Meus heróis morreram de overdose

                                            Por Jackeline Carvalho
Ainda sob os efeitos do último dia 13(alcoolicamente falando), dia mundial do rock, sentei na beira da cama pra tirar o tênis e ver o que passava de interessante na TV em plena 3 da manhã. Zappiando e já desistindo, vi a chamada do ArquivoN, do canal Globo News. Ia passar um especial da Janis Joplin. Uma vida curta, mas intensa, extrema, no limite. Hum, esse filme você já viu, não é?

Sim, várias vezes. Essa receita intensidade+inconsequência+talento, já está mais que conhecida. Cazuza, Elis Regina, Janis Joplin, Kurt Cobain, Jim Morrison, Renato Russo, Jimi Hendrix, Brian Jones, cultivaram a tríplice aliança perfeitamente. Em uma discussão acalorada, eu e minha amiga Cybelle, chegamos na seguinte pergunta: eles tinham que morrer ou não?

No meu ponto de vista, eu achei que a morte era inevitável. Com o ritmo de vida, as drogas, o álcool, o sexo, noites mal dormidas, um dia a pilha acabaria. Mas vendo pelo lado meio místico da coisa, pra mim eles são como cometas que passaram por nós, tão brilhantes que se chegássemos perto, nos queimariam ou perderíamos a nossa visão. Todos eram autênticos, verdadeiros, espinhosos. Foram fulminantes, bombásticos, carismáticos até. Aí pergunto: e se eles não tivessem morrido, seria a mesma coisa? Teriam revolucionado o rock do mesmo jeito? Teriam seus nomes na história?

Lembra daquele ditado “depois da tempestade, a bonança”? Pois é, todos eles, em suas respectivas épocas, foram a salvação de uma geração perdida e sem heróis. Eles trouxeram verdade pra onde não tinha, fizeram com que as pessoas acreditassem em si mesmas. Criaram a identidade de toda uma juventude. Alimentaram-nos de força, inconseqüência e paixão. E morreram com a imagem que até hoje guardamos em nossa memória. Não aquela coisa sem vida (Caetano e Gil perderam o seu brilho ao longo dos anos), sem rumo, vendida para o mercado das gravadoras.

Não! Ficamos com os gritos rasgados, com as entrevistas apimentadas, com os fricotes, com as gargalhadas, com os chiliques de quarto de hotel. E com a esperança de que outros cometas virão, depois dessa tempestade que parece que nunca vai cessar.

O emo-core e a Cultura de Massa

                                                 Por Adnoel Pinheiro
 
Todo mundo já deve ter visto pelas ruas, praças e principalmente infestado nos meios de comunicação, como a TV e escutado nas rádios, uma série de bandas intituladas de emo-core. Entre elas podemos citar: o NX Zero, Cine e Fresno. São as mais populares atualmente no cenário nacional. Pois bem, o emo-core é um subgênero do rock e uma variante do Hard-core. É, por incrível que pareça, são significados totalmente distintos, apesar de o primeiro ser considerado fruto do segundo.

O emo-core em uma tradução simples para o português significa algo emocional, pois o termo core no sentido aplicado na palavra não tem uma tradução, ao contrario de Hard-core que na sua tradução nos indica algo como duro, difícil, árduo, estilo esse que nasceu na década de 80 nos EUA, sendo posteriormente propagado para o mundo inteiro.

A Cultura de Massa (cultura do povão) que não atinge somente o povão, pois qualquer forma de manifestação cultural se dá socialmente entre indivíduos constituintes de um povo e sociedade, é uma realidade pós revolução industrial. Também é um equívoco dizer que o “povão” não possui cultura, pois esse determinado grupo social tem determinados hábitos e jeito de viver, pensar e de ser, por mais que sejam considerados medíocres pelas classes intelectualizadas da sociedade.

Chegando ao principal ponto de discussão neste texto; o emo-core é objeto da cultura de massa, uma cultura voltada para o consumismo, a um povo-objeto. Após a revolução industrial e os avanços tecnológicos cada vez mais presentes em nosso cotidiano a sociedade se tornou “atomizada” (individualista), marcada pelo isolamento dos indivíduos, onde os mesmo ficam à deriva e decide por si só no mundo e age como convém, pois são manipulados pelos grupos que detêm o poder.

A massa converte-se a uma falsa-moral (que modela gostos, visando a obtenção de lucros) e a função da cultura de massa é divulgar essa falsa-moral e para isso usa os meios de comunicação de massa, onde os clipes das bandas emo são apresentados incansavelmente nas rádios e principalmente na grande modeladora de gostos. A MTV.

