História & Beleza Natural: de uma mina abandonada, uma Lagoa Azul surge no Amapá

Foto: Divulgação/WWF Brasil

A Amazônia é conhecida pelos rios, igarapés e cachoeiras. Mas, a maioria das pessoas nem imaginam que aqui existam lagoas de águas azul turquesa. A 208 quilômetros de Macapá, capital do Amapá, fica a Lagoa Azul, um paraíso que nasceu de uma mina abandonada. O lugar fica próximo à Vila Serra do Navio, cidade criada na década de 1950 para abrigar os trabalhadores de uma empresa de mineração. A lagoa azul e o passado da história da Serra do Navio estão entrelaçados.

De acordo com a prefeitura da cidade, a cor marcante da lagoa, em tom azul anil, acontece por conta dos minérios da região especialmente o carbonato de manganês. O lugar era uma mineração. Hoje é possível chegar até lá através de trilhas ou de carro. A região é cercada por uma floresta tropical. O geólogo responsável pela perfuração da lagoa o Dr. Luiz Fabiano Laranjeira disse que é um mito a ideia de que a água é contaminada e imprópria para banho.

Foto: Divulgação/WWF Brasil

Ainda segundo o geólogo, o que é encontrado na lagoa é grande concentração de sulfato e cloro, o que explica a coloração de águas que oscilam entre azul um turquesa e verde-água, o que nos dá a sensação de termos uma piscina natural tratada o tempo todo.

Foto: Divulgação/SUP Amapá

A lagoa possui aproximadamente 18 metros de profundidade e não possui nem peixes, nem outros seres comuns em lagoas. Novamente o geólogo explica: “o cloro torna o ph da água ácido. Isso não permite desenvolvimento de matéria orgânica, mas não as torna impróprias para banho”.

Quem aconselha a visita é Milena Sarge, praticante de stand up paddle. Ela utiliza a lagoa para praticar o esporte. “Eu adoro a lagoa azul. Acho paradisíaco, sei que ela é fruto de exploração mas a natureza foi moldando. E lá é um ambiente tão agradável, transmite paz”, disse Milena.

Company Town

A História da Serra do Navio remonta aos anos 1950. A região era rica em manganês e outros minérios. Por isso, a empresa Indústria e Comércio de Minério (Icomi) resolveu construir uma cidade que pudesse abrigar seus empregados.

De acordo com dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a empresa começou um projeto ambicioso de implantação – nos moldes de muitas vilas que surgiram na Inglaterra durante a Revolução Industrial – de uma Company Town. Tratava-se de uma cidade dirigida e controlada por uma empresa, cuja economia era ligada a uma só atividade empresarial.

Foto: Company Town

Com pouco mais de 3,7 mil habitantes, a cidade foi projetada pelo arquiteto brasileiro Oswaldo Arthur Bratke para abrigar os trabalhadores da Icomi. Bratke escolheu, pessoalmente, o lugar de implantação – a Serra do Navio – em uma região localizada entre os rios Araguari e Amapari.

Ele também programou áreas de expansão futura da vila, projetando-as integradas ao traçado e ao sistema viário. Concebeu o projeto para uma cidade completa e autossuficiente, uma experiência precursora na Amazônia.

Foto: site Cidade de Santana

Minério

As primeiras informações sobre a existência de manganês na Serra surgiram antes de Getúlio Vargas criar, em 1943, o Território Federal do Amapá. Em 1945 amostras colhidas pelo garimpeiro Mário Cruz responderam definitivamente as questões sobre a possibilidade de mineração. As amostras continham alto teor de manganês. Vencendo uma concorrência que incluiu mineradoras estrangeiras, a Icomi assinou o contrato de exploração mineral em 1947.

Em 1951, confirmou a existência de quantidade superior a 10 milhões de toneladas de minério. As obras e os trabalhos da mineradora continuaram uma política de ocupação da cidade.A experiência em Serra do Navio atraiu brasileiros de todos os estados, que se instalaram no Amapá.

Entretanto, a reserva de minério se esgotou antes do previsto e a Icomi deixou a região no final da década de 1990. Em maio de 1992, a vila passou a ser sede do município de Serra do Navio.

Quando visitei a Lagoa Azul. Estava de passagem, em viagem de trampo. Foto: Evandro Nobre.

Meu comentário: conheci a Lagoa Azul em 2016, quando passei perto do local. Eu estava a trabalho pela Justiça Eleitoral, onde atuava como assessor de comunicação. Fiquei deslumbrado com a beleza do lugar e fiz somente esse registro (foto acima) retratada pelo motorista Evandro Nobre. Mas atenção, Segundo a Associação Brasileira de Química ela é IMPRÓPRIA para recreação! Leiam sobre AQUI.

Fonte: Portal Amazônia

Quantas recordações (texto lindão da Ana Paula Padrão)

 

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Tenho muita saudade da máquina de escrever. Bater nas teclas com força e ouvir o tec, tec, tec. No fim da linha empurrar o braço mecânico pra esquerda e começar de novo. A, S, D, F, G. A, S, D, F, G.

