Poema de agora: Prelúdio pra América Latina – (do saudoso @tagahasoares)

Prelúdio pra América Latina

Não me venha falar de você
Não me venha falar de Hiroshima
Não me venha falar de Oriente Médio
Nem do remédio pra sua sina
Não me venha falar dos seus sonhos
Não fale-me de novas dimensões
Estradas do além pra um mundo distante
De cavaleiros andantes
Na busca de chegar
Bárbara, eu sei
Da força latina
Dos filhos d’África
Que encantam teu chão
Ah, chão, pasto, coração
Sangrando a dor
A te decantar em tom maior
Agora me pega e me bota no chão
Hoje sou bem mais que teu simples torrão
Sou América
América do Sul
Sou América
América do Sul
Sou América
América sou eu
E você…

Tãgaha Luz

* Tãgaha Luz foi humanista, escritor, poeta, músico e excepcional jornalista, além de querido amigo meu. Saudades do querido mestre das letras.

Sarau com declamação de poemas de alunos acontecerá nesta terça, 16

Ocorrerá nesta terça-feira, 16, o sarau Poetas da Escola – Diversidade e Respeito, essa é a minha escola. O evento será uma cerimônia de divulgação dos nomes dos alunos selecionados no concurso Poetas da Escola, com declamação e certificação das escolas participantes.

O sarau objetiva celebrar os poemas dos alunos selecionados em 32 escolas municipais de Macapá, zonas urbana e rural, que participaram do concurso Poetas da Escola, lançado em agosto de 2018 por meio do projeto Escola de Leitores, que vem para valorizar e divulgar a produção escrita e oralidade dos estudantes. São 64 poemas que irão compor a coletânea Pequenos Escritores Tucujus.

Foram contabilizadas 1.570 inscrições no concurso. As escolas fizeram as seletivas que resultou na escolha de 64 alunos que representam as unidades de ensino, exaltando a diversidade e o respeito, temas que norteiam o certame. A expectativa é que a coletânea seja lançada em dezembro deste ano e entregue às escolas participantes.

Serviço

Data: 16/10 (terça-feira)
Hora: 16h
Local: auditório da Associação de Blocos Carnavalescos
Endereço: Av. Enerstino Borges, s/n, Centro (próximo a Caesa)

Assessoria de Comunicação/Semed

Poema de agora: Música, corpo e madrugada – @juliomiragaia

Música, corpo e madrugada

Tua dança
Transborda
Serpentinamente
Num abismo quente
E noturno
De excitação

Tua pele,
Teus ossos
E espírito
Mergulham
Apaixonados por ti
Para dentro
E somente de ti

És uma pantera
Que de tão
Fêmea
És
Fruto
E fera
De um bruto
Beijo
No escuro

Descansas
Tua cintura
Diabólica e bela
Entre o silêncio
E teus sussurros:
Equinócios

És de um mel
Selvagem
E bélico
A precipitar
O que desejo
Em cada gota
Desta língua:
Em pororoca

Júlio Miragaia

Poema de agora: Classificados – (@cantigadeninar)

Classificados

Precisa-se:
alguém para ocupar
emprego de sonhos
oito horas
jornada diárias às estrelas

Paga-se:
um salário mínimo
pote de ouro depois do arco-íris
tesouro de piratas

Perfil do candidato:
Busca-se
quem seja graduado
em utopia
com mestrado
em encanto
e doutorado
em fantasia

Pré-requisitos:
Exige-se
delírio
um pouco de faz-de-conta
fascínio pela magia

Procura-se
alguém com os atributos
[acima
que seja pontual
e passe autoconfiança
quem cumpre as exigências
ainda é criança.

Lara Utzig

Neste sábado (13) rola Sarau Literário na Biblioteca Pública Elcy Lacerda

O Projeto Social Literar – AP desenvolve ações de incentivo a leitura e a caridade em instituições beneficentes, hospitais, praças e escolas desde 2015.

