Ciclo do Marabaixo: associação do Laguinho realiza festejo e faz trabalho de conscientização nas escolas

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“Quando Julião Ramos morreu, pediu que o salão da casa dele não fechasse”, disse Tia Zefa, recordando histórias de seus 100 anos de vida. O pedido ainda hoje é respeitado pela família do pioneiro do marabaixo, que prepara a casa para mais um Ciclo do Marabaixo, que acontece de 26 de março até o Domingo do Senhor, 29 de maio. Serão cinco rodadas de marabaixo, novenas, missa, e dois bailes, para festejar e homenagear o Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade.

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A programação é organizada pela Associação Raimundo Ladislau, que tem como presidente Joaquim Ramos, conhecido como Munjoca, a vice, Laura Silva e pela festeira deste ano, que é Antônia Lino. Eles garantem que todas as providências são tomadas para que o festejo siga o padrão e devotos e visitantes participem de toda a programação. “O ciclo do marabaixo é realizado pela família há muitos anos, é nossa fé e tradição. Neste ano vamos reforçar que não é somente as rodas de marabaixo, mas que a base é a crença no Divino Espírito Santo e na Santíssima Trindade”, disse o presidente.

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O Ciclo do Marabaixo atravessou a cidade, do centro para a Favela e Laguinho, quando as famílias de descendentes de escravos que moravam nas proximidades de Igreja São José, foram povoar locais mais afastados. O calendário tem fundamentação no catolicismo, e inicia sábado da Aleluia na Favela, que festeja a Santíssima Trindade dos Inocentes, e domingo de páscoa, no Laguinho, que festeja a Santíssima e o Divino Espírito Santo. Nesta época, nas quatro casas de pioneiros que dão continuidade à promoção, as cores vermelho, azul e branco, predominam.

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Os organizadores irão fazer um trabalho de divulgação nas faculdades e escolas, para expandir esta cultura para estudantes. “É importante que os festejos tradicionais do Amapá cheguem até este público, queremos que conheçam e participem. Esta conscientização é importante para toda sociedade, muitos não participam por falta de conhecimento, e a tradição só continua se a população participar junto com os tradicionais. Vamos fomentar o debate sobre a Lei 10.639/2013, que obriga que estabelecimentos de educação ensinem sobre a cultura indígena e africana”, explica Laura do Marabaixo.

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O festejo da Associação Raimundo Ladislau é realizado na casa da Tia Biló, no Laguinho, única filha viva de Julião Ramos. A matriarca tem 92 anos, está cega, mas lúcida e participa da programação.

PROGRAMAÇÃO

27/03 – 18h – Domingo de Páscoa – Marabaixo da Ressureição
30/04 – 9h – Sábado do Mastro – Corte dos mastros no Curiaú
01/05 – 9h – Domingo do Mastro – 2º marabaixo
04/05 – 16h – Quarta-feira da Murta do Divino Espírito Santo – 3º marabaixo / Até o amanhecer da Quinta-feira da Hora, quando levanta-se os mastros.
05/05 – 19h – Início das novenas do Divino Espírito Santo.
06/05 – 21h – 1º baile dos sócios do Divino Espírito Santo.
13/05 – 19h – Início das Novenas da Santíssima Trindade
14/05 – 21h – 2º baile dos sócios do Divino Espírito Santo
15/05 – 7h – Domingo do Divino Espírito Santo – Missa na Igreja São Benedito, seguido de café da manhã.
15/05 – 16h – 4º marabaixo, da Murta da Santíssima Trindade, até o amanhecer do dia 16/05, quando o mastro da Santíssima é levantado.
16/05 – 21h – 1º Baile dos sócios da Santíssima Trindade
20/05 – 21h – 2º baile dos sócios da Santíssima Trindade
22/05 – 7h – Domingo da Santíssima Trindade – Missa na igreja São Benedito, logo após, café da manhã.
29/05 – 17h – Domingo do Senhor – 5º marabaixo – Derrubada dos mastros e escolha dos festeiros do próximo ano.

Mariléia Maciel

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