Tenho saudade do telefone de disco. Eu tinha uma prima que usava três dedos pra discar os seis números. Ela tinha unhas longuíssimas cobertas de esmalte vermelho e entre o indicador e o médio ainda segurava o cigarro. Elegantérrima. Tenho saudades do tempo em que fumar não era politicamente incorreto, apenas fazia mal pra saúde. E do cheiro do óleo bronzeador que também entrou na lista dos vilões sociais. Óleo de urucum, Rayito de Sol e outros menos cotados.download

Tenho saudades da agenda de papel. Todos os telefones anotados com letra caprichada. Tenho saudade até de perder tempo passando a agenda a limpo quando a lista de amigos ficava maior que o número de páginas. Ou quando era preciso apagar alguns nomes. Nunca deletá-los.

pipocaTenho saudade de fazer pipoca na panela. O milho estourava no óleo quente soltando aquele cheiro de sala de cinema. Poc, poc, poc. Também sinto falta do ovo batido em ponto de neve no braço. Sem parar pra não desandar a receita. E tenho saudade da vitrola, da agulha e do vinil girando em três rotações: 33, 46 e 78. Do chiado do velho LP, do drama de um disco arranhado.download (2)

Tenho saudade da manga espada, buraquinho aberto na casca pra beber o caldo. Da goiaba de vez colhida no pé, na primeira mordida vinha metade do bicho que morava lá dentro. E do morango suculento e com gosto de morango. Os morangos de hoje são lindos, mas não têm caldo nem sabor. Tenho saudade de esperar um mês inteiro pela próxima edição do meu gibi preferido e de colecionar figurinhas no álbum. Coladas com cola Tenaz. Cole e descole se for capaz.

download (3)E, acima de tudo, tenho saudade de esperar uma semana inteira pra que as fotos fossem reveladas. Ah, como eram bacanas as máquinas fotográficas não digitais e os rolos de filme rebobinados. Saudade de chamar as coisas de bacanas. Saudade de quando as lembranças não eram instantâneas.

Dito isso, devo confessar que não sou muito boa de memória. Esqueço nomes e fisionomias. Só decoro instantaneamente números e letras de música. E cheiros. E sons. E dores. Mas lembro-me destas últimas pela sensação que produziram, quase nunca pelos personagens que as provocaram. Hoje agradeço essa falha como um dom.download (4)

Tenho saudade do Neutrox amarelo, do pac man, da agenda Cassio, do Leite de Rosas, do sabonete Phebo, chiquérrimo. E ter saudade não é querer ter tudo isso de volta. É apenas a confortável sensação de ter idade pra ter saudade do que não está na moda, do que já passou, do que não existe mais e ainda assim era bom simplesmente porque me fazia bem. É ter experimentado todas as mudanças e ter aprovado algumas, detestado outras.

Tenho saudades do boana paulam português, do romance bem escrito publicado em edição de capa dura. Dos políticos que tinham vergonha de serem tachados de corruptos, ainda que fossem. Dos eletrodomésticos que duravam tanto quanto um casamento, quase a vida inteira. De andar de carro com a janela aberta. Ter saudade é um privilégio. Minha memória não é lá muito boa, mas é sábia. Guarda com nitidez as delícias e arquiva os rancores em gavetas trancadas que eu nunca me lembro de abrir.

Ana Paula Padrão, jornalista e apresentadora de TV.

Hoje é o Dia do Repórter Fotográfico (Meus parabéns aos amigos)

Por Jussara de Barros, graduada em Pedagogia e integra a equipe Brasil Escola.

Hoje, 02 de setembro, é o Dia do Repórter Fotográfico, o profissional registra imagens de fatos e acontecimentos, no momento em que os mesmos acontecem. A história da fotografia surgiu através do físico francês Joseph Nicéphore Niépce, em 1816, por meio da “transformação de compostos químicos sob a ação da luz”. É fundamental para o jornalismo, pois serve para complementar a ideia do texto, bem como comprovar a veracidade dos fatos.

Ao longo dos anos, a fotojornalismo tornou-se um estilo de trabalho que se baseia no uso das imagens fotográficas para se veicular às notícias. O surgimento dessa área se deu através do britânico Roger Fenton, que fotografou a Guerra de Crimeia, no período de 1853 a 1856.Mas a primeira publicação de uma imagem em um veículo de comunicação aconteceu em 1880, através do jornal Daily Herald, de Nova Iorque, com a finalidade de inovar seu estilo de publicação, buscando chamar mais a atenção dos leitores.

No trampo com o muito querido Sal Lima, em 2019.

Porém, a genialidade da ideia somente se tornou popular com a chegada do século XX, sendo possível devido à invenção da primeira máquina fotográfica portátil, a Kodak, que podia ser facilmente carregada por todos os lados. As primeiras máquinas fotografavam em preto e branco. Mais adiante, o homem inventou o filme, que possibilitava a revelação em cores, chegando aos modelos da atualidade, os digitais, que capturam as imagens através da memorização das mesmas.