O evento sarau literário do Literar é uma parceria do Ressaca Literária e a Biblioteca Pública de Macapá Elcy Lacerda e tem como foco da notoriedade aos artistas locais, além de ocupar o espaço da biblioteca, através de feiras, debates, músicas e outras ações durante o evento.

Por isso convidamos vocês para prestigiar o evento, conhecer nossa biblioteca e os talentos de nossos artistas e ainda ter uma tarde prazerosa de cultura e lazer.

Serviço:

Ressaca Literária
Data: 13/10/2018 (sábado)
Hora: 15h
Local: Biblioteca Pública Elcy Lacerda, localizada na Rua São José, Nº 1.800, centro de Macapá.
Entrada franca

Poeta que é sucesso na internet lança livro em Macapá

Lucão estreia no gênero de ficção com um romance sobre encontros e desencontros intitulado ‘Amores ao Sol’.

Ao compartilhar suas poesias nas redes sociais, nas quais já acumula quase 500 mil seguidores, Lucão se tornou um dos jovens escritores mais populares da internet. Os poemas deram origens aos livros ‘É cada coisa que escrevo só pra dizer que te amo’, ‘Dois avessos’ e ‘Telegramas’, que alcançaram a marca de 30 mil exemplares vendidos. Hoje (13), às 19h, na Livraria Acadêmica, o autor lança o romance Amores ao Sol.

A história do livro se baseia na experiência real de Lucão, que se aventurou pelo Caminho de Santiago da Compostela em 2016 e 2017. Na primeira tentativa, uma lesão o impediu de finalizar o percurso; objetivo atingido no ano seguinte. Com esse cenário mítico como pano de fundo, o escritor criou uma trama entre os personagens Luca, Rodrigo e Sol.

Logo no primeiro dia percorrendo o Caminho de Santiago, Luca conhece Rodrigo, um brasileiro que procura desesperadamente por Sol, um amor que nasceu e se perdeu durante a jornada. A cada trajeto avançado, encontros com peregrinos de todos os cantos do mundo, que compartilham ensinamentos e enriquecem a trilha com diferentes histórias de vida.

Ao longo das 256 páginas, o leitor desvenda o que levou cada personagem a caminhar centenas de quilômetros que abrigam medos, dúvidas e encontros inesperados entre o passado e o presente.

O autor

Lucão é formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal de Goiás e, desde os vinte anos, dedica boa parte do seu tempo à escrita. Com seus poemas curtos, publicados diariamente em suas redes desde 2006, ele já conquistou quase meio milhão de leitores fiéis. Depois de publicar três livros de poesia (É cada coisa que escrevo pra dizer que te amo, Telegramas e Dois avessos), Amores ao sol é sua estreia como romancista.

Serviço:
Lançamento do livro ‘Amores ao Sol’ de Lucão
Data: 13.10.2018
Horário: 20h
Local: Livraria Acadêmica (Macapá Shopping – piso L2)

Poema de agora: Calendário – (@cantigadeninar)

Calendário

Imagem de breakfast, food, and morning
os dias são feitos de papel
contados na folhinha
páginas da agenda
e a noite é troféu

os números são tinta
que pinta liquidações
50% off
no shopping das ilusões

os meses são o próprio tempo
astuto e traiçoeiro
setembro, novembro, dezembro
a gosto de fevereiro

as feiras são sempre as mesmas:
aguardam sábados domingos
em que não há protocolo e memorando
só pão quentinho sobre a mesa.

