Poema de agora: O poeta e a poesia – Lulih Rojanski

O poeta e a poesia

O poeta não faz poesia
Com lápis ou com caneta.
Com isto ele faz o poema.
O poeta faz poesia
Com os cacos miúdos
dos dias estilhaçados
Com a matéria sutil
que há nas coisas todas
mas que só ele vê


Com as noites ilusórias
em seu paraíso de musas
filhas de Zeus
Com a sede dolorosa
de seus instantes de febre
Com as pontas das estrelas
que ele toca com os dedos
Com a visão álacre
das cores matinais
proparoxítonas
Com a dor diária da alma
que não se ajusta ao corpo
Com os amores brutais
que morrem e renascem
na desordem de seu tempo
Com as impiedosas batidas
de seu próprio coração
fora do peito.
Tudo isso o poeta mistura
e faz a arte inconcebível
de preencher de poesia o poema.

Lulih Rojanski

SESI Amapá realiza oficinas-passeio virtuais para alunos da EJA

Dando continuidade às oficinas-passeio realizadas de forma remota pelos professores da Nova EJA do Serviço Social da Indústria (SESI), os alunos participaram da experiência no Mercado Central, na Orla de Macapá e no Bioparque da Amazônia, para aprender de forma diferente o conteúdo de disciplinas como ciências humanas, ciências da natureza, linguagens, códigos e suas tecnologias.

Durante as oficinas, os alunos puderam aprender na Orla de Macapá sobre a história do Trapiche Eliezer Levy e do Complexo do Araxá, além de conhecer as estruturas do Barco-Escola Samaúma II. Na atividade no Mercado Central, eles puderem refletir sobre a importância dos patrimônios locais e das características culturais da cidade. Já no Bioparque da Amazônia, foram apresentados os conceitos de ecossistema e comunidade.

Durante as aulas, o professor guia os alunos pelos ambientes ao mesmo tempo que realiza as explicações teóricas e práticas. Em média, cada aula contou com a presença online de 100 estudantes.

Tradicionalmente, os professores do segmento de ensino propõem oficinas-passeio para aprofundar conhecimentos de temas ensinados nas aulas. No entanto, neste momento, por conta da pandemia, os encontros não são possíveis. Para evitar que as atividades fossem interrompidas, os profissionais, junto com a coordenação pedagógica, decidiram fazer excursões virtuais transmitidas por aplicativos de conversa.

De acordo com a coordenadora da Nova EJA, Marcirene Sousa, a oficina-passeio busca trazer o conteúdo das disciplinas para a realidade. “Esta é uma forma diferente de ensinar. A frequência é de mais de 70% de presença e nós percebemos a alegria dos alunos. Durante as aulas eles interagem bastante e aprendem de maneira mais fácil”, destacou.

Augusto Cotta é aluno da EJA e está entusiasmado com o que vem aprendendo. “Posso descrever o ensino do SESI com duas palavras: excelência e qualidade. Nenhuma outra escola me ensinou tão bem quanto o SESI. Tenho certeza que tudo o que estou aprendendo lá vai me ajudar a crescer na vida. Sou muito grato também pelos professores que são atenciosos e ótimos profissionais”, comentou o estudante.

Serviço:

Assessoria de comunicação do SESI/SENAI – AP
Contato: (96) 3084-8944
E-mail: [email protected]

Mundo cão – conto de Lulih Rojanski

Conto de Lulih Rojanski

Vestiu-se de Maria, donzela desamparada, vestido de laço e flor no cabelo, para ver a Banda passar. Ninguém, nem o Batman, quando passou atrás do trio elétrico, alisando as flores de seu vestido com um olhar de sarjeta, suspeitou de que aquela fosse a identidade secreta da Mulher Gato.

Do meio da profusão das marchas do carnaval, o Superpateta encontrou o olhar I believe in angels de Maria, a donzela desamparada, e não soube jamais explicar por que, naquele instante ad infinitum, desejou ser um Negro Gato de arrepiar.

O Negro Gato passou no meio da Banda, entre Frajolas e Mandachuvas… grisalho, quase calvo, hipnotizado pelo pó e pelo único trio elétrico que se rebelava em Racionais MC´s. Um cara que é da noite, da madrugada – ele cantou, absorto, ao passar sem ver o olhar de fera livre que lhe lançava Maria.

De laço de fita e flor no cabelo, Maria, desamparada na terça-feira gorda, sentiu-se tentada a cair nos braços do Gato de Botas, de lhe entregar seu calor animal. Isto antes de perceber que, em plena avenida, ele lambia o pelo translúcido de uma Thundercat – muito mais bela, embora bipolar.

Naquele último dia de carnaval, quando a Banda passou de passar, Maria arrematou a última cachaça de um ambulante perdido entre serpentinas e restos mortais de canções, e virou a dose de um gole só, pensando sobre o mundo cão… que poderia ser salvo pelos gatos. Então sentiu o convite de uma garra pousando tigresa em seu ombro, e se virou devagar, slow motion em trilha imaginária, para gozar felina o olhar daquele a quem entregaria, antes do fim da noite, a sua identidade secreta.

*Conto do livro Gatos Pingados

Poesia de agora: poema para dias difíceis – Pat Andrade

poema para dias difíceis

tenho habitado
subterrâneos
e ainda assim
a lua mais bonita
me acompanha

vivo dias cinzentos
sob céus muito azuis
escancaro mil bocas
de escárnio
com beijos inesquecíveis

ouço canções de amor
mesmo sob as balas
de uma guerra diária
e antiga

garimpo entre os destroços
diminutas razões
pra viver

o sorriso
tímido e quebrado
num portarretrato
a florzinha seca
num livro velho
o poema ruim
rabiscado na camiseta
a folha arrancada aos prantos
do diário adolescente

decido não parar
de sonhar
mesmo que já
não consiga dormir

vou aprendendo
que não preciso
desistir de mim
mesmo que tudo pareça
irremediavelmente ruim

Pat Andrade

Música de agora: A Rosa – Chico Buarque (interpretada por lindamente por Roberta Sá)

A Rosa – Chico Buarque (interpretada por lindamente por Roberta Sá)

Arrasa o meu projeto de vida
Querida, estrela do meu caminho
Espinho cravado em minha garganta
Garganta
A santa às vezes troca meu nome
E some

E some nas altas da madrugada
Coitada, trabalha de plantonista
Artista, é doida pela Portela
Ói ela
Ói ela, vestida de verde e rosa

A Rosa garante que é sempre minha
Quietinha, saiu pra comprar cigarro
Que sarro, trouxe umas coisas do Norte
Que sorte
Que sorte, voltou toda sorridente

Demente, inventa cada carícia
Egípcia, me encontra e me vira a cara
Odara, gravou meu nome na blusa
Abusa, me acusa
Revista os bolsos da calça

A falsa limpou a minha carteira
Maneira, pagou a nossa despesa
Beleza, na hora do bom me deixa, se queixa
A gueixa
Que coisa mais amorosa
A Rosa

Ah, Rosa, e o meu projeto de vida?
Bandida, cadê minha estrela guia
Vadia, me esquece na noite escura
Mas jura
Me jura que um dia volta pra casa

Arrasa o meu projeto de vida
Querida, estrela do meu caminho
Espinho cravado em minha garganta
Garganta
A santa às vezes me chama Alberto
Alberto

Decerto sonhou com alguma novela
Penélope, espera por mim bordando
Suando, ficou de cama com febre
Que febre
A lebre, como é que ela é tão fogosa
A Rosa

A Rosa jurou seu amor eterno
Meu terno ficou na tinturaria
Um dia me trouxe uma roupa justa
Me gusta, me gusta
Cismou de dançar um tango

Meu rango sumiu lá da geladeira
Caseira, seu molho é uma maravilha
Que filha, visita a família em Sampa
Às pampa, às pampa
Voltou toda descascada

A fada, acaba com a minha lira
A gira, esgota a minha laringe
Esfinge, devora a minha pessoa
À toa, a boa
Que coisa mais saborosa
A Rosa

Ah, Rosa, e o meu projeto de vida?
Bandida, cadê minha estrela guia?
Vadia, me esquece na noite escura
Mas jura
Me jura que um dia volta pra casa

Adoro velhos malucos – Crônica de Elton Tavares

Resistir, fazer beicinho ou ficar chateado não adianta nada, todos envelhecemos. Lutar contra isso é uma guerra inútil, de fato. Acho legal a coroada que leva isso na boa, principalmente os velhos malucos. Adoro velhos malucos. Conheço uma porrada deles.

Os velhos malucos não se resumem a cuidar de netos, jogar xadrez ou cartas com outros velhotes encarangados. Não. Eles frequentam os bares das esquinas, falam besteira, tocam, dançam, namoram, bebem… Ou seja, vivem!

Os velhos malucos fazem de tudo por uma vida menos ordinária. Ou o que pelo menos resta dela. Entre as coisas das quais me gabo, está o fato de ser amigo de músicos, escritores, poetas e artistas em geral. Vários deles, coroas doidaços que curtem a vida como aos 20.

Falos de todos que estão acima dos 65 e ainda possuem o espírito inquieto e se recusam a ficarem mergulhados no tédio. Alguns são somente porretas, outros são paid’éguas, loucos varridos. E não pensem que falo somente de quem ainda curte a noite ou toma cachaça.

Admiro os que vão ao cinema no meio da semana, que viajam quando dá na telha, que sabem que já contribuíram bastante para suas famílias e sociedade para agora se dedicarem a viver tudo que quiserem.

Quem sou eu para dar conselhos a senhores que sabem muito mais da vida. Mas ser um velhote maluco deve ser bem mais feliz que viver numa cama, no fundo de uma rede, num sofá ou em uma cadeira de balanço à espera do “único mal irremediável”. Principalmente quando o senhor ou senhora vive na solidão.

Claro que meus velhos companheiros doidões não abdicam de seus afazeres corriqueiros, mas também não colocam tanto peso em cima de algo tedioso que não lhes dá prazer. E acho isso o máximo!

Os velhos malucos não estão mais atrás de sonhos impossíveis ou de tesouros. O que eles querem é viver bem com o que possuem e em paz com os seres humanos que se tornaram. Suas experiências e histórias rendem bons causos e conselhos. A gente se diverte com tanta prosa poética.

Falo de exemplos como o de Carter Chambers (Morgan Freeman) e Edward Cole (Jack Nicholson), no filme “Antes de partir”. Se meu pai estivesse vivo hoje, faria 69 anos e tenho certeza que o saudoso Zé Penha seria um velho maluco.

Tomara que eu, se me tornar um velho gordo de barbas e cabelos brancos, seja um coroa maluco e saiba aproveitar o número de anos vividos da melhor forma possível. Que como hoje, tenha muito mais alegrias que tristezas. Que também tenha desenvoltura para bater papo e entrevistar outros velhotes doidões ou jovens com corações ávidos por aventura, ambos sedentos de vida.

Eu queria mesmo é que a velhice não impedisse ninguém de ser feliz. É isso!

Os velhos malucos são mais malucos que os jovens” – Duque de La Rochefoucauld ( François Poitou).

Elton Tavares

*Republicado por conta de hoje ser o Dia Nacional do Idoso. 

Hoje é o Dia Nacional do Idoso

Hoje (1) é o Dia do Idoso. A data é comemorada no Brasil no dia 1º de Outubro e tem como objetivo a valorização do idoso. Até o ano de 2006, esta data era celebrada no dia 27 de Setembro, porém, em razão da criação do estatuto do idoso em 1º de Outubro, o dia do idoso foi transferido para esta data de acordo com a lei número 11.433 de 28 de Dezembro de 2006.

Bem, uma coisa sobre mim, é que eu gosto de velhinhos. Os acho serenos, compreensivos, doces e sábios. Principalmente as minhas idosas favoritas, minhas avós. Não tenho mais avôs vivos, os dois já viraram saudade, mas, graças a Deus, minhas avós nos brindam com suas ternas presenças.

Admiro quem cuida bem de seus pais idosos como minha mãe, Lúcia e tia Maria, quem é um neto dedicado ou mesmo aqueles que respeitam e tratam bem os velhinhos que conhecem.

Eu, mano e sobrinha com nossa idosa predileta, a vó Peró. Uma lindeza de 93 anos.

O idoso precisa ter seus direitos assegurados e dignidade. Não acredito que uma pessoa que tranca um velhinho em um “abrigo”, por mais honesta e politicamente correta que seja, tenha um bom caráter.

Enfim, hoje é um dia de valorização e reflexão sobre a importância da pessoa idosa e reconhecimento pela contribuição que estes cidadãos deram para a nossa sociedade. E lembrem-se: a ausência é inversamente desproporcional ao amor. Portanto, que tal um beijo, um abraço ou um simples telefonema para o seu velhinho hoje? Tenham uma ótima semana.

Elton Tavares

Homenagem ao Quino – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Quino o insuperável ser do traço.

Se vai Quino, um amado argentino, sua criação nos fez pensar e refletir.

Mafalda, era uma bela menina, traços lindos de uma criança. Tão belos que encantava crianças e adultos, a mais de cinquenta anos.

A menina doce, que com ar angelical questionava como poucos, os problemas políticos, científicos e até de gênero, quando ninguém quase falava nisso.

Influenciando, uma série de artistas, pensadores, políticos e pessoas comuns , como esse que lhe escreve.

Se vai a vida, fica a história.

Agradeço por seus traços, por seus escritos e pelo que muito que aprendi com a adorada Mafalda, uma menina de quase 8 anos que odeia sopa.

Sem ser repetitivo, ou com uma pieguice salutar te digo, você sai da vida, mas já se encontrava na história.

O homem permanece vivo em sua obra.

Obrigado por tudo, Quino. 1932 – 2020.

*Marcelo Guido é jornalista.

 

 

 

Breve história da internet (texto firme)

Por Gregorio Duvivier 

Conheceram-se na sala ‘dez a 15 anos’ do bate-papo UOL. De onde teclas? Ele teclava de Belo Horizonte, ela de Caxias do Sul. Ele deu um número de ICQ. Passaram dias ao som de oh-ou e navios partindo. Ele pediu uma foto. Ela não tinha foto. Descreveu-se ruiva (não era). Ele se apaixonou perdidamente.

Pediu o e-mail dela: era do iG, por causa do cachorrinho. O dele era Zipmail, por causa da Luana Piovani. Mandou um poema. Ela respondeu dez minutos depois. Trocaram todo tipo de poemas e cartas de amor. Até a caixa postal dele lotar, uma semana depois. Ele apagou todos os e-mails que não eram dela (ou pra ela). Não eram muitos.

Logo lotou de novo. Migraram para o Hotmail. A caixa postal era um pouco maior. Conheceram o MSN. Ele pediu uma foto. Ela pintou o cabelo de vermelho só pra tirar a foto. Mandou. Ele gostou mais ainda. Ela fez um fotolog só com fotos dela. Pra ele. O fotolog fez sucesso, não só com ele. Combinaram de se encontrar em São Paulo. Ele foi, ela não. Pararam de se falar por um tempo.

No Orkut, ela encontrou ele dois anos mais velho. Ela pediu desculpas em um lindo testimonial. Ele aceitou. Passaram a trocar scraps. Ele era um figura popular, tinha criado a comunidade do Pearl Jam. Ela criou “Adoro Banho Quente”, comunidade popular mas não tanto quanto sua rival “Odeio Banho Gelado”. Combinaram de se encontrar em São Paulo. Os dois foram. Beijaram-se assistindo a “Era Do Gelo”. Ou não assistindo. Começaram um namoro à distância.

Foram meses difíceis de MSN, até que inventaram o Skype. A vida mudou. Beijavam a tela, dormiam abraçados com ela. Ele fez uma música para ela e postou no YouTube. Ele ganhou seguidores no Twitter. A caixa postal do Hotmail lotou. Migraram para o Gmail e sua caixa infinita (ou quase).

Ela foi pro Rio de Janeiro fazer faculdade. Ele foi atrás. Entraram no Facebook quando não tinha quase ninguém. A foto de cada um era a cara do outro. Moravam juntos, dividiam o mesmo computador, compartilhavam os mesmos vídeos. O Gmail e sua estranha mania de não dar logout automaticamente fizeram com que ela lesse toda a sua correspondência. Ele ficou puto com o que ela leu. Ela ficou puta com o que ele tinha escrito. Quase terminaram.