No trampo com a muito querida Márcia do Carmo, em 2019.

Um estilo jornalístico que tem chamado grande atenção do público nos últimos anos são os paparazzi (no singular, paparazzo).Os mesmos fotografam celebridades do cinema e da televisão, expondo suas imagens em momentos mais descontraídos ou comprometedores. Essas matérias são alvo das revistas de fofoca, pois atingem grande sucesso nas vendas das mesmas. A ideia desse trabalho fotográfico foi proposto no filme de Frederico Fellini, La Dolce Vita (1960), que teve o nome do fotógrafo Signore Paparazzo baseado no nome de um mosquito siciliano “paparaceo”. A atuação do fotógrafo era de Walter Santesso, que trabalhava com Marcello Mastroiani, interpretando o jornalista Marcello Rubini.

Com o saudoso Antônio Sena, o “Paparazzi”, em 2011

Mas independente da forma de atuação do repórter fotográfico, seu trabalho é muito importante para a população, pois registra os fatos como eles realmente acontecem, trazendo-nos a possibilidade de tomar conhecimento dos mesmos.

Meu comentário: é por meio das lentes desse profissional que conseguimos ver o que acontece em nossa cidade, país e mundo. Eu particularmente, me encanto com uma bela foto, seja artística ou jornalística. Já trabalhei com muitos fotógrafos, a maioria deles muito bons e uma minoria nem tanto. Admiro muitos pelo talento, outros pelo profissionalismo e, sobretudo, os que possuem as duas virtudes. Portanto, meus parabéns a estes profissionais, que são fundamentais para o jornalismo.

Esta postagem é dedicada aos amigos com quem já trabalhei, todos repórteres fotográficos de primeira linha: Sal Lima, Márcia do Carmo, Max Renê, Jorge Junior, Aog Rocha, Ewerton França, Edivaldo Chaves (Didi), Chico Terra, Cleito Souza, Gê Paulla, Rui Brandão e Antônio Sena (in memorian). E também os parceiros, que vira e mexe, quebram o galho de conseguir fotos, como o Márcio Pinheiro, Gabriel Penha, Rosivaldo Nascimento, Lee Amil, Kallebe Amil, Maurício Gasparini, Bernadeth Farias, Jorge Júnior, Fabiano Menezes, Kitt Nascimento e Maksuel Martins. E, ainda, os acadêmicos de jornalismo Halanna Sanches e Addan Vieira, nossos fotógrafos da equipe Ascom do MP-AP. Em nome deles, parabenizo todos os que atuam neste nobre ofício no Amapá e Brasil.

Com Halanna Sanches e Addan Vieira, nossos fotógrafos da equipe Ascom do MP-AP.

Como disse o amigo Fernando Canto: “parabéns ao olhos que miram o mundo com crítica e estética”. É isso!

A fotografia, cujos progressos são imensos e que está, a nosso ver, muito bem classificada entre os materiais das artes liberais, fala aos olhos e detém cativa os curiosos fatigados” – Eça de Queirós.

Elton Tavares

Estique o olhar – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Há 24 anos eu chegava a Macapá, exatamente num primeiro de setembro de 1997. Esta crônica tem a ver com isso e com ela festejo a minha vinda para cá, o que me deu, entre tantas coisas legais, a oportunidade de avistar o maior do mundo (como me refiro carinhosamente ao rio Amazonas). Desde aquele dia, não deixo de contemplar esse rio, que é uma gigantesca síntese do meu amor por este lugar. A crônica tem também a ver com um papo que tive com a minha mana Socorro numa recente viagem que fiz a Belém. Com vocês, a crônica.

Estique o olhar pelo rio até que ele bata no horizonte. Cuidado para não abalroar alguma embarcação pelo caminho. Há saudade de luares refletida na calma do rio. Há promessas de palmeiras crescendo ao largo. Cada vez que as gaivotas passam, as tempestades se abrem, se alvoroçam e se acalmam no sorriso das sereias.

Estique o olhar até pegar carona nos papagaios soltos pelo céu azul, nas linhas que não têm cerol, o que é mais bacana. Flagre as folhas bailando ao vento até que a infância seja devolvida numa tarde assim, de sol e lembranças, sem sombra de rancor.

Estique o olhar de manhã, deixe que a brisa invada as janelas dos poros e se tatue em brasa na pele da nossa já conhecida madrugada, que ficou para trás e ainda virá. Saiba que está a caminho da morada da luz aquele que foi anunciado há milhares de séculos, quando havia a possibilidade de primaveras. Ele vem afirmar que a aurora benfazeja é, mais do que possível, inevitável.