Em suma, essa indústria cultural que tem como propagador os meios de comunicação de massa é a grande modeladora de gostos, pois através das bandas de emo-core vende atitude, comportamento e uma modinha. E para quem vende? Para um grupo social amorfo, complacente com a comodidade da fantasia e escapismo, acéfalo e incapaz de pensar, de refletir, que tende a simplificar o mundo real e encobre seus problemas com soluções fáceis e falsas.

A cultura de massa visa a manutenção de capital e está atrelada ao consumo imediatista, pois quem lembrará de NX zero daqui há 10 anos? Ninguém. Pois não sobrevive ao tempo, não possui conteúdo, é descartável! É considerado porcaria e representa um produto industrializado, mercantil e compreendido como medidor de um valor estético. Então é bom refletir no que se está consumindo para não ter uma indigestão. Para quem considera a música como arte como eu ainda resta uma afirmativa; a arte ainda existe na era contemporânea.

Referência bibliográfica: para o alto e avante; iuri Andreas reblin; editora asterisco.

O show do Biquini Cavadão foi o melhor no Amapá

Tomado por frustração, critiquei ontem mais um show de axé em Macapá. A falta de boas atrações (de fora do Estado) na capital amapaense, para o público pensante, é latente. Eu fui a vários showzaços em Macapá, Titãs na Chopperia da Lagoa, Lô Borges (também na Chopperia), Nando Reis (na Fazendinha e no Ceta Eco hotel), Lobão e Capital Inicial (em edições distintas da Feira Agropecuária), Autoramas (nas três vezes que eles vieram aqui), etc. Mas nenhum show no Amapá se compara ao do Biquini Cavadão, em dezembro de 2006, em Santana.
A apresentação da banda, que foi contratada pela Prefeitura daquele município para a festa de aniversário da cidade, foi emocionante. Fui de buzão, uma verdadeira missão, mas valeu à pena. O Biquini tocou todos os seus sucessos e alguns covers clássicos do rock nacional e internacional. Meu amigo Ewerton até subiu ao palco e cantou com os caras. O ápice da apresentação foi a execução da música “Timidez”, grande hit da banda.
É disso que sinto falta, shows de rock (de qualidade). Tudo bem, volta e meia vem os “Zumbidos do lado B”, alguma “ascendente banda” do circuito underground (risos). Mas eu sou da antiga, eu gosto de som novo e também das velhas. Bandas que ainda são muito boas e que poderiam tocar em Macapá ou Santana.
Fica a dica para o empresariado amapaense, já temos público para isso, basta ser showzão. Sobre a apresentação do Biquini Cavadão, leiam o que o Bruno (vocalista da banda) disse sobre o show de Santana.
Um Show Na Linha do Equador (depoimento do Bruno, vocalista do Biquíni Cavadão)
O Amapá sempre me fascinou. Primeiramente pela sua característica geográfica, na foz do Amazonas, o tal Oiapoque que a gente aprendia quando criança como sendo o extremo Norte do país (estudos hoje dizem que Roraima é que detém este marco) e o fato de ser a capital que ficava na linha do equador.Em 1992, estivemos em Macapá. Lembro-me como se fosse hoje. Um bandeirante bimotor fez o trajeto Belém Macapá por duas vezes para que nossa equipe toda chegasse. Eu, Coelho, e mais alguns da banda fomos antes.
Ao chegarmos à cidade, tivemos tempo de visitar a fortaleza que estampa a bandeira do estado e que vale a pena conhecer. Também fomos ao Marco Zero. Onde um imenso monumento indica a passagem da Linha do Equador, separando o estado nos hemisférios Norte e Sul.Aproveitando-se desta característica ímpar, O Zerão, estádio de futebol da cidade, também divide o campo entre Norte e Sul!
Pois bem, lá estávamos nós quando ouvimos no parque o barulho de um aeroplano, destes que são controlados por controle remoto. Olhamos pro céu e vimos um aeromodelo rasgando o céu a poucos metros de nós. Coelho, distraído e míope como é, nos perguntou se já era o pessoal chegando. “Será que são eles?” Só o técnico de som havia ouvido e ele começou a rir. Diante do vexame, ele pediu: “não conta pra ninguém…”, mas nosso técnico na época não fez por menos e abriu a boca pra todos rirem muito!
Quatorze anos depois, lá estávamos nós a caminho do Amapá novamente. Uma viagem demorada, saindo de São Paulo com escalas em Brasília e Belém. Uma noite virada e eu totalmente sem voz. O show no ginásio em Poços de Caldas havia me criado um cansaço vocal imenso, aliado a duas noites sem dormir (dormir bem é fundamental para ter boa voz). Para piorar, meu assento não reclinava. Foi uma viagem do cão! Quando chegamos a Macapá, o que restou de mim mal conseguia falar o básico. Havia ainda um almoço gentilmente oferecido pelo prefeito de Santana, onde faríamos a festa pelo aniversário da cidade.
Foi preciso declinar no convite. Todos foram menos eu, que entrei no quarto e só não apaguei direto por que encontrei uma baixela de frutas como boas vindas e achei melhor comer algo, especialmente as acerolas. Nunca havia provado assim, somente em polpa e estavam saborosas. Não por menos que elas são chamadas de ‘cerejas do Suriname’. Ao acordar, já havia melhorado sensivelmente minha voz. Com um pouco de exercícios fonoterápicos, consegui me preparar para o show desta noite.
A praça estava lotada e nós todos muito animados. O show encontrou um público muito receptivo, ainda que tenhamos sido avisados que rock não é a música principal que se toca na região. De todo modo, todos dançaram e participaram. Mais uma vez, uma criança marcou o show. O menino estava no ombro do pai e eu o chamei para conhecer o palco conosco. Ele olhava todos tocando e se agitava muito, ainda que não soubesse cantar conosco. Fez a maior festa e levantou a galera.
Ao final do show, agradecemos a todos pelo carinho. Sabíamos que a temperatura é mais elevada na Linha do Equador; hoje tivemos a confirmação do fato e sua principal causa: o calor é humano!