Preferiram comprar outro computador. E cada um passou a ter uma senha. Riram muito no 9gag. Recusaram-se a entrar para o Google Plus. Hoje falam-se o dia inteiro no WhatsApp. E o Instagram deles é só fotos do bebê.

Fonte: Folha

Prefeitura de Macapá autoriza retomada da 8ª etapa das atividades econômicas e sociais com a liberação de teatro, cursos livres e extensão de horários de outros segmentos

O Decreto de n° 3.248/2020, que autoriza a retomada da 8ª etapa das atividades econômicas e sociais da capital amapaense durante a pandemia do novo Coronavírus, foi assinado nesta segunda-feira, 28, pelo prefeito de Macapá, Clécio Luís. O documento traz a liberação das atividades de teatro e extensão de horários de outros segmentos e começou a vigorar nesta terça-feira, 29, e terá validade por 15 dias.

Foto: Alex Silvieira

De acordo com o decreto, as atividades presenciais de teatro serão retomadas com 50% da capacidade das salas. Já os cursos livres, idioma e música estão autorizados a funcionar, obedecendo espaços de distanciamento em todos os setores. As academias, a partir de agora, podem liberar os vestiários, desde que a limpeza e higienização seja feita pelo menos 3 vezes ao dia.

Para a final do Campeonato Amapaense de Futebol, que ocorrerá no próximo dia 1º, o decreto atenderá parcialmente com a liberação de público específico para o evento. Ao todo, 300 pessoas serão autorizadas a participar. A limitação obedece às regras do decreto de não aglomeração e o distanciamento de uma pessoa a cada 4 m², com espaçamento de 1,5 m entre elas. As demais competições permanecem sem público.

Cinemas seguem fechados – Foto: G1 Amapá

“Nós vamos entrar agora na 8ª etapa de retomada das atividades econômicas sociais em Macapá. É uma etapa que traz poucas novidades. Fizemos alguns ajustes de horários e iremos liberar atividades de teatro, que são musicais, dança, pois sabemos que são promovidas de forma programada com cuidados cautelosos. Nós teríamos uma novidade nesse decreto, que seria a retomada de boates, casas de show e cinema, com 50% da capacidade, com espaço entre as pessoas, com rígido protocolo de biossegurança que está sendo utilizado nacionalmente. Boates a mesma coisa, sendo que iriam funcionar no mesmo horário de bares e restaurantes, ou seja, até meia noite. No entanto, como o Governo do Estado baixou um decreto não permitindo ainda essas atividades, nós resolvemos respeitar e dialogar com o governo para termos uma decisão consensual e segura. Então, nós não iremos abrir nesse momento. Vamos mais uma vez dialogar com o governo e segmentos”, disse o prefeito de Macapá, Clécio Luís.

Quanto às alterações de horários, o documento atende as atividades de esportes coletivos em clubes, praças, arenas, ginásios, quadras poliesportivas e similares, que podem funcionar de segunda a domingo, das 8h às 22h. Já os estabelecimentos comerciais situados em shoppings centers, galerias comerciais e similares podem funcionar de segunda a domingo, das 8h às 22h.

Clécio Luis Vieira, prefeito de Macapá, falou nesta terça-feira (29) sobre as novas determinações diante da pandemia — Foto: Caio Coutinho/G1

“Nós vamos também estender os horários das feiras para o noturno, atendendo a solicitação dos feirantes. Esse segmento é um momento bom de testar novos costumes. Começaremos pela Feira Maluca, que irá funcionar durante a noite, até as 23h. Temos um questionamento que vem sendo feito sobre a retomada das aulas presenciais do município. Por enquanto, não temos a menor possibilidade e nem perspectiva dessa decisão. Não existe um ambiente escolar para isso. Os pais, eu diria, mais de 70%, são contra essa retomada, não há clima escolar, bem produtivo ou saudável. Nós estamos fazendo de tudo para manter um bom nível desse processo de ensino-aprendizagem não presencial com aulas virtuais, entrega de atividades na casa dos alunos onde não há internet e preparando as escolas para o ano letivo de 2021”, concluiu o prefeito.

Com total preocupação em preservar vidas, todas as oito fases do processo estão sendo acompanhadas pelo Comitê Permanente de Gestão e Execução do Plano de Retorno, que atua com muito diálogo e transparência. Atende ainda todos os protocolos de saúde e segurança.

Todas as orientações sobre o funcionamento de cada modalidade nesta nova fase de retomada estão no Decreto nº 3.248/2020 e podem ser acessadas pelo link: http://macapa.ap.gov.br/coronavirus/atos-normativos/.

Secretaria de Comunicação de Macapá
Mônica Silva
Assessora de comunicação

Rede Sarah oferta em Macapá vagas para jovens aprendizes com salário de R$ 1 mil

Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação tem processo seletivo aberto em Macapá — Foto: Divulgação

 

A Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação lançou edital para contratação de jovens aprendizes com duas vagas para a unidade Macapá. Os pré-requisitos incluem ter idade entre 18 e 20 anos, estar matriculado no 3º ano do ensino médio ou tê-lo concluído há pelo menos 1 ano, na rede pública; e renda desejável per capita de até 1 salário mínimo.

Confira o edital para jovens aprendizes da Rede Sarah AQUI

A remuneração é de 1 salário mínimo mensal (R$ 1.045), além de vale-alimentação e uniforme.

