Beira Rio 1488, Orla do Santa Inês, zona sul de Macapá.
Hora: a partir das 19h
Couvert: R$ 5,00
Mais informações pelo telefone: 98109-0563 (Andreia Lopes).
nas muitas noites em que não durmo, faço viagens ao passado tão doces, que quase esqueço de voltar. [me perco no caminho, preciso confessar…] aí, quem me guia é um estranho passarinho,
que me segue por onde quer que eu vá às vezes some, [acho que vai até o ninho] mas reaparece rapidinho, e volta a me acompanhar. antes que eu durma, ele me olha lá de longe, [do passado…] e com seu canto triste, chorado, acaba por me ninar…
Ela entrou na minha vida como se fosse a sua casa. Estendeu a toalha, espalhou seus trecos, seus troços, suas tralhas. Fez horários, corrigiu meu vocabulário, enviou torpedos, olhares. Acenou com a minha mão, ensinou-me o sim e o não, pelo telefone, falamos no mesmo tom.
Ela entrou na minha cabeça, e acampou no meu pensamento. Retirou-me do avesso por dentro, escorou minhas idéias, escancarou as janelas. Apagou as pegadas, perfumou-se e quando foi noite , partiu.
Leu O Código da Vinci dos vinte aos poucos trinta anos. Quando Junho chegou e no décimo quarto dia…choveu Eu amassei minha lua contra a sua, porque eram duas. Uma já havia tomado posse da casa, a outra queria se apossar de mim.
Luiz Jorge Ferreira
*Do livro Pizza Literária – Coletânea Volume XV – Rumo Editorial – 2012, São Paulo, Brasil.
Ser leve como a pena E, como a pluma, Não ser pesado a ninguém. Flutuar ao leve vento, Ser ar em movimento, A vida voando vem. Ser leve como um pássaro
E, como um poema, Não ser pedra também. Ser voo suave, plana a pena, Pena ave, ver a vida do além.
Um rio cortando a tua cidade, O teu amor, O teu destino, Um rio só, Um rio tão grande, Que te faz pequenino. Um rio de águas turvas e perigosas Que te causa medo e fascínio. Um rio da lua, Um rio do sol, Olhando pra ti desde menino
esperei o dia inteiro pelo pôr-do-sol só pra te dar um cheiro; só pra te ver prender os cabelos acima da nuca, mostrando as orelhas tão pequeninas…
em frente ao espelho, passa o batom fazendo biquinho, escolhe o vestido vermelho carmim, me castiga o desejo… e a sandalinha de dedo, no pezinho perfeito, faz troça de mim.
sorri quando passa balançando o cacho esquecido na testa…
não me dá trela, mas fala macio, só de pirraça, que hoje tem festa…