Love Will Tear Us Apart

Ian Curtis, líder do Joy Division. Talento em estado bruto.
Love Will Tear Us Apart – Joy Division – Composição de Ian Curtis

When routine bites hard

And ambitions are low

And resentment rides high

But emotions won’t grow

And we’re changing our ways

Taking different roads



Then love, love will tear us apart, again

Love, love will tear us apart, again



Why is the bedroom so cold?

You’ve turned away on your side

Is my timing that flawed?

Our respect runs so dry

Yet there’s still this appeal

That we’ve kept through our lives



But love, love will tear us apart, again

Love, love will tear us apart, again



You cry out in your sleep

All my failings exposed

And there’s taste in my mouth

As desperation takes hold

Just that something so good

Just can’t function no more

 
But love, love wil tear us apart, again

Love, love will tear us apart, again

Love, love will tear us apart, again

Love, love will tear us apart, again

Bandas que já foram legais, mas deram no saco

                                                                                             Por Elton Tavares

Vocês sabem aquelas coisas que já eram? Ficaram chatas e obsoletas, então. Hoje (29), um colega de trabalho escutou (e me fez escutar) horas de Aerosmith. Foi osso! Tudo bem que já gostei, na adolescência, da banda do Steve Tyler, mas atualmente, a única pessoa com este sobrenome de quem sou fã é a Liv (filha do vocalista do Aerosmith). Deus, estes caras são velhos e já deram o que tinham que dar em relação ao rock and roll.

É amigos, todos erram na adolescência, eu, por exemplo, gostava até de “Guns N’ Roses”, aquela banda nojentinha que tinha uma versão masculina da Xuxa cantando de shorts curtos e lenço na cabeça, vê se pode? (Mas ainda acho que o Slash era F..). Ainda bem que apareceu o Nirvana, Pearl Jam e outras, verdadeiros sóis naqueles dias de tempestade, dando um basta nas “armas e rosas”.

Li, em algum lugar, a seguinte frase: “Aquele que não pode recordar-se do passado, está condenado a repeti-lo”. Por tanto, chega dessas bandinhas cocotas, que foram trilha sonora da festas ruins de uma geração, canções de rádio FM que já foram “legais”.

Voltando a trilha sonora do trampo, quem disse que não poderia ficar pior? Depois do Aerosmith rolou um bregão e até Bee Gees. Um set-list que poderia rolar em consultórios dentários (risos).

Como nem tudo que resiste ao tempo é ruim, oremos em nome das bandas e músicos que são maravilhosos até hoje. Obrigado Deus pelo U2, Rolling Stones, David Bowie, Faith no More e Iggy Pop, amém!


Os bons morrem antes?

A Legião Urbana, extinta banda do rock nacional, marcou a minha geração. Hoje (27), Renato Russo, líder do grupo, faria 50 anos. Apesar das músicas não surtirem tanto efeito como quando tínhamos 16 anos, algumas ainda mexem com quarentões e trintões como eu. Encontrei este belo texto em homenagem ao cantor e compositor no blog do meu amigo Silvio Carneiro, no endereço: http://avidefoda.wordpress.com/ . Resolvi reproduzir aqui:

Renato Russo faria 50 anos hoje.

Os bons morrem antes?
                                                                                                                   Por Silvio Carneiro

27 de Março de 1960. Há exatos 50 anos nascia, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), Renato Mantredini Júnior, mais conhecido como Renato Russo, um dos maiores poetas do rock brasileiro.
Como ele mesmo diria em uma de suas canções imortalizadas com a Legião Urbana, “é tão estranho, os bons morrem antes…”. É talvez ele estivesse certo, mas aos 36 anos, Renato Russo não morreu antes. Pelo contrário, ele tornou-se verdadeiramente imortal. O poeta de toda uma “Geração Coca-Cola” que criou a trilha sonora da vida de todos que, como eu, viveram intensamente os anos 80 e início dos 90.
Poeta pós-punk, intelectual, bissexual assumido desde os 18 anos de idade, ele foi uma espécie de Jim Morrison brasileiro, não tanto pela sua beleza física, mas pela consistência de suas letras que poderiam muito bem ter sido publicadas em livro sem a necessidade de ser musicadas.
Mas a musicalidade de sua obra também era muito forte, porque era de uma simplicidade crua, oriunda do punk – o que fazia com que os jovens se identificassem de imediato, como jingles de anúncios comerciais.
Suas letras contavam histórias. Muitas delas com personagens inesquecíveis como “o tal João do Santo Cristo”, ou aquele casal ultra-moderno “Eduardo e Mônica”, entre tantos outros.
Sua poesia falava de amor e dor (as duas faces de uma mesma moeda). E mesmo quando desabafava suas dores e impaciência com a doença que o devorava lentamente (a AIDS), falava de um jeito tão doce que mais parecia uma declaração de amor à própria vida.
Hoje, se tivesse completado seus 50 anos, talvez ele estivesse parado, isolado em sua eterna contemplação do mundo, ao invés de fazer como vários de seus contemporâneos que ainda insistem em reascender os velhos sucessos caducos dos longínquos anos 80. Renato não vivia de sucessos passados. Ele mesmo falou no “Acústico MTV” que já não agüentava mais aqueles fãs chatos pedindo: “Toca ‘Ainda é Cedo’!”. Talvez, onde quer que ele esteja, deva estar satisfeito com seu legado.
Morreu ainda no auge. Morreu como morrem as verdadeiras estrelas, brilhando. E como as verdadeiras estrelas, manterá seu brilho ainda por muitos milhares de anos…
Parabéns Renato!



A canção que o Silvio se referiu é “Love In The Afternoon”, apropriada para o escrito, leiam este trecho:

“É tão estranho

Os bons morrem jovens

Assim parece ser

Quando me lembro de você

Que acabou indo embora

Cedo demais”




Músico amapaense realiza sonho na outra ponta do Brasil

                                                                                            Por Elton Tavares

Sandro Malk (com o detalhe na camiseta) e a Bardot em Coma – Foto: Jamy Gurjão.
A The Malk é uma banda amapaense que toca covers em seus shows, mas se quisesse, teria grandes possibilidades de fazer som próprio, mas não quer, as atividades profissionais e interesses de seus integrantes são outros.

Por conta disso, o compositor, músico e cantor Sandro Malk alçou vôos para o Sul do país, mais precisamente Curitiba (PR), onde formou, com três curitibanos, a banda “Bardot em Coma”. Sandro escreveu algumas canções na época que cantava na The Malk, mas elas só saíram do baú lá por aquelas bandas. Ele conta esta pequena história aqui.

Qual o seu nome completo?

Sandro Costa dos Santos ou seria nome artístico? Aí já sabes que é o tal de Sandro Malk (rs).

Onde e quando você nasceu?

Macapá, nascido em 28/02/1984. Queria ter nascido antes pra ter pego os anos 80, mas ok. Fica pra próxima.

Influências musicais e com quantos anos começou a tocar e cantar:

Minhas influências musicais mais presentes são: The Smiths, o culpado, ainda quando criança, vi um vinil com um soldado na capa (“Meat is murder”) e a partir dali eu começava uma busca que me fez entrar no mundo do rock e não sair até hoje, em suma, a história é essa. The Cure, Ride, My Bloody Valentine, Suede, Teenage Fanclub e U2. Gosto de ouvir bandas novas também, claro. Mas se tratando de influência, fico com a velharia mesmo.