Estique o olhar até atingir, sem pressa, as emanações que se elevam do asfalto e se espalham pelo céu, pintando de nuvens a paisagem, que se derrama em chuva, a doce chuva que embala o sono e invade os sonhos desde quando eu menino, esticado na rede no fundo do quintal, imaginava a vida que haveria bem pra lá do portão.

Esticar o olhar. Um exercício que deveria ser estimulado pelas autoridades científicas, receitado pela medicina e ensinado nas academias (literárias e de ginástica). Poderia até virar lei. Lei não, que ninguém respeita. Mas faça isso: aproveite o rio Amazonas (o maior do mundo) e deixe seu olhar se alargar, se alongar, chegar até as ilhas, passar das ilhas, passar da linha do horizonte e ir além, além, sempre além.

Faz bem pra vista e pra vida. Experimente.

Ele voltou, o cronista voltou novamente – Crônica de retorno do Ronaldo Rodrigues (tomara)

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Já faz algum tempo que não venho por aqui. O dono da casa já deve ter esquecido ou desistido de mim. Ele nem cobrou mais a minha visita, nunca mais me fez lembrar que minha presença reforça os alicerces desta casa. Ou será que só eu pensei isso, num momento de falta de modéstia?

Em todo caso, escrevi este bilhete me desculpando pela longa ausência. Vou deixar aqui no pátio e sair devagarinho. Vai que ele está zangado com minha falta de notícias. Ou se ajustou à ausência e cancelou o contrato, ainda que o nosso contrato seja não verbal, mais baseado em afeto do que em cobrança, disciplina, prazo etc.

Espero que me desculpe e, nem se importando com o vasto tempo corrido, ele coloque este singelo bilhete no mural digital que tem na internet.

A minha ausência já foi explicada (entressafra de ideias, muito trampo rolando, falta de tempo etc.), mas nem ele nem eu ficamos satisfeitos com essas pausas prolongadas. Quem escreve sempre encontra, inventa, descola um tempo de escrever algo fora das exigências profissionais de quem vive de criar textos.

Pois bem, Elton. Aí está o meu bilhete junto com um abraço e um P. S.: vou manter a periodicidade. Desta vez é pra valer (rsrsrsrs).

Obrigado por continuar acreditando e me dando este espaço. Valeu! E abre logo essa cerva!

Tempos pandêmico e a Era do Rivotril – Crônica de Anne Pariz – @annepariz

Crônica de Anne Pariz

Andava na rua e notava a mudança no andar e nos olhares, afinal as máscaras escondem o rosto, mas intensificam os olhares.

Pessoas sorriem com os olhos, não só o olhar nos mostra tristeza e preocupação.

Em tempos assim a sobrecarga psíquica aponta uma realidade alarmante na saúde da população, sobretudo a mental. O crescimento nas vendas de medicamentos para transtornos de ansiedade, insônia e depressão denuncia uma população em sofrimento psíquico maior do que se imagina, segundo dados da Organização Mundial de saúde.

Conversava com um rapaz e ele relatava tranquilamente que com esse tempo pandêmico seu maior amigo, companheiro de cabeceira é o Rivotril, utilizado para problemas de insônia.

Não muito distante ouço a conversa de duas amigas confidenciando que não vivem hoje sem seus “remedinhos” para dormir. Algo preocupante, visto que, o Rivotril é um medicamento que deve ser receitado por médico especialista e em uso contínuo leva ao vício.

Que sociedade estamos nós tornando que temos que utilizar meios para adormecer diante da crise em que estamos vivendo, não só pandêmica, da crise da fome, do desemprego, da dor e do desamor.

A Era do Rivotril é perigosa mas afirmo que mais perigosa é a Era da descrença de uma sociedade mais justa, igualitária, equânime para toda nossa população.

PS: consulte um médico para consumo responsável de medicamentos

*Anne Pariz é cronista, fisioterapeuta e ativista social – 27 de agosto de 2021.

Da vez que pensaram em trocar o nome do Teatro das Bacabeiras – Crônica de Elton Tavares

De acordo com o sociólogo, escritor, jornalista e compositor Fernando Canto, a alcunha “Teatro das Bacabeiras”, pelo fato de trazer o nome que supostamente originou a palavra Macapá, foi escolhida democraticamente pelos artistas amapaenses para nomear o principal teatro de Macapá. Portanto, a denominação se identifica com a nossa terra.

Em 2015, foi cogitada a possibilidade da mudança do nome do Bacabeiras para que o teatro recebesse o acréscimo do nome do ator, humorista e radialista Pádua Borges, que faleceu em 2014.

Pádua era brilhante, ícone da cultura local e um cara porreta. Ele merece mesmo uma homenagem póstuma, mas não essa.

A questão da modificação do nome do teatro público do Estado iria além da questão de prestar uma homenagem ao importante representante da cultura amapaense. A mudança envolve a construção da identidade cultural do Amapá, processo que se constitui e é defendido a muito custo por nossos artistas e agentes culturais.