Lara Utzig

Poesia de agora: Poemas curtos de Fernando Canto

DESRIMADA

A janela aberta com o vaso e a flor
parece teu sorriso emoldurado de batom

ARTISTA

O artista é opressor da arte a que se avista
ainda que oprimido ao gesto que se arrisca

DA INFIDELIDADE TRIANGULAR

HOMEM/planta/TERRA
PLANTA/terra/HOMEM
TERRA/homem/PLANTA

planta/HOMEM/terra
homem/TERRA/planta
terra/PLANTA/homem

Fernando Canto

Poema de agora: Za – @ThiagoSoeiro

 

Za

este poema felino
brinca com a gente
hora se esconde
hora corre na página branca
hora dorme de barriga pra cima
este poema gatinho
mia quando chegamos perto
e mia mia quando tá com fome
ele se espreguiça ao longo das linhas
brinca de morde-morde
faz carinho com a cabeça
este poema Zazinho
deixa patinhas de saudade
no coração da gente.

Thiago Soeiro

* [Para Mr. Zatara, o mais mais danado e mais amado que já existiu]

Poema de agora: CHEZ MODESTINE – Marven Junius Franklin

CHEZ MODESTINE (Ao poeta Arthur Rimbaud)

embebecido por um bom bordeaux
amanheço blasé sob o alpendre frio do Chez Modestine
— almejo algo/coisa como um UnknownFlyingObjects
que me abduza dali
que me erga em direção ao improvável!

no meio do dia ouço Zaz berrando:
j’en ai marre des langues de bois!
j’en ai marre des langues de bois!
j’en ai marre des langues de bois!

e os moralistas de vidro me reparam
como seu eu não significasse necas
que nunca serei lhufas
e a medida das hipóteses concretas
engolem em seco as minhas bonnes manières
são ditos-cujos de olho pesados
com monóculos de lentes cafifentas
e armação de cimitarra

oh, céus!
e nem frases feitas
caem bem/explicam bem/delimitam bem
o que ajuízam de mim

sim, menina!
foi no Chez Modestine
que perdi o discernimento
que balancei o lenço aos piratas
e me fiz desmesuradamente aço-inox
versus a dissimulação dos autocratas

devia ter percebido
tempo que passei vislumbrando a escuridão que emanava do rio
devia te prestado mais atenção na Ilha do Sol
com sua ausência de avenidas
sem blocos de paralelepípedos
e sua mansidão

oh, minha Dulcinéia!
já te prometi tantos moinhos
e tantas garrafas de vinho ao luar

Nossa!
parece até que adivinhei
que as horas ali
eram calendários maias
que prediziam um futuro que nunca haveria

o emudecimento e o isolamento
a imagem da menina
escorada no píer de embarque
a espera do hipotético
e seus olhos eram ternos
os ensejos falaciosos
como a epiderme cálida
de uma sereia

rappelle-moi le jour et l’année
rappelle-moi le temps qu’ilfaisait…

Marven Junius Frankli

Poema de agora: Saudade – Luiz Jorge Ferreira

Saudade

Tu precisas te tratar desta saudade.
Tu precisas deixar de mergulhar os olhos neste monte de lágrimas.
Hoje é Domingo!
Tu precisas deixar de arrumar delicadamente quase todos os dias, a roupa do teu filho que já cresceu.
Tu precisas deixar de recordar beijos e abraços, entremeados de adeus.
Tu precisas olhar a chuva caindo como coisa feita para molhar os jardins, e não barulho, que adormeça a alma.

Hoje é Domingo.

Tu precisas cantar as Canções antigas, sem dançar com o tempo.
O tempo já fez seu caminho, e o que ficou nas fotos, foram sorrisos felizes, e cabelos em desalinho.

Tu precisas ficar de bem, com o hoje.
Tu precisas encontrar contigo, ali , saindo correndo da escola, ou na mesa tosca do bar de sempre, batucando com os dedos um antigo Samba…

Aqui em Outubro, o Domingo se espreguiça…
E boceja.
A vida não esta, corre sem dar tréguas.
Égua, mano, que lindo!
Tu precisas te tratar desta saudade.

Luiz Jorge Ferreira

*Do livro “Nunca mais sairei de mim, sem levar as asas”.
**Luiz Jorge Ferreira é amapaense, médico que reside em São Paulo e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames).