“Aqui é meu Bairro”: antigo paredão deu origem ao nome do Beirol

Por meio do projeto “Aqui é meu Bairro”, a Prefeitura de Macapá tem como objeto a nova delimitação e definição dos bairros da cidade. Por meio de Projeto de Lei, propõe a alteração, delimitação e criação de bairros no município de Macapá. A proposta legislativa apresenta 61 bairros devidamente individualizados, por intermédio de georreferenciamento, com sua espacialização dentro do perímetro urbano devidamente definida.

De acordo com o historiador Edgar Rodrigues, o nome do bairro Beirol é oriundo de um antigo paredão existente ali, no fim do século passado. O paredão servia de referência para que os artilheiros da Fortaleza de São José de Macapá praticassem o tiro ao alvo, usando os centenários canhões da fortificação. A crônica da época conta que o padre Gregório Álvares da Costa, terceiro vigário de Macapá, se destacava como exímio artilheiro nestes exercícios. A ele competia dar lições de tiro e de arte militar aos soldados da fortaleza. Os exercícios de tiro ao alvo eram praticados nos dias santificados e nas datas cívicas.

Logo após a implantação do Governo Territorial, foi construído no local, que ainda não se chamava Beirol, o primeiro presídio de Macapá, mas também ficou conhecido com o nome do bairro. Assim desfaz-se o comentário tradicional de que o bairro tivesse se originado do presídio. No local, encontravam-se a maioria das estações transmissoras das emissoras de rádio e televisão do Amapá; as antenas da Embratel [local onde está localizado hoje o Conjunto Mucajá]; o balneário do Araxá.

Atualmente, pode-se encontrar no bairro a sede campestre do Sesc, a estação de tratamento de água da Caesa, quartel da Polícia Militar do Amapá, uma Unidade Básica de Saúde, Centro Didático Esportivo, Centro Integrado de Atendimento ao Público para emissão de documentos e a Paróquia São Pedro.

A prefeitura convida a população da cidade de Macapá a participar da consulta pública. Os interessados em conhecer, opinar e contribuir com este trabalho, que resultará na aprovação de uma Lei, devem enviar suas contribuições até 27 de agosto de 2020, por meio do cadastro e preenchimento do Formulário de Consulta Pública, no link: https://macapa.1doc.com.br/b.php?pg=wp/detalhes&itd=12.

Secretaria de Comunicação de Macapá
Cliver Campos
Assessor de comunicação
Contatos: 98126-0880 / 99175-8550
Fotos: Gabriel Flores

Quem tem “medinho” de assumir que tem medo? – Crônica de Lú de Oliveira

Crônica de Lú de Oliveira

Tenho medo de aranha. Tenho uma teoria, seria isso? Não sei. Tenho uma ideia fixa que, se você tentar e não conseguir matar uma aranha, ela vem e tenta se vingar de você. Sei disso.

Na minha casa sempre aparecem aranhas grandes. Eu as mato. Às vezes com dificuldade e “muita” luta. Uma vez, comecei uma situação com uma aranha umas 21h e terminei de madrugada. Ela se escondia e depois voltava e aparecia bem perto de mim. Juro! Eu tinha certeza que ela queria se vingar por eu estar “tramando” a sua morte.

Mas meus medos não param por aí. Tenho medo de fantasma, assombração e coisas do tipo, até porque, tenho algumas histórias “sinistras” na minha vida com relação a isso. Leia a postagem da casa mal assombrada e entenderá tudo.

Meus medos não param aí. Tenho pavor de ficar doente. Tenho horror a altura. Tenho medo de pessoas desequilibradas, é… sabe aqueles malucos que saem atirando ou esfaqueando todo mundo? Só o fato de pensar em ser ferida de arma branca, já me causa arrepios. Então… tenho medo de levar choque elétrico ou anafilático. De acidente de carro, de ônibus, avião, bicicleta ou até mesmo de ser atropelada na rua ou estar andando e “pumba”: cair em um buraco e quebrar uma perna! Tenho medo de raios e trovões, e de terremotos, maremotos e afins. Tenho temor das pessoas que odeiam e fofocam, e julgam e condenam. Fico apreensiva quando tenho pesadelos, tenho verdadeiro pânico de que as coisas aconteçam na realidade.

Quando eu era criança, tive por muito tempo, medo que um bicho entrasse no meu ouvido e “comesse” meu cérebro. Parece uma coisa comezinha, mas confesso, deslavadamente que passei mais de um ano dormindo com touca para proteger as orelhas. Lembro que certa feita, li um livro de terror – O cemitério, do Stephen King – meu Deus! Fiquei literalmente aterrorizada por muito tempo. Meu cérebro processava o que eu lia e as imagens apareciam na minha frente como um filme. Eu queria dormir com a luz acessa, mas minha mãe não deixava, falei que estava com medo e ela deu a dica: acende uma vela pro seu anjo da guarda, gostei. Meu anjo também, já que recebeu luz por quase um ano.

Decididamente, não posso assistir filmes de terror. Não consigo dormir. Tenho medo da morte. Não do fato de morrer em si, mas daquela coisa: e depois? Para onde vou? Vou?

Pois é. Sou assumidamente uma medrosa. Será? Acho que bem no fundo não sou. Sou apenas uma pessoa que não tem medo de falar que tem medo. Que assume que é vulnerável mesmo sendo “corajosa” diante de situações inusitadas. Um ser muito forte que enfrenta situações de risco, mas que ainda conserva um inestimável respeito a uma simples e aparentemente inofensiva barata. Que tem a ousadia de um guerreiro para participar de um esporte de luta, mesmo que com adversários notadamente mais fortes, mas que foge de uma mera contenda.

Tenho medo dos políticos inconsequentes que desviam verbas e isso me faz ter medo do hospital público, da segurança pública, de depender um dia de um abrigo de idosos que seja de administração pública. Tenho medo que novamente façamos as escolhas erradas e paguemos caro por isso. E você? Tem medo do que? De quem? Espero sua resposta. Beijos da Feia.

Sim. Os sonhos também mudam – Por Lú de Oliveira

Por Lú de Oliveira

Os sonhos mudam e não há problema nenhum nisso… Quando eu tinha 17 anos, meu sonho era ser atriz. Cheguei a fazer um curso livre em Curitiba, no Solar do Barão e circulava no meio. Por várias questões, meu sonho ficou paralisado e a vida foi me levando por outros caminhos. Sim. Outros sonhos foram aparecendo. Agora, depois de anos, a vida me apresentou a oportunidade de realizar aquele antigo sonho… o sonho dos 17 anos. Fiz o ENEM e entrei para a Federal fazendo o quê? Teatro. Os primeiros meses foram maravilhosos; “coleguinhas” novos, descobertas, leituras e muito trabalho… Só que com o passar dos dias fui me convencendo cada vez mais que meus sonhos mudaram. Meus ideais hoje são outros, minhas prioridades mudaram e aquilo que eu pensava ser um sonho, hoje já não tem mais importância. Minha realidade mudou. Eu mudei!

A arte está impregnada na minha vida, mas em uma nuance diferente: hoje sou uma feliz Contadora de Histórias e é isso que quero fazer até o restante dos meus dias. Se aparecer uma oportunidade, vou atuar, mas sem correr atrás daquele sonho de mocinha. Acordei. E você? Deixou algum sonho para trás? Acorde! Talvez viver o hoje, o aqui, o agora, seja mais importante que tudo! Em tempos de COVID, ficar vivo, hoje é o foco.

E se eu matasse alguém? – Crônica de Lú de Oliveira

Crônica de Lú de Oliveira

Nossa! Que pergunta mais “estapafúrdia”. Não é? É. Mas essa é ideia. Fiquei pensando muito na questão das amizades sinceras e nas pessoas com as quais podemos contar nos momentos mais difíceis das nossas vidas. Não achei nenhum exemplo melhor do que esse.

Vejamos: Quando ficamos doentes, muitas pessoas nos auxiliam: amigos, vizinhos, parentes, “aderentes”, conhecidos e até estranhos. Quando precisamos de dinheiro, sempre tem um parente mais abastado ou um amigo “bonzinho” e generoso que pode nos socorrer, sem contar que temos a opção mais simplificada de “socorro” que são os empréstimos, consignados e afins. Quando o assunto é coração partido, sempre tem um ombro amigo pronto para ouvir as lamentações e dar aqueles “valiosos” conselhos, sempre com prestimosos lenços para secar as lágrimas que nesses casos, teimam em cair. Mas e se você, por qualquer motivo, matasse alguém? Com quem poderia contar?

Fiquei imaginando aquele primeiro impacto da notícia. Quantas pessoas seriam capazes de perguntar como você está mesmo antes de perguntar porque você fez o que fez? Quantas seriam capazes de pensar na sua inocência mesmo antes de saber os detalhes do fato? Quantos iriam te acompanhar na delegacia, enfrentar a mídia, te visitar no presídio por anos a fio? Sem contar que, no início, quando acontece uma tragédia dessas, muitas pessoas aparecem para prestar solidariedade, no início, visitam, apoiam, conversam, mas com o passar dos dias, das semanas e dos meses, tudo vai caindo no esquecimento. A vida continua, pelo menos para eles.

Fiz essa pergunta para vários colegas, um deles, o Setúbal, disse que contaria apenas com três pessoas: seu pai, sua mãe e sua noiva, Adele. Não contente com a resposta inquiri: Será que sua noiva esperaria durante dez longos anos por você? Será que ela se satisfaria apenas com as visitas íntimas regulamentares? Ele titubeou. Balançou a cabeça. Senti que ele ficou com a “pulga atrás da orelha”.

Janete, outra colega, disse que apenas sua mãe seria capaz de aguentar um “calvário” desses. Foi categórica ao afirmar que seu companheiro *Oscar, certamente não iria nem apoiá-la nem esperá-la. Marílis, minha amiga, disse que analisaria cuidadosamente a situação, que antes iria avaliar em que circunstâncias tudo ocorrera, mas que de antemão adianta: só faria isso pelos filhos. Mais ninguém.

Eu, por minha vez tenho certeza que poderia contar em absoluto com três pessoas: meu filho mais velho, não que eu não confie nos outros, simplesmente por uma questão de idade, de maturidade, com meu irmão caçula, o Lúcio e com o meu marido, que, pelo que conheço, tenho certeza que, além de me apoiar incondicionalmente, me esperaria nem que eu passasse mais de vinte anos na prisão.

Não vou incluir minha mãe porque ela tem uma visão diferente da vida, não iria dar-se ao trabalho e acharia humilhante uma visita desse tipo. Não iria, eu sei. Tenho certeza que receberia apoio irrestrito também, surpreendam-se, da minha sogra. Isso mesmo. Além dela me visitar quantas vezes a distância permitisse, sei que me sustentaria em orações e me escreveria incontáveis cartas de próprio punho, como se fazia antigamente. Na questão dos filhos, tem um outro porém: com o passar dos anos, cada qual vai buscar seus horizontes, cuidar da mulher, da sua prole…e pronto!

Sei que essa é uma postagem polêmica e bastante questionável, mas vale como uma reflexão, como um “pit stop” na vida atribulada que levamos para pensar nas pessoas que nos amam verdadeiramente. Serve para darmos valor nas suas existências e principalmente para olharmos a situação por outro prisma: E se alguém que julgamos amar matasse alguém? Para quem seríamos um porto seguro e por quanto tempo? Por quem estaríamos dispostos a sacrificar nosso domingo, nosso lazer, nosso “arzinho refrigerado”, nosso churrasquinho com amigos para “encarar” uma cadeia fétida para cumprir o ritual da visita?

Entraríamos no presídio de cabeça erguida? Nos sujeitaríamos com naturalidade às revistas indiscretas? Faríamos isso por anos e anos sem reclamar? Sem lamuriar? Seríamos capazes de esperar nosso amor por 10, 15 ou 20 intermináveis anos? Perguntas. Respostas. Dúvidas. Certezas. Incertezas. Pelo sim e pelo não… Melhor não matar ninguém! Beijos da Lu!

Daquelas tardes de domingo – Por @alcinea

Cine Macapá – Av Raimundo Álvares da Costa esquina com a Rua Tiradentes

Por Alcinéa Cavalcante

A cidade era pequena e todo mundo ia a pé logo depois do almoço pro cinema. Ninguém reclamava do sol quente, ninguém se queixava do calor.
Os meninos levavam dezenas de gibis embaixo do braço pra trocar na fila. As meninas sonhavam com o dia em que o Zorro tiraria a máscara.
Lembro de “seu Pedro” na portaria recebendo a molecada com um largo sorriso. De vez em quando deixava um entrar sem pagar ingresso, pois tinha uma pena danada das crianças que não tinham dinheiro para o ingresso.

Fonte: Blog da Alcinéa

Eu lembro, pai. Muito obrigado! – Texto atualizado e republicado por motivo de saudades.

Lembro da minha infância com alegria. Eu e meu irmão fomos agraciados com excelentes pais, que nos proporcionaram tudo de melhor possível (e muitas vezes impossível, mas eles fizeram mesmo assim). Graças a Deus, minha mãe continua aqui e é meu anjo da guarda.

Lembro todos os dias do meu pai, José Penha Tavares. Ele faz muita falta. Não só hoje, que é Dia dos Pais, mas sempre. E sempre fará. Difícil compreender as indecifráveis razões de Deus para algumas despedidas.

Lembro que nós nunca fizemos a primeira comunhão, nem eu e nem Emerson, pois fugíamos das aulas de catecismo para ir com o papai pra AABB. Ele ia jogar bola e nós curtíamos a piscina. Apesar de não ter sido um frequentador de igrejas, Zé Penha tinha muito mais Deus no coração do que a maioria dos carolas que conheço.

Lembro-me de quando ele me levava para ver seus jogos de futebol. Era goleiro dos bons. Lembro quando tinha mais ou menos uns quatro anos ele me chamava de “Zôk”, apelido dado por causa da risada que eu dava quando ouvia o nome da moto Suzuki.

Lembro que sempre foi nosso herói, meu e do meu irmão Emerson. Depois, também virou ídolo de muitos amigos, por conta do nível caralístico de paideguice que ele tinha. Lembro que poucas vezes vi meu pai triste ou irritado.

Lembro-me das poucas broncas, de algumas porradas, de poucas discussões. Disso mais lembro de esquecer. Lembro muito mais das viagens, da parceria, da amizade, da proteção, da admiração que tinha e tenho por ele.

Lembro-me de papai nos levar para jogar bola, ao cinema, circo, arraial ou qualquer lugar em que ficássemos felizes. Éramos moleques exigentes, mas lembro que ele e mamãe sempre davam um jeito, mesmo com pouca grana. Lembro dos ensinamentos e sei que uma porção grande de bondade que trago em mim herdei de meu pai.

Lembro que conviver com meu pai era viver no paraíso. Lembro-me de como todos o amavam e até hoje, todos sentimos saudades. Lembro que já são 21 anos sem você. Lembro, Zé Penha, de o quanto fomos parceiros, confidentes e grandes amigos. Aliás, pai, fostes o melhor de todos. Lembro de como eras sensacional, cara. Incrível, mesmo!

Lembro de tudo amorosamente, pouquíssimas vezes com lágrimas nos olhos, mas a maioria com sorrisos. Pois o que mais lembro é que tu, pai, era a personificação da alegria e bom humor. Enfim, de vida. Lembro de ti, Zé Penha, todos os dias. E amo lembrar o que fostes e o que representas. Obrigado por todo o amor. Um beijo em ti. Estejas tu nas estrelas ou em qualquer lugar além do meu coração. Amo-te, pra sempre. Feliz Dia dos Pais!

Elton Tavares

*Texto atualizado e republicado por motivo de saudades.

Pai – Crônica de Lulih Rojanski

Senhor Casemiro, pai de Lulih. Foto: Arquivo pessoal da escritora.

Crônica de Lulih Rojanski

Meu pai tem nome de poeta: Casemiro. Nasceu no Rio Grande do Sul, na década de 1930, mas não chegou a se antenar nunca na efervescência cultural da época, na Revolução Industrial, na nova poesia modernista, nos romances regionalistas, na popularização dos automóveis et cetera. Morava nos mais longínquos rincões gaúchos e precisava plantar e criar o que ia comer. Mas ouvia rádio nas altas oito horas da noite, cansado da roça, espiando pela janela a cadência das estrelas sobre o matão e com a cama já preparada para dormir. O arado à espera para a madrugada do outro dia.

Por isso sei que os ouvidos de meu pai foram educados pela mais pura música sertaneja de raiz, aquela que cantavam Cascatinha e Inhana, Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho… Aquela mesma que ele teimava em continuar ouvindo em discos antigos quando eu já era adolescente e morria de rir de seu gosto pré-histórico.

Um dia, muito tempo depois – eu já era bem adulta – surpreendi meu pai encantado com uma música que eu costumava ouvir nas ocasiões em que tentava desvendar o que fazer para unir o fio das minhas saudades à presença real do objeto de minhas saudades… Era Louis Armstrong cantando What a wonderful world.

Dia desses entrei no supermercado no justo momento em que no sistema de som ambiente Louis Armstrong iniciava: I see trees of green, red roses to / I see them bloom for me and you / and I think to myself/ what a wonderful world… A música de meu pai, pensei, e então de repente me lembrei que era o dia de seu aniversário: 13 de julho. Seu Casemiro estava fazendo 86 anos.

Deixei lá na cestinha o pacote de arroz com brócolis que fui comprar. Saí do supermercado para chorar de saudade do meu pai no meio do sol do meio-dia, pois já era tempo de me arrepender das tantas vezes que zombei do sertanejo que havia em sua alma, as mesmas vezes em que ele desligou o disco de suas poucas manhãs de folga somente para me agradar.

Túnel do Tempo – Crônica de Lulih Rojanski

Crônica de Lulih Rojanski

Levei trinta anos para aprender a letra de uma das canções que mais me encantaram na época que eu considerava quase o meio da vida: lá pelos 14 anos. Se, por aqueles dias, alguém com poderes para previsões tivesse me dito “você vai aprender a cantar esta música daqui a trinta anos”, eu teria tido um arrebatamento, uma crise existencial. Como é que eu ia saber o que seriam trinta anos adiante? Era a mesma noção que eu teria hoje de trezentos.

Testei isso em minha filha mais nova, minha pequena bailarina, quando ela pediu pela trigésima vez sua sonhada sapatilha de ponta. “Você vai ganhar daqui a trinta anos”, disse, e fiquei esperando a reação. Foi de total descrédito. Os adolescentes não acreditam em mais nada do que a gente diz, mas fazem menos dramas. Ou talvez eles tenham se dado conta que, com a rapidez com que as coisas têm andado, 30 anos vão se passar num zás.

Pois quem imaginaria? Aprender aquela música foi um dos meus maiores desejos, quando meu acesso aos discos, aos aparelhos eletrônicos e à sintonia das boas rádios era difícil. Trinta anos depois, e assim, quase do nada, pesquisando sobre a vida de Oswaldo Montenegro nas veredas do Google, me encontro com ela, clara e transparente, com todas as mágicas palavras que fizeram o encanto da minha meninice. Embora na época eu não percebesse, já era a letra que me atraía mais que a melodia.

Eu deveria saber que ela haveria de me chegar um dia. Estava escrito. Não preciso dizer que agora a tenho cantado diariamente, envolta em uma espécie de espiral de túnel do tempo. Para muitos, pode não ser uma grande canção. Pra mim, sua beleza está no sentido que o tempo lhe deu, no que ela representa para minha história particular. Ei-la:

Drops de hortelã – Oswaldo Montenegro e Glória Pires

Eu andava meio estranho
Sem saber o que fazia, eu não sei
Andava assim, eu não sei
Se era feliz
Eu achava que faria uma canção
E a melodia, eu não sei
Andava assim, eu não sei
Se era feliz
Eu achava que faria aquilo que não sei
Que amaria, eu não sei, fazer desenhos com giz
Eu achava que faria uma canção nissei
Eu me sentia, eu não sei, um americano em Paris
Eu achava que tamanho
Tinha a ver com poesia, eu não sei
Mas toda vida eu deixei
A vida entrar no nariz
Eu me mandei pra Curitiba
E como gosto dessa vida!
Eu não sei
Mas a paixão que eu falei
Me lembra o anis
Fiz um drops de hortelã da bala que eu te dei
Para atirar no porém da frase que eu nunca fiz
Eu andava meio estranho
Sem saber o que fazia, eu não sei
Andava assim, eu não sei
Se era feliz
Eu achava que faria uma canção
E a melodia, eu não sei
Andava assim, eu não sei
Se era feliz
Fiz um drops de hortelã da bala que eu te dei
Para atirar no porém da frase que eu nunca fiz

RAPADURA – Crônica de Flávio Cavalcante (@PedraDeClariana)

Foto: Tribuna Rural

Crônica de Flávio Cavalcante

Hoje, no sitio Macacos, distrito de Mangabeira, Município de Lavras da Mangabeira, visitamos um dos últimos engenhos de rapadura em funcionamento na região centro-sul do Ceará. Segundo o proprietário, senhor Gabriel Holanda Nunes, conhecido como Bié, de 79 anos, a “moagem” funciona desde à época do seu avô, quando ainda movida pela força animal, por juntas de boi. Dos 36 engenhos que funcionavam em Mangabeira, apenas o do sítio Macacos continua ativo, produzindo a tradicional e deliciosa rapadura.

Fotos: Tribuna Rural

Em meio roças, moendas e fornalhas, vários profissionais desempenham suas atividades na produção do saboroso tijolo, tais como os plantadores da cana, bagaceiro, caldeireiro e cacheador. Entre eles, o mestre, que, com sua experiência e prática, decide o momento exato em que o mel pode se transformar em rapadura.

Além dos conhecimentos práticos, adquiridos ao logo de séculos de observação e experiências, várias crenças e superstições envolvem o funcionamento do engenho. Uma delas consiste em parar toda a produção na primeira segunda-feira de agosto, pois esse dia é considerado de “má sorte” e pode causar um acidente ou uma pane nas máquinas.

No engenho dos Macacos, ao contrário de outras indústrias modernas, não há a adição de produtos químicos para aumentar o teor de sacarose na rapadura. Utiliza-se apenas as misturas tradicionais, como a cal, logo após a moagem da cana, que serve para limpar a garapa. No fim do processo, o mestre da rapadura também adiciona o sebo de gado, para endurecer o mel e fazer jus ao conhecido nome do produto final.

Ouvindo atentamente a explicação, meu tio Paulo Danúbio, professor aposentado, perguntou:

Seu Bié, o sinhô vende esse balde de Sebo de Gado?

– E o senhor vai botar um engenho de cana? – indagou o simpático proprietário da moagem.

– Não, seu Biê, quero ver se esse sebo serve pra endurecer outras coisa…

Os sete pecados capitais- Parte I – Invidia – Crônica de Rebecca Braga (@rebeccabraga)

Crônica de Rebecca Braga

A inveja por definição, uma delas pelo menos, é a sensação ou vontade indomável de possuir o que pertence à outra pessoa. Pecado capital, tipificado como vício, figura como num tratado para seguir os preceitos cristãos dos Dez Mandamentos. Não se pode desejar o que o outro tem, aquilo que lhe falta, aquilo que você não alcança. A inveja é personificada como demônio através do Leviatã, que por vezes aparece na figura de um peixe, um crocodilo, um dragão marinho, uma serpente, um kraken.

Dito tudo isso, preciso admitir que sou uma pessoa invejosa. Eu simplesmente morro de inveja de quem dorme. Não, não é de quem tem sono. Sono eu tenho muito. O tempo todo. Tenho inveja dos que dormem.

Aquela gente que deita pra ver um filme e de repente dorme. Aquela gente que dorme no ônibus de tão cansado voltando do trabalho, que dorme a sesta da tarde, aquela gente que dorme suada depois de fazer amor.

Tenho inveja de quem estende o corpo em uma espreguiçadeira na beira da praia e acorda vermelho queimado de sol. Bem verdade é que, em tempos de pandemia, eu tenho inveja de qualquer pessoa que durma na beira da praia, igarapé, cachoeira, piscina. Mas só dos que estão longe das aglomerações, caso contrário, meu pecado capital é a Ira. Mas dessa, falemos em outro momento.

Esse demônio que me habita, tem inveja de quem dorme oito horas seguidas, de quem tem a consciência pesada e põe a cabeça no travesseiro e mesmo assim dorme tranquilo e leve, de quem não deseja desesperadamente pelo dia seguinte.

Tenho inveja de quem não tem a cabeça a mil rotações por minuto e não precisa levantar de madrugada para fazer aquilo que pode esperar o amanhã. Inveja de quem não se consome pela ansiedade.

Já me receitaram de tudo. Chá de camomila, leite morno, esquecer o celular, marijuana, alprazolam (e tantos outros medicamentos do tipo), uma taça de vinho, um livro. Mas dormir pra mim continua sendo um artigo de luxo, digno de loja de antiguidades ou de hospital particular.

Leviatã deve estar em algum lugar me vendo de noite revirando na cama e rindo da minha cara. Cada um com os seus demônios. O meu é esse, entre tantos outros.

Tenho uma amiga que sempre chegava em casa depois do almoço dizendo:

-Amiga, vou dar uma deitada no teu quarto cinco minutinhos…

Deitava e roncava enquanto eu olhava pra ela como quem olha pra algum achado absurdo.

Ela levantava depois de vinte ou trinta minutos de sono, acordava sem despertador com a cara de nova em folha e voltava para o trabalho.

Vai se foder! Dormir devia pertencer a todo mundo.

Os Amigos – Crônica de Evandro Luiz

Crônica de Evandro Luiz

A cada ano que passa, o verão fica mais quente. Pelo menos é o que sempre diz seu Everaldo Ramos da Silva, 67 anos de idade, também conhecido como Acapu. Vive da agricultura e assim mantém a tradição da família. Mas a decisão de não casar, e não ter filhos traz a ameaça de colocar um fim em um ramo da árvore genealógica da família Silva.

Homem de poucas palavras, difícil de ver um sorriso em seu rosto. Não que ele seja um cara rabugento, mal educado, longe disso. Na comunidade onde vive é dado como um homem culto. Na televisão, só os telejornais, nas emissoras de rádio gosta de ouvir os programas que começavam bem cedo e que davam orientação para os agricultores. Já os jornais impressos lê sempre mais de um. O objetivo é ver a linha editorial de cada um deles.

Uma vez perguntaram ao seu Acapu por que ele participava tão pouco dos eventos da cidade. Para despistar, disse que não era muito chegado a aglomerações. Mas na realidade, ele não gostava mesmo era da futilidade de algumas pessoas. Aqueles que se achavam cultos e se diziam prontos para entrar na política, das conversas que não acrescentavam nada. E Acapu não via dentro da comunidade um movimento que despertasse a chama de mudança. Os jovens sendo manipulados por aqueles que estavam no poder.

No planalto central, os generais – sem dar um tiro – tomaram as rédeas do país. As porteiras foram abertas e o que vê são milhares de hectares de florestas sendo dizimados. Um problema que mexe o fundo do coração de seu Felipe Ramos. Se raras vezes ele foi visto sorrindo, muito mais difícil é vê-lo chorar, mas essa situação, do descaso com o meio ambiente, quase o levou a uma depressão. Mas soube reagir. Conhecia bastante gente, mas tinha poucos amigos, dava pra contar nos dedos. Entre eles estavam o Joca, o Cabeludo, o seu Chicola, o Tomate, e o Moreno. Vez ou outra se encontravam. Um dos poucos momentos que se via Acapú rindo, dando gargalhadas, totalmente à vontade. Uma amizade desde a infância. Jogaram bola juntos, mas o que eles gostavam mesmo era de empinar pipa.

O tempo os fez, cada um seguir o seu destino. Joca, o Tomate e o Cabeludo, foram estudar em Belém. Seu Chicola foi para Brasília e Moreno foi morar em João Pessoa. Acapu foi o único que ficou na terra. E, como consequência da distância, as notícias entre eles começaram a diminuir.

Dizem que foi a partir daí que Acapu traz no rosto uma tristeza indecifrável. Já se passavam 35 anos sem a presença dos amigos. Não havia um dia que não pensasse neles.

O velho agricultor, depois do trabalho, gostava de sentar-se à sombra de uma frondosa mangueira. Um certo dia, ouviu do seu mestre de obras, que havia um homem que queria vê-lo. Acapu, meio aborrecido, chegou a dizer para o capataz: “isso é hora de visita”. Foi se aproximando, com a vista já comprometida pela catarata. Ainda longe, via apenas a silhueta de um homem, e decidiu ir ao encontro dele. Aos poucos o visitante foi abrindo um sorriso que o agricultor conhecia bem. Acapu conhecia muito bem também aquele jeito de andar. Um aperto no peito e as raríssimas lagrimas do agricultor revelavam o quanto ele esperava por esse momento. Joca estava ali. Os dois se abraçaram. E o que parecia um longo período sem notícias foi logo dizimado pela presença do amigo.

Joca olhou ao redor e viu que pouca coisa tinha mudado. O casarão, os currais para os cavalos de raça, e a grande plantação de milho continuavam no mesmo local, só que agora bem maiores. Joca então disse: “acho que tem mais gente querendo falar com você. Eles estão lá dentro do carro, uma Kombi”. O primeiro a sair foi o Chicola, depois o Tomate, veio o Cabeludo e por último o Moreno. Foi um momento que Acapú pensou que nunca mais iria acontecer.

A noite chegava bem devagar, talvez querendo compensar o tempo que eles passaram separados. Em um certo momento, Acapu, chamou atenção de todos e disse que tinha um presente para cada um deles. Cinco minutos depois estava de volta com cinco pipas. Ele tinha guardado como lembrança de um tempo que não volta mais.

Dizem os vizinhos que no sitio a festa varou a madrugada e que eles soltaram pipa a noite toda. Três dias depois muita festa, o capataz da fazenda, chegou no casarão e anunciou que pelo menos cinco mulheres vieram buscar os maridos.

Everaldo Silva sentiu que mais uma vez ficaria só. A separação não se daria por intrigas, fofoca, inveja… não. Agora o coração dos amigos estava titulado pela chancela do amor. Um latifúndio que nunca quis explorar – muito menos plantar – e por isso nunca vai colher fruto desse pomar. O silêncio voltou a imperar no sítio de Acapu. Ele voltou ao seu cotidiano; tinha a certeza de que aquele foi o último encontro com os amigo de infância.

Certidão de nascimento – Conto de Luiz Jorge Ferreira

Conto de Luiz Jorge Ferreira

Perdi minha certidão de nascimento. Muito confuso. Tentei retira-la em Osasco onde eu moro. Procurei os cartórios, mas em vão. Única saída é ir até Belém do Para e localiza-la no cartório em que fui registrado ainda recém nascido.

Conseguido o telefone liguei e para minha surpresa, negaram-me o documento. A única maneira para consegui-lo informaram é que eu vá até lá.

Que eu vá até lá para ter uma conversa com o Cartorista que lavrou meu documento e converse com ele e leve a esperança que ele me reconheça.

Daquele dia para hoje, passaram-se, mais de cinquenta anos. Bela memória. Deve ter a alma deste homem.

Sem dinheiro procurei o Braz para solicitar algum emprestado.

Haja visto que a vizinhança cochicha que ele foi premiado com uma grande quantia num sorteio da Mega Sena. Encontro com ele no Jardim dos Anjos em uma manhã fria de julho. Mas em vão, estava calado não me reconheceu e um pouco depois foi sepultado em uma gaveta extremamente decorada com azulejos portugueses. Ficou o dito por não dito!

Mesmo assim vou a Belém. Vou caminhando pela margem da rodovia Belém Brasília. Espero chegar ainda a tempo, se não corro o risco de ser detido no meio da rua por uma ronda policial.

– Documento Cidadão! E mesmo que eu entregue CPF, IPVA, IPTU, RG, FGTS, Carteira Profissional, Números de Telefones, Impressões Digitais, E-mail, Senha da Uol, Signo, Sinais, Cacoetes, Vício, Hábitos, Roncos? E a Certidão de Nascimento? Pergunta a autoridade.

E eu ali revistado por e sem a Certidão de Nascimento e balbuciando com voz tremula o lugar aonde nasci. Estou frito penso comigo mesmo. – Que ano nasceu Cidadão. Parto Normal? Induzido? Fórceps? Cesariana? – Comeu Mecônio?

Sem Certidão de Nascimento. – Hein?

Prende ele. Diz um Cabo. – Solte-o! Ordena um Capitão. Se nem nasceu não existe. E se existe pode ser “de menor” se é “de menor” não pode ser preso.

Mas não deve estar na rua há esta hora, sozinho. Procurem a sua mãe.

Enquanto discutem a legalidade da ordem. Saio de fininho com minha bengala na mão, procurando não fazer muito ruído.

Sem certidão de nascimento não sou nada, e sem ela na mão, não me deixam entrar mais de volta no asilo.

Este pensamento é que aumenta o frio.

*Do Livro “Defronte da Boca da Noite ficam os dias de Ontem”. Rumo Editorial São Paulo Brasil – 2020.

Secult/AP encerra mês de julho com 18 atrações virtuais do projeto Ao Vivo Lá Em Casa

Com mais de 40 horas de programação virtual, o projeto Ao Vivo Lá Em Casa, da Secretaria de Cultura do Amapá (Secult/AP), encerra sua primeira etapa de exibições artísticas online. Fechando o mês de julho, serão 18 atrações: artesanato, teatro, música, audiovisual, capoeira, artes visuais, dança e cultura popular. Os artistas apresentam-se de quarta (29) à sexta-feira (31), pelas redes sociais da pasta de cultura do Estado, sempre iniciando às 18h.

Desde o dia 10 de julho, mais de 70 produções de artistas locais já foram transmitidas virtualmente para os amapaenses, de forma totalmente acessível, garantindo a interação do trabalhador da cultura com o seu público. Com a iniciativa, o Governo do Amapá (GEA), por meio da Secult/AP, enaltece a classe artística do Estado, possibilitando também que pessoas de outras regiões ou países conhecessem um pouco da nossa cultura tucuju.

Foi oferecida uma programação diversificada, com shows musicais, recitais poéticos, espetáculos, performances, exposições, exibições, contação de histórias, demonstrações técnicas, entre outras. Nessa última semana do mês de férias, por exemplo, vai ter a banda Tia Biló e o cantor e compositor Amado Amâncio, além de quadra junina, experimento cênico e oficina de artesanato com grafismo maracá, cunani e palikur, e muito mais.

“Os artistas locais precisaram se adaptar para poder continuar trabalhando nesse período de pandemia; coube então a nós da Secretaria criar os mecanismos para que a produção cultural não fosse totalmente afetada. Acredito que o projeto Ao Vivo Lá Em Casa foi uma excelente experiência para produtores culturais e o público amapaense que, mesmo dentro de suas casas, puderam apreciar a riqueza dos segmentos culturais presentes em nosso Estado”, enfatizou o titular da Secult/AP, Evandro Milhomen.

Programação:

29 de julho (quarta-feira)

18h – Jansen Rafael (Artesanato); 18h20 – Rafael Lacerda (Teatro); 18h40 – Heber Lemos (Música); 19h – Brenner Pinheiro (Música); 19h20 – Ezequias Monteiro (Música); 19h40 – Cleverton Nélio (Música).

30 de julho (quinta-feira)

18h – José Inácio (Audiovisual); 18h30 – Luiz Alberto (Capoeira); 19h – Mariele Maciel (Música); 19h30 – Artur Loran (Música); 20h – Amado Amâncio (Música).

31 de julho (sexta-feira)

18h – Ademir Barbosa (Artes Visuais); 18h20 – Luana Mira (Dança); 18h40 – Letícia Rosa (Cultura Popular); 19h – Kleber Luiz (Música); 19h20 – Júlia Medeiros (Música); 19h50 – Banda Tia Biló (Música); 20h20 – Dj Netinho Popular (Música).

Rodrigo Rodrigues foi aquele amigo que se tornou amigo sem nunca nos ter conhecido – Via @EspacoAberto

Há pessoas que nem sabem que a gente existe; e nem nós, que elas existem.

Mas somos íntimas delas; como elas nos são íntimas.

Assim somos em relação aos artistas que admiramos, aos escritores que gostamos mais, enfim, funciona dessa forma com qualquer personalidade pública com quem travamos sempre contato e a quem admiramos.

Assim era este repórter com Rodrigo Rodrigues.

Tomei um choque enorme, hoje à tarde, quando soube da morte dele.

E o choque foi dez vezes maior por saber que a Covid-19 ceifou-lhe a vida aos 45 anos de idade.

Vivo grudado em programas de esporte. Só não assisto a todos porque o dia tem 24 horas – mas ainda haverei de espichá-lo, pra não perder nenhum.

Dos que mais gosto – e como tantos torcedores, aliás – está o Troca de Passes, no SporTV.

E a melhor fase desse programa, sem dúvida alguma, foi sob a batuta do Rodrigo.

Ele não era bem-humorado porque queria sê-lo, mas porque era naturalmente bem-humorado.

O Troca, com o Rodrigo à frente, ficou muito mais leve, relaxado, solto, maneiro. Como o próprio apresentador.

O programa ficou, parece, muito mais íntimo do telespectador.

Como apresentador, Rodrigo Rodrigues parece que nem estava no ar, mas numa mesa de bar, discutindo futebol com amigos. Numa boa, como se diz.

É uma pena que um jornalista como esse tenha sido arrancado da vida tão cedo e de forma tão brutal.

É horroroso que o tenha sido em decorrência dessa doença, da qual tenho cada vez mais medo, mais horror.

Rodrigo Rodrigues é como um grande amigo que vai embora antes da hora.

Sem que tenhamos nos conhecido.

Sem que tenhamos tido a chance de ouvi-lo sequer dizer adeus e nos dizer por que motivo, afinal, estava subindo.

Mas, se subiu, que esteja nos Céus!

Fonte: Espaço Aberto.