Mudar o nome do teatro, cuja escolha parte da construção histórica do amapaense seria descaracterizar uma parte daquilo que temos como memória, elemento agregador (fundamental!) da cultura.

Homenagear Pádua, o eterno e amado “Lurdico” da dupla “Os Cabuçus”? Sim! Com a criação de novos espaços, que poderão beneficiar a comunidade e agregar conhecimento e arte ao nome daqueles que produziram cultura nesse Estado e que ficaram em nossa história.

Ainda bem que desistiram da ideia. É isso.

Elton Tavares

O dono do Cabaré – Crônica porreta de Fernando Canto

Crônica de Fernando Canto

Depois de receber uma bolada do “PDV” do Governo Federal, onde trabalhou por quase 20 anos, Zé Ramos não sabia nem como nem onde investir o dinheiro. Mas queria ser comerciante. Como também era boêmio inveterado, frequentador de inúmeros botecos, bares e lupanares, alguém lhe falou que um cabaré estava à venda no subúrbio da cidade. A ideia de comprar um estabelecimento comercial já pronto despertou-lhe a cobiça e o sentimento de poder, pois comandaria pessoas e ainda aproveitaria os produtos da casa. Ou seja, uniria o útil e lucrativo negocio ao agradável hábito do bem bom.

Visando o lucro, Zé Ramos investiu toda a sua fortuna na compra do tal lupanar. Porém, despreparado (Naquele tempo não existiam programas de empreendedorismo a pequenas empresas assessorados pelo Sebrae), nosso herói foi levando o negocio com a barriga. Era mais cliente do que dono.

Quatro meses depois o único garçom roubou o caixa e fugiu; dois empregados, encarregados da limpeza e da cozinha, e um segurança o colocaram na justiça do trabalho e as cinco trabalhadoras sexuais da casa apareceram grávidas o acusando de ser o pai das crianças, pois ele às vezes, quando estava doidão, expulsava os clientes e fechava o estabelecimento, para seu usufruto pessoal.

Acabou vendendo o negocio por uma ninharia para um cearense, dono de um minibox que lhe fornecia mercadoria no fiado. Quase não dava para pagar as indenizações dos empregados e as outras despesas que ficaram da sua gestão.

Mesmo assim, Zé Ramos é um cara feliz da vida. Viveu a sua experiência de empresário como um xeique árabe. E diz, sempre rindo, com o maior orgulho: – Já fui dono de puteiro. Não ganhei, mas também não perdi.

Esse é o Zé Ramos com suas histórias.

* PDV: Plano de Demissão Voluntária, implementado nos anos 90.

Sobre domingos de quando eu era moleque

Quando eu era moleque, nas manhãs de domingo, acordava com a MPB rolando no toca-discos de vinil, meu pai já tomando uma e minha mãe cozinhava (isso quando não íamos comer fora). O cheiro porreta da broca já exalava na casa. Meu irmão ainda tava na parte de cima do beliche, desmaiado. Eu o acordava pra começarmos a brincar, azucrinar e dominar o mundo.

Papai, sempre carinhoso, nos abraçava e cheirava. Mamãe, também amorosa, mas mais comedida, dava um beijo em cada um dos moleques. Uma vida vivida no amor. É assim até hoje, mas sem o velho Zé Penha. Que saudades!

Dedique-se a conhecer seus pais. É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez” – Trecho do poema “Filtro Solar”.

Elton Tavares

Hoje é o Dia Nacional do Maçom (minha família tem forte ligação com a Maçonaria no Amapá) – Meus parabéns à Ordem Maçônica

Hoje é o Dia Nacional do Maçom. A data é celebrada em 20 de agosto por conta de uma sessão histórica realizada entre as Lojas de Maçonaria “Comércio e Artes” e “União e Tranquilidade”, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), nesse mesmo dia, em 1822. Na ocasião, o Irmão Gonçalves Ledo teria feito um discurso emocionante e inspirador, pedindo a Independência do Brasil ainda naquele ano.

A data oficial foi oficializada no artigo 179 da Constituição do Grande Oriente do Brasil, tornando o dia 20 de Agosto o Dia do Maçom Brasileiro. A iniciativa dele foi aprovada por todos os maçons presentes e registrada na ata do Calendário Maçônico no 20º dia, do 6º mês do ano da Verdadeira Luz de 5.822. Esta data, convertida para o calendário gregoriano (que é usado na maioria dos países ocidentais), seria equivalente ao dia 20 de Agosto de 1822. Isso teria sido um impulso da sociedade maçônica para que o príncipe regente, Dom Pedro I, proclamasse a Independência do Brasil, no dia 7 de Setembro de 1822 (menos de um mês depois da grande reunião no Rio de Janeiro).

O conceito de Maçom diz: “homens de bons propósitos, perseguindo, incansavelmente, a perfeição. Homens preocupados em ser, em transcender, num preito à espiritualidade e à crença no que é bom e justo. Pregam o dever e o trabalho. Dedicam especial atenção à manutenção da família, ao bem-estar da sociedade, à defesa da Pátria e o culto ao Grande Arquiteto do Universo”.