A seleção será através de prova objetiva e de redação, de caráter eliminatório e classificatório, previstas para 8 de novembro, com divulgação do resultado final para 31 de dezembro.

As inscrições são gratuitas e acontecem de 5 a 9 de outubro pela internet. A jornada de trabalho é de 20 horas semanais, ou seja, 4 horas por dia, de segunda a sexta-feira, e no contra-turno de aulas.

Os candidatos que não têm acesso à internet podem se inscrever no certame nos computadores da instituição, das 9h às 17h, exceto sábados, domingos e feriados. A unidade Sarah em Macapá funciona na Rodovia Juscelino Kubitschek, nº 2.011, bairro Universidade.

Os selecionados poderão atuar em pelo menos cinco áreas dentro do hospital, entre atendimento ao público, desinfecção e limpeza hospitalar, oficina ortopédica, patologia humana e tecnologia da informação.

Fonte: G1 Amapá

7ª edição do Tapajazz com mostra em Belém (e com participação de artistas amapaenses)

Serão promovidos oito shows, envolvendo mais de 20 músicos. (Foto: Reprodução)

Em sua 7ª edição, o Tapajazz, festival que tem origem em Santarém, município do Baixo Amazonas, no Oeste paraense, realiza sua 1ª Mostra Belém nos dias 24, 25 e 26 de setembro, em formato on-line, com transmissão a partir das 19h30, direto do Teatro Waldemar Henrique, pelo canal de Youtube do festival e retransmissão pela página de Facebook da Equatorial Energia. Realização da Fábrica de Produções, patrocínio da Equatorial Energia, por meio da Lei Semear do Governo do Estado, e patrocínio da Alcoa. Apoio cultural da Casa do Saulo – Onze Janelas e deputado Igor Normando.

A programação traz oito lives de shows, em três dias, envolvendo mais de 20 músicos, de cinco estados brasileiros. Participam do Tapajazz – Mostra Belém, os músicos Joãozinho Gomes, Enrico Miceli e Zé Miguel, do grupo Conexão Amazônia (AP), Alan Gomes (AP), a banda Silibrina (SP), Toninho Horta (MG), Trio Paraense – Tripa, formado por Luiz Pardal, Jacinto Kahwage e Paulinho Assunção (PA), Grupo Jardim Percussivo (PA) e Maurício Maestro (RJ), além de Sebastião Tapajós (PA).

Primeiro festival de jazz do interior amazônico e um dos quatro do gênero na nossa região, o tapajazz acontece mais especificamente, em Alter do Chão, um dos mais visados destinos turísticos do Estado. O balneário é situado a poucos quilômetros de Santarém, cidade que possui uma forte tradição musical. É onde vive o violonista Sebastião Tapajós, nascido em Alenquer; e onde nasceu o saudoso Maestro Izoca. Hoje, com 300 mil habitantes, o município possui uma orquestra sinfônica e investe no ensino superior de música também.

“Já vivi profissionalmente de música, como instrumentista, fora do país. Quando retornei, percebi que, embora em minha cidade haja uma larga tradição de música instrumental, faltava um contato maior dos nossos músicos com esse gênero produzido também no resto do país. Isso me motivou a realizar o Tapajazz, como forma de preencher esta lacuna. Em 2020, estamos ampliando nosso intercâmbio”, diz Taré.

O produtor, com experiência de mais de três décadas na área, resolveu inovar e trazer para para a capital paraense uma mostra do festival, reunindo grandes nomes da música instrumental brasileira que, em maioria, já vem se apresentando nas edições realizadas em Santarém. A realização do projeto é da Fábrica de Produções, com patrocínio da Equatorial Energia e Alcoa, via Lei Semear, do Governo do Estado, e Alcoa, com apoio cultural da Casa do Saulo – Onze Janelas e deputado Igor Normando.

Intercâmbio artístico e formação de plateia

E a ideia de trazer uma mostra do Tapajazz a Belém é exatamente esta de contribuir para esta troca de informação e conteúdos, além de estimular a circulação de artistas locais e nacionais entre as duas cidades, gerando ainda oportunidades de trabalho para profissionais da área, além, claro, de promover a linguagem e formar novas plateias para a música instrumental na região.

Os compositores Zé Miguel (foto), Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes, que formam o Conexão Amazônia, trazem para o evento a sonoridade que nasce no mundo amazônico do batuque e do marabaixo do Amapá. São três artistas que dialogam com as influências dos rítmica e imagética dessa fronteira com a Guiana Francesa e os sons da floresta.

“Nossa expectativa assim como a de meus parceiros é de grande alegria em participarmos mais uma vez do Tapajazz, (mesmo que em formato de Live) e de fazermos nessa edição, que pela primeira vez será realizada em Belém, como mostra especial, uma apresentação do jeito que o Tapajazz merece. Daqui do Amapá, nos conectaremos a este belo festival, e através dele, cantar e tocar nossas canções para um público que tem a música como necessidade essencial. A música que fazemos aqui consegue ser vista, ouvida e apreciada por grandes mestres da música planetária, e sem dúvida passa a reverberar em alto e bom som pelo mundo afora”, dizem Enrico di Miceli e Joãozinho Gomes.

