Momento Manguaça Cultural

Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo.Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse.

Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou. O que fazer agora? A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor.

No dia seguinte, encontraram o melado azedo fermentado.Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo.

Resultado: o ‘azedo’ do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando e formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente. Era a cachaça já formada que pingava. Daí o nome ‘PINGA’.

Quando a pinga batia nas suas costas marcadas com as chibatadas dos feitores ardia muito, por isso deram o nome de ‘ÁGUA-ARDENTE’

Caindo em seus rostos escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira, ficavam alegres e com vontade de dançar. E sempre que queriam ficar alegres repetiam o processo.

Não basta ser pinguço, tem que conhecer! (Referência – Museu do Homem do Nordeste).

Fonte: Meu amigo Fernando Bedran (um cara que fala de cana com muito conhecimento de causa)

DETALHES DO “CACHORRO ENGARRAFADO”

                                                                             Por José Marques Jardim

O grande Vinícius de Moraes disse certa vez, entre um gole e outro, que: “Se o cachorro era o melhor amigo do homem, o whiski então, era o cachorro engarrafado”. Isso mostra a relação próxima e afetiva que havia entre o “poetinha” e esta bebida surgida nos países frios, mas que arrebatou muitos adeptos aqui nos trópicos.

Eu mesmo confesso já ter sido um apreciador até conhecer os vinhos e os processos de fermentação das cervejas. Mas para os que gostam, e são muitos, fiz questão de pesquisar os detalhes e curiosidades deste “néctar” (para muitos) estou falando do uísque, assim mesmo com grafia abrasileirada.

É, mas lá pelas bandas da Terra da Rainha a grafia é whisky ou whiskey, que na verdade é a abreviatura de usquebaugh, do gaélico uisce beatha.

Esta bebida é destilada vinda de grãos, que muitas vezes inclui o malte, geralmente a exemplo do vinho é envelhecida em barris. A graduação alcoólica é um “tiro”; de 38 a 54% de álcool etílico em volume a uma temperatura de 20 °C, isso de acordo com a Legislação Brasileira. É amigo, eles fazem leis para que nós bebamos e depois inventam outras nos proibindo de beber.

A grafia “whisky”, hoje estou didático demais, é como chamam esta bebida no Reino Unido, onde a Escócia está incluída. Nos Estados Unidos e Irlanda a pronúncia e a grafia é “whiskey”. “Brazucando” a coisa de novo, o uísque é uma bebida que tem vigor na regulamentação; tem várias classes e tipos.


Sua característica comum é a fermentação dos grãos e a destilação máxima de 80% de álcool. É camarada, 80% para os de milho e 90% para os de outros grãos. Isso antes de entrar a água para reter o sabor dos grãos responsáveis pela alcoolização.

Assim como nos vinhos, o uísque apura seu sabor dependendo do tipo de barril onde envelhece. Para o uísque Bourbon, existe a exigência do envelhecimento em barris de carvalho flambados. Os escoceses, ou puro malte têm sua composição 100% de cereais maltados vindos de uma única destilação. É por isso que têm vários sabores. Os puro maltes podem ser engarrafados como single malt, no qual apenas uma destilação é utilizada. Estão incluídos aí, a cevada.

No caso do Blended o processo é feito com uma mistura de destilações calibradas para se chegar a um mesmo sabor. Este é muito mais barato que os outros que citei lá em cima. A misturada aqui inclui milho e arroz.

Na Escócia, que dizem ser a terra desta bebida tão quente, existem quatro tipos de uísque.

O single malt, que segundo a história começou a ser produzido em 1494, destilado exclusivo de cevada, é raro e caro.

O vatted, que é a mescla de dois ou mais barris de single malts. Antes chamado de “puro malte”, teve o nome modificado para não confundir os consumidores.

O grain whisky, destilado de grãos como o trigo, milho e o centeio tem sua produção mais simples e barata, sendo iniciada em 1853
 

O quarto blended, mais popular dos scotches, vem da mistura de grains e single malts e normalmente apresenta composição de cerca de quarenta uísques diferentes. Atenção, a bebida só pode ser chamada de scotch se envelhecer no mínimo três anos em um barril.

Outro detalhe, os uísques single malt e vated devem ser bebidos puros, gelados ou não. Já os do tipo blend podem ser bebidos puros, com água ou gelo, ou ainda misturados a outras à soda, Rye & Coke ou Rye & Ginger Ale. Isto não é nenhum pecado; afinal o bicho é pesado.