Maçonaria é uma sociedade discreta e, por essa característica, entende-se que se trata de uma instituição com ação reservada e que interessa exclusivamente àqueles que dela participam. Seus membros cultivam o aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia, igualdade, fraternidade, além do aperfeiçoamento intelectual, sendo assim uma associação iniciática, filosófica, progressista e filantrópica.

Maçonaria no Amapá e minha família

A Maçonaria existe no Amapá desde 1947, quando foi fundada a Loja Maçônica Duque de Caxias, localizada na Avenida Cloriolano Jucá, Nº 451, no Centro de Macapá. Hoje existem 24 lojas maçônicas no Amapá. Destas, 13 são da Grande Loja do Amapá e 12 da Grande Loja Oriente do Brasil. Além da capital, os municípios de Mazagão, Porto Grande, Santana e Laranjal do Jari possuem uma loja cada.  Meu avô paterno, João Espíndola Tavares, foi maçom. Aliás, foi um homem dedicado à Maçonaria. Vou contar um pouco dessa história:

Foto: Elton Tavares

Em 1968, após ser observado pela sociedade maçônica de Macapá, João Espíndola (meu avô) foi convidado a ingressar na Loja Maçônica Duque de Caxias, sendo iniciado como Maçom. Logo se destacou dentro da Ordem, por conta de seu espírito iluminado. Foi um dos maiores incentivadores de ações filantrópicas maçônicas no Amapá.

João foi agraciado, em 1981, após ocupar 22 cargos maçônicos, com o Grau 33 e o título de “Grande Inspetor Litúrgico”. Ele sedimentou seus conhecimentos sobre literatura mundial lendo de tudo.

Meu avô é o primeiro da esquerda. Nessa foto, com outros maçons, entre eles o senhor Araguarino Mont’Alverne (segundo da direita para a esquerda), avô de amigos meus.

Vô João transitou por todos os cargos da Ordem. As cadeiras que ocupou foram sua ascendência à graduação máxima da instituição. Foi Vigilante, 2ª Mestre de Cerimônias, Venerável Mestre, 1º Experto Tesoureiro, Delegado do Grão Mestre para o 11ª Distrito Maçônico e presidente das Lojas dos Graus Filosóficos. Também foi um dos participantes do Círculo Esotérico da comunhão dos membros.

Ele também integrou o grupo de humanistas da instituição, que objetivava a assistência social e humanitária, oferecendo atendimento médico gratuito ao público. A entidade filantrópica também ministrava aulas preparatórias para candidatos ao exame de admissão ao Curso Ginasial, que hoje conhecemos como Ensino Médio.

Quando ele morreu, em 1996, em nota, a Maçonaria divulgou: “Durante sua estada entre nós, sempre foi ativo colaborador e possuidor de um elevado amor fraterno”.

Evento na Loja Maçônica do município de Mazagão – Foto: Elton Tavares

Há 12 anos a Loja Maçônica do município de Mazagão, Francisco Torquato de Araújo, comemorou 20 anos de fundação. No evento, a instituição homenageou seus fundadores, entre eles o patriarca da minha família paterna, João Espíndola Tavares. Naquele dia, nossa matriarca, vó Peró, também foi honrada. Ela recebeu o “Ramo das Olivas”, uma espécie de broche, que seria destinado somente às esposas dos maçons daquela casa. Foi uma experiência emocionante, diferente, contagiante e extremamente familiar.

Senhor José Odair e nossa Peró – Foto: Maria Penha

Em agosto de 2020, o venerável mestre da loja maçônica Francisco Torquato de Araújo, do município de Mazagão, José Odair, fez uma visita à nonagenária mais linda do mundo, nossa Peró. Na ocasião, ele a presenteou com um histórico da unidade maçônica mazaganense encadernado, por conta da contribuição do vovô.

Meu tio e querido amigo, Pedro Aurélio Penha Tavares, é o único maçom da minha família. Ele também foi venerável Mestre da Loja Duque de Caxias, que possui 74 anos. Meu avô, lá nas estrelas, deve ter muito orgulho de seu filho, que seguiu seu caminho Maçônico.

Tio Pedro, na época de venerável da Loja Duque de Caxias

O Maçom, por princípio, não deve ter um dia específico para agir maçônicamente. Todos os dias são Dias de Maçom, pois a construção do Templo Interior é um trabalho árduo, diuturno e que leva uma vida para ser concluído. Parabéns a todos os IIR . ‘ ., livres e de bons costumes, especialmente os que buscam viver como verdadeiros MMaç . ‘ ., “levantando TT. ‘ . à virtude e cavando masmorras ao vício” para que sejam “Justos e Perfeitos”, parabeniza Pedro Aurélio todos os seus irmãos de Maçonaria.

Honrar é preciso. A história, a memória e o legado, que também é de amor. Pois meu avô ajudou na história disso aí. Meu tio idem. Meus parabéns à Ordem Maçônica.