Já Alan Gomes, que também vem de Macapá, se destaca como cantor, compositor e músico, atuante em bandas como “Os Sem Nomes”, “Casa Nova”, “Banda Zeta”, “Banda Placa” e “Banda Yes Banana”, essas duas últimas citadas, ainda faz parte e com trabalhos bastante distintos. Como Sadman atuou com todos os principais nomes da música Amapaense. Atualmente, ele trabalha na gravação do seu primeiro E.P. intitulado “Vila Nova”, no qual evidenciará tanto o instrumental como também sua atuação como cantor e compositor, um trabalho que terá como base os ritmos da cultura da Amazônia, dando ênfase nos tambores de batuque e marabaixo, que são à base da cultura amapaense.

O Trio Paraense – Tripa – traz três grande músicos instrumentistas, Luiz Pardal (multi instrumentista), Paulinho Assunção (percussão) e Jacinto Kahwage (teclado), que além de amigos resolveram também tocar juntos, a partir de diversas afinidades musicais. “O que nos une é uma grande amizade, de uns 30 anos, e de Tripa, mais de 15 anos. Tocamos o que gostamos e isso faz muita diferença”, diz Paulinho Assunção.

No repertório o grupo traz composições autorais, de outros músicos paraense além de clássicos da música instrumental brasileira e internacional. Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Vila Lobos, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, além e Waldemar Henrique estão nos shows que eles realizam em diversos eventos. Tango, Fado, Pop transitam em suas apresentações, que também trazem carimbó, retumbão, choro samba e salsa.

“Vamos mostrar uma parte de tudo isso no show do Tapajazz. Vamos coisas autorais do Pardal e do Jacinto, além de outras que merecem ser mostradas. Esse é um projeto importante que já se estruturou no cenário da música instrumental na Amazônia, e no qual é uma participar”, diz o percussionista.

2ª dia traz mais três grandes atrações

No segundo dia, o público vai conferir o trabalho do músico contrabaixista Maurício Maestro (foto), que nasceu no Rio de Janeiro e começou sua carreira profissional integrando o grupo vocal Momentoquatro, juntamente com David Tygel, Zé Rodrix e Ricardo Vilas, grupo que acompanhou Edu Lobo em 1967 na apresentação de “Ponteio”, no Festival da Rede Record. Arranjador do sucesso, entre outras coisas em sua trajetória, de 1975 a 1977, atuou em dupla com a cantora e compositora Joyce. Em 1978 fundou o conjunto Boca Livre juntamente com David Tygel, Zé Renato e Claudio Nucci.

Sebastião Tapajós dispensa maiores apresentações. É um dos nomes consagrados da música instrumental no mundo. Violonista e compositor brasileiro, nascido em Alenquer-PA, ainda pequeno mudou-se para Santarém, onde começou a estudar violão. Em 1964 foi estudar na Europa e formou-se pelo Conservatório Nacional de Música de Lisboa, em Portugal.

Na Espanha, estudou guitarra com Emilio Pujol e cursou o Instituto de Cultura Hispânica. Ao longo de sua carreira, o artista já tocou com nomes conhecidos da MPB como Hermeto Pascoal, Jane Duboc, Zimbo Trio, Waldir Azevedo, Paulo Moura, Sivuca, Maurício Einhorn e Joel do Bandolim, e internacionais, como Gerry Mulligan, Astor Piazzolla, Oscar Peterson e Paquito D’Rivera.

Já a banda Silibrina com dois discos lançados, O Raio (2017) e Estandarte (2019), reúne sete instrumentistas, tendo como líder Gabriel Nóbrega – filho do multiartista pernambucano Antonio Nóbrega. O grupo abusa do piano, baixo, guitarra e metais que se juntam a instrumentos de percussão muito presentes na música popular do Brasil, como o caracaxá, ganzá, timbal, alfaia, gonguê e o pandeiro. O resultado leva o público a uma nova leitura das possibilidades musicais, que chega aos ouvidos de uma forma elegante e ao mesmo tempo eletrizante.

Tonhinho Horta – Foto: Paulo Ti/Altaphoto

Toninho Horta e Jardim Percussivo encerram a mostra

A programação vai encerrar com duas grandes atrações. O guitarrista, compositor, instrumentista, cantor, arranjador e produtor Toninho Horta chega em meio às comemorações de seus 50 anos de carreira. O músico mineiro, autor de músicas que já fazem parte da história da música brasileira, já teve dois álbuns indicados ao Latin Grammy e está entre os 74 guitarristas mais representativos do mundo. É outro nome que dispensa maiores apresentações e que já esteve diversas vezes em Belém, com shows próprios.

A noite conta ainda com o grupo Jardim Percussivo, que tem a frente o músico percussionista Márcio Jardim, e que reúne ainda Edgar Matos (teclados), Wesley Jardim (baixo), Willian Jardim (guitarra) e Marcelino Santos (percussão). No Tapajazz eles apresentam um show autoral, que busca manter a sonoridade de instrumentos percussivos, trazendo, além de ritmos, a melodia, para fazer uma ligação entre a mãe África e o pulmão do mundo, a Amazônia.

PROGRAME-SE = TAPAJAZZ – MOSTRA BELÉM

De 24 a 26 de setembro – 19h30 – Canal de Youtube | Facebook Equatorial Energia.

QUINTA-FEIRA | Dia 24 de setembro

Grupo de Conexão
De Macapá (AP).
Alan Gomes
De Macapá (AP)
Tripa – Trio Paraense
Em Belém

SEXTA-FEIRA | Dia 25 de setembro

Maurício Maestro (RJ) e Sebastião Tapajós (PA)
Em Belém (PA).
Banda Silibrina
De São Paulo (SP).

SÁBADO | Dia 26 de setembro

Jardim Percussivo e Toninho Horta
Em Belém

Serviço:

Mostra Belém Tapajazz.
Nos dias 24, 25 e 26 de setembro, às 19h30, com transmissão direto do Teatro Waldemar Henrique, pelo canal de Youtube do festival e retransmissão pela página de Facebook da Equatorial Energia. Realização da Fábrica de Produções, patrocínio da Equatorial Energia, por meio da Lei Semear do Governo do Estado, e patrocínio da Alcoa.
Apoio cultural da Casa do Saulo – Onze Janelas e deputado Igor Normando.

Eleições 2020: Canal exclusivo para denúncia de crimes eleitorais é criado pelo MP-AP

Qualquer pessoa pode ajudar a fiscalizar crimes eleitorais encaminhando denúncias ao Ministério Público Eleitoral (MPE). Para essa finalidade, o Ministério Público do Amapá (MP-AP), por meio do Centro de Apoio Operacional Eleitoral (CAO-Eleitoral), disponibilizou uma linha de telefonia móvel com aplicativo de WhatsApp para o envio de imagens e vídeos que comprovem os ilícitos durante as Eleições/2020, que poderão ser encaminhadas com outras informações para o Disque Denúncia (96) 99184-6549, com garantia de sigilo ao denunciante.

O MP Eleitoral tem uma composição mista, com membros do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público Estadual, e está montando uma estrutura própria, bem como somando esforços com as instituições parceiras, como as Polícias Federal, Civil e Militar, compondo uma força-tarefa para atuar com mais rigor na fiscalização do pleito.

Os promotores de Justiça são nomeados para atuarem na área eleitoral com atribuição específica para coibir e punir desvios, como propaganda irregular, compra de votos, abuso de poder econômico e uso indevido da máquina administrativa, entre outros. Esse trabalho é realizado durante todo o período das eleições, pois, conforme estabelece o artigo 72 da Lei Complementar 75/93, o MPE atua em todas as fases e instâncias do pleito.

O MP-AP disponibilizou mais esse canal de atendimento, exclusivo para denúncias de crimes eleitorais, reforçando o combate às condutas ilícitas de candidatos e eleitores, dando esse suporte aos promotores eleitorais que estão fiscalizando as Eleições de 2020 em todas as Zonas Eleitorais do Estado.

O promotor de Justiça e coordenador do CAO-Eleitoral do MP-AP falou sobre o número do aplicativo para atender a todas as denúncias que chegarem com indícios mínimos da prática de crime. “O cidadão deve enviar para nosso Disque Denúncia o máximo de informações, com apoio de fotos, áudio e vídeo, se possível, para ajudar nessa fiscalização. Tudo será devidamente checado”, ressalta Crispino.

“O MP-AP tem o dever de fiscalizar o processo democrático do Estado do Amapá e zelar por um processo eleitoral correto, no qual todos os candidatos e partidos políticos tenham igualdade de condições e assegurando ao eleitor o livre exercício da cidadania, que o voto”, manifestou a procuradora-geral de Justiça, Ivana Cei.

Serviço:

Assessoria de Comunicação do Ministério Público do Amapá
Gerente de Comunicação – Tanha Silva
Núcleo de Imprensa
Texto: Gilvana Santos
Contato: (96) 3198-1616
E-mail: [email protected]

Grupo Pilão completa 45 anos  de criação e celebra a data com lançamento de videoclipe da música Pedra Negra

Grupo Pilão – Foto: Gabriel Flores

Criado em 25 de setembro de 1975, o lendário Grupo Pilão,  precursor no uso e valorização da cultura regional do Amapá, celebra 45 anos de existência com uma linda trajetória e incalculável contribuição para a música amapaense e amazônica. No último dia 4 de setembro, eles fizeram um show antológico, via internet. A live (que pode ser assistida aqui) foi muito paid’égua e histórica.

Para comemorar a data, a banda lançou o videoclipe da canção Pedra Negra, com roteiro e direção do jornalista, produtor cultural e ex-integrante dos “Beatles do Laguinho”, (como acabei de apelidar o mítico conjunto musical que aniversaria hoje), Jorge Herbert.

Abaixo, texto do membro fundador e compositor do Grupo Pilão, Fernando Canto, bem como fotos e vídeo da música lançada hoje:

QUATRO DÉCADAS E MEIA DO GRUPO PILÃO – Por Fernando Canto

No dia que antecedeu nossa apresentação no IV Festival Amapaense da Canção, fiz uma maratona levando no ombro um pilão de madeira de lei que pesava mais de 30 quilos. Carreguei esse artefato do bairro Jacareacanga ao Morro do Sapo, no Laguinho, depois de pedi-lo emprestado à Dona Tertuliana, mãe dos meus amigos João, Jorge e Dora Lima, que até hoje me cobram a devolução. Ele foi usado como instrumento de percussão na música “Geofobia”, de minha autoria e de Jorge Monteiro, classificada para o dito festival.

Fotos: arquivo Grupo Pilão

Apresentamos a música, eu, meu irmão Juvenal e o Bi Trindade, a essa altura meu amigo do conjunto “Fambers” do Grêmio Jesus de Nazaré. Estava formado, então o Grupo Pilão nesse dia 25 de setembro de 1975. E o Bi seria o primeiro pilonista do mundo. A música foi classificada para a final no dia 25 e a turma do Laguinho foi em peso para torcer por nós.