Carpe diem, Tim Tim e até a próxima… (Ah, ia esquecendo: Se for dirigir não beba. Whiski bom não é pra ser derramado no banco do carro.)

OS CUIDADOS ETÍLICOS PARA A FOLIA DE MOMO

                                                                Por José Marques Jardim

 

Sei que a desculpa é esfarrapada, mas andava sem tempo de escrever para o blog. Agora que consegui me organizar pretendo que nos falemos toda semana. Gente, o carnaval chegou então… e essa é aquela época em que todos ficam loucos e saem bebendo tudo por aí; de acordo com o grau etílico vale tudo para aumentar ainda mais o efeito que desemboca no “delirium tremens”, que considero o limite da coisa.
É bom evitar esse estágio, pois aí só existe prejuízo; você não fala mais nada com nada, não consegue andar, é uma mer…. Vamos brincar a valer com certa responsabilidade, pelo menos aquele de voltar para inteiro e com o carro inteiro também. Para os apreciadores dos efeitos etílicos vou dar algumas dicas amigas para evitar o efeito negativo desta relação de amor e ódio.

Em primeiro lugar coma gordura, camarada. A gordura forra o estômago e evita a irritação das mucosas que ficam nas paredes deste órgão tão maltratado pelo álcool. Só tome cuidado com o exagero; fritura demais irrita seu estômago da mesma maneira que o álcool faria. Um bom queijo com azeite de oliva resolve a parada.

Em segundo, manter-se hidratado é fundamental. A falta de água no organismo é um dos efeitos mais devastadores da ressaca. Com o corpo devidamente hidratado a circulação funciona melhor e o fígado faz sua função de desintoxicar o sangue com mais eficiência. Lembre-se o álcool é diurético, e por isso obriga o corpo a produzir mais urina do que o normal, já prestou atenção? Por isso tente recolocar a mesma quantidade de água que saiu; isto significa que para cada meia hora de bebida e uma ida ao banheiro, tome um copo de água.

Escolha o que vai beber. Todas contém impurezas e toxinas. Na regra geral do bom bebedor, quanto mais vagabunda a bebida que você consome, maior a concentração de porcarias. A saída é evitar bebidas de qualidade duvidosa. Se a idéia é ficar bêbado execute-a com bebidas de boa origem.

E por fim, evite os remédios que prometem acabar com a ressaca e dor de cabeça. Aspirina, por exemplo, ataca o estômago e agrava ainda mais os sintomas da ressaca. O Tylenol misturado ao álcool presente no organismo é uma bomba para o fígado. Se insistir em tomar pílulas, prefira os suplementos multi-vitamínicos para desintoxicar.

Fechando a tampa, se for beber mesmo leve aquele amigo, parente, conhecido ou coisa que o valha, desde que ele seja careta de pai e mãe e saiba dirigir, assim evitaremos problemas bem maiores do que a ressaca.ah, ia esquecendo: QUANDO LEVAR A CAMISINHA, USE-A!!!

Dito isso, bom carnaval, TIM TIM, e até a próxima.

As nove regras do vinho

                                                                              Por José Marques Jardim

Antes de beber um bom vinho é preciso escolher. E esta escolha é bom que se diga, deve obedecer a certos cuidados. São coisas simples, mas que se você seguir não correrá riscos de tomar “vinagre” e dizer que está degustando um belo Chardonnay. Separei nove regras básicas para você exercitar na hora de comprar seu vinho. Use-as e depois me diga o resultado.

1 – Vinho estraga

Neste artigo quero deixar para os leitores, dez dicas de como levar para casa um bom vinho. Ora, não basta somente chegar à prateleira, pegar qualquer coisa e ir levando. Vinho requer algo especial, sempre, e para quem está disposto a conhecer um pouco mais sobre esta bebida, estas dicas podem ajudar bastante. Lembre-se toda vez que manusear uma garrafa de vinho, que ali não está um conteúdo artificial. Todas as gotas são naturais. Outra coisa é que não existe pasteurização no processo, diferentemente da cerveja. O resultado disso é que vinho, por ser natural, estraga.
A proteção é aquela rolha feita de material poroso conhecida como cortiça. Ela troca oxigênio com ambiente, sabiam? E ainda é sensível ao calor. Enquanto lacrado ele dura anos na garrafa, mas depois de destampado e mal condicionado, estraga logo. Portanto, ao abrir, consuma-o ou o conserve bem.