“Fale de sua aldeia e estará falando do mundo” – Leon Tolstoi.

Elton Tavares

Poema de agora: Rock and roll forever (a poesia marginal do Régis Sanches)

Rock and roll forever

John Bonham!
Você mergulhou
Para flutuar com Brian Jones
No fundo da piscina.
Não sei, por que razão?
Às vezes,
Também faço coisas
Que ninguém imagina.

Jimi Hendrix!
Você quiz voar
Com o “Rei Lagarto”
Nos céus de Paris.
Embarcaram em uma nave
Que “bad trip”!
Com Janis Joplin
E Elis.

Um dia, eu também quiz voar
Num mergulho sem fim
Abro as asas sobre o mar.
Mas, veja, eu não desisti
Estou aqui,
Mil histórias prá contar.

Kurt Cobain!
Você fugiu para o Nirvana
E o Himalaia é logo aqui
Cássia Eller!
Você não me engana.

Estou na selva
Dias negros, noites obscuras
Eu vou nas ruas
Com meu skate esfarelado
Veja, o meu corpo suado
Minha cabeça
Vomita versos delirantes
Minha guitarra-flamejante
Vou lapidando diamantes
Veja, a luz nos olhos meus
Aquela velha chama
Nunca se apagou
Rock and roll.

Régis Sanches

Há 52 anos, rolava o Festival Woodstock – #Woodstock #Woodstock69

Há exatos 52 anos, rolou o Festival de Woodstock. O evento foi realizado, de 15 há 18 de agosto de 1969, em uma fazenda de 600 acres de Max Yasgur, na área rural de Bethel, no estado de Nova York (EUA). Com o objetivo de reunir lendas do rock, a festa levou milhares de jovens até lá. Foi o acontecimento mais importante da história da música.

Anunciado como “Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música”, o festival deveria ocorrer originalmente na pequena cidade de Woodstock, mas os moradores locais não aceitaram, o que levou o evento para a Bethel, a uma hora e meia de distância (160 km de NY).

Cerca de 400 mil pessoas invadiram a cidade de Bethel para o Woodstock, onde residiam somente 2.300 cidadãos. Como a organização esperava “apenas” 60 mil pessoas, somando o público de todos os dias, a saída foi improvisar postos de alimentação gratuitos quando eles se depararam com uma massa sete vezes maior. Cidades vizinhas doaram frutas, enlatados e sanduíches.

Até hoje, o Woodstock é considerado um marco na história da música mundial. Mesmo depois de 52 anos, os relatos sobre o festival são de que o mundo parou por três dias de agosto de 69 (número sugestivo, não?) para uma grande confraternização e celebração .

Quem encerrou a festa foi nada mais, nada menos que o maior guitarrista da história. Ele mesmo, Jimi Hendrix. Antes dele, grandes nomes do rock estiveram no palco do festival, como Janis Joplin , Joe Cocker, Santana, Grateful Dead, Joan Baez, The Band, Johnny Winter e The Who.

Além de reunir alguns dos artistas mais consagrados do rock dos anos 60, o Woodstock foi a maior contestação social da juventude da época.

Woodstock pode ser considerada também a festa que teve a maior quantidade de penetras da história mundial. Em contrapartida muitos artistas convidados pensaram duas vezes em participar, The Doors e Led Zeppelin são os exemplos mais famosos. Os produtores até tentaram os The Beatles, que não toparam porque não convidaram a banda da Yoko Ono, obviamente uma negação de John Lennon.

Os que entraram para a História foram aqueles que se arriscaram, público e artistas que participaram e fizeram sua parte. Ao todo foram 35 apresentações. Literalmente eles deram um show.

Setlist dos shows que rolaram em Woodstock:

Richie Havens – Here comes the sun (George Harrison)
Sweetwater – Join the band (Alex Delzoppo, Fred Herrera)
Joan Baez – Diamonds and rust

Santana Oye como va (Tito Puente)
Grateful Dead – Fire on the mountain (Mickey Hart, Robert Hunter)
Janis Joplin Maybe (Richard Barrett)
The Who – My generation (Pete Townshend)

Joe Cocker – With a little help from my friends (John Lennon, Paul McCartney)
The Band – Mystery train (Junior Parker)
Johnny Winter – I smell smoke (Roger Reale, Jon Tiven, Sally Tiven)
Jimi Hendrix – Wait until tomorrow

Fontes: revistas, jornais, sites e nossas conversas de mesa de bar sobre Rock and Roll.

Saudades, amizade e rock’n’roll: neste sábado (14), rola live/homenagem póstuma ao advogado e músico Nilson Montoril Júnior

Caricatura do artista Andrew Punk

Neste sábado (14), a partir das 18h, familiares e amigos do advogado e músico Nilson Montoril Júnior, que desde 2020 não está mais conosco, promoverão uma live em homenagem póstuma a ele. “Nilsinho”, um dos apelidos do saudoso amigo (sim, era meu amigo também) foi, além de excelente profissional do Direito, contrabaixista, líder e fundador da banda The Malk. O show on-line é uma mistura de saudades e honrarias ao cara, querido e considerado pela galera da antiga que curte som em Macapá.

A apresentação será transmitida pelo canal da The Malk no Youtube. A live contará com a participação dos companheiros de banda e outros músicos que tocarão na evento virtual, além de  depoimentos de amigos de toda a vida e familiares do Montora. E, ainda, exibição de fotos de momentos da trajetória do “Maizena” (Nilson era uma cara de muitos apelidos).

Banda The Malk, no tributo ao The Cure. Bar Do Vila, em 2019. Foto: Elton Tavares

Para que não conviveu com o Nilsinho, com aquele jeito ácido de ser (igual ao meu) que todos adoravam, é uma excelente oportunidade de saber mais do cara, que foi um grande amigo dos seus amigos, inteligente demais e figuraça porreta. Pois vão rolar boas histórias sobre ele.

Além de operador do direito e músico, Montora era um marido apaixonado e amoroso pai de dois caras.  E, ainda, maçon, flamenguista, amante de rock’n’roll, um dos maiores fãs de Cure e Smiths que conheci e brother das antigas da galera. Ele morreu no dia 16 de dezembro de 2020, aos 47 anos, devido a uma parada cardiorrespiratória em decorrência de complicações da Covid-19. E deixou saudades, pois a gente dava muito valor naquele bicho.

Eu e Nilson em dois momentos de 2016: encontro de trabalho no TRE/AP (esquerda) e show da Legião Urbana (direita).

O evento virtual foi carinhosamente organizado por muita gente que amava o cara, como a Gabriela Dias e o Adroaldo Júnior, entre tantos outros brothers. Se o Nilson  já assistiu, deve ter reprovado alguma coisa, seja o som, o setlist ou algo assim, pois ele tinha que reclamar com algo ou chamar a atenção do Adriano Bago sobre algo que o mesmo tinha esquecido. Esse era o Montoril, um cara perfeccionista  e, às vezes, até cri-cri, mas a gente gostava. A música sempre me uniu ao Nilsinho. Recomendo a live.

Serviço:

Live/homenagem póstuma ao advogado e músico Nilson Montoril Júnior
Data: 14 de agosto de 2021 (também conhecido como hoje)
Horário: a partir das 18h.
Transmissão pelo canal da banda The Malk no Youtube:

https://www.youtube.com/channel/UCzwrV6fDW2GfEz139qQwhRQ

Elton Tavares

A Santa Inquisição do Fofão – Crônica de Elton Tavares (ilustrada por Ronaldo Rony)

Lembro-me bem, no início dos anos 90, do pânico em Macapá causado por um boato “satânico”. Espalhou-se que teria uma adaga ou punhal dentro do boneco do personagem Fofão, por conta de um suposto pacto demoníaco com o “Coisa Ruim”, feito pelo criador do personagem.

Iniciou-se uma caça, sem precedentes, aos brinquedos.

Uma espécie de “Santa Inquisição”.

De certa forma, parte da população embarcou na nova lenda “modinha” e os fofões foram trucidados por conta de um mero boato.

Meu irmão e eu vitimamos alguns fofões que pertenciam às nossas primas (prima sempre tinha Fofão, boneca da Xuxa ou Barbie). Na época, muitos diziam que ouviram do vizinho do “fulano”, que uma pessoa tinha sido assassinada por um dos então apavorantes bochechudos de brinquedo.

O Fofão tinha uma cara enrugada, era tosco, usava uma roupa parecida com a do Chucky (o Brinquedo Assassino), e dentro ainda tinha uma haste (punhal) de plástico, que era usado para manter o seu pescoço em pé.

Realmente os fatos estavam contra ele.

Houve até queima dos portadores do mal, em praça pública. Sim! Naquela praça que ficava em frente ao cemitério São José, que hoje abriga a Catedral, homônima ao espaço reservado aos que já passaram desta para melhor.

Na verdade, comprovou-se que o fato não passou de um golpe de marketing, pois muita gente comprou só para conferir e, em seguida, destruir o brinquedo. Coisas como o lance das músicas da Xuxa que, como se falou na mesma época, se tocadas ao contrário, continham mensagens do diabo.

Hilário!

Foi muito divertido, confesso. Ateei fogo em vários fofões, e foi muito melhor do que a época junina. A maioria dos moleques adorou e grande parte das meninas chorou a partida daquele tão querido brinquedo.

Concordo com o dramaturgo inglês, William Shakespeare, quando disse: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que explica a nossa vã filosofia”, mas não neste caso. Porém, o episódio do Fofão foi uma histeria generalizada entre a molecada e virou mais uma piada verídica da nossa linda juventude, uma espécie de Santa Inquisição dos brinquedos.

Elton Tavares