Comecei a tocar com 14 anos na escolinha do Sesc. Eu tinha aulas de violão naquele tempo e a minha idéia era aprender pra tocar as músicas das bandas que haviam me influenciado e pra pleitear (pareço político) uma vaga na banda do Arley, pois quando eu era criança, eu ouvia por casa que ele tinha uma banda e aquilo me fascinava. Então durante muito tempo naquele período eu alimentava a idéia de formar uma banda com ele e com os amigos dele. Coisa que acabou acontecendo anos mais tarde.

O canto veio junto e espontaneamente. Simplesmente percebi que dava pra tocar e cantar ao mesmo tempo (rs). Mas o que é interessante é que desde o 1º momento em que consegui passar de um acorde para o outro, ainda que mediocremente fosse, eu já tentava compor. A coisa de fazer música era mais interessante pra mim desde sempre.

Quando você resolveu ir em busca do sonho no Sul do Brasil?

O Nilson Montoril escreveu algumas canções, mas o projeto de música autoral da The Malk não foi em frente, mas tínhamos ótimas linhas de músicas, o Arley é um baterista criativo e o Adriano (Bago) nem se fala. Não sei, ou não lembro, onde nos desviamos do caminho. Na verdade, acho que por ser uma banda de covers, e com isso, tínhamos de tirar novas músicas sempre, acabava sobrando pouco tempo para as nossas canções.

Resolvi tentar o Sul por saber que ter a música como uma coisa séria, como trabalho, já é complicado por si só. E trabalhar a música em Macapá, viver de música fazendo rock, é mais complicado ainda, pois são outros nichos musicais que dominam a cena local e regional. Podemos perceber isso com a StereoVitrola, os meninos têm um trabalho legal, tocam bem e td, mas chega uma hora (deve chegar) que você quer atingir um público maior com o seu trabalho mas não consegue porque estamos longe de onde o tipo de som que fazemos acontece.

É difícil até pra se deslocar, pois o país é imenso e por conta do destino (ou dos portos em épocas colonias e outras querelas) estamos no extremo oposto de onde essas coisas acontecem. Daí resolvi tentar o Sul que tem uma cena independente bem interessante. Mas foi uma decisão difícil e que foi tomada gradativamente. Eu gostaria muito que esse tipo de trabalho fosse possível hoje na minha cidade. As pessoas não deveriam ter de sair do lugar em que os seus estão. Mas acredito que daqui alguns anos as coisas mudarão.

Qual a proposta da “Bardot em coma”?

Bom, The Malk mais do que uma banda pra mim, foi uma escola. E mais do que uma escola, era uma reunião de amigos. O projeto foi idealizado pelo Alexandre Lima em 2001/2002 nos corredores da Faculdade Seama. Havia uma feira de informática na faculdade e ele surgiu com a idéia de tocarmos apenas no encerramento da feira. Acabou que a banda foi formada de um jeito bastante despretencioso, para uma única apresentação, e durou uns 5 anos.

Na verdade, ela continua ativa. Então a contagem continua também. Digo que The Malk foi uma escola porque tudo o que sou no palco (me refiro a confiança, postura e coisas que só se aprende no palco) eu aprendi nestes anos. E bom, bardot em coma tem uma história recente. Ela começa quando eu organizo algumas das minhas composições e começo a procurar integrantes para formar uma banda.

Após algum tempo, conheço Allan Grégor (baterista). Foi um cara que renovou as energias para continuar a busca. Não era nada fácil encontrar músicos dispostos a apostar num trabalho autoral. E os que eu encontrava já estavam envolvidos em outros projetos. Algum tempo depois, conhecemos Henrique Ribeiro, guitarrista que se emocionou ao conhecer a proposta do grupo. E em seguida aparece Aline Ribeiro, baixista de técnica apurada, hoje se formando em Produção Sonora, por sinal.

Surgia assim em outubro de 2008 a banda bardot em coma, com a proposta de fazer um som repleto de poesia, lindas melodias e o peso dos drives imortais!Após 6 meses dessa união, lançamos o EP “Deslocado”, contendo 5 faixas, entre elas a faixa título.

Hoje estamos tocando pela cidade e ao mesmo tempo estamos de olho nos festivais. E temos nosso MySpace: myspace.com/bardotemcoma, que está com mais de quatro mil acessos em menos de 2 meses de divulgação. A banda já se apresentou em programas de TV por aqui também.

Matéria publicada no blog da revista nacional de rock Dinamyte Online (http://dynamite.terra.com.br/blog/zapnroll/) no dia 23/12/2009.