Foto: arquivo Grupo Pilão

Entretanto, nada ganhamos. Por ironia fui eu que fiz os arranjos das músicas do Sílvio Leopoldo (que estava em Belém estudando na UFPA) e as duas músicas dele ficaram respectivamente em primeiro e segundo lugar interpretadas pelo Manoel Sobral. Houve protesto manifestado pelo pessoal do Laguinho que gritava em passeata na frente da Rádio Difusora, onde fora realizado o evento.

Diziam que era “masturbação cultural”, roubo, preconceito contra a turma do Laguinho e conservadorismo, por não entenderem que o novo sempre pode ser bom. Carregavam o Pilão e gritavam, sob a liderança do poeta Odilardo Lima. Na edição seguinte, o Jornal do Povo estampou a matéria com a seguinte manchete: “Festival termina com vaias ao júri caduco e alienado”, uma clara simpatia ao grupo.

O tempo passou e cinco anos mais tarde o cantor baiano Raimundo Sodré apresentou no festival da TV Globo a música “A Massa”, usando um pilão como instrumento musical, o que foi considerado inovador pela grande mídia. A música foi um grande sucesso.

O Pilão, que já usava coisas do Marabaixo na época de sua fundação, continuou inovando com projetos que valorizassem a música e a cultura de nossa terra. Fez inúmeros shows, participou de festivais culturais em Caiena e em Kourrou, em Belém, Maceió e Brasília, entre tantos outros lugares, divulgando a música regional e folclórica do Amapá. Gravou três discos (com cerca de 50 músicas) e mapeou a música popular do Estado desde o Marabaixo ao Coatá, das músicas indígenas de trabalho ao Boi-Bumbá, das Folias e Ladainhas ao Batuque e às canções de pássaros.

Fotos: arquivo Grupo Pilão

Realizou projetos nas escolas da capital e do interior onde ninguém ou quase ninguém conhecia nossa cultura, fez ensaios públicos nas praças, tocou nos teatros, na penitenciária, colégios e clubes de serviços, em botecos, ruas e balneários e em todo lugar que era chamado para dar uma “palinha”, sempre ou quase sempre na base do “paga beijo”. Apoiou e participou ativamente de projetos como a Marabaixeta, que resgatou o Marabaixo, agônico àquela época. Enfim, fez o que tinha que ser feito, pois sabíamos que teríamos seguidores confessos como os que estão aí, hoje, realizando o seu trabalho na chamada MPA.

Foto: arquivo Grupo Pilão

Mesmo lutando com dificuldade, com a falta de apoio em seus projetos, dos quais alguns foram negados para aparecerem depois com outros nomes nas hostes governamentais, tivemos o apoio popular que até hoje dignifica o nome do grupo e o reconhecimento popular de comunidades e da câmara de vereadores.

Agradecemos assim, penhoradamente, a todos que nos honraram com o reconhecimento nesses quarenta anos de disseminação dessa bela cultura e música amazônica, pela nossa terra, nosso mundo identitário.

Foto: arquivo Grupo Pilão

Da minha parte agradeço a todos os que um dia fizeram parte deste grupo, pelo seu importante trabalho que nos sensibilizou pela parceria, tais como Neck, Paulo da Piçarra, Osmar Marinho, Nando, Edson Maciel, Osvaldo Simões, Jorge Herberth, Marilene Azevedo e Déa. E a todos os músicos que sempre nos acompanharam e arranjaram nossas músicas, bem como aos produtores, maquiadores, contrarregras, diretores, costureiros, técnicos de som, de luz e de palco. Agradeço do fundo do coração ao meu amigo Tito Melo pelo tempo que passou conosco e que nos deixou em janeiro deste ano para sempre.

Agradeço em especial ao meu querido irmão de música Bi Trindade, presente todos os instantes no meio de nós, por sua contribuição para o fortalecimento da música popular amapaense como cantor, compositor e tradutor de músicas para o idioma francês.

Aos atuais (e de sempre) meus irmãos Juvenal Canto, grande pesquisador de músicas folclóricas, Eduardo Canto, compositor e percussionista, ao Leonardo Trindade, violonista virtuoso e Orivaldo Azevedo, percussionista e historiador, os mais novos, que estão há quase trinta anos no Grupo, pelo companheirismo que nos uniu todos estes anos em busca da consistência e da identidade da música amapaense.

Foto: Max Renê

Agradeço a todos os que de alguma forma nos ajudaram na divulgação dessa nobre missão, o que seria impossível listá-los: técnicos, produtores, radialistas, jornalistas e fãs, e a alguns governos municipais e estaduais que em algum momento reconheceram a importância do Grupo a para a divulgação da música amapaense, ainda em amadurecimento.

Que venham pelo menos mais 45 anos com a gente sempre unidos pela mesma causa. Obrigadão do Fernando, Juvenal, Orivaldo, Eduardo e Leonardo.

Assista ao videoclipe da canção Pedra Negra (muito porreta): 

Atualmente, são integrantes do Grupo Pilão: Fernando Canto, Eduardo Canto, Juvenal Canto, Tadeu Canto, Leonardo Trindade e Orivaldo Azevedo.

Destes, me considero amigo de todos, inclusive do Jorge Herbert. Somente com o Orivaldo não tenho muito contato, mas o admiro e respeito como o resto dos componentes da banda. Tive o prazer de conhecer a figura fantástica que foi/é o Bi Trindade. E a sorte de me tornar amigo e ter a companhia quase semanal do Fernando Canto.

Eu e Fernando Canto, com meu “LP” autografado por ele.

A todos os bealtles do Laguinho e envolvidos no videoclipe, meus parabéns e obrigado!

Elton Tavares