2 – Não compre garrafas de vinho armazenadas de pé

Em um dos artigos que escrevi para o blog falei da importância do condicionamento correto do vinho. O conteúdo é protegido pela rolha natural, que precisa estar úmida em contato com o líquido da garrafa. Se esta ficar durante muito tempo de pé, haverá o ressecamento da rolha que vai fazer com que o Vinho oxide e estrague.

3 – Garrafas pegajosas nem pensar

É desagradável tirar uma garrafa da prateleira e senti-la com grude. O que, afinal, provocou aquilo. Três suposições; a rolha foi mal colocada, a colocação da garrafa na vertical ressecou a cortiça ou simplesmente derramaram algo sobre a garrafa. Pegue outra imediatamente.

4 – Se você já é um “iniciado” evite vinhos sem safra

A safra é a identidade do vinho. Ela vem estampada no rótulo informando quando a uva foi colhida. Vinícolas de qualidade fazem questão de colocar a safra na garrafa, a razão para omitir esta informação é a mistura de safras para melhorar um vinho ruim. Então, descarte vinhos sem safra.

5 – Rolhas com protuberância são outro problema

Em um vinho bem engarrafado a rolha vai estar alinhada ou somente um pouco abaixo da boca da garrafa. Se não for assim, se a cortiça estiver saltada fazendo pressão na cobertura de plástico ou chumbo que é a cápsula que recobre o gargalo, tenha certeza: o vinho estragou. Quer saber qual a razão disso ter acontecido? Então vamos lá: geralmente houve pressão dentro da garrafa causda por fermentação. Normalmente isso não ocorre, mas se ocorrer, lembre-se, o vinho está estragado.
 

6 – Se o nível estiver baixo, deixe a garrafa na prateleira

É norma das vinícolas encher a garrafa até acima do pescoço. Se o nível estiver abaixo do pescoço ou a rolha ressecou, o vinho está evaporando, ou simplesmente vazou, o que significa contato com o ar e conseqüente estrago do líquido.
 

7 – Novamente para os “iniciados”, compre apenas safras antigas

A máxima de que vinho, quanto mais velho fica é melhor, é verdadeira. Safras com uma década ou duas são excelentes, mas atenção, isso não vale para qualquer vinho, muito menos para qualquer safra.o importante é saber que vinhos mais comuns duram de 1 a 3 anos.

8 – A coloração é importantíssima. Cor de tijolo nos tintos e de marrom nos brancos é mau sinal.

A oxidação é um dos maiores inimigos do vinho. Quando isso acontece nos tintos, a coloração muda e fica opaca, como a cor de um tijolo. Os brancos deixam seus nuances cristalinos e assumem tonalidades de marrom. Então pode acreditar, o vinho deixou de ser vinho e se transformou em algo que pode ser definido entre o vinagre e café frio sem açúcar.

9 – Vinhos caros são indicados para quem já desenvolveu o paladar

Se você ainda está iniciando no mundo da degustação não precisa começar a subir a “escada” pelo degrau de cima. Vinhos caros são mais indicados para quem já consegue identificar sabores. Será um desperdício você gastar R$ 200, R$ 300 e até R$ 3 mil (para os mais abastados) se não distingue a sensação no palato, causada por um vinho fino, da que sente quando toma um vinho de R$ 10. Preste atenção: vinhos não são caros por acaso. Os preços são explicados pelo grau de complexidade, estrutura, potência, depuração e uma série de outras coisas.

Pratos e Vinhos, Mitos e Verdades

                                                                              Por José Marques Jardim

Você já deve ter ouvido falar por aí, mesmo não sendo um profundo conhecedor do assunto, que vinhos de coloração tinta, só podem ser servidos com carne vermelha, e que os brancos só vão bem com carne branca. Já ouviu? Pois é. Em parte a afirmação é verdadeira, mas nem sempre. Hoje vamos desmistificar um pouco esta máxima que tenta impor uma “ditadura” à degustação.

Inicialmente consideremos que pratos de sabor mais forte, necessitam sim, de um vinho mais encorpado. Explico: é que o sabor da iguaria não deve anular o paladar do vinho, o mesmo acontece ao contrário. Tem que haver equilíbrio, por isso, a combinação entre vinhos e culinária é conhecida como harmonização. Um não deve ofuscar o outro. Tudo tem que ser prazeroso e agradável.
Pense num vinho potente sendo degustado com um prato leve. O sabor dele “massacraria” o prato, pois se sobressairia. Ao contrário é a mesma coisa. Então, entendemos aí, o princípio da coisa, não entendemos?
Pois bem, no entanto, esta teoria tem desdobramentos. Chamemos de desmistificação, por um detalhe, a forma como o prato é preparado influi totalmente no resultado da harmonização. Vamos ter por primeiro exemplo a carne branca. Um frango assado (estamos falando de culinária viu gente…) ou ensopado pode ser apresentado a um tinto, desde que esse tinto tenha suavidade. Isso também serve para os peixes. Vou dar como exemplo o bacalhau, um peixe gorduroso, que pode ser servido com um branco encorpado (para compensar o sabor predominante) ou um tinto leve (pois os tintos geralmente têm mais presença de sabor).

Indico um Chablis, Sauvignon Blanc, Chardonnay. Vinho rosé nunca. Entre os tintos um Pinot Noir ou um Chianti.

No caso da carne vermelha, o processo é o mesmo. As propriedades do prato devem ser assemelhadas ao paladar do vinho. Para as menos encorpadas, um bom branco é o Riesling; já para as de sabor mais tenro um Pouilly Fumé, Chening Blanc. Entre os tintos, para carnes menos fortes indico um Beaujolais ou um Pinot Noir. Carnes fortes vão bem com um Merlot ou Zinfandel. Então, bon appetit.

Tin Tin, Carpe Diem e até a próxima!

Curiosidades e Delícias do Vinho

                                                                                Por José Marques Jardim

Usaremos este espaço a partir de hoje, para falar um pouco sobre a mágica etílica dos vinhos e o resultado dos complicados processos de sua produção. Mas não nos prenderemos somente aos vinhos, sinônimo de glamour e sofisticação. Trataremos também de outras bebidas, entre elas a popular cerveja. O objetivo deste espaço é repassar ao leitor, a oportunidade de reconhecer, identificar e degustar uma boa bebida. Então, saúde!!
– Nossa primeira dica é sobre o condicionamento da garrafa, que não deve ficar na vertical, como em maioria dos supermercados. Isso vale para os vinhos com rolha de cortiça. O condicionamento horizontal é indicado para que o líquido fique em contato direto com a fibra vegetal da tampa, o que impede que ela resseque. A rolha úmida permite uma garrafa tampada eficientemente por mais tempo, sem entrada de ar. Dessa forma o vinho não ficará ácido e nem terá aquele paladar “avinagrado”. Detalhe; depois de aberta a garrafa, a coisa muda totalmente. Conserve-a na vertical para evitar contato do líquido com a cortiça, que já foi contaminada pelo ar.

– Você já se perguntou entre um gole e outro, quantas uvas são necessárias para produzir uma garrafa de vinho? Então vamos lá. A média para cada garrafa é de seiscentas uvas, e tanto faz a chardonnay, brancas, quanto as pinot noir ou meunier.

– Vamos falar sobre os brazucas? Pois bem, saiba a origem de tudo. As primeiras videiras chegaram por aqui 32 anos depois que Cabral desembarcou na Bahia. Elas foram trazidas na expedição de Martim Afonso de Souza, fundador da cidade de Santos (São Paulo). Já a primeira vinha foi cultivada por Brás Cubas.

– Lá vai outra. O saca rolhas é uma invenção dos ingleses datada de 1795. As rolhas eram importadas da Espanha e de Portugal.

Agora que já dá para degustar seu vinho sabendo de algumas coisinhas e poder comentá-las vamos a uma combinação interessantíssima. Vinhos e gastronomia. Comecemos pelo queijo, elemento leve que combina magistralmente com o vinho.

Separei quatro harmonizações. Vamos lá?

O primeiro é o EMMENTAL. Um queijo suíço de massa amarelo claro, macio e sabor adocicado. Sirva ele puro ou um leve sanduíche. Gratinado também vai bem. Ele casa com vinhos tintos Pinot Noir e Cabernet Sauvignon.

O segundo queijo é o GORGONZOLA, de massa cremosa ou quebradiça e sabor ligeiramente salgado. Sirva puro. Ele combina com um bom tinto encorpado tipo San Giovese.

O PARMESÃO, de textura firme e sabor picante e ligeiramente salgado, casa puro ou em saladas, ralado sobre massas, com um tinto Cabernet Sauvignon.

O PROVOLONE, com sua massa amarelo clara, sabor defumado e picante (não muito) pode ser servido puro, assado ou à milanesa. A pedida é com os tintos Pinot Noir e San Giovese.

ROQUEFORT

Características: Feito de leite de ovelha, levemente cremoso e úmido, e com veios azul esverdeados da maturação por Penicillium Roqueforti.

Como servir: Com saladas, outros queijos e um vinho branco do tipo Semmilon Late Harvest, ou moscato.

TIN TIN e até a próxima.